Qual segmento do turismo que pode ser trabalhado dentro de uma unidade de conservação?

Ecoturismo ou turismo ecológico é o “segmento da atividade turística que utiliza, de forma sustentável, o patrimônio natural e cultural, incentiva sua conservação e busca a formação de uma consciência ambientalista por meio da interpretação do ambiente, promovendo o bem-estar das populações”. A definição acima é dada pelo Ministério do Meio Ambiente em conjunto com o EMBRATUR – Instituto Brasileiro de Turismo e segue aquela criada pela Sociedade Internacional de Ecoturismo (TIES ou The International Ecotourism Society).

Este ramo do turismo é caracterizado pelo contato com ambientes naturais, pela realização de atividades que promovam a vivência e o conhecimento da natureza e pela proteção das áreas onde ocorre. Isto é, ele está fundado nos conceitos de educação, conservação e sustentabilidade. O ecoturismo pode ser entendido, então, como as atividades turísticas baseadas na relação sustentável com a natureza, comprometidas com a conservação e a educação ambiental.

Qual segmento do turismo que pode ser trabalhado dentro de uma unidade de conservação?

Qual segmento do turismo que pode ser trabalhado dentro de uma unidade de conservação?

É um segmento turístico importante ao fazer contribuições positivas significativas para o bem-estar ambiental, social, cultural e econômico dos destinos e das comunidades locais ao redor do mundo: através dele são oferecidos incentivos econômicos eficazes para a conservação e valorização da diversidade biológica e cultural e ajuda a proteger o patrimônio natural e cultural ao redor do mundo. Ele se prova também como uma ferramenta eficaz para capacitar as comunidades locais ao redor do mundo à alcançar um desenvolvimento sustentável. Além disso, o ecoturismo tem incentivado a aplicação de práticas sustentáveis aos demais segmentos da indústria do turismo.

Hoje é o ramo da indústria do turismo que mais cresce. Enquanto o turismo convencional cresce 7,5% ao ano, o ecoturismo cresce a taxas de 15 a 25% por ano. Segundo a Organização Mundial de Turismo (OMT), 10% dos turistas em todo o mundo buscam o turismo ecológico. O faturamento anual do ecoturismo, a nível mundial, é estimado em US$ 260 bilhões, do qual o Brasil se apropriaria com cerca de US$ 70 milhões.

A oferta turística do segmento, além dos serviços comuns de hospedagem, transporte, alimentação, entretenimento, agenciamento, recepção, guiamento e condução, inclui também atividades na natureza que o caracterizam e permitem a integração do turista com o ambiente natural. Algumas das atividades que podem ser realizadas no âmbito do segmento de ecoturismo são: observação de fauna (relaciona-se com o comportamento e habitats de determinados animais); observação de flora (permite compreender a diversidade dos elementos da flora e seus usos); observação de formações geológicas e as visitas a cavernas (espeleoturismo); observação astronômica (estrelas, eclipses, queda de meteoros); mergulho livre; caminhadas; trilhas e safáris fotográficos.

O ecoturismo surgiu como movimento ambiental global no final de 1970, uma resposta às preocupações com o desenvolvimento econômico, à degradação do meio ambiente e as questões sociais provocadas pelo turismo em massa. No Brasil, o conceito foi introduzido pelo EMBRATUR que iniciou em 1985 o Projeto Turismo Ecológico. Dele surgiu, dois anos depois, a Comissão Técnica Nacional, a primeira iniciativa com intenção de regular o segmento. Na mesma década também surgiram os primeiros cursos para guias especializados. Com a Rio 92, este tipo de turismo ganhou visibilidade e impulsionou o mercado brasileiro. Em 1994, com a publicação das Diretrizes para uma Política Nacional de Ecoturismo, o turismo ecológico passou a ser conceituado e denominado como Ecoturismo.

Qual segmento do turismo que pode ser trabalhado dentro de uma unidade de conservação?

A relação entre turismo e biodiversidade é das mais relevantes. Fato é que invariavelmente a atratividade de muitos destinos turísticos está diretamente associada a seus recursos naturais – e no Brasil, em especial, esse é um elemento que tem ainda mais relevânia. Pensando ainda na vinculação entre o turismo e a agenda de Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas, pode-se vislumbrar ainda o papel do turismo como ferramenta para a conservação e uso sustentável dos ecossistemas e da biodiversidade, tanto marinha, como terrestre.

Para que o setor de fato contribua para a conservação, é preciso minimizar seus impactos negativos em ecossistemas, que vêm principalmente da visitação desordenada ou descontrolada. É necessário explorar as possibilidades de geração de impactos positivos, seja por meio da valorização e aumento da conscientização sobre a importância desses ativos naturais, seja provendo alternativas de renda para as comunidades que viabilizam a conservação desses ecossistemas, entre outras medidas.

As unidades de conservação (UCs) têm um papel importantíssimo nessa discussão e Caminhos para o Turismo trouxe nesse episódio as perspectivas de dois especialistas sobre como essas áreas protegidas podem fortalecer a relação entre turismo e capital natural de forma sustentável. A consultora especialista em destinos turísticos e áreas protegidas, Luciana Sagi, e o pesquisador e oceanógrafo Lucas Cabral Lage Ferreira trouxeram muitas experiências práticas em UCs brasileiras e olhares sobre como o turismo pode ser promotor da preservação nesses territórios protegidos e seus entornos. Aqui reunimos alguns dos principais temas que surgiram da conversa, mas não deixe de ouvir o episódio completo, em nosso canal do Soundcloud ou em seu player favorito. Garantimos que você vai ficar com vontade de pegar uma mochila e sair pra conhecer as exuberantes unidades de conservação Brasil afora.

