O coprocessamento é uma forma de fazer a destinação final de resíduos gerando energia e impedindo que o material vá para aterros e lixões Show
O crescimento econômico, populacional e tecnológico dos nossos dias faz com que cada vez mais resíduos sejam gerados. Além disso, estamos inseridos em uma cultura que descarta muito, não reaproveita e ainda utiliza recursos naturais não renováveis para que mais produtos sejam produzidos e, consequentemente, mais resíduos sejam gerados. A cada ano aumenta consideravelmente as toneladas de resíduos que o poder público deve manejar e gerenciar. Porém, o problema não se limita ao lixo doméstico, mas se expande graças à acelerada cultura do consumo e à produção intensa de vários produtos por indústrias dos mais diversos setores. Acontece que, para a natureza, não existe ‘jogar fora’ e todos esses resíduos – quando não são reciclados – acabam indo parar em aterros sanitários e lixões, comprometendo toda a vida na Terra. Por sorte o Brasil possui uma legislação clara e completa, a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) que atribui como responsabilidade das empresas os resíduos resultantes de suas atividades. É nesse contexto que o coprocessamento surge como uma alternativa rentável, eficaz e ecológica. Dessa forma, através do coprocessamento, resíduos são reutilizados como matéria-prima para indústrias, reduzindo gastos financeiros e impactos ambientais. Você já nos viu comentar sobre Coprocessamento diversas vezes aqui no blog da Ecoassist. Por isso você deve estar se fazendo a pergunta… O que é coprocessamento? Como é feito o coprocessamentoA palavra “coprocessamento” faz uma conexão entre dois processos: queima de resíduos sólidos que seriam descartados em lixões e aterros, e a fabricação de itens que necessitam de altas temperaturas em seus processos produtivos. Uma indústria que integra esses dois processos é a indústria do cimento. Qual a diferença entre coprocessamento e incineraçãoDentro da técnica de queima para geração de energia há dois tipos: coincineração: o resíduo incinerado deve ter um alto poder calorífico e, sua queima, visa exclusivamente a substituição de um combustível. Seu objetivo é a geração de energia. coprocessamento: o resíduo pode ser usado para a incineração e geração de energia, mas também, como matéria prima para se misturar ao clínquer. O clínquer é, basicamente, uma mistura homogênea (em pó) de diferentes matérias-primas moídas e misturadas e que, após submetida a altíssimas temperaturas, se transformam em rocha.O clínquer é o material mais básico para a fabricação de cimento. Após a transformação da matéria-prima em clínquer, ele é misturado com outros materiais como gesso (gipsita), calcário, pozolana ou escória, a fim de obter diversos tipos de cimento. Processo de produção do clínquerVocê já descobriu do que é feito o clínquer e qual sua importância na fabricação do cimento, mas e o processo de produção desse material? Você sabe como funciona? Vamos descobrir! A principal matéria prima para fabricação do clínquer é a rocha calcária e, além dela, também costuma-se usar em menor proporção argila, óxidos de ferro e alumínio. Para isso, esses materiais são queimados e moídos em um forno rotativo com temperatura de até 1450º C. O primeiro passo da fabricação é refinar as matérias primas e, para isso, as rochas calcárias passam por um processo de britagem e trituração até ser obtido um pó fino. Em seguida, todas as matérias primas são misturadas, resultando em um pó chamado de “farinha” ou “cru”. Com a farinha pronta ela é introduzida em um forno rotativo aquecido até 1450º C para que a clinquerização aconteça. Para que o forno atinja a temperatura de 1450º C e para que ele funcione rotativamente é necessário o uso de bastante combustível que, na maior parte das vezes, não são renováveis (como o petróleo e o carvão). Entre os combustíveis utilizados alguns merecem destaque, na categoria combustíveis sólidos, são usados coque de petróleo e gasolina e, entre os gasosos, o gás natural. O coque de petróleo é o principal combustível utilizado para a fabricação do clínquer, graças ao seu alto poder calorífico e ao seu baixo custo de aquisição. Além desses combustíveis convencionais também podem ser utilizados resíduos e rejeitos industriais e de biomassa, resíduos agrícolas e carvão vegetal. O último passo para a fabricação do clínquer é sua passagem por um forno onde o material será bruscamente resfriado por rajadas de ar a fim de estabilizar sua estrutura e recuperar o calor. Durante as elevadas temperaturas necessárias dentro dos fornos rotativos ocorre uma reação química de calcinação do calcário, ou seja, quando a rocha calcária (CaC03) é transformada em cal virgem (CaO) e liberando grandes quantidades de gás CO2. Isso nos leva a outra questão sobre como funciona o coprocessamento…
