Qual a importância do profissional de Educação Física na sociedade?

1.     Considera��es iniciais

    Hoje, no Brasil, o profissional de educa��o f�sica vem sendo constantemente questionado em v�rios aspectos. Dentre eles observamos e destacamos a sua capacidade t�cnica e intelectual e o seu papel como educador. O problema � evidenciado em nosso dia a dia, nos atuais valores culturais, como o culto ao corpo e o esporte de rendimento, ocasionando desta forma a desvaloriza��o da imagem social� do professor de educa��o f�sica.

    Educa��o f�sica �, sobretudo educa��o, pois envolve o ser humano em movimento dentro de uma globalidade e numa rela��o dial�tica com a realidade social. A partir disso, verificamos que a responsabilidade da educa��o f�sica em conduzir a pr�tica educativa sem esquecer-se do seu comprometimento na forma��o do ser como uma unidade, � fundamental e, por isso, significativa.

    Deve-se pensar que por ser educa��o, repercute diretamente no homem, n�o podendo, portanto, preocupar-se somente com seu conte�do espec�fico e t�cnico. A educa��o f�sica deve ser considerada a partir de uma macro vis�o. Ela deve apoiar-se na assertiva de que todo ato educativo � intencional e pode conduzir a resultados positivos ou negativos. E � neste aspecto que reside tamb�m � relev�ncia da presente pesquisa, pois buscaremos definir a import�ncia da televis�o e do pr�prio profissional na elabora��o e defini��o de sua imagem social, que repercute tanto nos seus meios de atua��o como na sociedade em geral. Para isso temos necessariamente que considerar a import�ncia e a poss�vel influ�ncia dos meios de comunica��o no processo educacional.

    Embora ainda n�o seja poss�vel definir o grau de influ�ncia dos meios de comunica��o na vida das pessoas, acreditamos que ele existe e acontece sob v�rios aspectos, a saber: cultural, econ�mico, social, intelectual, educacional, etc.

    Considerando o exposto, o presente trabalho tem por finalidade definir a imagem social do professor de educa��o f�sica, transmitida por programa(s) de televis�o e pelo pensamento do pr�prio professor de educa��o f�sica.

    Diante do exposto, o objetivo deste artigo � analisar a imagem social do professor de educa��o f�sica. Especificamente pretende-se: verificar se a imagem social do professor de Educa��o f�sica refletida na televis�o � positiva ou negativa; determinar a predomin�ncia desta imagem no contexto da educa��o f�sica escolar.

2.     Reflex�es te�ricas

2.1.     A m�dia no contexto da educa��o

    A m�dia � um excelente meio para a divulga��o da imagem do profissional de educa��o f�sica. Resta-nos, portanto, saber se a imagem transmitida pelos meios de comunica��o � positiva ou negativa dentro desse contexto.

    O desenvolvimento dos meios de comunica��o, tanto eletr�nicos quanto impressos, foi significativo nos �ltimos anos. Com o aperfei�oamento tecnol�gico, eles passaram a ocupar um espa�o cada vez maior em nossas vidas. Muitas vezes conseguem, inclusive, ditar normas e regras do que deve ser veiculado, bem como orientam o receptor de como o mesmo deve proceder em determinadas circunst�ncias.

    Os meios de comunica��o valem-se ainda de in�meras t�cnicas para informar e persuadir. Para que os seus objetivos sejam alcan�ados s�o utilizados �lideres de opini�o�, �her�is�, �mitos esportivos�, todos criados com um fim espec�fico.

    Desde que surgiram, os meios de comunica��o, tornaram-se �um mal necess�rio� em nossas vidas. Muitas vezes, interferem na forma��o de nossas opini�es, no nosso modo de vestir e na maneira de nos expressarmos ou comunicarmos.

    Hoje praticamente tudo o que nos cerca � influenciado por eles embora n�o possamos mensurar exatamente o grau de influ�ncia que exercem. Muitos mitos e s�mbolos da humanidade foram, sem d�vida, estabelecidos com aux�lio ou pela influ�ncia dos meios de comunica��o.

