Qual era o interesse da burguesia na formação dos Estados nacionais modernos?

Mestra em História (UFRJ, 2018)
Graduada em História (UFRJ, 2016)

Ouça este artigo:

O termo "Estados Nacionais" costuma ser utilizado para designar o resultado da dinâmica política e econômica que levaria a uma nova formulação de Estado nos reinos europeus, possibilitando o fortalecimento e subsequente centralização do poder real.

Durante a Idade Média, a Europa em geral seria caracterizada pela forte presença política dos senhores feudais. Junto com a influência da Igreja, isso acabaria por assegurar a fragmentação do poder durante o período. No século XIV, porém, este sistema afundou em uma forte crise depois da desagregação social causada pela epidemia de peste bubônica, que em muito agravaria a crescente paralisação do mercado agrícola. Neste contexto, ocorreu a ascensão da burguesia. Anteriormente mais predominante nas atividades comerciais das cidades feudais, o grupo se tornaria cada vez mais influente ao adquirir as terras dos arruinados senhores feudais, o que lentamente alteraria o eixo da economia para as atividades comerciais no meio urbano. Isso desenvolveria substancialmente o comércio.

A diminuição do poder dos senhores feudais também levaria ao fortalecimento político dos reis. Aliados com a ascendente burguesia, os monarcas tiveram maior possibilidade de arrecadar os impostos necessários para desenvolver e manter as instituições necessárias para a administração e segurança pública. Os recursos para isso eram garantidos por meio da promoção da economia mercantil. Ao mesmo tempo em que beneficiava a burguesia, entretanto, o rei ainda cultivava o apoio da nobreza, reforçando os laços de fidelidade entre eles ao atraí-los para a corte e promovendo seus membros mais destacados para importantes cargos no Estado. Desta forma, a nobreza perdia sua autonomia e se tornava subserviente ao rei. Ao mesmo tempo, as fronteiras tornavam-se melhor definidas, gerando paulatinamente o sentimento de uma identidade nacional pelo reino.

A maioria dos reinos europeus passou mais cedo ou mais tarde por este processo. Um caso precoce foi Portugal, consolidado já no século XIII, apesar de ter sua independência frequentemente ameaçada pela vizinha Castela – que, por sua vez, apenas se uniria com Aragão e formaria a Espanha moderna no século XV. As monarquias em França e Inglaterra também mostrariam cedo sinais de fortalecimento do poder real, mas apenas depois da Guerra dos Cem Anos travada entre ambos desde o século XIV – e, especificamente no caso inglês, a Guerra das Duas Rosas, que opôs a Casa Lancaster e a Casa York no século XV – foi que o poder real se consolidou respectivamente com a dinastia Valois e a dinastia Tudor. Esse processo de centralização política acabaria por resultar, mais tarde, na formação de um sistema característico da Era Moderna: o absolutismo, que encontraria sua expressão mais famosa em França com Luís XIV, o Rei Sol.

Qual era o interesse da burguesia na formação dos Estados nacionais modernos?

Luís XIV da França, o Rei Sol. Pintura de Hyacinthe Rigaud (1701).

Entretanto, em algumas regiões o processo que levaria ao Estado Nacional não seria completado neste período. Embora tanto no Sacro Império Romano Germânico quanto na Península Itálica ocorresse a crise do feudalismo e o início da centralização política, as forças regionais foram fortes demais para que fosse possível a consolidação de um poder central. Assim, ambas as regiões seriam politicamente fragmentadas durante a Era Moderna. Enquanto o Império possuía vários ducados, reinos e cidades independentes, na Península Itálica muitas terras foram dominadas por potências estrangeiras ou eram subordinadas à Igreja. As modernas nações conhecidas como Alemanha e Itália apenas surgiriam no século XIX.

Bibliografia:

LIMA, Lizânias de Souza; PEDRO, Antonio. “Das monarquias nacionais ao absolutismo”. In: História da civilização ocidental. São Paulo: FTD, 2005. pp. 141-145.

http://institutoparthenon.com.br/clubedeescritores/2012/12/formacao-dos-estados-nacionais/
http://idademoderna.weebly.com/estados-nacionais.html

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/historia/estados-nacionais/

A formação do Estado Nacional Moderno representou uma nova fase das relações comerciais de alguns países europeus e contribuiu para a centralização do poder político real.

