Graduada em História (Udesc, 2010) Show
Publicado em 17/02/2021 Ouça este artigo: A proclamação da independência em 1822 possibilitou uma onda de modificações de toda ordem: sociais, políticas, culturais e econômicas. Foi durante o século XIX que novos produtos ganharam espaço nas exportações e que se intensificou a vinda de imigrantes europeus, impulsionando novas relações econômicas também. Durante todo o período colonial o produto de maior investimento foi o açúcar. Os engenhos do nordeste estiveram todos voltados para a produção e refinamento do açúcar, e a maioria das terras era destinada ao cultivo da cana. Mas, foi em meados do século XIX que outro produto começa a ganhar espaço na produção nacional: o café. O cultivo do açúcar era mais caro, demandava maior número de trabalhadores e exigia mais da terra, enquanto o café era um produto mais barato de produzir, exigia menos da terra e era possível com um número menor de trabalhadores, o que significava que era um produto mais lucrativo. Soma-se a isso a questão da modernização e da aceleração do tempo experimentada pelas indústrias com suas máquinas à vapor que faziam parecer que o tempo corria mais rápido. A modernidade – e o trabalho moderno – exigia o consumo de estimulantes, como era o café. Assim, diversas nações do mundo passaram a consumir cada vez mais café – e o Brasil passou a produzi-lo cada vez mais. Houve, portanto, uma mudança geográfica: se durante o período de colonização o principal produto encontrava-se no Nordeste, durante o Império o novo produto de destaque era produzido no Sudeste. Inicialmente o café era produzido no Rio de Janeiro, e, aos poucos, a produção foi se interiorizando, até chegar no estado de São Paulo, que possuía a terra ideal para o seu plantio. Foi em meados do século XIX que o café ganhou protagonismo nas relações econômicas do país, e, consequentemente, São Paulo passou a protagonizar a vida política da nação, culminando na Proclamação da República em 15 de novembro de 1889. Até esse período a vida urbana não era tão estimulada: o Rio de Janeiro, capital do Império, concentrava a vida política e também as novidades. As demais cidades pouco tinham agitação, e por isso pouco movimentavam a economia. O investimento cada vez maior na produção cafeeira não significou o fim da produção açucareira. O açúcar continuou figurando como importante produto na economia nacional, mas enfrentou dificuldades, visto que Cuba produzia açúcar e se destacava no fazer, e sua localização era privilegiada para o comércio, principalmente com os Estados Unidos da América, um dos grandes consumidores de açúcar no mundo. Além do açúcar o Nordeste continuou investindo na produção algodoeira, ainda que em menor escala. Entra também na diversificação das explorações econômicas a borracha no Norte do país. O consumo da borracha foi estimulado pela industrialização no mundo, e ela passou a ser matéria prima para diversos produtos que passaram a ser produzidos a partir de então. A Inglaterra aparecia como principal compradora dos produtos feitos no Brasil, sendo o principal destino das exportações nacionais, da mesma forma que era também o país que mais exportava produtos para o Brasil. De lá vinham as principais novidades que circulavam no país, principalmente, no Rio de Janeiro. Mas nem só de produtos de exportação, como o café, vivia o império. Era preciso ter produção para o mercado interno. Assim, estados como Minas Gerais e Rio Grande do Sul destacaram-se na produção de insumos. Minas com o café, o leite, o feijão e demais frutas e verduras e o Rio Grande do Sul com o gado. O sul do Brasil viu também outro fenômeno acontecer nesse momento: o início da imigração. Portugueses, alemães e italianos chegaram principalmente ao sul e ao sudeste e se estabeleceram tendo como base a pequena propriedade privada, muito diferente do latifúndio monocultor tão difundido pelo país. A economia durante o século XIX sofreu bruscas modificações (do açúcar para o café; a vinda dos imigrantes para o sul e sudeste do país) e foi o café que ganhou protagonismo e o mercado externo. Referência: FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2007. Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/historia/economia-brasileira-durante-o-imperio/ A história da economia durante o Segundo Reinado perpassa inevitavelmente pelo processo de expansão de um novo gênero agrícola: o café. Desde os meados do século XVIII esse produto era considerado uma especiaria entre os consumidores europeus. Ao longo desse período, o seu consumo ganhou proporções cada vez mais consideráveis. De acordo com alguns estudiosos, essa planta chegou ao Brasil pela Guiana Francesa nas mãos do tenente-coronel Francisco de Melo Palheta. Na segunda metade do século XVIII, por volta de 1760, foram registrados os primeiros relatos noticiando a formação de plantações na cidade do Rio de Janeiro. Na região da Baixada Fluminense as melhores condições de plantio foram encontradas ao longo de uma série de pântanos e brejos ali encontrados. No final desse mesmo século, as regiões cariocas da Tijuca, do Corcovado e do morro da Gávea estavam completamente tomadas pelas plantações de café. O pioneirismo das plantações cariocas alcançou toda a região do Vale do Paraíba, sendo o principal espaço de produção até a década de 1870. Reproduzindo a mesma dinâmica produtiva do período colonial, essas plantações foram sustentadas por meio de latifúndios monocultores dominados pela mão-de-obra escrava. As propriedades contavam com uma pequena roça de gêneros alimentícios destinados ao consumo interno, sendo as demais terras inteiramente voltadas para a produção do café. A produção fluminense, dependente de uma exploração sistemática das terras, logo começaria a sentir seus primeiros sinais de crise. Ao mesmo tempo, a proibição do tráfico de escravos, em 1850, inviabilizou os moldes produtivos que inauguraram a produção cafeeira do Brasil. No entanto, nesse meio tempo, a região do Oeste Paulista ofereceu condições para que a produção do café continuasse a crescer significativamente. Os cafeicultores paulistas deram uma outra dinâmica à produção do café incorporando diferentes parcelas da economia capitalista. A mentalidade fortemente empresarial desses fazendeiros introduziu novas tecnologias e formas de plantio favoráveis a uma nova expansão cafeeira. Muitos deles investiam no mercado de ações, dedicavam-se a atividades comerciais urbanas e na indústria. Para suprir a falta de escravos atraíram mão-de-obra de imigrantes europeus e recorriam a empréstimos bancários para financiar as futuras plantações. O curto espaço de tempo em que a produção cafeeira se estabeleceu foi suficiente para encerrar as constantes crises econômicas observadas desde o Primeiro Reinado. Depois de se fixar nos mercados da Europa, o café brasileiro também conquistou o paladar dos norte-americanos, fazendo com que os Estados Unidos se tornassem nosso principal mercado consumidor. Ao longo dessa trajetória de ascensão, o café, nos finais do século XIX, representou mais da metade dos ganhos com exportação. A adoção da mão-de-obra assalariada, na principal atividade econômica do período, trouxe uma nova dinâmica à nossa economia interna. Ao mesmo tempo, o grande acúmulo de capitais obtido com a venda do café possibilitou o investimento em infra-estrutura (estradas, ferrovias...) e o nascimento de novos setores de investimento econômico no comércio e nas indústrias. Nesse sentido, o café contribuiu para o processo de urbanização do Brasil. A predominância desse produto na economia nacional ainda apresenta resultados significativos no cenário econômico contemporâneo. Somente nas primeiras décadas do século XX que o café perdeu espaço para outros ramos da economia nacional. Mesmo assinalando um período de crescimento da nossa economia, o café concentrou um grande contingente de capitais, preservando os traços excessivamente agrários e excludentes da economia nacional. Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;) Quais eram os principais produtos da economia no Segundo Reinado?A economia do Segundo Reinado foi baseada essencialmente na produção cafeeira, que auxiliou ainda a modernização de parte do Brasil.
Qual foi o principal produto da economia brasileira no Brasil Império?No período imperial três produtos agrícolas que tinham sido importantes no período colonial continuaram a ter grande relevância na pauta de exportações, o açúcar, o algodão e o fumo, mas o café ultrapassaria definitivamente o açúcar como o principal produto exportado, em termos de valor, no início da década de 1830.
Quais os principais produtos comercializados no mercado interno do Império?Mas nem só de produtos de exportação, como o café, vivia o império. Era preciso ter produção para o mercado interno. Assim, estados como Minas Gerais e Rio Grande do Sul destacaram-se na produção de insumos. Minas com o café, o leite, o feijão e demais frutas e verduras e o Rio Grande do Sul com o gado.
Qual o produto agrícola de exportação mais rentável no Brasil durante o período imperial e em que região era produzido?Em 1836 e 1837, a produção cafeeira superou a produção açucareira, tornando o café o principal produto de exportação do Império. Os grandes latifundiários produtores de café, os chamados “Barões do café”, enriqueceram-se e garantiram o aumento da arrecadação por parte do Estado imperial.
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