Quais os principais produtos da economia brasileira no Segundo Reinado?

Graduada em História (Udesc, 2010)
Mestre em História (Udesc, 2013)
Doutora em História (USP, 2018)

Publicado em 17/02/2021

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A proclamação da independência em 1822 possibilitou uma onda de modificações de toda ordem: sociais, políticas, culturais e econômicas. Foi durante o século XIX que novos produtos ganharam espaço nas exportações e que se intensificou a vinda de imigrantes europeus, impulsionando novas relações econômicas também.

Durante todo o período colonial o produto de maior investimento foi o açúcar. Os engenhos do nordeste estiveram todos voltados para a produção e refinamento do açúcar, e a maioria das terras era destinada ao cultivo da cana. Mas, foi em meados do século XIX que outro produto começa a ganhar espaço na produção nacional: o café. O cultivo do açúcar era mais caro, demandava maior número de trabalhadores e exigia mais da terra, enquanto o café era um produto mais barato de produzir, exigia menos da terra e era possível com um número menor de trabalhadores, o que significava que era um produto mais lucrativo. Soma-se a isso a questão da modernização e da aceleração do tempo experimentada pelas indústrias com suas máquinas à vapor que faziam parecer que o tempo corria mais rápido. A modernidade – e o trabalho moderno – exigia o consumo de estimulantes, como era o café. Assim, diversas nações do mundo passaram a consumir cada vez mais café – e o Brasil passou a produzi-lo cada vez mais. Houve, portanto, uma mudança geográfica: se durante o período de colonização o principal produto encontrava-se no Nordeste, durante o Império o novo produto de destaque era produzido no Sudeste.

Inicialmente o café era produzido no Rio de Janeiro, e, aos poucos, a produção foi se interiorizando, até chegar no estado de São Paulo, que possuía a terra ideal para o seu plantio. Foi em meados do século XIX que o café ganhou protagonismo nas relações econômicas do país, e, consequentemente, São Paulo passou a protagonizar a vida política da nação, culminando na Proclamação da República em 15 de novembro de 1889. Até esse período a vida urbana não era tão estimulada: o Rio de Janeiro, capital do Império, concentrava a vida política e também as novidades. As demais cidades pouco tinham agitação, e por isso pouco movimentavam a economia.

O investimento cada vez maior na produção cafeeira não significou o fim da produção açucareira. O açúcar continuou figurando como importante produto na economia nacional, mas enfrentou dificuldades, visto que Cuba produzia açúcar e se destacava no fazer, e sua localização era privilegiada para o comércio, principalmente com os Estados Unidos da América, um dos grandes consumidores de açúcar no mundo. Além do açúcar o Nordeste continuou investindo na produção algodoeira, ainda que em menor escala. Entra também na diversificação das explorações econômicas a borracha no Norte do país. O consumo da borracha foi estimulado pela industrialização no mundo, e ela passou a ser matéria prima para diversos produtos que passaram a ser produzidos a partir de então.

A Inglaterra aparecia como principal compradora dos produtos feitos no Brasil, sendo o principal destino das exportações nacionais, da mesma forma que era também o país que mais exportava produtos para o Brasil. De lá vinham as principais novidades que circulavam no país, principalmente, no Rio de Janeiro.

Mas nem só de produtos de exportação, como o café, vivia o império. Era preciso ter produção para o mercado interno. Assim, estados como Minas Gerais e Rio Grande do Sul destacaram-se na produção de insumos. Minas com o café, o leite, o feijão e demais frutas e verduras e o Rio Grande do Sul com o gado.

O sul do Brasil viu também outro fenômeno acontecer nesse momento: o início da imigração. Portugueses, alemães e italianos chegaram principalmente ao sul e ao sudeste e se estabeleceram tendo como base a pequena propriedade privada, muito diferente do latifúndio monocultor tão difundido pelo país. A economia durante o século XIX sofreu bruscas modificações (do açúcar para o café; a vinda dos imigrantes para o sul e sudeste do país) e foi o café que ganhou protagonismo e o mercado externo.

Referência:

FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2007.

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/historia/economia-brasileira-durante-o-imperio/

A história da economia durante o Segundo Reinado perpassa inevitavelmente pelo processo de expansão de um novo gênero agrícola: o café. Desde os meados do século XVIII esse produto era considerado uma especiaria entre os consumidores europeus. Ao longo desse período, o seu consumo ganhou proporções cada vez mais consideráveis. De acordo com alguns estudiosos, essa planta chegou ao Brasil pela Guiana Francesa nas mãos do tenente-coronel Francisco de Melo Palheta.