Qual era o interesse da burguesia na formação dos Estados nacionais modernos?
Luís XIV foi o símbolo real do Estado Nacional Moderno

Por Fabrício Santos

O Estado Nacional Moderno ou Antigo Regime consistiu em um conjunto de práticas envolvendo questões de ordem econômica, social e política. A partir do século XVI, a Europa Ocidental sofreu diversas transformações que promoveram o crescimento das cidades, das atividades comerciais e da ciência. Foi em meio a essas mudanças que as Monarquias Nacionais surgiram, contribuindo para o fortalecimento do poder real e acarretando no desaparecimento gradual da servidão e no declínio do mundo feudal.

O processo de centralização política nas mãos do rei foi o símbolo da formação dos Estados Modernos na Europa, os exemplos mais clássicos desse processo foram Espanha, Portugal e França. As mudanças na forma de governar tornaram mais claras as diferenças entre o mundo moderno e o mundo feudal. Entre os principais aspectos que caracterizaram as Monarquias Nacionais estão: A burocracia administrativa, que ganhou um corpo de funcionários que tinham a função de desempenhar tarefas de administração pública; A força militar, que gerou a necessidade de criação de um exército nacional para conter possíveis invasões ou confrontos com outros países e também para estabelecer ordem pública na sociedade;Leis e justiças unificadas, que foram responsáveis pela formação de leis que possuíam caráter da manutenção da ordem, além de melhor proteger os direitos e deveres dos cidadãos; Sistema burocrático, que marcou o surgimento das tarifas e tributos cobrados pelo rei para sustentar as despesas públicas.

Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;)

O desenvolvimento da navegação marítima marcou a busca por expansão territorial dos Estados Nacionais Modernos. Os reis almejavam conquistar riquezas no além-mar, obtendo novos mercados e expandindo o comércio. A busca por metais preciosos e o interesse na propagação da fé cristã também impulsionaram a descoberta de novos territórios. O Estado Nacional Moderno Português retratou claramente isso na colonização da América Portuguesa no século XVI. O objetivo dos portugueses foi concretizado na prática colonizadora que ocasionou a ampliação de suas fronteiras, a obtenção de novos comércios, o descobrimento de locais com metais preciosos e a disseminação do catolicismo, resumindo perfeitamente as ambições que os Estados Nacionais Modernos possuíam.

A formação do Estado Nacional Moderno representou uma nova fase das relações comerciais de alguns países europeus e contribuiu para centralização do poder político real, como foi o caso do rei francês Luís XIV, que simbolizou em uma frase esse período dizendo que o “Estado sou eu”. Chamado também de Rei “Sol”, Luís XIV retratou o apogeu dos reis no Antigo regime até o surgimento do período iluminista (século XVIII) que criticou a política centralizadora dessa época.

Por Fabrí­cio Barroso dos Santos

Quais eram os interesses da burguesia nos Estados nacionais modernos?

A Formação dos Estados Modernos A burguesia tinha interesse em unificar o território, pois conseguiria vários benefícios: moeda única, padronização de pesos e medidas, leis unificadas, melhorias em estradas, segurança pública, tributo único devido ao rei.

Quais eram os interesses da burguesia no processo de formação dos Estados nacionais?

Os comerciantes burgueses surgiram enquanto classe social interessada na formação de um regime político centralizado. As leis de caráter local, instituídas em cada um dos feudos, encareciam as atividades comerciais por meio da cobrança de impostos e pedágios que inflacionavam os custos de uma viagem comercial.

Qual foi o papel da burguesia na formação do Estado Moderno?

Motivada por seus interesses comerciais, a burguesia buscou a implantação de uma nova insti- tuição política - o Estado Moderno, que se caracterizava pela maior unidade do poder e, consequente- mente, pelos ordenamentos jurídicos centralizados, os quais possibilitavam oferecer maior segurança jurídica e garantias aos ...

Quais são os interesses da burguesia?

O burguês defendia valores que eram estranhos à sociedade medieval como a liberdade pessoal, livre comércio, direitos religiosos e civis. Ao mesmo tempo, a Europa vive o chamado “Renascimento Comercial” através das Cruzadas, e da expansão ultramarina dos séculos XV e XVI.