12 nov 2021 Show Sistematizamos as principais questões abordadas durante Encontro com a Especialista Juraci Ghiaroni, médica ginecologista, docente da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), realizado em 01/04/2021.
Perguntas & Respostas 1. Mulheres, até mesmo jovens, com queixas de sangramento aumentado e cólicas intensas no período menstrual. Estes podem ser sintomas de miomas ou endometriose? Como fazer o diagnóstico diferencial? Ao atender uma mulher com essas queixas é preciso atentar para pelo menos duas hipóteses. Nesse sentido, é fundamental uma boa anamnese. Suspeita-se de mioma quando há o aumento do sangramento no período menstrual. Já na endometriose há o aumento da dor, mas não necessariamente aumento do sangramento. A dor da endometriose aumenta ano após ano e por isso é denominada de dismenorreia progressiva. O diagnóstico diferencial é feito pelo exame clínico. Com o toque é possível observar o aumento uterino no caso da miomatose. No caso da endometriose podem ser observadas algumas sequelas como fibrose na pelve e útero retrovertido fixo, por exemplo. Os exames de imagem são complementares e podem ajudar no diagnóstico. A ultrassonografia, por exemplo, é um bom exame para visualizar os miomas. 2. Para mulheres que desejam engravidar a orientação é sempre proceder a retirada do mioma? Existem casos onde é possível manejar a gestação sem a miomectomia? Nem sempre é necessário operar. Caso a mulher tenha vontade de gestar ela deve tentar engravidar. Se os miomas estão estáveis de tamanho por pelo menos um ano em dois exames de imagens consecutivos, não são volumosos e não são sintomáticos, recomenda-se tentar engravidar. 3. Quais mulheres devem investigar a presença de miomas? Existe algum grupo ou fator de risco? Os miomas são achados acidentais, na maioria das vezes. De um modo geral somente as mulheres com algum sintoma é que devem ser investigadas. Ou seja, aquela mulher que apresenta um fluxo menstrual aumentado, aumento do volume abdominal, aumento da micção e outros sintomas. Dessa forma, a investigação deve ser feita em mulheres sintomáticas. 4. Quais são os exames indicados para acompanhar os miomas? O exame indicado é o clínico, associado ao exame de imagem mais simples, como a ultrassonografia. Esse exame é suficiente para verificar a existência de mioma. A Ressonância Magnética não é necessária para acompanhar miomas sintomáticos. Esse exame pode ser usado para casos muito específicos, como o acompanhamento de mioma submucoso a fim de identificá-lo e indicar a miomectomia histeroscópica ou no caso de averiguar a vascularização dos miomas para indicação de embolização, pois caso o mioma esteja necrosado e degenerado, não há indicação de embolização. Nesse sentido, a ultrassonografia é suficiente e a RNM deve ser utilizada somente em casos específicos, portanto solicitado de forma racional e responsável. 5. Sobre a preservação da fertilidade, como manejar uma uma mulher com idade mais avançada que ainda deseja engravidar e tem miomas? É importante atentar que não se recomenda o tratamento em pacientes assintomáticas para se preservar a fertilidade. Para o tratamento do mioma vários aspectos precisam ser considerados: o tamanho, a localização, se os miomas são ou não assintomáticos e a idade da mulher, por exemplo. É importante atentar para a idade da mulher e conversar sobre a mesma sobre seu desejo de gestar para que o plano de cuidado dessa paciente seja direcionado a partir das suas necessidades. 6. Como suspeitar de malignidade, já que nem sempre é possível saber antes da cirurgia? A suspeita da malignidade é difícil, porém deve-se atentar para o crescimento súbito de miomas após a menopausa. Outro sinal importante são os sangramentos irregulares no período da pré-menopausa, por exemplo: uma mulher que sempre teve miomas, mas que no período da pré-menopausa, queixa-se de irregularidade e hemorragia deve ter o seu endométrio investigado para malignidades, antes do tratamento do mioma. Portanto é fundamental, nesses casos, a investigação do endométrio para a exclusão da malignidade. 7. A embolização arterial é indicada para quais casos e quais os benefícios de seu uso? A embolização arterial começou a ser feita há mais de 20 anos e ganhou muita repercussão. Ela é considerada um procedimento pouco invasivo. O procedimento se dá através da cateterização das artérias uterinas. É necessário a internação da paciente para o procedimento, pois há necessidade de anestesia. A embolização pode causar a menopausa precoce, pois o procedimento em si pode ocluir parcialmente a circulação ovariana. Por esses motivos, a indicação da embolização é mais efetiva para mulheres que não desejam engravidar, mulheres próximas à menopausa e deve ser excluída a malignidade antes. Atentar para orientar as mulheres que nesse procedimento os miomas não serão retirados, o procedimento é realizado no sentido de ocluir o fluxo sanguíneo para o mioma. 8. O uso do medicamento no tratamento é utilizado até que se faça uma cirurgia ou embolização? Durante algum tempo foi indicado o tratamento com os análogos de GnRh para diminuir o volume dos miomas e com isso facilitar cirurgias menos invasivas. Atualmente, a única indicação de tratamento com análogos de GnRH é para mulheres com anemia grave. Deve-se atentar que esse tratamento é temporário, pois a partir do momento em que ela deixa de fazer uso do análogo o mioma volta a crescer. Assim, o uso dos análogos devem ser feitos no sentido de ela evoluir clinicamente no que diz respeito à anemia para que a indicação da cirurgia seja feita de forma segura para essa mulher. Nenhum medicamento está indicado para tratar miomas, nem mesmo os análogos de GnRh. Estes são usados apenas como paliativos e não existe obrigatoriedade de ser usado pré-operatoriamente. Seu uso busca melhorar as condições clínicas da paciente antes da realização da cirurgia. Como citar FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ. Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira. Portal de Boas Práticas em Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente. Postagens: Principais Questões sobre Miomatose: quando a cirurgia é indicada? Rio de Janeiro, 12 nov. 2021. Disponível em: <https://portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br/atencao-mulher/principais-questoes-sobre-miomatose-quando-a-cirurgia-e-indicada/>. É preciso tirar o útero quando se tem mioma?O mioma uterino deve ser retirado quando a mulher apresenta sangramento aumentado refratário ao uso de medicamentos ou anticoncepcionais. Ele também deve ser operado quando há desejo de engravidar e a paciente apresenta miomas uterinos grandes e volumosos, ou quando ocupam a porção interna do útero (mioma submucoso).
Qual tamanho do mioma para retirar o útero?Tire todas as dúvidas durante a consulta online
O tratamento depende da sua localização e tamanho em relação as camadas do útero. Em termos gerais, o ideal é agir/tratar quando ele se apresenta com a dimensão entre 4 e 8 cm para aqueles que se localiza na parte interna da parede do órgão (intramural).
Quando se faz necessário a retirada do útero?A histerectomia é, normalmente, indicada para mulheres com problemas graves na região pélvica, como o câncer de colo do útero em estágio avançado e o câncer nos ovários, infecções, miomas, hemorragias, endometriose grave ou prolapso uterino.
Quais são os riscos de tirar o útero?A histerectomia é um procedimento cirúrgico e, como tal, apresenta complicações como hemorragia e infecção, além de riscos relacionados a medicamentos usados na anestesia. Outras possíveis complicações são lesões no intestino, bexiga, ureter e infecção urinária.
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