Qual a importância da biodiversidade para a sobrevivência dos seres vivos?

Qual a importância da biodiversidade para a sobrevivência dos seres vivos?
Ao longo de todas essas semanas, temos falado muito sobre a biodiversidade. Chegou o momento de discutirmos sua importância.

Para você, por que a biodiversidade é importante?

Pense nisso e elabore uma lista contendo pelo menos cinco razões pelas quais a biodiversidade é importante.

Agora, reveja a sua lista. Quantos dos motivos que você apresentou estão relacionados ao aspecto utilitário da biodiversidade, ou seja, à utilidade que essa diversidade tem para nós, seres humanos? Você acredita que é assim que devemos pensar e agir? Que é por isso que temos de conservar a diversidade: principalmente pelo uso que nós, seres humanos, podemos fazer dela?

Para auxiliar na sua reflexão, leia o texto a seguir, adaptado do livro Biodiversidade tropical (MARTINS; SANO, 2010):

Para que serve a biodiversidade?

Antes de responder para que serve, deveríamos nos perguntar: a quem serve a biodiversidade? E então teríamos a resposta...

Desde o início da evolução da espécie humana, a diversidade de organismos tem servido principalmente à própria espécie. Logo, perguntar para que serve a biodiversidade já traz embutida a resposta: serve para o ser humano. A pergunta correta então deveria ser: em que nos serve a biodiversidade?

Conforme já discutimos, a humanidade, desde séculos passados, tem carregado uma visão utilitarista da natureza: tudo o que existe é para  servi-la. Note que essa visão contamina inclusive muitas de nossas explicações em Ciência com uma ideia que se chama finalismo, ou seja, tudo tem uma finalidade! É comum que, em aulas de Ciências ou de Biologia, ao estudar determinada estrutura ou elemento biológico, os alunos perguntem “para que serve isso?”, como se tudo na natureza tivesse um objetivo, uma razão de ser, um destino. Pense, por exemplo, em certas plantas que possuem folhas inteiras e divididas em um mesmo indivíduo. Para que serve isso? Se serve para alguma coisa, ainda é preciso descobrir, pois aparentemente essa característica não traz qualquer benefício ou prejuízo para a planta. Ela apenas existe!

Com essas ressalvas em mente, podemos avançar no objetivo do nosso tema... Apesar de a natureza e sua biodiversidade não existirem em função do ser humano, é fato que temos nos beneficiado enormemente de produtos dessa diversidade. Basta pensar no que comemos no jantar de ontem, nas fibras das roupas que estamos vestindo agora ou no material de que é feita a mesa ou as portas da sala onde estamos lendo este livro! Portanto, refletir sobre para que serve a biodiversidade significa refletir sobre a nossa relação com os demais organismos da biosfera, da qual fazemos parte. Significa, também, adquirirmos argumentos para a conservação dessa biodiversidade e das relações que ela abriga.

De maneira geral, podemos afirmar que existem duas categorias de uso da biodiversidade pelo ser humano: o suprimento de produtos e os chamados serviços ambientais. Já explicaremos cada um deles. Preparado?

Suprimento de produtos

A principal importância, para o ser humano, do uso da biodiversidade está no suprimento de produtos. Toda a nossa alimentação e parte significativa de nossas vestimentas e moradias são obtidas a partir de organismos vegetais ou animais. Neste caso, a conservação da biodiversidade tem um caráter utilitário e essencial: nossa própria manutenção como espécie.

É verdade que a maior parte daquilo que usamos não provém de extração direta da natureza: temos cultivos, criações, formas de controlar a produção. Mas é importante lembrar que nem sempre foi assim. Todos os organismos, hoje domesticados ou cultivados, estiveram um dia no estado selvagem, já que o processo de uso e domesticação foi ocorrendo aos poucos e lentamente. Também não está tão distante o tempo em que nossos bisavós utilizavam lenha como combustível para o fogão ou para o transporte, a qual era obtida à custa do desmatamento de nossas florestas.

Outro ponto importante a ser considerado refere-se ao quanto nós conhecemos e usamos da biodiversidade que nos rodeia. Das cerca de 250.000 espécies de angiospermas conhecidas, não utilizamos mais do que 40 ou 45 espécies de plantas em nossa alimentação. Destas, 20 espécies são de grãos e cereais que correspondem a 90% do que comemos. Dentre essas 20 espécies, apenas três (trigo, milho e arroz) correspondem a 70% de nossa alimentação! O fato é claro, não é? Falta muito a ser conhecido e explorado. Sim, explorado, porque, embora essa palavra tenha adquirido uma conotação negativa, existem formas de exploração responsável e sustentada de nossos recursos. Para isso, contudo, é necessário, antes, conhecê-los.

