Renda per capita é o Produto Interno Bruto (PIB) dividido pelo número de seus habitantes. O PIB representa a soma de todas as riquezas (bens e serviços) de um país ou região. O termo per capita é um termo em latim que significa "por cabeça", ou seja, por pessoa. Show
Assim, a renda per capita é a parcela proporcional por pessoa das riquezas produzidas por um país durante um ano:
Então, nos últimos dados referentes ao ano de 2018, o PIB brasileiro atingiu 1,869 trilhões de dólares e a população brasileira era de 209,5 milhões. Então, a renda per capita brasileira calculada foi igual a 8 920,76 dólares (1,869 trilhões de dólares dividido por 209,5 milhões de pessoas). Esse cálculo serve para a comparação dos índices de desenvolvimento em um dos países. Tomemos como exemplo Brasil e Suíça. Se pegarmos o PIB de ambos os países em 2016, vamos ver que a Suíça tinha um PIB de 659,8 bilhões de dólares e o Brasil de 1,796 trilhão de dólares. Isto significa que o Brasil é mais rico que a Suíça? Não. Porque a Suíça vai dividir sua riqueza com uma população de oito milhões de pessoas, enquanto o Brasil o fará com uma população de 206 milhões de habitantes. Por isso, a renda per capita entre os dois países ficaria assim: Um suíço teria uma renda per capita de 78 812,65 dólares enquanto o brasileiro teria 8 649,95 dólares. Assim, já temos outra visão da economia entre os dois países. No entanto, a renda per capita pode não ser um bom indicador para analisar a riqueza de uma nação, visto que nem todos os habitantes da Suíça terão 78 812,65 dólares para gastar. Da mesma forma, nem todos os brasileiros vivem com 8 649,95 dólares. Esses dados podem encobrir as desigualdades sociais num país. Nesta tabela, verificamos quais são os países que detém a maior renda per capita no mundo: Países de maior renda per capita em 2013. Fonte: Dinheiro VivoEstes valores são importante para classificar um país como desenvolvido ou um país subdesenvolvido. Renda per capita no BrasilCom o crescimento econômico registrado nos últimos anos, a renda per capita do Brasil também aumentou. Como podemos analisar, nos anos 80, a chamada “década perdida”, o país tinha baixos índices de renda per capita. No entanto, com a estabilidade econômica, os valores subiram. Renda per capita familiarA renda per capita familiar é a renda bruta de uma família dividida pelos números de membros dessa família. Este cálculo é importante porque vai determinar se algumas famílias têm direito ou não de receber benefícios e ajudas econômicas que permitiriam sua inclusão social. Leia mais: Pobreza no Brasil Bacharelada e Licenciada em História, pela PUC-RJ. Especialista em Relações Internacionais, pelo Unilasalle-RJ. Mestre em História da América Latina e União Europeia pela Universidade de Alcalá, Espanha. Renda per capita brasileira abaixo da média da América Latina, artigo de José Eustáquio Diniz Alves
A economia internacional cresceu 3,4% ao ano no período 1980-2027, segundo os dados e as projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI), divulgados no relatório WEO em abril de 2022. Mas este crescimento foi diferenciado de acordo com as regiões. As economias avançadas (ricas) cresceram em média 2,3% no período. Todos os países em desenvolvimento apresentaram crescimento de 4,5% ao ano. Mas as economias emergentes da Ásia cresceram 7% ao ano, os países da África Subsaariana 4% ao ano e os países da América Latina e Caribe (ALC) apresentaram crescimento médio de 2,5% ao ano, no período de 47 anos. Portanto, a ALC apresentou o menor crescimento entre as economias emergentes. Em termos de renda per capita, as economias avançadas tiveram crescimento de 1,7% ao ano no período 1980-2027, o total de países em desenvolvimento (emergentes) apresentaram crescimento de 2,8% ao ano, as economias emergentes da Ásia 5,5% ao ano e a ALC e a África Subsaariana com 0,7% ao ano. Da mesma forma, os países latino-americanos apresentaram crescimento da renda per capita bem abaixo do que a média das economias emergentes. Dentro da América Latina o crescimento também foi diferenciado. Em 1980, a ALC tinha uma renda per capita em poder de paridade de compra (ppp) de US$ 11,8 mil e o Brasil de US$ 11,4 mil. Entre 1980 e 2027 a renda per capita da ALC cresceu 0,72% ao ano e o Brasil 0,68% ao ano. Países da região com renda per capita abaixo da média da ALC e do Brasil estão o Peru, o Paraguai, o Equador e a Bolívia, conforme mostra o gráfico abaixo. Renda per capita da ALC, Brasil e outros países com
