Quando bruno covas descobriu o cancer

Quando bruno covas descobriu o cancer
O prefeito Bruno Covas está em tratamento contra o câncer desde 2019. Foto: Governo do Estado de São Paulo/Divulgação

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Uma parcela considerável de pacientes oncológicos se vê em situação semelhante à do prefeito de São Paulo, Bruno Covas, em tratamento de um câncer originado no estômago desde 2019 e que foi agora diagnosticado com focos de metástase nos ossos e no fígado. Ou seja, após um período em que a doença regride de forma parcial ou por completo, o paciente a vê evoluir novamente. Esse retorno, chamado de recidiva, é mais comum nos primeiros cinco anos após o início do tratamento.

O tumor de estômago, também chamado de câncer gástrico, é um dos mais incidentes no país. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), são mais de 21 mil novos casos previstos para 2021. Ele é o quarto mais comum em homens e o sexto em mulheres no Brasil.

Em âmbito mundial, são registrados mais de 1 milhão de novos casos por ano, segundo o levantamento Globocan 2020, da Organização Mundial da Saúde, configurando-o como o quinto câncer mais diagnosticado no globo.

De todos os tumores malignos que acometem o estômago, 90% a 95% são adenocarcinomas. E dentro dessa categoria, há um subtipo que ocorre na transição esofagogástrica, ou cárdia. É uma região do trato digestivo que corresponde à passagem do esôfago para o estômago e está situada normalmente entre o tórax e o abdômen. O câncer de Bruno Covas surgiu ali.

O principal alerta é que a incidência de câncer gástrico da transição gastroesofágica vem aumentando em todo o mundo, provavelmente associado à alta incidência de seus fatores de risco, principalmente o refluxo e a obesidade. O tabagismo também apresenta forte relação com esses tumores.

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Um estudo publicado pelos Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos (NIH) compara a prevalência da doença, década a década. O subtipo de transição gastroesofágica saltou de 15,7% dos tumores gástricos nos anos 1970 para 32% na última década. A prevalência é maior em homens brancos entre 65 e 74 anos, mas vem crescendo nos mais jovens.

É fundamental manter a rotina de exames e tratamento durante a pandemia de Covid-19. Quando a doença é diagnosticada em fases bem iniciais e o risco de metástases, mesmo que microscópicas, é pequeno, o tratamento indicado é a cirurgia oncológica. Em casos de maior risco para a ocorrência de metástases, especialmente quando os gânglios próximos ao tumor se mostram comprometidos, entram em cena quimioterapia e, a seguir, a cirurgia. E em cenários com metástases, a estratégia padrão é a quimioterapia, sendo os procedimentos cirúrgicos reservados para pacientes selecionados.

Em linhas gerais, a metástase é o evento no qual as células do tumor se alojaram em outros órgãos após deslocamento, principalmente pela corrente sanguínea. No câncer da junção gastroesofágica, ela ocorre principalmente no fígado e pulmões. Outros focos, menos comuns, são os ossos e a cavidade abdominal.

A mensagem que quero deixar é que o cuidado precisa ser permanente. Atenção: em fases iniciais, esses tumores não costumam apresentar sintomas. E, se eles surgem, tendem a ser inespecíficos, assemelhando-se aos sinais de refluxo (como a queimação).

O principal alerta da presença do tumor em si costuma ser a dificuldade ou dor na transição do tórax para o abdômen após engolir os alimentos. Essa condição é causada pelo estreitamento da passagem entre os órgãos.

Para prevenir a doença, a melhor dica é se manter saudável, com peso normal e a adoção de hábitos de vida que incluam atividade física e boa alimentação. Além disso, recomendamos não fumar e nem beber. Se você tem refluxo, procure assistência médica e acompanhe seus sintomas. Um exame de endoscopia pode ser indicado pelo médico.

*Alexandre Ferreira Oliveira é cirurgião oncológico e presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO).

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Quanto tempo Bruno Covas tem câncer?

No dia 16 de maio, o prefeito licenciado da cidade de São Paulo, Bruno Covas, faleceu após lutar por mais de dois anos contra o câncer de cárdia, neoplasia que apresentou, no ano de 2020, mais de 21 mil novos casos em todo o Brasil, de acordo com Instituto Nacional de Câncer (INCA).

Desde quando surgiu o câncer?

Um dos primeiros registros de câncer existentes é um papiro egípcio do século 7 a.C. O documento, traduzido em 1930, contém os ensinamentos do grande médico Imhotep: são relatos de enfermidades que assolavam a população, entre as quais “massas salientes no peito (...) que se espalham”.

Quais são os sintomas de câncer na cárdia?

Nos tumores cardíacos metastáticos, ocorrem paralelamente sintomas do tumor original e das metástases. Por exemplo: um câncer de pulmão com metástase no coração pode ter como sintomas dificuldade para respirar, fadiga e tosse com sangue.

Quando o câncer se espalha quanto tempo de vida?

Em quanto tempo um câncer se desenvolve? O tempo varia de acordo com a agressividade do tumor. No caso das doenças mais agressivas, pode levar poucas semanas, nas mais indolentes pode demorar muitos meses. Isso vale para os cânceres sólidos, bem como para os hematológicos.