Qual o papel da atividade física no tratamento dos transtornos mentais?

A prática rotineira de atividade física comprovadamente promove inúmeros benefícios para a saúde física e mental, tais como melhora do perfil lipídico, da autoestima, atua na prevenção de doenças cardiovasculares e metabólicas, relaciona-se com a redução dos sintomas de ansiedade e depressão, além de promover o aumento da disposição.

De modo geral, a prática de exercícios possui estreita relação com a qualidade de vida, com a saúde mental e com a redução dos efeitos prejudicais advindos do estilo de vida estressante da sociedade.

Existem várias hipóteses que relacionam os mecanismos fisiológicos do exercício nos estados de humor, como a hipótese da endorfina, a hipótese termogênica, que afirma que um aumento na temperatura corporal é responsável pelo aumento na elevação do humor após o exercício, o que pode levar a uma redução dos sintomas de ansiedade.

Outras hipóteses como a função mitocondrial se refere ao fato de está bem documentado que o exercício / atividade física está diretamente relacionado ao aumento da mitocondriogênese, que melhoram funções cognitivas

A mTOR (Mammalian target of rapamyacin) desempenha um papel importante no desenvolvimento e no envelhecimento e está associado ao aprendizado, à memória e a efeitos antidepressivos. O exercício ativa a mTOR nas regiões do cérebro que lidam com a cognição e comportamentos emocionais e pode ajudar a melhorar os estados de saúde mental.

Há ainda teorias ligadas a ação dos neurotransmissoress (serotonina, dopamina, noradrenalina e glutamato) e o eixo hipotalâmico hipófise-adrenal.

Além desses, existem ainda os mecanismos psicológicos, como a hipótese da distração e a da autoeficácia.

A atividade física tem anda efeitos antiinflamatórios que pode contribuir para melhores resultados de saúde em pessoas que sofrem de transtornos do humor.

Mikkelsen et al. (2017) sugerem que a atividade física regular pode melhorar significativamente a saúde mental e diminuir os sintomas de depressão e ansiedade em casos leves tanto quanto a psicoterapia.

Um estudo realizado por Benedetti et al. (2008) avaliou o estado de saúde mental dos idosos de acordo com os níveis de atividade física. As desordens mentais selecionadas para análise foram a demência e a depressão, visto que essas são as de maior prevalência na população idosa. Verificou-se associação estatisticamente significativa e inversa entre atividade física com a demência e depressão.

Esse estudo afirma a importância de manter-se ativo na 3ª idade, já que o exercício não só traz o benefício da estimulação corporal como também amplia o convívio social, fatores que promovem o bem-estar físico e mental. No estudo realizado por Heyn et al. (2004) foi comprovado que o treinamento físico em idosos com deficiência cognitiva e demência aumentou a aptidão, a função física e cognitiva.

É de grande relevância também a associação entre a atividade física e os transtornos mentais e de comportamento, como esquizofrenia, depressão, deficiência intelectual, transtorno do espectro do autismo e os transtornos devido ao uso de substâncias psicoativas.

Adamoli & Azevedo (2009) analisaram o estilo de vida e o padrão de atividade física de pessoas com transtornos mentais e de comportamento atendidas pelo Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) de Pelotas. Foi constado um baixo índice de prática de exercícios nesse grupo populacional, sobretudo, devido às dificuldades inerentes das patologias e também ao baixo nível econômico.

No entanto, é importante destacar que o exercício físico quando praticado com alta intensidade e por muitas horas induz um estado inflamatório que pode aumentar o risco de desenvolver infecções do trato aéreo superior e reduzir a eficácia do sistema imunológico. Esse aspecto acontece geralmente em atletas de alta performance. Além disso, quando praticado no intuito de controle de peso, pode se tornar compulsivo, sobretudo quando associado a transtornos alimentares.

Concluindo, a atividade física deve fazer parte da prescrição médica no tratamento de transtornos mentais desde a infância até o idoso. Há benefícios do exercício nos transtornos do neurodesenvolvimento, na melhora de aspectos cognitivos (como atenção e memória), bem como na prevenção do declínio cognitivo em idosos.

REFERÊNCIAS

ADAMOLI, Angélica Nickel; AZEVEDO, Mario Renato. Padrões de atividade física de pessoas com transtornos mentais e de comportamento. Ciência & Saúde Coletiva, v. 14, n. 1, p. 243-251, 2009.

BENEDETTI, Tânia R. Bertoldo et al. Atividade física e estado de saúde mental de idosos. Revista de Saúde Pública, v. 42, p. 302-307, 2008.

HEYN, Patricia; ABREU, Beatriz C .; OTTENBACHER, Kenneth J. Os efeitos do treinamento físico em idosos com deficiência cognitiva e demência: uma meta-análise. Arquivos de medicina física e reabilitação , v. 85, n. 10, pág. 1694-1704, 2004.

MIKKELSEN, Kathleen et al. Exercício e saúde mental. Maturitas , v. 106, p. 48-56, 2017.

Qual é o papel da atividade física no tratamento de transtornos mentais?

Dentre esses benefícios, os exercícios físicos parecem ser efetivos na melhora do humor em geral e em relação aos sintomas da depressão e ansiedade em indivíduos normais e pacientes psiquiátricos; possibilitam a integração entre os próprios pacientes e a equipe terapêutica; permitem ampliar as possibilidades de ...

Qual é a importância da atividade física para a saúde mental?

Benefícios da atividade física para a saúde mental Além de melhorar o condicionamento físico, a prática regular de atividade física também melhora a capacidade cognitiva e diminui os níveis de ansiedade e estresse de maneira geral.

Quais o benefícios das atividades físicas para a saúde mental e para o cérebro?

Além de promover o fortalecimento muscular, melhorar a capacidade cardiorrespiratória e prevenir os males associados ao sedentarismo, a prática regular de atividade física faz bem ao cérebro, prevenindo doenças, ajudando a aprimorar a memória e aumentando a capacidade de aprendizado.

Qual a finalidade da atividade física terapêutica?

Aumento da disposição e do bem-estar O exercício físico reduz os impactos dos transtornos mentais, aumenta a disposição física e promove o bem-estar durante os tratamentos médicos para a reabilitação mental e emocional.