    Quando falamos em televis�o, sabemos que h� mais de cinco d�cadas ela faz parte da sociedade brasileira. � poss�vel afirmar, inclusive, que tornou-se , entre n�s, uma necessidade. Pela capacidade de construir ou vender imagens, produzir cultura e transmiti-la das mais variadas formas. Milh�es de pessoas ouvem as mesmas redes de televis�o, cantam os mesmos comerciais e incorporam os mesmos personagens. � a globaliza��o da imagem.

    Enfatizando a import�ncia da TV na sociedade, SCHWARTZ (1985) a define como "O segundo Deus", pois assim como Deus ela tamb�m est� em toda a parte influenciando as pessoas, direta ou indiretamente.

    Raras s�o as fam�lias no Brasil que n�o possuem pelo menos um aparelho de televis�o em casa. At� nas casas mais humildes, onde muitas vezes se observa a aus�ncia de produtos essenciais como roupas e alimenta��o, a televis�o est� presente.

    Por percebermos a estreita e importante liga��o entre a comunica��o e seus meios e a educa��o f�sica/esporte, � que nos propomos a desenvolver o presente trabalho. Pretendemos nos dedicar ao estudo das rela��es dos MC e da educa��o f�sica/esporte, por entendermos que eles t�m importante influ�ncia na hist�ria da educa��o f�sica e na imagem refletida pela televis�o sobre profissional de Educa��o f�sica.

    Diante de tais coloca��es, acreditamos na relev�ncia do estudo. Em nosso entendimento � fundamental pesquisar a imagem que o professor de educa��o f�sica tem do professor de educa��o f�sica. Al�m disso, � importante tamb�m incentiv�-lo a elaborar, ainda na universidade, estrat�gias para (tentar) superar as adversidades do mercado, muitas delas (talvez) estabelecidas pelos MC.

    As estrat�gias somente poder�o ser estabelecidas se o profissional conhecer a sua realidade. Melhor ainda se este conhecimento partir das experi�ncias entre a escola, a universidade e os meios de comunica��o.

2.2.     O professor de educa��o f�sica

    O professor de educa��o f�sica tem um espa�o ampliado no mercado de trabalho, al�m do tradicional campo de ensino nas escolas de 1�, 2� e 3� graus p�blicas ou particulares. Ele pode atuar em centros de reabilita��o, hospitais, academias, clubes, etc. No entanto, o papel que desempenha ou deve desempenhar, nem sempre fica claro para a sociedade, quando n�o lhe � dada uma conota��o pejorativa.

    GHIRALDELLI (1988) ressalta que � medida que se aproxima do final do curso, os estudantes se preocupam com o local de trabalho e, mais que isso, angustiam-se quanto �s reais finalidades e possibilidades da profiss�o escolhida. Muitos perguntam-se, inclusive, sobre o papel do professor de educa��o f�sica na sociedade brasileira.

    Alguns falam que o professor de educa��o f�sica � um �educador�. Outros dizem que o professor � �um profissional da �rea param�dica�. Mais recentemente insistem que � um pesquisador, �um cientista do movimento humano.� O profissional de educa��o f�sica, independentemente da especialidade do seu trabalho, � um intelectual�.

    A educa��o f�sica como uma profiss�o deve se apoiar em profissionais que n�o possuam apenas habilidades de executar, mas a capacidade de passar essas habilidades a outras pessoas com o objetivo de lev�-las ao pleno desenvolvimento de suas capacidades motoras, intelectuais e f�sicas.

    A medida pode evitar distor��es na defini��o das fun��es do professor de educa��o f�sica, bem como contribuir na reputa��o da classe junto � sociedade. Dessa forma, acreditamos, estaremos tamb�m contribuindo para a forma��o e consolida��o de uma imagem melhor (uma imagem positiva) do professor de educa��o f�sica, evitando respostas como aquelas obtidas pelo professor Amauri B�ssoli de Oliveira quando questionou v�rios colegas sobre "o qu� de importante voc�s aprenderam nas aulas de educa��o f�sica�? Depois de v�rias insist�ncias e respostas pouco convincentes (ou que fugiam � pergunta) um deles respondeu: �olha, na verdade a gente n�o aprendeu nada. O que ocorre � que a gente acaba se desinteressando por n�o ser um atleta e a� a frustra��o mata qualquer tentativa de continuidade e/ou pr�tica permanente�.

