Quanto tempo dura a fase terminal de um câncer?

À beira do leito

Bioética

O QUE É O PACIENTE TERMINAL?

A conceituação de paciente terminal não é algo simples de ser estabelecido, embora freqüentemente nos deparemos com avaliações consensuais de diferentes profissionais. Talvez, a dificuldade maior esteja em objetivar este momento, não em reconhecê-lo.

A terminalidade parece ser o eixo central do conceito em torno da qual se situam as conseqüências. É quando se esgotam as possibilidades de resgate das condições de saúde do paciente e a possibilidade de morte próxima parece inevitável e previsível. O paciente se torna "irrecuperável" e caminha para a morte, sem que se consiga reverter este caminhar.

Estudos na literatura tentam estabelecer índices de prognóstico e de qualidade de vida, procurando definir de forma mais precisa este momento da evolução de uma doença e tendo como preocupação o estabelecimento de novas diretrizes para o seguimento destes pacientes. Entretanto, estes trabalhos descrevem melhor aspectos populacionais e epidemiológicos, perdendo a especificidade quando aplicados em nível individual. Abre-se a perspectiva de discussão deste conceito caso a caso: um paciente é terminal em um contexto particular de possibilidades reais e de posições pessoais, sejam de seu médico, sua família e próprias. Esta colocação implica em reconhecer esta definição, paciente terminal, situada além da biologia, inserida em um processo cultural e subjetivo, ou seja, humano.

Mesmo assim, é evidente que alguns critérios podem tornar este momento menos impreciso, entre eles os clínicos (exames laboratoriais, de imagens, funcionais, anatomopatológicos), os dados da experiência que a equipe envolvida tem acerca das possibilidades de evolução de casos semelhantes, os critérios que levam em conta as condições pessoais do paciente (sinais de contacto ou não com o exterior, respostas ao meio, à dor), a intuição dos profissionais (suas vivências e experiências semelhantes). De qualquer forma, paciente, família e equipe situam-se neste ponto da evolução da doença frente a impossibilidades e limites, de maneira que reconhecer o fim parece ser a dificuldade maior. Denegar este conhecimento determina estragos nos que partem e nos que ficam. Morrer só, entre aparelhos, ou rodeado por pessoas às quais não se pode falar de sua angústia, determina um sofrimento difícil de ser avaliado, mas sem dúvida, suficientemente importante para ser levado em conta. Os que ficam, por outro lado, têm que se haver com a culpabilidade, a solidão e a incômoda sensação de não ter feito tudo o que poderia.

As dificuldades no estabelecimento de um conceito preciso não comprometem os benefícios que paciente, família e profissionais podem ter no reconhecimento desta condição.

Admitir que se esgotaram os recursos para o resgate de uma cura e que o paciente se encaminha para o fim da vida, não significa que não há mais o que fazer. Ao contrário, abre-se uma ampla gama de condutas que podem ser oferecidas ao paciente e sua família. Condutas no plano concreto, visando, agora, o alívio da dor, a diminuição do desconforto, mas sobretudo a possibilidade de situar-se frente ao momento do fim da vida, acompanhados por alguém que possa ouví-los e sustente seus desejos. Reconhecer, sempre que possível, seu lugar ativo, sua autonomia, suas escolhas, permitir-lhe chegar ao momento de morrer, vivo, não antecipando o momento desta morte a partir do abandono e isolamento.

Estabelece-se uma nova perspectiva de trabalho, multidisciplinar, que costuma se chamar cuidados paliativos, embora a preocupação com o alívio e conforto deva estar presente em todos os momentos do tratamento.

Para o profissional que se interessa por esta atuação (acompanhar o paciente na morte), surgem questões a serem pensadas, como a própria morte e sua posição frente a ela e à vida. Não é uma tarefa fácil (por isso, talvez, tantas vezes denegada). Entretanto, não há como não reconhecer a riqueza desses intercâmbios, quando possíveis.

PILAR L. GUTIERREZ

  • 15 de junho de 2021
  • Saúde

Quanto tempo dura a fase terminal de um câncer?


O tempo varia conforme as características da célula cancerosa. Por isso, é importante realizar exames de rotina

O desenvolvimento do câncer acontece quando, durante a multiplicação das células, ocorre uma mutação genética e ela faz com que as células passem a se reproduzir descontroladamente. Entretanto, para que uma neoplasia se forme, é preciso que o DNA sofra mais de uma alteração e que alguns mecanismos de controle celular falhem. Todo esse processo pode levar semanas, meses ou até mesmo anos.

No ciclo de vida de uma célula saudável, ela “nasce”, desempenha sua função e depois de ficar “velha”, sofre a morte celular programada, chamada de apoptose. Se, em algum momento desse processo, a célula passar por eventos genéticos e moleculares que afetem a sua proliferação e diferenciação, ela pode vir a se transformar em uma célula cancerosa.

“Apenas uma mutação não é suficiente para gerar um tumor. Isto é, é preciso uma sucessão de eventos e de alterações cronologicamente sequenciadas que, com o tempo, se acumulam e vão passando de uma etapa para outra na carcinogênese (formação do câncer)”, explica o Dr. Marcos André Costa, oncologista do Centro Especializado em Oncologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz. 

