Quais atividades podem comprometer a oferta de água na região América Latina?

O ciclo da água está diretamente ligado ao clima. Assim, mudanças no clima que alterem o regime de chuvas podem provocar o aumento da ocorrência de eventos hidrológicos extremos, como inundações e longos períodos de seca. Esses eventos afetam a oferta de água, ameaçando o suprimento de recursos hídricos para todos. 

Diante do cenário de mudanças no clima, a Agência Nacional de Águas (ANA) implementa medidas para aumentar a segurança hídrica e a capacidade do Brasil de se adaptar a novos cenários. A ANA também promove reuniões técnicas, dá apoio ao desenvolvimento de grupos de estudos científicos e elabora documentos de diretrizes e planos de recursos hídricos. Para saber mais sobre as principais ações tomadas pela ANA, acesse as publicações e estudos para download.

Conheça o histórico do papel da ANA em relação às mudanças climáticas: 

2002 – A ANA exerce a coordenação da Câmera Técnica de Recursos Hídricos no Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas. Reuniões foram registradas na publicação Clima e Recursos Hídricos.

2009 – Instituída a Política Nacional de Mudança do Clima, que oficializa o compromisso voluntário do Brasil junto à Convenção-Quadro da ONU sobre Mudança do Clima e redução de emissões de gases de efeito estufa até 2020.

2010 – A ANA cria o Grupo de Trabalho sobre Mudanças Climáticas, responsável pela elaboração do documento de diretriz “Os efeitos das mudanças climáticas sobre os recursos hídricos: desafios para a gestão”. Com caminhos gerais de preparação para crises e ainda discute temas como a variabilidade climática, planejamento dos recursos hídricos, entre outros.

2010 – A ANA dá início à promoção de estudos de mudanças do clima para subsidiar a elaboração de planos de bacias de recursos hídricos.

2013-2015 – Em conjunto com o Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), a ANA cria o documento “Mudanças climáticas e recursos hídricos: avaliações e diretrizes para adaptação”. Com o objetivo de apoiar a formulação do Plano Nacional de Adaptação às Mudanças do Clima.

2015 – A ANA, juntamente com o CNPq e a CAPES, lança editais de Mudanças Climáticas e Recursos Hídricos para pesquisas e projetos sobre os impactos das mudanças nos recursos hídricos.

2016 – A ANA dá início a programas de capacitação em metodologias de análise de custo-benefício em mudanças do clima, com o apoio do Grupo de Sustentabilidade da Fundação Getúlio Vargas.

2017 – ANA integra a nova formatação do Fórum Brasileiro de Mudança do Clima (FBMC), cujo objetivo é conscientizar a sociedade e contribuir para discussão de ações necessárias para o enfrentamento das mudanças climáticas.

2017-2018 – A ANA integra efetivamente o tema das mudanças climáticas em suas iniciativas de planejamento e gestão dos recursos hídricos, por meio de projeto piloto na Bacia do Rio Piranhas Açu.

Falta de manejo adequado e uso sustentável dos recursos naturais contribuem para a escassez de água no Brasil e no mundo. Por isso, garantir o acesso à água de qualidade para toda a população brasileira é um dos principais desafios do poder público, visto que esse bem natural é um dos que mais dá sinais de que não subsistirá às mudanças climáticas e às intervenções humanas no meio ambiente.

Em diversas regiões do mundo, já é possível perceber diferentes impactos, como desaparecimento de rios e nascentes, escassez e poluição das águas. Por isso, é fundamental que a sociedade mude o seu comportamento e a sua relação com os recursos naturais.

Neste artigo, vamos abordar as principais causas para a escassez de água e algumas soluções para evitar a crise hídrica. Para auxiliar na construção do texto, contamos com Marcia Greco, responsável por Desenvolvimento de Negócios na área de Novas Fontes da BRK Ambiental. Boa leitura!

Dados sobre a escassez de água

Dados da Organização das Nações Unidas (ONU) mostram que 2,2 bilhões de pessoas no mundo não têm acesso à água potável. Nos países em desenvolvimento, esse problema está relacionado a 80% das doenças e mortes.

