Quais as mudanças promovidas por Vargas Assim que assumiu o poder em 1930?

Quais as mudanças promovidas por Vargas Assim que assumiu o poder em 1930?
Getúlio Vargas, com outros líderes da Revolução de 1930, em Itararé, São Paulo, logo após a derrubada de Washington Luís Foto: Claro Jansson

A partir da Revolução de 1930, a centralização política e econômica volta a ser vigente no Brasil. A figura de Getúlio Vargas surge com a intenção de ser responsável por grandes mudanças no país, diminuindo, assim, a autonomia dos governos estaduais. Isso repercute na Educação, que passa a ser regulamentada por leis federais, válidas para todos.

Em 1930 que o governo Vargas criou o Ministério da Educação e Saúde Pública. No ano seguinte foi implantada a Reforma Francisco Campos, que organizou o ensino secundário e superior no Brasil.

Mesmo com essas tentativas, as massas trabalhadoras ainda não recebem ensino público de qualidade, destoando muito daquele oferecido às elites do país. Nos anos 1950, o desenvolvimento industrial ganha mais foco com o presidente Juscelino Kubitschek, prometendo “tirar o Brasil do atraso”. Mas a Educação continua tendo dificuldades para se alavancar no país:

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Por Vinícius Silva de Moraes

Mestre em Planejamento Urbano Industrial pela UFRJ

Pré-industrialização

Até o início da década de 1930, o espaço geográfico brasileiro foi estruturado exclusivamente ao redor do modelo primário-exportador, fazendo com que a configuração das atividades econômicas fosse dispersa e com rara ou ausente interdependência.

Dentre os produtos que compunham a pauta comercial brasileira destacaram-se a cana-de-açúcar, o algodão, o ouro, a borracha e o café.

Como tais atividades se encontravam dispersas no espaço, por convenção denomina-se de configuração em Arquipélago Econômico Regional (mapa Arquipélago Econômico Regional), isso por que as regiões brasileiras formavam uma espécie de ilhas.

Quais as mudanças promovidas por Vargas Assim que assumiu o poder em 1930?
Economia e território - Brasil (Foto: Reprodução)

Impulso industrial

Cabe destacarmos, aqui, o fato de que, ao apontarmos o início de integração nacional e da industrialização do Brasil a partir de 1930 não estamos, de modo algum, desmerecendo a presença de um incipiente número de fábricas em nosso território, mas buscamos ressaltar que o fenômeno entendido como industrialização passa a ser uma preocupação governamental, incentivada e sistematizada, em seu primeiro momento, pelo Estado.

A crise do modelo agrário-exportador, em fins de 1929, é sentida, no Brasil ao longo da década de 1930. Assim, temos uma relativização deste padrão econômico. Ao passo que os cafezais apontavam um declínio assustador de rendimento, os capitais (lê-se, investimentos) antes alocados no setor primário passam a ter seu eixo de gravidade modificado para as atividades tipicamente urbanas e, em especial, no setor secundário. A Crise do Café gerou, assim, diversas condições para a industrialização brasileira. Também estimulou a necessidade de produção de bens de consumo no país por conta da redução drástica das importações.

A concentração de riqueza na Região Sudeste, principalmente no eixo Rio-São Paulo, faz com que haja também uma concentração de indústrias na região, destacando-se como pioneira na industrialização nacional. Diversos são os fatores que concorreram a favor do fenômeno, conhecidos por formarem a chamada economia de escala (ou de aglomeração):

I. concentração de infraestrutura de energia, comunicação e, sobretudo, transportes;
II. concentração de mão de obra qualificada (lembrando a entrada de mão de obra estrangeira, em sua maior parte, já qualificada para os serviços fabris);
III. concentração de mercado consumidor;
IV. rede bancária desenvolvida, por conta da presença de centros de produção de café.

A organização do espaço industrial brasileiro é, assim, melhor compreendida por meio da atuação de diferentes administrações públicas federais. Algumas administrações merecem destaque: Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek, o período compreendido pela Ditadura Militar e, por fim, os governos Fernando Collor e Fernando Henrique Cardoso.