    Outro exemplo que compromete a imagem do professor de educa��o f�sica � aquela veiculada pela novela da Rede Globo, Quatro por Quatro, em 1995. Na novela havia a participa��o de um professor de educa��o f�sica, cujo papel foi desempenhado pelo ator Nuno Leal Maia. Embora CARVALHO e LOIS (1997) destacam em seu estudo sobre a imagem do profissional de educa��o f�sica/esportes refletida pelas telenovelas: um estudo de caso que - mesmo que os dados coletados n�o podem ser generalizados -, a novela "n�o est� refletindo fielmente o que a sociedade pensa a respeito do professor de educa��o f�sica/esportes ou da atividade f�sica. Sugerem que mudar a imagem n�o depende somente dos segmentos sociais e dos meios de comunica��o, mas tamb�m dos profissionais que atuam na �rea da educa��o f�sica/esportes.

2.3.     A forma��o atual do professor de educa��o f�sica

    Segundo PASSOS (1988) no Brasil existe aproximadamente uma centena de cursos de licenciatura em educa��o f�sica, ocasionando anualmente, um n�mero superior a 4 mil profissionais egressos desses cursos. O crescimento desordenado dos cursos parece ter ganhado em abrang�ncia, mas perdido em profundidade. A forma��o universit�ria do professor de educa��o f�sica, para fugir a tradicional identifica��o com a forma��o de atletas esportivos, orientou-se, nos �ltimos tempos, no sentido generalista, com pouco ou nenhum comprometimento na forma��o dos profissionais. Ao inv�s de compreend�-la como estudo b�sico, que possui generalidade de conte�dos que, por sua vez, permitem gerar conhecimento para o exerc�cio das diferentes fun��es profissionais, buscou aprofundar-se com pinceladas superficiais dos diferentes conte�dos necess�rios, acarretando sobrecarga em alguns curr�culos e defici�ncia em outros.

    N�o � raro encontrarmos cursos de licenciatura hoje, com a mesma estrutura curricular de dez ou vinte anos atr�s. As disciplinas oferecidas seguem um programa repetido ano a ano. As mudan�as, quando ocorreram, foram provocadas pelas tend�ncias do mercado de trabalho e n�o fruto de uma reflex�o sobre qual deva ser a forma��o de um profissional da educa��o/esportes.

    Do modo como a situa��o da forma��o profissional em educa��o f�sica se encontra, os cursos oferecidos v�o continuar formando um profissional que nem para trabalhar no ensino de 1� e 2� graus serve, pois sua forma��o n�o foi especificamente orientada para tal fim, quanto menos para outras �reas de atua��o profissional. A justificativa de obter um emprego, qualquer que seja, n�o � v�lida, pois leva � forma��o de um profissional inseguro, incapaz e despreparado para ser um bom professor, ou um t�cnico em n�vel escolar ou de ser um bom administrador de um clube ou academia.

2.4.     A busca de um perfil

    Segundo SILVA (1995), o bom professor, deve agir honestamente no trabalho e ser dono de uma personalidade marcante, significativa capaz de levar os alunos a reflex�o. Dentre suas principais fun��es e responsabilidades destaca-se a de ensinar/educar. O professor deve ser visto como um homem de sabedoria e homem de saber.

    SNYDERS (1988), afirma que o professor deve ser visto como intermedi�rio pessoal e personalizado entre o mundo e a juventude e o mundo da cultura: o representante da cultura elaborado junto aos jovens. MOYS�S (1995) enfatiza que quando falamos em saber ensinar estamos pensando em algo que � mais do que uma simples habilidade expressa pela compet�ncia do professor diante do processo de ensino/aprendizagem. � muito mais.

    MOSQUERA (1978) afirma que o professor em si deve ter aspectos b�sicos no seu perfil a fim de tornar-se um verdadeiro educador. Como o professor de Educa��o f�sica se enquadra na categoria de professor, � fundamental que ele tenha caracter�sticas como: a) comunica��o adequada; b) feitio pessoal, isto �, reconhecimento de suas caracter�sticas personol�gicas; c) conhecimento de sua �rea; d) adequado conhecimento cognitivo; e) bom n�vel afetivo e social; f) disposi��o para as tarefas; g) objetivos e metas realiz�veis; h) estrat�gias v�lidas e inovadoras.