No século XX, o consumo de água aumentou em 6 vezes — o dobro do crescimento da população mundial. Ao todo, 26 países enfrentam escassez crônica de água e a previsão é de que em 2025 o problema afete 52 países e 3,5 bilhões de pessoas.

É importante entender que a água doce disponível no planeta tem uma distribuição desigual. O Brasil, por exemplo, detém 12% da água doce mundial, mas enfrenta desafios no que se refere à disponibilidade do recurso. A discrepância geográfica e populacional da água no país é um dos grandes problemas: a Região Hidrográfica Amazônica comporta 74% da disponibilidade de água e é habitada por apenas 5% dos brasileiros.

Ou seja, a água nem sempre está localizada próxima à população que necessita desse recurso para sua sobrevivência. De acordo com Marcia Greco, “existem populações concentradas, por exemplo, na bacia do PCJ (Piracicaba, Capivari e Jundiaí), no estado de São Paulo. Em 2014, tivemos uma crise hídrica que atingiu essa região fortemente”.

Marcia também reforça que as causas mais comuns para a crise hídrica, tanto no mundo quanto no Brasil, são:

  • desperdício de água;
  • diminuição do nível de chuvas;
  • aumento do consumo de água devido ao crescimento populacional, industrial e da agricultura.

Além disso, nosso planeta é composto, em sua maioria, por água do mar. Apesar do grande volume e da possibilidade de dessalinização da água – um modelo que inclusive já é implementado no Brasil desde 2004. No entanto, apesar do grande potencial dessa prática, o problema da crise hídrica é muito complexo e exige uma série de medidas para ser contornado.

Crise hídrica no mundo

A ONU reconhece o acesso à água e ao saneamento básico como um direito universal. A meta é que os países membros trabalhem para que todas as pessoas tenham acesso a esse direito até 2030. No entanto, a demanda crescente por água pode afetar a produção de alimentos e gerar conflitos.

A agropecuária é a maior consumidora de água atualmente, responsável por 69% da retirada anual de água no mundo. As residências particulares respondem por 12% e a indústria (incluindo a geração de energia), por 19%.

De acordo com as estimativas, 31 países passam por estresse hídrico entre 25% e 70%. Outros 22 países estão em situação grave de estresse hídrico, ou seja, acima dos 70%. Isso significa que essas nações fazem uso intenso do recurso, com grandes impactos na sustentabilidade.

Segundo a ONU, as principais razões para a falta de acesso à água são:

  • urbanização;
  • crescimento populacional;
  • desigualdade social;
  • pobreza;
  • falta de acesso à educação e ao trabalho.

Países que já sofrem com a escassez de água

Os países árabes são os que mais enfrentam estresse hídrico. Além do crescimento populacional e das mudanças climáticas, a região sofre com conflitos e violência em países menos desenvolvidos, como Sudão, Somália e Iêmen.

Na Ásia, 29 países foram categorizados como não seguros em relação ao acesso à água. Os motivos para isso são a baixa disponibilidade de água e o uso excessivo de águas subterrâneas. Altos níveis de poluição hídrica agravam a situação, com águas residuais sem tratamento lançadas em corpos d’água superficiais.

Na Europa, 57 milhões de pessoas não têm acesso à água encanada em casa. O problema é maior em países do Leste europeu. No Caribe e na América Latina, apenas 22% da população têm acesso ao saneamento básico de qualidade. Apenas 24% da população da África Subsaariana têm acesso a bons serviços de água potável. 

Crise hídrica no Brasil

O Brasil tem a maior reserva de água superficial do mundo, vastos reservatórios de água subterrânea, como o Aquífero Guarani, e duas das maiores áreas úmidas: a Bacia Amazônica e o Pantanal Mato-Grossense. No entanto, essa abundância de água não garante a segurança hídrica do país.

Histórico

A crise hídrica que aconteceu em 2014 na região Sudeste do Brasil teve início em abril de 2012, conforme mostram imagens de satélites. Desde então, a parte mais populosa do país perdeu 56 trilhões de litros de água por ano.

A situação na região Nordeste também é grave. No mesmo período, a perda foi de 49 trilhões de litros de água por ano. Os dados obtidos pelas imagens foram analisados com o objetivo de quantificar a perda de água no Brasil.