Um aspecto importante do “para que serve a biodiversidade” e “por que preservá-la” está relacionado com bem-estar e qualidade de vida. Pessoas que vivem em ambientes rurais conhecem muito bem o valor da diversidade biológica por se beneficiarem diariamente da natureza. Da biodiversidade ao seu redor, um caboclo amazônico extrai frutas e animais para se alimentar, fibras para fazer cordas, inseticidas naturais, iscas para pescar, madeira para fazer casas, móveis, canoas e utensílios, bem como plantas medicinais para tratar diversos males – de resfriados a picadas de cobras.

Por utilizarem a biodiversidade de forma mais indireta, pessoas que vivem nas cidades geralmente têm mais dificuldade para entender seu valor, embora dependam dela tanto quanto quem vive em áreas rurais. Para qualquer dessas pessoas, no entanto, é certo que é muito mais agradável caminhar por uma estrada ou rua cercada de árvores e flores do que por um local desprovido de qualquer elemento vivo. A manutenção da biodiversidade relaciona-se, portanto, também ao bem-estar das pessoas e à manutenção e desenvolvimento de seu senso estético. A contemplação de uma bela paisagem natural tem efeitos que todos nós conhecemos e que dispensam maiores comentários.

Sobre a manutenção e o conhecimento da diversidade de seres vivos e sua relação com a qualidade de vida do ser humano, é impossível não pensar nos inúmeros compostos químicos de importância farmacológica que continuam guardados no imenso baú da biodiversidade. A grande maioria dos fármacos hoje usados em larga escala foi isolada e depois sintetizada a partir de organismos vivos. Isso vale, por exemplo, para a aspirina e a penicilina, tão conhecidas nossas. Há pouco tempo, entre 1997 e 1999, foram isoladas duas substâncias extremamente importantes de uma planta nativa de Madagascar e muito frequente em nossos jardins: a vinca ou boa-noite (Catharanthus roseus). Esses compostos (vinblastina e vincristina) diminuíram de 90% para 10% o índice de mortes causadas por alguns tipos de leucemia infantil!

É importante notar que, embora essas plantas estivessem presentes em jardins do mundo todo, conhecia-se muito pouco sobre seus compostos químicos. Se isso ocorre com plantas que todos conhecem, é fácil imaginar o que deve acontecer com aquelas que estão no interior de florestas perdidas em algum ponto do Hemisfério Sul...

Não precisamos ir longe. O veneno da jararaca comum (Bothrops jararaca) – a qual ocorre no leste brasileiro, do Rio Grande do Sul à Bahia – deu origem a medicamentos como o anti-hipertensivo Captopril (que garante um faturamento de bilhões de dólares anuais à multinacional Squibb) e o Evasin, patenteado recentemente por pesquisadores do Instituto Butantan.

A conservação da biodiversidade também permite, portanto, que sejam preservadas as possibilidades de cura para doenças até o momento incuráveis, bem como a melhoria  da qualidade de vida não somente de um grupo de indivíduos, mas de toda a humanidade. Longe de essa realidade ser apenas um clichê, um lugar-comum no discurso conservacionista,  é um fato real e sério, que deve ser considerado por todo cidadão e por todos os segmentos da sociedade e da política ao elaborarem propostas de preservação ou ao votarem leis que evitem a depredação da nossa biodiversidade.

Existe ainda um aspecto muito importante da preservação da biodiversidade que deve ser levado em conta. Há um incontável número de agrupamentos humanos tradicionais que preservam culturas e saberes relativos à biodiversidade do local em que vivem. Só para citar o Brasil como exemplo, são comunidades indígenas, caiçaras, caboclas, quilombolas e tantas outras que não apenas têm seu domicílio em meio à biodiversidade, como, também, usam elementos dessa diversidade e desenvolvem uma cultura própria a ela associada. Basta fazer um rápido passeio pelas lendas e mitos do nosso folclore para termos uma noção do que isso representa. Da mesma forma, uma conversa com uma benzedeira ou rezadeira, ou com um caiçara, certamente, trará revelações importantes sobre como a cultura popular e a sabedoria dessa gente incorporaram elementos da nossa biodiversidade em seu dia a dia.

