Jornalismo Por 01/08/2008
Sigmund Freud Da antropologia à teoria literária, da filosofia à ciência política, poucas áreas do pensamento humano escaparam à influência do médico austríaco Sigmund Freud (1856-1939). A Educação não é exceção. Como o próprio Freud observou, suas pesquisas
começaram pela observação da histeria em mulheres, mas aos poucos foram se deslocando para a psicologia infantil. Um dos motivos da ampla influência da psicanálise é que seu autor a desenvolveu em duas vertentes: no estudo do psiquismo (o conjunto de processos mentais conscientes e inconscientes) e no do método terapêutico. Portanto, ao mesmo tempo que abre caminho para um profundo conhecimento do ser humano, essa ciência tem noção dos limites e das dificuldades de sua aplicação como cura ou solução. Por isso, tentar fazer uso prático da psicanálise na escola é perda de tempo. "Muita gente utiliza diversas teorias na Educação como quem se vale de uma caixa de ferramentas", diz Leandro de Lajonquière, psicanalista e professor da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo. As maiores contribuições de Freud nessa área estão no conhecimento do desenvolvimento sexual da criança (leia a reportagem sobre educação sexual) e no papel da linguagem. Pelo menos em duas ocasiões, Freud escreveu que Educação, política e psicanálise são atividades "impossíveis", pois as três lidam com a palavra. "Mas isso não quer dizer que não há como exercê-las. Temos de ter em mente que, quando a linguagem é o instrumento, o resultado profissional nunca é exatamente o pretendido", explica De Lajonquière. Repressão sexual As pesquisas que Freud fez sobre linguagem se relacionam a um dos objetos de estudo da psicanálise, o inconsciente - região psíquica à qual a pessoa não tem acesso voluntário, mas que se manifesta em sonhos, atos falhos e sintomas de neuroses e psicoses. O conceito já era estudado por Jean Charcot (1825-1893), com quem Freud trabalhou. O jovem austríaco, porém, concluiu que os conflitos da mente tinham origem na sexualidade. O cientista chegou a apostar que a escola desempenharia um papel revolucionário caso abolisse ou atenuasse a função sexualmente repressora que sempre exercera. Porém, com o tempo ele passou a ver as coisas de outro modo. Mas advertiu que o sofrimento que a Educação infligia aos alunos ao lidar com pulsões e afetos sexuais poderia ser, de certa forma, atenuado. "A pedagogia sempre ignorou a sexualidade, que se manifesta queira a escola ou não", observa De Lajonquière. Freud detectou uma ampla gama de impulsos operando dentro e fora da libido (energia sexual) do indivíduo desde o nascimento. O contato corporal com a mãe - sobretudo pela amamentação - a transforma no primeiro objeto amoroso do ser humano. A descoberta de conexões libidinais e mecanismos de percepção que emergem durante os primeiros anos de vida levou Freud a elaborar a teoria do complexo de Édipo - que não é doença, como sugere o uso deturpado da palavra "complexo", mas um processo universal ao qual todos estamos sujeitos. Simplificadamente, ele refere-se ao desejo sexual dos meninos pela mãe e à rivalidade com o pai na disputa pelo amor materno. Na menina ocorreria um processo similar, também relacionado ao vínculo inicial com a mãe. Em ambos os casos, a superação dessa fase resultaria, entre outras coisas, no redirecionamento da libido e na internalização da autoridade paterna - etapa fundamental da formação do superego, uma das três partes do aparelho psíquico formador da personalidade, juntamente com o ego e o id. O id é a parte primal da mente, que contém forças instintivas inacessíveis à consciência. Já o superego se forma juntando aspectos de censura e ideais construídos por inf luência dos pais, dos educadores e dos valores civilizacionais. E o ego representa a razão, a busca de controle e equilíbrio e a tentativa de defesa contra pulsões agressivas e auto-agressivas. Sublimação e arte Essas três instâncias administram a rede de pulsões de satisfações sexuais e de morte, que coexistem em todos os seres humanos. Os critérios de cada um para lidar com elas obedecem às necessidades de autoconservação, de prevenção do sofrimento e de maximização do prazer. A complexidade do processo leva à inibição ou à repressão de instintos. Um dos resultados desse processo é a sublimação, que conduz à produção cultural por uma atividade psíquica de reelaboração da pulsão do prazer. Essas constatações fizeram Freud concluir que não haveria civilização sem repressão. Mas, para ele, a escola poderia direcioná-la para o lado bom: a sublimação que leva à produção artística. "Porém, como todo processo psíquico, esse mecanismo é inconsciente e não pode ser conduzido por uma programação feita pela escola", explica De Lajonquière. Há pelo menos uma observação feita por Freud aos pais que vale para os educadores: "Nós nos preocupamos demais com os sintomas e muito pouco com o lugar do qual provêm. E quando criamos os filhos queremos simplesmente ser deixados em paz, queremos uma 'criançamodelo' sem nos perguntarmos se isso é bom ou ruim para ela". Biografia Experiências próprias pontuaram sua obra Os caminhos de Freud MÉTODO HIPNÓTICO Charcot, dando aula em A cura pela palavra e pela livre associação Quer saber mais? BIBLIOGRAFIA Veja mais sobre:Por que a teoria de Freud é importante para a educação?Estudar Freud é importante para compreender os mecanismos de defesa, as fases desenvolvimento e até mesmo os fenômenos de transferência. Isso nos possibilita ter ampla compreensão sobre os indivíduos com os quais estamos trabalhando, o que eles sentem, como agem e porque agem de determinada forma.
O que Freud fala sobre a educação?O dicionário de termos de psicanálise de Freud (CUNHA, 1970) define educação como “um incitamento à conquista do princípio do prazer e em sua substituição pelo princípio da realidade” (p. 54). Uma de suas funções é inibir, proibir, suprimir; exercer o representante da lei e das exigências sociais.
Quais as principais concepções de Freud utiliza para descrever a educação?De acordo com Kupfer (1989) Freud acreditava que a educação era uma missão quase que impossível de se realizar, pois para ele para bem educar é imprescindível que o educador entre em contato com a própria infância, porém aos olhos dos psicanalistas, esta infância não está mais acessível, pois seus conteúdos foram todos ...
Como se dá o processo de EnsinoPara FREUD (1976 e) a aquisição do conhecimento depende da relação professor-aluno. Relação esta, que ganha destaque no período de latência quando, em geral, os professores tomam o lugar dos pais. Os sentimentos provenientes da resolução edípica, que eram dirigidos aos pais, pertencerão agora aos professores.
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