As análises mostram que a maioria dos meses entre 2012 e 2015 foram mais secos do que a média histórica no Leste do país. As informações foram retiradas do satélite Grace (sigla em inglês para Experimento de Recuperação de Gravidade e Clima), que investiga mudanças no campo gravitacional terrestre desde 2012.

As mudanças acontecem basicamente por variações no volume de água na Terra, movimentação de grandes massas e gelo e por fenômenos naturais, como terremotos. 

Regiões mais afetadas

O Brasil tinha 917 municípios em crise hídrica, ou seja, que estão em situação de emergência por estiagem ou seca. A maioria das cidades está no Nordeste do país, porém, o problema não acontece somente nessa região.

Do total de municípios afetados, é possível identificar:

  • 211 na Bahia;
  • 196 na Paraíba;
  • 153 no Rio Grande do Norte;
  • 123 em Pernambuco;
  • 94 no Ceará;
  • 40 em Minas Gerais;
  • 38 em Alagoas;
  • 18 no Rio de Janeiro;
  • 17 no Rio Grande do Sul;
  • além de registros em outros estados.

Por esse motivo, o governo brasileiro busca formas de revitalizar o Rio São Francisco e fazer a integração entre bacias de diferentes regiões do país, além de investir em saneamento básico para a população.

Em 2021, a região Sudeste do país vive situação em que o déficit de chuvas já é considerado severo, segundo o Sistema Nacional de Meteorologia (SNM). Estão em período de estiagem e em estado de alerta para a escassez de água os estados que se localizam na bacia do Rio Paraná: São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul e Paraná.

Principais causas

A ação humana é a principal responsável pelas alterações na disponibilidade de água e no regime de chuvas do país, mas alguns fenômenos naturais também contribuem para acentuar o problema. Conheça as principais causas da escassez de chuvas que afeta diversas regiões do Brasil:

Uso inadequado do solo

Especialistas afirmam que um dos principais motivos para a escassez de água no Brasil é o uso inadequado do solo. No Centro-Oeste, por exemplo, estão concentrados os rios e as nascentes mais importantes do país, devido à sua localização no Planalto Central.

A região é conhecida como berço das águas e tem como bioma o Cerrado. Essa vegetação ocupa mais de 20% do território e é uma das principais áreas de expansão da agropecuária, atividade que utiliza cerca de 70% da água consumida no país.

O avanço da fronteira agrícola causa diversas consequências para o Cerrado. Hoje, a região já tem quase metade da sua área totalmente devastada. O resultado da ausência de vegetação nativa para proteger o solo já é percebido especialmente na redução da vazão dos rios e na escassez de água para o abastecimento humano.

Desmatamento na Amazônia

A Amazônia é muito importante para o regime de chuvas da região sudeste, sul e centro-oeste. Os ventos alísios, que vêm da região equatorial do Oceano Atlântico, costumam trazer a umidade do oceano. Quando essa umidade chega na Amazônia, ela se precipita em forma de chuva, que hidrata o solo e é absorvida pelas raízes profundas das grandes árvores.

Essas árvores são responsáveis por drenar a umidade e, por meio da transpiração, a devolvem para o ar. Assim, há um ciclo de umidade e chuva que se repete, e assim as chuvas são levadas pelos ventos para outras regiões do país. Com a intensificação do desmatamento, a floresta perde a capacidade de manutenção da umidade atmosférica e esse ciclo é interrompido.

Aquecimento global

O ciclo hidrológico da Terra está diretamente associado às mudanças de temperatura da atmosfera e ao balanço da radiação. É ele o responsável por distribuir continuamente a água dos oceanos para a atmosfera e para os rios e lagos. Quando esse ciclo se altera, há aumento nos níveis de vapor de água na atmosfera, o que torna a disponibilidade desse recurso menos previsível.

Isso ocorre porque a evaporação aumenta, o que causa alterações na umidade do solo, no escoamento, no regime de chuvas e, por consequência, na disponibilidade de água para o consumo humano. Com isso, alguns locais podem enfrentar chuvas torrenciais, ao passo que outras regiões podem passar por estiagens e secas severas. No Brasil, a redução de chuvas em decorrência desse fator é sentida principalmente nas áreas continentais do Nordeste brasileiro e na região central.