Turismo de natureza como indutor de desenvolvimento para o entorno das áreas protegidas

Um dos principais impactos positivos do turismo em unidades de conservação está relacionado à geração de renda e emprego para as populações que vivem no entorno dessas áreas protegidas. Colocando-se como alternativa econômica, pode tanto apoiar a existência de uma cadeia produtiva mais dinâmica e que permita a realização da atividade turística, assim como promover uma maior valorização do ativo natural por parte dos residentes no entorno, que passam a compreender o papel de gerador de receitas da UC. Isso sem perder de vista que o nível de maturidade dos destinos em que se situam as UCs e sua própria atratividade para o público visitante são aspectos que influenciam diretamente esse potencial desenvolvimento do entorno. O turismo é uma ferramenta relevante para garantir a preservação e sustentabilidade das UCs, em especial de seu entorno, porém não deve ser pensado como atividade econômica solitária nessa trilha.

O monitoramento é essencial para garantir benefícios do turismo

O turismo pode apoiar a preservação da biodiversidade em unidades de conservação, porém para que esse impacto positivo seja alcançado é necessária a condução de um conjunto de ações estratégicas associadas à visitação. Entre elas, destaca-se a necessidade de monitorar e avaliar os impactos da visitação na biodiversidade das UCs, um tema que pode ser desafiador. O desenho de ferramentas adequadas de medição, que considerem o turismo com indutor de impactos positivos e negativos na biodiversidade, e sua implementação contínua podem auxiliar o alcance do objetivo primordial de preservação. Outro ponto levantado pelos convidados diz respeito ao próprio papel do turista e dos monitores ambientais nesse monitoramento – ambos podem ser aliados na fiscalização desses impactos e no desenho de rotas de correção.

A importância da integração entre as gestões de meio ambiente e turismo

As gestões das áreas de meio ambiente e turismo precisam atuar conjuntamente para que os impactos positivos da visitação em áreas protegidas sejam de fato alcançados – e os negativos minimizados. As duas áreas às vezes não têm interlocução direta ou nem enxergam a importância de estarem conectadas e atuando sinergicamente, o que pode ser entrave na delimitação de planos de ação conjuntos e, em última instância, provocar rotas de colisão entre turismo e conservação. A articulação entre pastas para uma gestão integrada do território em que se encontra a UC é essencial para que se alcancem os objetivos de desenvolvimento sustentável almejados.

Para ler mais sobre o tema, consulte: SNUC – O que é o Sistema Nacional de Unidades da Conservação da Natureza


Qual segmento do turismo que pode ser trabalhado dentro de uma unidade de conservação?

Juliana Bettini

Especialista em Turismo do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), atua na representação do BID no Brasil desde 2015. Lidera a carteira de projetos financiados pelo Banco no setor de turismo no país, além de atuar em outros projetos na América Latina e Caribe. Com 15 anos de atuação no setor de turismo, dedicou grande parte de sua carreira ao planejamento estratégico de destinos e negócios turísticos e a estudos de mercado setoriais. Formada em Turismo pela USP, tem especialização na área de Pesquisa de Mercado e Mestrado em Planejamento e Gestão de Destinos pela Universidade de Alicante, Espanha.

Qual segmento do turismo que pode ser trabalhado dentro de uma unidade de conservação?

Denise Levy

Tem ampla experiência em temas ambientais e de manejo social na América Latina. Seu principal foco tem sido o planejamento do uso da terra e o financiamento da conservação da terra, como também as avaliações de impactos ambientais estratégicos. Nos últimos anos, o setor de turismo teve como foco a proteção costeira e marinha, e o desenvolvimento urbano sustentável. Antes de fazer parte do time do Banco, Denise Levy foi gerente de programa conservação de terras privadas do The Nature Conservancy, no Brasil. É graduada em Direito pela Universidade Federal do Paraná, possui doutorado em Análise de Políticas Públicas, pela Universidade de Illinois, em Chicago, e mestrado em Ciências e Políticas Ambientais, pela Universidade Johns Hopkins. Denise atualmente é especialista ambiental sênior da Divisão de Recursos Naturais, Agricultura, Turismo e Desastres Naturais do BID.

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Quais são os segmentos de turismo?

Turismo Ecológico, Turismo de Aventura, Turismo Cultural, Turismo Religioso, Turismo de Incentivos, Turismo de Megaeventos, Turismo de Saúde, Turismo da Terceira Idade, Turismo Alternativo, Turismo de Excentricidades, Turismo de Negócios, Enoturismo e Turismo de Experiência.

Qual a importância das unidades de conservação para o segmento do turismo?

Um dos principais impactos positivos do turismo em unidades de conservação está relacionado à geração de renda e emprego para as populações que vivem no entorno dessas áreas protegidas.

O que é segmento do turismo?

O mercado turístico Segmentar a demanda (de acordo com o tipo/perfil de turistas) é definir a parcela das pessoas que compartilham as mesmas características, necessidades e expectativas. Segmentar a oferta (tipos de turismo/experiência – Aventura, Sol e Praia etc.)

Quais segmentos do turismo poderiam se encaixar no turismo sustentável?

Um turismo que se desenvolve de forma sustentável envolve questões como a gestão dos recursos econômicos, sociais e estéticos, e mantém a diversidade biológica e particularidades culturais. Por isso, ele não é feito apenas quando o roteiro envolve trilhas ou esportes radicais.