    Sabemos que isto � o ideal, mas nem sempre estas habilidades est�o presentes, porque elas requerem um cont�nuo aperfei�oamento. Sua compet�ncia, como profissional, � sem d�vida um dos fatores de maior peso quando se pensa na melhoria da qualidade de ensino.

    Competente � o professor que, sentido-se politicamente comprometido com o seu aluno, conhece e utiliza adequadamente os recursos capazes de lhes proporcionar uma aprendizagem real e plena de sentido. Competente � o professor que tudo faz para tornar seu aluno um cidad�o cr�tico e bem informado em condi��es de compreender e atuar no mundo em que vive.

    Para que um professor seja aceito como figura de identifica��o social � necess�rio que possua condi��es acad�micas, morais, que possa estabelecer e motivar seus educandos. O professor dever� ter interesse por tudo que acontece ao seu redor, assim como responsabilizar-se pela qualidade de suas a��es pedag�gicas, pois o bom professor � aquele capaz de identificar-se com as outras pessoas; que est� apto a ajudar seu aluno a valorizar aquilo que ele expressa ou sente.

    Podemos ratificar essas coloca��es com SETTINERI (apud Lois e Carvalho, 1997) quando diz que: �O professor de Educa��o f�sica � fundamentalmente um educador, condi��o a qual est� subordinada a sua capacidade t�cnica. Ele deve caracterizar-se por voca��o, esp�rito criativo e julgamento cr�tico, al�m de possuir uma s�lida forma��o filos�fica, pedag�gica e sociol�gica�.

Notas

  1. A imagem social do professor no presente trabalho ser� constru�da levando-se em considera��o sua representa��o no cotidiano.

  2. Intelectual: � todo homem que envolve o m�nimo de atividade pensante.

Bibliografia

  • GHIRALDELLI, Paulo Junior. Educa��o F�sica Progressista: A pedagogia cr�tico-social dos conte�dos e a Educa��o F�sica brasileira. S�o Paulo, Loyola, 1988.

  • LOIS, N. & CARVALHO, S. A imagem do profissional de educa��o f�sica/esportes refletido pelas telenovelas. In: Revista Brasileira de Comunica��o. S�o Paulo, vol. XX, 1997.

  • MOSQUERA, Juan. O professor como pessoa. Porto Alegre, Sulina, 1978.

  • MOYS�S, L�cia. O desafio de saber ensinar. S�o Paulo: Papirus, 1995.

  • PASSOS, Solange C. E. (Org.). Educa��o F�sica e Esportes na Universidade. Bras�lia. Minist�rio da Educa��o, Secret�ria de Educa��o F�sica e Desportos, 1988.

  • SILVA, Ezequiel T da. Professor de 1� grau: Identidade em jogo. Campinas SP, Papirus, 1995.

  • SNYDERS, Georges. A Alegria na Escola, S�o Paulo, Ed. Manole LTDA., 1988.

  • SCHWARTZ, Toni. M�dia: O segundo Deus. Tradu��o de Ana Maria Rocha. S�o Paulo, Summus, 1985.

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Qual o papel do profissional de Educação Física na sociedade?

O papel do profissional de educação física é: promover a saúde como um todo, focando na atividade física como um dos meios para isso. Esse profissional tem formação superior na área de saúde, com destaque especial em anatomia, funções motoras e, fisiologia dos exercícios.

É importante que o profissional de Educação Física?

O profissional de educação física promove a saúde das pessoas por meio da prática de atividades físicas, mas suas funções vão além disso. Esse profissional também é responsável por coordenar, planejar e supervisionar programas esportivos e recreativos que visam ao desenvolvimento social dos indivíduos.

O que é a Educação Física na sociedade?

Educação Física é uma das áreas do conhecimento humano, ligada às práticas corporais historicamente produzidas pela humanidade. Ela está ligada ao processo pedagógico que visa à formação do homem capaz de conduzir-se plenamente em suas atividades, trabalha num sentido amplo, com prevenção de determinadas doenças.

Qual a relação que percebe entre Educação Física e sociedade?

A Educação Física como componente curricular, tem como pressuposto básico, disseminar conhecimento sistematizado sobre a cultura corporal de movimento, capacitando o educando para a regulação, interação e transformação em relação ao meio em que vive, contribuindo para a formação do sentido de ser humano.