Tem alguma diferença entre a Bíblia católica e evangélica?

A Bíblia levou muitos anos para assumir a forma que encontramos hoje. Além da escrita dos textos, eles precisaram ser copiados, selecionados, agrupados, e então reconhecidos como cânone bíblico, ou cânone das Escrituras.

Do grego κανών, a palavra “cânone” foi usada pela primeira vez para designar a ideia da Sagrada Escritura como a norma da religião verdadeira, mas logo foi empregada também no sentido de norma ou lista que define quais livros constituem as Sagradas Escrituras.

A formação do cânon do Novo Testamento começou na primeira parte do século II d.C. A lista mais antiga foi elaborada em Roma, em 140 d.C., pelo herege Marcião. Embora sua lista não fosse oficial, ela demonstrou que a ideia de um cânon do Novo Testamento foi aceita naquela época.

O conceito que temos hoje de uma Bíblia completa foi formulado no início da história da igreja. No final do segundo século, todos os livros, exceto sete (Hebreus, 2 e 3 João, 2 Pedro, Judas, Tiago e Apocalipse) foram reconhecidos como apostólicos, e no final do século IV todos os vinte e sete livros em nosso presente cânones foram reconhecidos por todas as igrejas do Ocidente. Após o Concílio de Damasino de Roma em 332 AD e o terceiro Concílio de Cartago em 397 AD, a questão do Cânon foi encerrada no Ocidente. Por volta do ano 500, toda a igreja de língua grega também aceitou todos os livros de nosso Novo Testamento.

Contudo, em determinado momento histórico, a Igreja Católica e as igrejas evangélicas divergiram quanto aos livros que deveriam permanecer na Bíblia. Enquanto a Bíblia dos católicos possui 73 livros, a dos evangélicos possui apenas 66 livros no total. A diferença está no cânone (versão sagrada) do Antigo Testamento, enquanto o Novo Testamento de ambas permanece exatamente igual.

A Septuaginta

O Antigo Testamento cristão é conhecido como Bíblia Hebraica no judaísmo. No meio evangélico, eles possuem exatamente o mesmo conteúdo, a diferença é quanto à organização e à sequência dos livros. Mas no meio católico, o Antigo Testamento possui mais livros do que a Bíblia Hebraica, isso por conta de uma inclusão de 7 livros a mais no cânone católico.

Para entendermos porque as Bíblias evangélicas e católicas são diferentes, precisamos falar da primeira tradução preservada da Bíblia. A Septuaginta, como ficou conhecida, é uma tradução dos textos do original em hebraico para o grego, feita em etapas sucessivas entre o século III e I a.C. Os primeiros livros a serem traduzidos foram os textos da Torá, os cinco primeiros livros da Bíblia, também chamado de pentateuco. E depois se seguiram os demais livros: profetas, históricos e poéticos.

Tem alguma diferença entre a Bíblia católica e evangélica?
Antes de serem compilados em um único livro, os textos bíblicos circulavam em rolos de papiro ou pergaminho.

A Septuaginta (Versão dos Setenta) recebe esse nome porque a tradição diz que setenta e dois rabinos foram responsáveis por trabalhar nela. Além disso, também se afirmava que teria sido realizada em setenta e dois dias. Ela se tornou a versão clássica da Bíblia para judeus que se tornaram cristãos no século I. Ou seja, os autores cristãos do Novo Testamento, que também escreveram em grego, utilizaram a Septuaginta (Antigo Testamento) como base para suas referências e citações.

No entanto, a Septuaginta incluiu alguns livros a mais, que não são encontrados na Bíblia Hebraica. Esses 7 livros provavelmente foram escritos diretamente em grego, e circulavam com pouca intensidade nas comunidades judaicas da Palestina. Eles foram considerados importantes para os judeus que falavam o grego e faziam parte da comunidade de Alexandria, mais integrada na cultura grega do que os palestinos.

A Vulgata

Com o surgimento do cristianismo, os judeus que não se converteram sentiram a necessidade de preservar os textos em hebraico, uma vez que os cristãos utilizavam os textos traduzidos para o grego da Septuaginta. Por isso, criou-se dois caminhos diferentes de tradição dos textos da Bíblia no caso do Antigo Testamento. Isso porque os judeus só aceitam os escritos em hebraico, e os cristãos aceitam os textos gregos, tanto do Antigo quanto do Novo Testamento.

A Igreja Primitiva utilizou os textos gregos da Septuaginta durante os primeiros séculos, mas nem todos aceitavam aqueles textos que não possuíam paralelos no hebraico. Já na Idade Média, São Jerônimo (347-420) decidiu criar uma versão “definitiva” dos textos sagrados para o latim, unindo os manuscritos do Novo Testamento e os textos do Antigo Testamento.

Para traduzir o Antigo Testamento, Jerônimo recorreu aos textos em hebraico e também à Septuaginta, fazendo uma espécie de leitura crítica, dando maior prestígio para os livros em hebraico. Essa tradução que ele fez ficou conhecida como Vulgata, e incluía os textos gregos da Septuaginta que não tinham paralelo no hebraico. Ela foi utilizada amplamente durante toda a Idade Média. Mas novamente, não havia consenso se os textos eram todos canônicos

A Reforma Protestante e o Concílio de Trento

Tem alguma diferença entre a Bíblia católica e evangélica?
Martinho Lutero deu início à Reforma Protestante.