Atualmente, a principal causa do aquecimento global são as emissões da queima de combustíveis fósseis, como carvão, petróleo e gás natural. Em razão do desmatamento, o Brasil é considerado o maior emissor de gases de efeito estufa. Na região central do país, a temperatura média já está aumentando, o que trará sérios impactos ambientais, econômicos e sociais, como redução significativa de chuvas e impactos na produtividade agrícola local.

Fenômenos naturais

Fenômenos naturais como o La Niña e o El Niño também impactam no regime de chuvas do país. Ambos interferem na temperatura da superfície das águas do oceano e geram uma série de mudanças importantes nos padrões de precipitação e temperatura no planeta.

Como o país está combatendo a escassez de água?

A crise hídrica no Brasil é assunto constante nas comissões de Desenvolvimento Sustentável e Desenvolvimento Urbano e de Meio Ambiente, além dos comitês especiais, externos e de frentes parlamentares. Vários projetos de lei estão em análise e buscam formas de economizar água.

A reutilização da água de menor qualidade para rega de jardins e descargas está entre as propostas analisadas, assim como o reaproveitamento da água desprezada por aparelhos de ar-condicionado.

Outra solução para a escassez de água, principalmente quando a previsão de chuvas está abaixo da média, é a construção de infraestrutura hídrica. Isso significa mais barragens e reservatórios, depósitos com maior capacidade de acumular água e obras de interligação dos tanques com os centros de consumo de água.

Em alguns casos, as ações podem envolver obras de interligação de bacias e de sistemas de transporte de água. Também existem projetos governamentais para o tratamento do esgoto sanitário para criar água de reúso, que pode ser empregada principalmente na agricultura e na indústria, que são os setores que mais consomem esse recurso natural.

Impactos do desperdício de água

Em 2016, o Brasil desperdiçou 38% da água potável nos sistemas de distribuição, o que equivale a quase 7 mil piscinas olímpicas a cada dia. A perda financeira no ano chegou a mais de R$ 10 bilhões.

O desperdício de água, tanto doméstico quanto industrial, prejudica o abastecimento em todos os setores. Um dos impactos é a dificuldade para os sistemas de produção agropecuária. A escassez de água também pode prejudicar o turismo de uma região, resultando em impactos econômicos.

Além disso, o desperdício traz consequências para o meio ambiente, já que um elevado nível de perda acarreta na necessidade de captação e produção superiores ao volume que as pessoas normalmente precisam.

Com relação ao que é possível fazer no curto prazo para mitigar as crises hídricas, Marcia afirma que existem muitas possibilidades. Além do uso racional, a gestora cita a utilização da água de reúso. Para isso, é necessário tratar os esgotos domésticos para fornecer água para a indústria e deixar a utilização de água fresca para a população.

“Além disso, é possível coletar e reutilizar água da chuva, conservar as bacias hídricas (nascentes de água e rios) e pensar em técnicas de irrigação mais eficientes”, afirma a profissional.

No entanto, além da falta de legislação, o preconceito pode dificultar o aproveitamento da água de reúso no país. Embora tenha um importante impacto na economia, muitas pessoas não acreditam que a solução seja útil.

Vale lembrar que a água de reúso é considerada tão limpa quanto as águas dos rios antes do tratamento. Apesar disso, o alto investimento dificulta a implementação da solução em curto e médio prazo no Brasil.

Soluções adotadas pelos países para combater a escassez de água

A maior parte da água doce do mundo está congelada nos polos e nas montanhas. Por isso, apenas uma pequena parte do recurso está disponível nos mananciais, como lagos, rios e lençóis subterrâneos, para o uso humano. Conheça algumas soluções usadas em diferentes países para combater a escassez de água no mundo.

Austrália

A Austrália passou uma importante adaptação com o objetivo de evitar a escassez de água. O período de seca mais rigoroso ocorreu entre 1997 e 2009. Entre 2013 e 2014, o país passou por diversos recordes de temperatura.

A solução foi fazer um grande investimento em infraestrutura, evitando vazamentos e economizando água. A técnica utilizada foi a que muitos países aplicam em seu sistema: o tratamento e reúso da água.

