Tempos Modernos e a Revolução Industrial

'Tempos Modernos' é obra-prima do cinema. Seu enredo é denúncia contra a exploração capitalista, numa linha de montagem taylorista-fordista, que tem por objetivo racionalizar o tempo e aumentar a produção. À época, o discurso oficial do patronato dizia ser para o bem dos trabalhadores. O filme traz à tona o desespero de um homem simples, um operário, sem direito à voz, que não se adapta ao sistema produtivo. Seu mundo é o da pobreza, do desemprego, da fome. Ele se rebela, conscientemente ou não, contra essa lógica da modernidade capitalista que se impôs. É uma realidade diferente da sua. Sua revolta é um protesto que mostra as péssimas condições de trabalho. Ou seja, luta contra a exploração a que é submetido e se recusa aceitar passivamente o que lhe é imposto. Foi isso o que ocorreu durante a Revolução Industrial inglesa (1760-1850). Um exemplo é o movimento ludita, no século 19, que foi uma reação dos trabalhadores temendo o desemprego e dessa forma destruíam as máquinas industriais.       

Para Karl Marx (1818-1883) alienação é uma situação resultante dos fatores materiais dominantes da sociedade, sobretudo no sistema capitalista, em que o trabalho do homem se processa de modo que produza coisas que imediatamente são separadas dos interesses e do alcance de quem as produziu, para se transformarem, indistintamente, em mercadorias. Em outras palavras, 'Tempos Modernos' revela o processo de alienação a que é submetido o operário no interior de uma fábrica capitalista. De que forma isso ocorre? Isso pode ser constatado no momento, no ápice do filme, em que Chaplin repete, exaustivamente e freneticamente, o gesto de apertar parafusos e, em seguida, é tragado pela máquina.

Este longa-metragem é uma crítica contra a linha de montagem industrial, pois nela os operários se tornam meros executores de gestos mecânicos repetitivos. Dessa forma, perdem o contato com a realidade e se esquizofrenizam. É um trabalhador que não se apropria do bem que produz. Ele é uma peça de uma gigantesca cadeia de produção que se 'vende' por baixo salário. Por isso, Chaplin se recusa a ser um homem-máquina, que coisifica. É preso muitas vezes. Isso mostra sua insatisfação e dificuldade de se ajustar socialmente. Afinal, não quer se desumanizar e nem ser burguês. Na verdade, quer encontrar o seu espaço ao sol. Seu modo de ser, de vida, não é compatível com o mundo do trabalho que está a sua volta. É regido por ordem draconiana, disciplina inflexível e hierarquia rígida.

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Revela-nos, portanto, como o mundo burguês fabril foi se constituindo e sua relação direta com a fábrica. São duas realidades similares, o mundo da fábrica e o mundo burguês. Ambos se constituem e se regem pela mesma lógica, mesma identidade, mesmos objetivos que é a busca pelo lucro. Tudo isso com as suas maneiras, com os seus rituais e com as suas tradições. Ao chegar ao trabalho, o operário cumpre um ritual. Bater o cartão de ponto pontualmente e se apresentar a sua função.

'Tempos Modernos' é o contraponto que contesta à realidade do mundo burguês e a ordem burguesa. Melhor dizendo, o filme retrata a luta de classes. De um lado, o protagonista é a representação simbólica do operário que é explorado pelo sistema capitalista, do outro, o sistema capitalista que confere à burguesia acumulação de capital e os meios de produção. Ou seja, é a relação entre dominante e dominado. Contudo, apesar do poder que o capital outorga ao capitalista, isso não impede que esse sistema seja duramente criticado como fez Chaplin. Ao fim, ele consegue emprego num bar e se integra a realidade capitalista como assalariado adaptado a um novo modo de vida e mundo.

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“Tempos Modernos” talvez seja o filme mais popular de Chaplin e do icônico personagem Carlitos, curiosamente a última obra em que essa persona marcante aparece.  Neste clássico, somos embalados pelos acordes de “Smile” enquanto acompanhamos as desventuras de um operário que tenta sobreviver diante das iminentes mudanças na divisão de trabalho e a expansão do sistema capitalista.

Além de popular, esta é uma das obras mais atemporais de Chaplin devido à contundente crítica social presente. O cineasta utiliza o humor pastelão com gotas de ingenuidade para retratar o gosto amargo que a Grande Depressão deixou no mundo. Ainda em 1936, era possível sentir as consequências da crise alinhadas aos processos de industrialização pós 2ª Revolução Industrial. Chaplin mostra como tudo isso afetou a vida em comunidade.