Vargas e JK

Getúlio Vargas (1930-1945/1950-1954)

Caracterizado pela nacionalização da economia, em que foi adotado o modelo de Substituição das Importações, criando as chamadas indústrias de base necessárias para o impulso de outros ramos industriais. Foram criadas neste período a Companhia Siderúrgica Nacional, importante centro de produção de aço, a Companhia Vale do Rio Doce, atual Vale, empresa responsável pela exploração dos diversos minerais utilizados pelas indústrias e criou a Petrobras, importante produtora de energia. Cabe lembrar, também, a sistematização da Consolidação das Leis Trabalhistas, necessária para a organização das relações de trabalho que vinham sendo estabelecidas no país.

Juscelino Kubitschek (1956-1961)

JK, por sua vez, participa da organização do espaço industrial brasileiro por meio da internacionalização da economia. Tal prática política abriu espaço para a entrada de capitais (investimentos) estrangeiros, em especial aqueles ligados à indústria automobilística (“motor” da economia). Esse período é marcado pelo tripé da economia: capital estatal alocado em indústrias de base e em investimentos em comunicação, energia e transportes notadamente, ao passo que o capital privado nacional concentrou-se no investimento de indústrias de bens de consumo não duráveis e o capital privado internacional voltado ao desenvolvimento de indústrias de bens de consumo duráveis. O slogan “50 anos em 5” marcou o período em questão, onde foram edificadas altas taxas de crescimento econômico às custas da abertura da dívida externa.

Governos Militares

Os diversos presidentes que compunham o período militar, entre 1964 e 1985, apresentaram duas características marcantes: modernização da economia e autoritarismo político. A modernização da economia deu-se via aprofundamento da dívida externa, responsável pela experiência do Milagre Econômico (1968-73), quando o Brasil apresentou exorbitantes taxas de crescimento econômico, acima de 10% ao ano.

Ao longo dos governos militares, foram surgindo sinais de desgaste do modelo político-econômico adotado nesse período. A década de 1980 é conhecida, nesse contexto, como “a década perdida”, pois neste período o Brasil vivenciou os maiores índices de inflação, com constantes correções monetárias diárias e retração da atividade industrial.

Collor e FHC

A década de 1990 é marcada pela implementação do modelo político-econômico neoliberal na administração pública federal, onde surgem as ondas de privatizações de nossas estatais. Período em que há um processo de desregulamentação da economia por meio da flexibilização das leis trabalhistas, maior abertura do mercado nacional para produtos, capitais e serviços internacionais, além da redução de investimentos em setores sociais e criação de agências reguladoras.

A onda de desconcentração espacial das indústrias que já vinha sendo registrada desde a década de 1970 sofre um efeito catalisador a partir desse período, por meio da chamada Guerra Fiscal, em que cidades em vários pontos do Brasil oferecem incentivos, e até mesmo renúncias fiscais e financiamento do parque industrial de  empresas, no intuito de hospedar empreendimentos.


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Quais foram as mudanças promovidas no sistema político brasileiro após a Revolução de 1930?

Esse período provisório também contou com o surgimento de instituições importantes, como o Ministério do Trabalho. Além disso, uma reforma eleitoral que aconteceu em 1932 garantiu o direito de voto para as mulheres. Acesse também: Como foi a participação brasileira na Segunda Guerra Mundial?

Quais as principais medidas tomadas por Vargas ao assumir o poder em 1930?

Política trabalhista: Vargas organizou, por exemplo, a criação do Ministério do Trabalho e ampliou a legislação trabalhista, realizando concessões para ampliar os direitos da classe trabalhadora. Ampliação da burocracia: Vargas ordenou a criação de instituições que se tornaram responsáveis por áreas essenciais do país.

O que Getúlio Vargas fez em 1930?

Getúlio Vargas tornou-se presidente do Brasil após a Revolução de 1930 destituir Washington Luís, iniciando-se, assim, um período de quinze anos conhecido como Era Vargas. Governo Provisório é a forma como é chamado o período inicial em que Getúlio Vargas governou o Brasil.

Quais as principais mudanças implantadas por Vargas visando os trabalhadores brasileiros?

Nesse período, fortaleceu-se a relação com trabalhadores, mas de maneira tutelada: aparelhando sindicatos e criando a CLT. Destacou-se também o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), que fazia a propaganda do governo e também a censura.