Na segunda metade do século XVIII, por volta de 1760, foram registrados os primeiros relatos noticiando a formação de plantações na cidade do Rio de Janeiro. Na região da Baixada Fluminense as melhores condições de plantio foram encontradas ao longo de uma série de pântanos e brejos ali encontrados. No final desse mesmo século, as regiões cariocas da Tijuca, do Corcovado e do morro da Gávea estavam completamente tomadas pelas plantações de café.

O pioneirismo das plantações cariocas alcançou toda a região do Vale do Paraíba, sendo o principal espaço de produção até a década de 1870. Reproduzindo a mesma dinâmica produtiva do período colonial, essas plantações foram sustentadas por meio de latifúndios monocultores dominados pela mão-de-obra escrava. As propriedades contavam com uma pequena roça de gêneros alimentícios destinados ao consumo interno, sendo as demais terras inteiramente voltadas para a produção do café.

A produção fluminense, dependente de uma exploração sistemática das terras, logo começaria a sentir seus primeiros sinais de crise. Ao mesmo tempo, a proibição do tráfico de escravos, em 1850, inviabilizou os moldes produtivos que inauguraram a produção cafeeira do Brasil. No entanto, nesse meio tempo, a região do Oeste Paulista ofereceu condições para que a produção do café continuasse a crescer significativamente.

Os cafeicultores paulistas deram uma outra dinâmica à produção do café incorporando diferentes parcelas da economia capitalista. A mentalidade fortemente empresarial desses fazendeiros introduziu novas tecnologias e formas de plantio favoráveis a uma nova expansão cafeeira. Muitos deles investiam no mercado de ações, dedicavam-se a atividades comerciais urbanas e na indústria. Para suprir a falta de escravos atraíram mão-de-obra de imigrantes europeus e recorriam a empréstimos bancários para financiar as futuras plantações.

O curto espaço de tempo em que a produção cafeeira se estabeleceu foi suficiente para encerrar as constantes crises econômicas observadas desde o Primeiro Reinado. Depois de se fixar nos mercados da Europa, o café brasileiro também conquistou o paladar dos norte-americanos, fazendo com que os Estados Unidos se tornassem nosso principal mercado consumidor. Ao longo dessa trajetória de ascensão, o café, nos finais do século XIX, representou mais da metade dos ganhos com exportação.

A adoção da mão-de-obra assalariada, na principal atividade econômica do período, trouxe uma nova dinâmica à nossa economia interna. Ao mesmo tempo, o grande acúmulo de capitais obtido com a venda do café possibilitou o investimento em infra-estrutura (estradas, ferrovias...) e o nascimento de novos setores de investimento econômico no comércio e nas indústrias. Nesse sentido, o café contribuiu para o processo de urbanização do Brasil.

A predominância desse produto na economia nacional ainda apresenta resultados significativos no cenário econômico contemporâneo. Somente nas primeiras décadas do século XX que o café perdeu espaço para outros ramos da economia nacional. Mesmo assinalando um período de crescimento da nossa economia, o café concentrou um grande contingente de capitais, preservando os traços excessivamente agrários e excludentes da economia nacional.

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Quais eram os principais produtos da economia no Segundo Reinado?

A economia do Segundo Reinado foi baseada essencialmente na produção cafeeira, que auxiliou ainda a modernização de parte do Brasil.

Qual foi o principal produto da economia brasileira no Brasil Império?

No período imperial três produtos agrícolas que tinham sido importantes no período colonial continuaram a ter grande relevância na pauta de exportações, o açúcar, o algodão e o fumo, mas o café ultrapassaria definitivamente o açúcar como o principal produto exportado, em termos de valor, no início da década de 1830.

Quais os principais produtos comercializados no mercado interno do Império?

Mas nem só de produtos de exportação, como o café, vivia o império. Era preciso ter produção para o mercado interno. Assim, estados como Minas Gerais e Rio Grande do Sul destacaram-se na produção de insumos. Minas com o café, o leite, o feijão e demais frutas e verduras e o Rio Grande do Sul com o gado.

Qual o produto agrícola de exportação mais rentável no Brasil durante o período imperial e em que região era produzido?

Em 1836 e 1837, a produção cafeeira superou a produção açucareira, tornando o café o principal produto de exportação do Império. Os grandes latifundiários produtores de café, os chamados “Barões do café”, enriqueceram-se e garantiram o aumento da arrecadação por parte do Estado imperial.