RITMO MECÂNICO DE PRODUTIVIDADE

Tempos Modernos e a Revolução Industrial

Neste processo, é importante perceber como “Tempos Modernos” se preocupa em apresentar a procura pela recuperação econômica e adequação a uma realidade que pouco ampara os que estão nas classes mais baixas. Em tela, isso se evidencia com a utilização do modelo fordista de produção: repleto de equívocos, mas, aplaudido como exemplo do desenvolvimento produtivo. Afinal, este modelo servia como alicerce do modo de vida burguês norte-americano. No entanto, o filme de 1936 deixa nítida a exaustão a qual os empregados eram submetidos na linha de produção e como a repetição poderia desencadear a insanidade, realmente criticando o outro lado da moeda.

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O que reforça essa ideia é o uso da ciência e tecnologia como ferramentas de alienação e domínio industrial, empurrando os operários para a fila do desemprego. Dessa forma, toda modernidade apreciada na Revolução Industrial disfarça a decadência que envolve o setor humano. Se por um lado os avanços são inquestionáveis, os padrões de sociabilidade humana enfrentam uma tragédia envolta de pessoas com a vida sem sentido, sem tempo para atividades que não visem o lucro e presas a atender as necessidades do modo de vida capitalista. Como em “Metrópolis” (1927), de Fritz Lang, os operários vivem a caminho do abatedouro e resumem sua vida ao ritmo mecânico da produtividade. Não é por acaso que uma das primeiras cenas do filme remete a esse clássico da ficção científica.

Arte como instrumento questionador

Tempos Modernos e a Revolução Industrial

Chaplin usava o cinema para questionar e o humor era o canal escolhido para efervescer suas críticas. O público se diverte com suas obras por identificar-se com as situações apresentadas; os personagens de seu cinema vivenciam questões cotidianas e banais que se transformam em momentos inesperados e surreais. Neste caso, de forma simples, visual e criativa, ele denuncia a desumanização e alienação do sistema apenas com os gestos insanos de Carlitos. 

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Até mesmo o som, instrumento a qual Chaplin era tão avesso em seu cinema, aparece em “Tempos Modernos” como instrumento de argumentação. Além de surgir em momentos específicos, o som assume a postura de ferramenta de censura. Na fábrica, por exemplo, a voz do superior ecoa pelas paredes, mas não é permitido a nenhum dos operários parar, escutá-lo e respondê-lo. A eles só cabe concordar e seguir o ritmo desenfreado de produção.

Diante disso, a ironia presente na titulação da obra não poderia ser mais precisa. Afinal os tempos modernos trouxeram avanços incontestáveis, por outro lado, no entanto, sujeitaram o homem a sobreviver em busca da produtividade que alimenta o sistema capitalista, enquanto para a maior parte da população sobram as migalhas. Assim, que tipo de humanidade a modernidade fabrica?

Mais uma vez, Chaplin usa o humor e a sensibilidade para chamar atenção para assuntos sérios. Ele se despede de Carlitos de forma magistral, nos fazendo refletir até que ponto um sistema tão abraçado pelo mundo realmente é a melhor escolha para os usuários mais distantes do topo da pirâmide. Mais de 80 anos depois e a sua crítica permanece forte e intocável.

Tempos Modernos e a Revolução Industrial

Qual a relação do filme Tempos Modernos e A Revolução Industrial?

Em linhas gerais, o filme foca no desenvolvimento industrial, decorrente do surgimento das máquinas, caracterizando-se pela produção baseada no sistema de linha de montagem e especialização do trabalho.

Qual o impacto da Revolução Industrial nos Tempos Modernos?

As principais consequências da Revolução Industrial foram as novas relações de trabalho; a consolidação do capitalismo; a industrialização dos países; a expansão do imperialismo; o exodo rural e a urbanização; os avanços nos campos da medicina, do transporte e das telecomunicações; o aumento da capacidade produtiva e ...

Que crítica o filme Tempos Modernos faz a sociedade industrial?

Várias características do Taylorismo e do Fordismo são expressas no filme. A questão da alienação física e ideológica causada por esses modelos de produção são abordadas em forma de arte e com muita ironia por Charles Chaplin. O filme é uma crítica ao sistema capitalista e ao modo de produção industrial.

Qual era o cenário industrial a época em que o filme Tempos Modernos foi produzido?

Foi isso o que ocorreu durante a Revolução Industrial inglesa (1760-1850). Um exemplo é o movimento ludita, no século 19, que foi uma reação dos trabalhadores temendo o desemprego e dessa forma destruíam as máquinas industriais.