O projeto encaminha as águas residuais que saem das residências para os reservatórios. Então, elas são tratadas e retornam para as casas, já adequadas para recebê-las em um encanamento especial.

Essa água é utilizada na lavagem de roupas, limpeza do chão e outras atividades. Assim, é possível economizar água potável, sem coletar mais recursos da natureza.

China

A China sofreu com a ameaça de seca na região Nordeste do país. Para resolver o problema, foi desenvolvido um plano integrado de ações. Duas medidas principais foram tomadas. A primeira se refere à implementação de cisternas e reservatórios em todo o país.

A segunda ação é um projeto de selos de eficiência hídrica para mictórios, vasos sanitários, torneiras e pias — parecido com o selo de eficiência energética brasileiro. Dessa forma, o consumidor pode optar por equipamentos mais econômicos, que além de serem mais sustentáveis, também reduzem a conta de água.

Estados Unidos

O estado da Califórnia também passou por muitas secas, devido a sua densidade populacional e as características geográficas da região. Algumas ações para solucionar esse problema visam a economia individual de água.

Também houve mudanças no paisagismo, com substituição das plantas que exigem aumento do consumo em centros comerciais, campos de golfe e casas. A água reciclada também é represada e utilizada para irrigação e descargas sanitárias.

Japão

Desde 1955, o Japão — país pequeno e superpopuloso — passa por cenários de seca. Por isso, foi desenvolvido um manual geral contra a seca, que apresenta medidas para prevenir o fenômeno, além de educar a população com ações a serem tomadas em momentos de estiagem.

No entanto, a grande mudança no Japão é comportamental. As campanhas massivas fazem com que as pessoas entendam o problema e economizem água de fato. Como o país é muito eficiente, o desperdício por infraestrutura é mínimo. Toneiras, pias e vasos sanitários são altamente tecnológicos, o que ajuda na economia, com sistemas avançados de reúso e reaproveitamento da água.

Israel

Israel é um país de clima árido. Para enfrentar essa situação, o governo regulamenta leis para o uso da água, com sistemas de economia. Assim como no Japão, a tecnologia também tem papel fundamental para o controle do desperdício.

Técnicas exclusivas permitem obter água até de geadas. O tratamento e reúso das águas também é altamente eficiente. O esgoto coletado e tratado é reutilizado para a agricultura, especialmente na parte Sul do país.

Israel também tem um controle rígido de perdas e cinco centros de dessalinização, que coletam água do Mar Mediterrâneo e fazem o abastecimento para consumo doméstico. Essa forma de obter água potável já é usada há mais de 80 anos em Curaçao.

Cingapura

Toda a população da pequena ilha de Cingapura recebe água potável. Além disso, todo o esgoto é tratado e reutilizado. Por isso, o país é um dos mais eficientes em reaproveitamento de água do mundo.

Tudo isso só é possível graças aos investimentos em infraestrutura. Com isso, é possível coletar a água, evitar vazamentos, realizar campanhas de conscientização e construir usinas de dessalinização.

O país ainda importa água da Malásia por meio de dutos — uma operação complicada e cara. Cingapura também tem um programa que incentiva o consumo de produtos com maior eficiência hídrica.

Aruba

A fonte principal de água da ilha de Aruba, no Caribe, é o mar. Apesar de ter um território pequeno, com área de 178,9 km², o país tem a segunda maior usina de dessalinização do mundo, inaugurada em 2000.

Apesar de caro, esse método permite que a água de Aruba seja reconhecida por sua qualidade, podendo ser bebida diretamente da torneira.

Principais ações dentro de casa para evitar a escassez de água

Economizar água nas tarefas do dia a dia é fundamental para evitar que o abastecimento seja comprometido. Para isso, veja as dicas a seguir.

Reduzir o tempo dos banhos

Quando não adotamos hábitos diários de consumo consciente para reduzir o desperdício, o chuveiro representa um dos maiores vilões do consumo de energia elétrica em casa. Ele também pode representar um enorme gasto de água.

Tomar banhos curtos é uma das principais ações para economizar água em casa. Reduzir o tempo embaixo do chuveiro em 1 minuto pode fazer você economizar 6 litros de água por dia, o que representa uma economia de 180 litros por mês.