Quanto tempo dura a fase terminal de um câncer?

Como acontece o desenvolvimento do câncer?

Há dois grupos de genes envolvidos no processo de desenvolvimento do câncer: os proto-oncogenes, que se transformam em oncogenes, e os genes supressores de tumor. Além disso, o surgimento da doença também está relacionado com falhas dos mecanismos de compensação celular e do sistema imune.

Quanto tempo dura a fase terminal de um câncer?

Os proto-oncogenes estão presentes em todas as pessoas, eles são responsáveis por dar início ao processo de multiplicação celular. Quando sofrem uma mutação e passam a ser considerados como genes “ruins”, recebem o nome de oncogenes. São eles que causam a produção excessiva e descontrolada das células doentes.

O terceiro grupo, os genes supressores de tumor, como o próprio nome indica, “bloqueiam” o surgimento do câncer. Isso acontece porque eles produzem fatores (proteínas) que dificultam o processo de multiplicação das células. A inativação ou mutação desses genes pode interferir na fabricação das proteínas, possibilitando o crescimento descontrolado das células, o que leva a um maior risco da pessoa desenvolver um câncer.

O Dr. Costa conta que, caso a célula de uma pessoa sofra uma mutação genética, ela pode ser contida por meio de mecanismos de compensação intracelular. Se eles não conseguirem corrigir a mutação, o corpo inicia um processo para levar a célula à morte. Essa morte programada, geralmente, depende de uma molécula chamada TP53 (anormalidades nessa célula foram encontradas em mais da metade dos cânceres humanos). Caso esse procedimento falhe, o sistema imune, que tem potencial e poder para destruir as células anormais, entra em ação.

“Se sobreviver à destruição pelo sistema imune, aí sim a célula começa a crescer e multiplicar. Mas, também não é garantia de que ela vai vingar”, pontua o médico. 

Para vingar, ela precisa sobreviver ao microambiente hostil no qual ela está inserida, isto é, às condições do local onde ela está. Por exemplo, conseguir suprimento energético.

Quanto tempo dura a fase terminal de um câncer?

Em quanto tempo um câncer se desenvolve?

O tempo varia de acordo com a agressividade do tumor. No caso das doenças mais agressivas, pode levar poucas semanas, nas mais indolentes pode demorar muitos meses. Isso vale para os cânceres sólidos, bem como para os hematológicos. 

Quanto tempo dura a fase terminal de um câncer?

“Existem tumores que são considerados muito lentos na sua formação, os chamados indolentes, e existem tumores que são bastante agressivos. Como os linfomas indolentes, nos quais os pacientes apresentam, na história da doença, sinais ou exames laboratoriais que indicam que o tumor estava presente há vários meses, ou até anos. Por outro lado está, por exemplo, uma leucemia mieloide aguda, que se desenvolve em poucas semanas ou dias, algumas vezes de uma forma muito agressiva”, exemplifica o Dr. José Orlando Bordin, onco-hematologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.

Atualmente, se o tumor é muito precoce, os métodos de imagem não conseguem identificá-lo.

“A gente consegue detectar, no máximo, lesões entre três e cinco milímetros. Aí elas conseguem aparecer nas imagens”, pontua o Dr. Costa. Ele relata que, por isso, é comum, no caso de cânceres mais agressivos, que em um exame de rotina não tenha nada e, dois/três meses depois, a doença apareça.

 “O que está surgindo é a biópsia líquida. Ela nos permite detectar fragmentos do DNA no sangue e esses fragmentos podem detectar uma assinatura aberrante. Aí, sim, é possível identificar um câncer muito precoce. Essa é uma área de intensa investigação, talvez seja uma coisa para cinco ou mais anos”, finaliza o Dr. Marcos André Costa.  


Qual o tempo de vida de uma pessoa com câncer terminal?

VOC: Quanto tempo, em média, o paciente chega a ficar sob seus cuidados? Ana Cláudia Arantes: É uma média de permanência curta, aproximadamente 15 dias. Mas, ao mesmo tempo, há pacientes que chegam para morrer e vivem meses.

Como fica uma pessoa na fase terminal do câncer?

Na fase terminal, em que o paciente tem pouco tempo de vida, o tratamento paliativo se torna prioritário para garantir qualidade de vida, conforto e dignidade. A transição do cuidado com objetivo de cura para o cuidado com intenção paliativa é um processo contínuo, e sua dinâmica difere para cada paciente.

Como saber se o paciente terminal está morrendo?

Quais tipos de sinais/sintomas eu posso encontrar nas últimas 48 horas de vida do meu paciente?.
Anorexia e diminuição da ingesta oral..
Delirium..
Convulsões e mioclonias..
“Ronco da morte”.

Qual é o último estágio do câncer?

O último estágio do câncer é o IV, que indica que o tumor já espalhou-se pelo organismo, sendo um caso mais complicado para ser tratado.