A Reforma Protestante, iniciada em 1517, foi um grande movimento de contestação dos dogmas da Igreja Católica. Inicialmente, a principal questão em debate era a venda das indulgências (compra do perdão dos pecados) e a corrupção moral e material do Clero, mas com o tempo outras mudanças foram sendo propostas. Com a Reforma, os reformadores passaram a traduzir a Bíblia do latim para os idiomas de seus países de origem.

Foi o caso de Martinho Lutero (1483-1546), que decidiu traduzir a Bíblia para o alemão. Ele decidiu fazer uma nova leitura crítica dos textos, e traduzir os textos direto dos originais, mas levando em consideração a Vulgata. Por sua vez, decidiu colocar os livros do Antigo Testamento que não possuíam manuscritos em hebraico em um apêndice, afirmando que eram bons para a leitura, mas não eram divinamente inspirados. Por isso, o cânone fixado por Lutero excluiu esses 7 livros, deixando o Antigo Testamento protestante com 39 livros no total. Desse modo, os protestantes passaram a se referir a esses livros como apócrifos, que quer dizer “excluídos” ou “falsos”.

Contudo, a Igreja Católica decidiu reagir às mudanças provocadas pelos reformadores. Das principais mudanças propostas pelos reformadores, podemos citar: o fim do sacerdócio como um intermediário entre Deus e os homens, o fim dos sacramentos como meios de alcançar a salvação e o fim da compra do perdão dos pecados. Além desta exclusão dos livros nos cânones protestantes e da abolição da veneração dos santos.

A reação da Igreja Católica veio por meio de uma reunião de bispos, chamado Concílio de Trento (1545-1563). Os católicos decidiram se manter contra todas as mudanças que os protestantes exigiam, e isso acabou gerando uma cisão completa no cristianismo, que perdura até hoje. Além disso, os católicos fixaram a Vulgata como versão definitiva da Bíblia, que até então era apenas a mais utilizada. Com isso, os livros gregos do Antigo Testamento passaram a ser chamados de deuterocanônicos pelos católicos, que significa “posteriormente canônicos”.

Tem alguma diferença entre a Bíblia católica e evangélica?
A Bíblia católica possui 73 livros no total, enquanto a Bíblia dos evangélicos protestantes possui 66 livros.

Livros apócrifos ou deuterocanônicos

Os protestantes não reconhecem a inspiração desses sete livros, porque eles não são encontrados em manuscritos hebraicos. Por isso, afirmam que foram incluídos de forma errônea na Bíblia. Já os católicos, afirmam que os livros são sim inspirados por Deus, e que, mesmo que o reconhecimento dessa inspiração só veio a acontecer oficialmente no século XVI, eles já eram utilizados pela Igreja ao longo da história do cristianismo.

Apócrifos para os protestantes, deuterocanônicos para os católicos. Esses livros só são encontrados em manuscritos gregos, por isso protestantes e judeus não reconhecem suas autenticidades. São eles: 1 e 2 Macabeus, Tobias, Judite, Sabedoria, Eclesiástico e Baruc. Além desses sete livros, os católicos também adicionam fragmentos gregos nos finais de dois livros: Adições em Ester e Adições em Daniel.

Esses textos foram escritos entre o século IV e II a.C, época em que a cultura grega havia se disseminado por toda região do mar Mediterrâneo. Macabeus I e II fazem parte da literatura histórica, que narra a revolta dos judeus contra o Império Selêucida que dominava a região. Os macabeus, nome recebido pelos revoltosos, implantaram uma dinastia na Palestina que perdurou de 164 até 37 a.C, quando ocorreu a subjugação ao domínio romano.

Tobias e Judite também fazem parte da literatura de história. Já Sabedoria e Eclesiástico se integram nos livros sapienciais, ou poéticos. Enquanto que o livro de Baruc toma parte no conjunto dos profetas.

Qual diferença Bíblia católica e evangélica?

Desde Lutero, está claro para os protestantes: a Bíblia é "sola scriptura", ou seja, ela é a única palavra inspirada por Deus, com revelações que nos permitem a comunhão com Ele. Já os católicos questionam a validade dessa doutrina de quase 500 anos. Eles não acham que a Bíblia, por si só, seja suficiente.

Qual a diferença entre as Bíblias?

São eles: Tobias, Judite, Sabedoria, Baruc, Eclesiástico, I Macabeus e II Macabeus, além de alguns fragmentos dos livros de Ester e de Daniel. A segunda diferença mais evidente é a tradução. Como acontece com qualquer obra literária, é impossível que o trabalho de tradutores diferentes resulte em um texto idêntico.

Quais são os livros que tem na Bíblia católica que não tem na evangélica?

O que são os evangelhos apócrifos?.
ENOQUE I. SÓ É SAGRADO PARA Igreja Judaica de Beta Israel, Igreja Ortodoxa da Etiópia, Igreja Ortodoxa da Eritreia. ... .
EVANGELHO DE FELIPE. ... .
EVANGELHO DE JUDAS. ... .
APOCALIPSE DE PEDRO. ... .
EVANGELHO DA INFÂNCIA SEGUNDO TIAGO. ... .
JUBILEUS..

Por que o Pai Nosso evangélico é diferente do católico?

Porque reza tem o sentido de repetir e orar de falar por si mesmo. Por aí. Evangélicos não tem ladainha, essas coisas. Uma vez escutei de um evangélico que reza é algo “pronto” (pai nosso) e oração é algo pessoal.