Logo, um dos “usos” da biodiversidade, se é que podemos colocar assim, é a geração e o desenvolvimento de culturas diversas, cada qual com sua interpretação e visão de mundo. Preservar a biodiversidade também significa, portanto, preservar a diversidade e a identidade cultural de uma região, de um povo, de uma nação.

Serviços ambientais

O termo serviços ambientais define quaisquer características de ecossistemas naturais que comprovadamente beneficiam a humanidade. Enquanto os bens e produtos provenientes da biodiversidade são usados de forma direta, os serviços ambientais representam valores de uso indireto pelo ser humano.

Quer um exemplo?

A biodiversidade permite a manutenção de ciclos biogeoquímicos (carbono, nitrogênio, enxofre, entre outros), de importância muito grande para a sobrevivência dos organismos e para a manutenção da vida no planeta.

O mais importante serviço ambiental, no entanto, refere-se ao fato de que a biodiversidade fornece o meio biótico no qual fluem toda matéria e toda energia do planeta!

A manutenção e a regulação de climas e de funções hidrológicas, por exemplo, só ocorrem graças à biodiversidade. As grandes florestas do mundo desempenham um papel muito importante na determinação do clima de uma região. Assim, também a manutenção de nascentes de rios ou a contenção de processos de erosão ocorrem por intermédio da biodiversidade.

Recentemente, economistas tentaram atribuir valores a esses serviços como forma de chamar a atenção de governos e conservacionistas para a sua importância. Foi calculado que os serviços prestados por todos os ecossistemas da Terra em conjunto somam algo em torno de 18 trilhões de dólares por ano!

Fonte: COSTANZA, R. et alii. The value of the world’s ecosystem services and natural capital. Nature 387:253–260, 1997.

O ecoturismo é entendido também como uma forma de serviço ambiental. Afinal, é a natureza que fornece os elementos principais para que esse tipo de turismo aconteça. E não subestime seu potencial: esse é um tipo de uso da biodiversidade que cresce cada vez mais! Ele pode até ser uma forma mais inteligente de se ganhar dinheiro com a biodiversidade.

Só para você ter uma ideia: um grupo de 16 baleias em Ogata, no Japão, pode render, ao longo de 15 anos, cerca de 41 milhões de dólares ao país só com os turistas que ali aportam para observá-las e fotografá-las. Se essas mesmas 16 baleias fossem mortas e tivessem seus produtos vendidos, renderiam, no máximo, 4,3 milhões de dólares.

É para se pensar, não?!

A diversidade e os organismos que a compõem

Se existe importância da biodiversidade ligada às suas relações com o ser humano, imagine então qual não seria a importância da biodiversidade na manutenção das relações entre os organismos que a compõem...

Nenhum organismo ocorre independentemente dos demais; ele necessita de uma série de relações com outros organismos que lhe possibilitam a vida. Imagine uma planta polinizada por uma vespa, por exemplo. A planta fornece alimento para a vespa que, por sua vez, promove a polinização da planta cujo fruto, depois de formado, pode servir de alimento para outro animal, uma ave, por exemplo. Essa ave dispersará as sementes, que germinarão no solo graças à ação de decompositores que tornaram disponíveis nutrientes antes presentes no corpo daquela vespa, ou daquela ave, ou daquela planta... Preservar a biodiversidade significa, também, preservar uma quantidade ilimitada de relações entre os organismos. Qualquer elemento dessa cadeia que entre em desequilíbrio ou desapareça representará uma perda na intrincada rede de relações e interações biológicas daquele ambiente. Quanto maior a diversidade tanto maior será a estabilidade de um determinado ambiente.

Isso é fácil de perceber usando o mesmo exemplo que acabamos de dar. Caso uma espécie de decompositor venha a faltar naquele ambiente, ela pode ser substituída por outra espécie que desempenhe a mesma função. Imaginem, agora, se houver somente uma – aquela – espécie de decompositor! Sua ausência desestabilizará todo o sistema.