Além disso, é importante evitar deixar o chuveiro aberto enquanto se ensaboa. Ligar o equipamento apenas quando for se enxaguar representa uma economia ainda maior ao final do mês.

Outro ponto básico é manter a torneira sempre fechada enquanto faz a sua rotina de higiene, como lavar as mãos, o rosto e escovar os dentes.

Economizar água na lavagem de louças

Primeiro, faça uma limpeza prévia da louça, retirando o excesso de alimento com uma esponja seca. Não se esqueça de usar um ralinho de pia para que a sujeira não desça para a rede de esgoto. Depois, umedeça um pouco todos os itens antes de ensaboar e comece a lavar aqueles menos gordurosos.

Parta para as louças mais sujas, até ensaboar tudo o que está na pia. No enxágue, a sequência é a mesma. Aproveite essa água para deixar as panelas de molho e facilitar a remoção dos alimentos e da gordura.

Outra dica é usar água quente para diluir a gordura. Isso faz com que seja necessário usar menos detergente e, consequentemente, menos água durante a lavagem.

Reutilizar a água das máquinas de lavar roupas

Um ciclo completo de lavagem utiliza, em média, 90 litros de água, podendo chegar a 200 litros em alguns casos. O sabão em pó e amaciante usados tornam a água da máquina especialmente útil para algumas tarefas domésticas, como para lavar pisos ou dar a descarga. 

Também é possível reutilizar a água do segundo enxágue para colocar outras peças de molho. Se for necessário armazenar a água por mais de dois dias, é recomendado adicionar pastilhas de cloro, pois os micro-organismos presentes na água podem causar mau cheiro.

Coletar e usar a água da chuva

Quem mora em casa, pode coletar e usar a água da chuva. A coleta e o armazenamento para uso doméstico podem ser feitos em cisternas, que é um sistema de baixo custo para o aproveitamento da água da chuva.

Essa água não é considerada potável para o consumo humano, pois pode conter partículas de poeira e fuligem, além de compostos tóxicos, como sulfato, amônio e nitrato. No entanto, ela pode ser utilizada em diversas tarefas domésticas, como para lavar o carro ou regar o jardim.

Verificar instalações hidráulicas

Vazamentos nem sempre significam grandes buracos no cano que podem ser percebidos facilmente. Mesmo quando se tratam de pequenas falhas, o desperdício de água pode ser grande. Como não é fácil detectar o problema, é importante ter atenção a qualquer alteração no consumo das contas para fazer um comparativo.

É possível encontrar problemas em:

  • vasos sanitários;
  • conectores que ligam torneiras internas e externas;
  • canos em paredes e próximos ao cavalete de água.

Os recursos hídricos são utilizados nos mais diversos setores, como na produção agrícola, criação de animais e geração de energia. A escassez de água já é uma realidade em diversos países. Nesse cenário, os avanços científicos e tecnológicos são fundamentais para evitar o agravamento da situação, assim como mudanças éticas.

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Este conteúdo foi produzido com base na entrevista realizada com Marcia Greco, responsável por Desenvolvimento de Negócios na área de Novas Fontes da BRK Ambiental.

Quais atividades podem comprometer a oferta de água?

Os principais responsáveis pela contaminação da água de nosso planeta são: - a falta de saneamento básico e o lançamento de esgoto doméstico in natura; - a descarga de dejetos industriais sem o devido tratamento; - a contaminação por produtos químicos provenientes de atividades agrícolas.

Qual é o maior problema da gestão da água na região da América Latina?

Desigualdade no abastecimento de água é um dos grandes desafios para a América Latina.

Quais são as atividades que consomem mais água?

Segundo a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), a atividade que mais consome água é a agropecuária. Sozinho, esse setor é responsável por 70% da água utilizada pelo ser humano, seguido pela indústria, com 22%, e, por último, o uso doméstico, com 8%.

Qual é a atividade que mais consome água no país?

No Brasil, a agropecuária é responsável por 72% de toda a água consumida no país. Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;) A atividade industrial vem em segundo lugar e possui também grandes níveis de consumo.