renda inferior: 1980-2027 Fonte: FMI/WEO abril 2022 https://www.imf.org/en/Publications/WEO/weo-database/2022/April Todos os países do gráfico abaixo apresentam renda per capita acima da média da ALC e do Brasil, sendo que a maioria deles ultrapassou o Brasil no período de 1980 a 2027. Acima de U$ 35 mil em 2027 estão apenas Porto Rico e o Panamá. Entre US$ 20 mil e 25 mil em 2027 estão México, Costa Rica, República Dominicana, Uruguai e Chile. A Colômbia com renda de US$ 17,6 mil está logo acima do Brasil. Nestes 47 anos em questão, os maiores crescimentos da renda per capita aconteceram na República Dominicana (3% ao ano), Panamá (2,6% aa), Chile (2,4% aa), Colômbia (1,9% aa), Uruguai e Costa Rica (1,8% aa), Porto Rico (1,7% aa), Peru (1,4% aa), Paraguai (1,1% aa), Bolívia (0,9% aa), Equador e Brasil (0,7% aa), México (0,6% aa) e a Argentina (0,55% ao ano). Renda per capita da ALC, Brasil e outros países com renda superior: 1980-2027 Fonte: FMI/WEO abril 2022 https://www.imf.org/en/Publications/WEO/weo-database/2022/April O quadro geral mostra que a América Latina é uma região de renda média, mas que apresenta um lento crescimento nas últimas décadas. A Ásia emergente, por exemplo, tem renda per capita menor do que a ALC, mas apresenta um crescimento médio de longo prazo muito maior e deve ultrapassar a renda latino-americana em breve. Na ALC, entre 1980 e 2027, os países com menores taxas de crescimento da renda per capita (abaixo de 1% ao ano) são Bolívia, Equador, Brasil, México e Argentina, sendo que esta última está na lanterna geral do ranking da região. Os maiores crescimentos da renda per capita foram da República Dominicana, Panamá e Chile (todos acima de 2% ao ano). O fato é que a ALC é uma região de renda média e que está presa na armadilha do baixo crescimento. O Brasil acompanha pari passu o ritmo da ALC e também está preso à armadilha da renda média. Além disto a ALC e o Brasil possuem grande desigualdade da renda. As dificuldades têm se agravado e o Brasil terá que realizar grande esforço para garantir o crescimento da renda e do bem-estar de toda a população. Os dados do IBGE confirmam os dados do FMI. A PNAD Contínua, divulgada neste mês de junho, apontou que o rendimento médio mensal real domiciliar per capita do Brasil, em 2021, foi de R$ 1.353, o menor valor da série histórica da PNAD Contínua, iniciada em 2012. Entre as regiões, o Nordeste segue com menor rendimento médio mensal domiciliar per capita (R$ 843). A queda do rendimento mensal domiciliar per capita foi mais intensa entre as classes com menor rendimento. A desigualdade cresceu para o conjunto da população e ficou praticamente estável para a população ocupada. Em 2021, o rendimento médio do 1% da população que ganha mais era 38,4 vezes maior que o rendimento médio dos 50% que ganham menos. Este quadro de diminuição da renda per capita é agravado pelo aumento do preço dos alimentos, que subiu em todo o mundo em 2021 e bateu recordes históricos em 2022, depois da invasão da Ucrânia pela Rússia. Evidentemente, comida mais cara e renda mais baixa provoca aumento da fome e da insegurança alimentar (Alves, 06/06/2021). Por conseguinte, há muito a que se fazer na área econômica, social e ambiental no país para reverter a situação de regressividade da renda per capita. José Eustáquio Diniz Alves |