Pensando ainda na interdependência dos organismos que formam a diversidade de um local, é preciso chamar a atenção para a importância desses organismos na composição dos biomas e ecossistemas do planeta. Já vimos que a diversidade de um bioma é diretamente relacionada aos tipos e à quantidade de espécies que ele possui. Portanto, a importância da biodiversidade tem a ver com a fisionomia de uma paisagem e a diversidade de um determinado bioma. Cada indivíduo ou cada espécie que compõe essa paisagem, esse bioma, é que vai caracterizá-lo. Sabemos, por exemplo, que um trecho de floresta pertence à mata pluvial de encosta ou à mata de restinga ou à mata de planalto não só pela sua localização geográfica, mas, principalmente, pelas espécies que possui. Imaginar um ecossistema ou um bioma sem sua diversidade de organismos é como imaginar um quebra-cabeças só com moldura, sem as peças que o preenchem...

A importância intrínseca da biodiversidade

Finalmente, uma última advertência! Precisamos chamar a atenção para a importância intrínseca da biodiversidade, que vai além da importância do conhecimento de sua utilidade para as pessoas;  da necessidade de sua preservação para o bem-estar e da própria permanência do ser humano no planeta; das possibilidades de usos de organismos para e pelo homem, enfim,  além de tudo isso, existe ainda o fato de que a biodiversidade é importante em si mesma.

A biodiversidade, tal como se apresenta hoje, é resultado de uma infinidade de passos do processo evolutivo. Cada espécie, cada indivíduo que a compõe, é consequência de uma quantidade enorme de “erros” e “acertos” derivados de mutações, que resultaram em características adaptativas em um determinado contexto ou não adaptativas em outro.

Individualidade é a característica básica que coloca os seres vivos numa categoria à parte das demais. Enquanto os compostos químicos ou os minerais, por exemplo, mantêm certo padrão de repetição na natureza, no caso dos seres vivos as possibilidades são quase infinitas. Dessa maneira, cada espécie ou cada organismo é depositário de uma diversidade de genes, de formas, de produtos, de comportamentos, de relações que se vão somando e multiplicando em diferentes níveis e compõe isso a que chamamos biodiversidade. Por isso, uma espécie ou um organismo, ambos são importantes em si mesmos. A biodiversidade tem importância por representar, ela própria, um registro real da evolução da vida na Terra.

Essa biodiversidade é como a foto de uma reunião de família. Cada pessoa daquela foto tem a sua história, sua origem, seu desenvolvimento e sua vida independente das demais, mas em algum momento se tocam, se sobrepõem. E todas aquelas pessoas, juntas, naquele momento, representam um instantâneo de uma história. Se a foto fosse tirada algumas décadas antes, as pessoas seriam outras e as histórias também seriam diferentes. Se a foto fosse tirada alguns minutos depois do que foi, talvez a disposição das pessoas tivesse mudado um pouco, não seria exatamente aquela do momento. Transportemos isso para o tempo geológico...

O que estamos vendo atualmente é um retrato momentâneo da história da vida na Terra. Cada personagem, cada organismo tem a sua história que, somada à dos demais, permite compor a foto de família. Cada um é importante pelo que é e pelo que representa no conjunto... Portanto, conhecer e preservar tudo isso significa conhecer e preservar também a nossa própria história.

Qual é a importância da biodiversidade para os seres vivos?

Importância da biodiversidade A biodiversidade apresenta importância ambiental, econômica, social e até mesmo cultural. No que diz respeito às funções ambientais, não podemos nos esquecer de que ela é essencial para o funcionamento e equilíbrio de todos os ecossistemas do planeta.

O que é a biodiversidade e qual a sua importância?

A biodiversidade, ou diversidade biológica, é o conjunto de todos os seres vivos existentes, o que inclui todas as plantas, animais e microorganismos da Terra. E é justamente essa diversidade e a interação entre estas diferentes espécies que torna nosso planeta tão especial.

Qual é a importância da biodiversidade para a manutenção da vida no planeta?

A biodiversidade permite a manutenção de ciclos biogeoquímicos (carbono, nitrogênio, enxofre, entre outros), de importância muito grande para a sobrevivência dos organismos e para a manutenção da vida no planeta.

Qual é a importância da biodiversidade para a saúde humana?

Agem na desintoxicação de poluentes, no controle de pragas da agricultura e vetores de doenças, no ciclo do carbono, do nitrogênio e de outros nutrientes fundamentais à vida e à produção de alimento, no conhecimento de princípios ativos da programação genética de micro-organismos, plantas e animais que têm aplicação ...