Quais os impactos ambientais da fabricação de cimento?O processo de fabricação do clínquer na indústria cimenteira exige um consumo muito alto de energia, isso tanto em forma de energia térmica com a queima de combustíveis para aquecer os fornos rotativos, como também na forma de energia elétrica que é consumida em todas as etapas do processo industrial para movimentar máquinas e fazer girar os fornos rotativos. A maior parte desse consumo fica por conta do gasto de energia térmica com o uso de combustíveis. A boa notícia é que o processo de fabricação do clínquer não gera resíduos sólidos pois as cinzas provenientes da queima dos combustíveis no forno rotativo são incorporadas ao próprio clínquer. A má notícia é que existe uma alta emissão de poluentes gasosos e material particulado ao longo da fabricação do clínquer. A queima dos combustíveis nos fornos emitem gases poluidores como o dióxido de carbono, o óxido de enxofre, óxido de nitrogênio, monóxido de carbono, compostos de chumbo e material particulado, sendo todos eles poluentes. Isso sem contar nos impactos ambientais durante a etapa de extração das matérias-primas. Nesse caso pode ocorrer desmoronamentos nas pedreiras de calcário e erosões devido às vibrações produzidas no terreno durante a extração. Já a extração de argila em rios pode causar um aprofundamento do curso da água, diminuindo a quantidade de água nos leitos dos rios e atrapalhando a vida que existe ali, diminuindo a biodiversidade de várias regiões. Coprocessamento de resíduos em fornos de cimentoNo entanto, o coprocessamento surgiu como uma alternativa que causa menos impacto ambiental e ainda é mais barata. Porém, para que o coprocessamento cumpra seu papel de melhorar o desempenho econômico da indústria cimenteira usando menos combustível fóssil e ainda, diminuindo a quantidade de resíduos sólidos em aterros e lixões, é necessário seguir as instruções do Conama. O Conselho Nacional do Meio Ambiente recomenda que, para que seja possível a queima de resíduos em fornos de clínquer, a fábrica apresente todas as condições técnicas e ambientais necessárias para atender aos padrões exigidos. Isso significa que a indústria deve possuir uma linha de produção moderna, um processo estável de fabricação, que seja regulado e otimizado, possua dispositivos altamente eficientes de retenção de material particulado e de lavagem de gases gerados na combustão, por fim, deve contar com queimadores especialmente projetados para diversos tipos de combustíveis. Todas as indústrias de coprocessamento que a Ecoassist tem parceria para descarte final de resíduos e rejeitos são regulamentadas e atendem a todos os requisitos exigidos pelo Conama. O que é blendagem no coprocessamento?Você já deve ter ouvido essa pergunta e realmente o assunto “coprocessamento” causa muitas dúvidas. A blendagem nada mais é do que uma separação e descaracterização dos resíduos a serem coprocessados, misturados e triturados seguindo proporções físico e químicamente ideais para que a mistura possa ser considerada um blend e sua queima, eficaz. Quais resíduos são passíveis de coprocessamento?Pode parecer simples, em teoria, bastaria ter uma grande quantidade de resíduos, moer e fazer sua queima para gerar energia. Porém não é bem assim, como dissemos anteriormente, o blend precisa atender a qualidades físicas e químicas necessárias para que o processo funcione. Como você já pode imaginar, não é qualquer resíduo que pode ser coprocessado. Aqui na Ecoassist alguns dos resíduos que mais damos a destinação final de coprocessamento são resíduos têxteis, carpete e borracha.
E muitos outros! No Brasil o principal resíduo utilizado para coprocessamento são os pneus inservíveis. Um artigo publicado pelos pesquisadores Miguel Afonso Sellitto, Nelson Kadel Jr., Miriam Borchardt, Giancarlo Medeiros Pereira e Jeferson Domingues, da Unisinos, na revista Ambiente & Sociedade (leia o artigo completo aqui) fala sobre o reaproveitamento de pneus e cascas de arroz na produção de cimento. Como o coprocessamento surgiu no BrasilA tecnologia do coprocessamento já era utilizada na Europa, Estados Unidos e Japão há quase 40 anos, quando, na década de 90 o Brasil finalmente começou a empregar o coprocessamento. O motivo disso? Crise financeira e crise do petróleo. O coprocessamento foi uma das saídas experimentadas pelo setor cimenteiro no final da década de 1980 para sobreviver à crise desencadeada pela recessão da economia brasileira. Com a técnica do coprocessamento as indústrias perceberam que estavam tendo um gasto menor com combustíveis e assim, a tecnologia se popularizou. O início de tudo foi na década de 1990 nas cimenteiras de Cantagalo (estado do Rio de Janeiro). Sendo assim, o que no passado foi visto como uma tecnologia para solucionar o problema de gasto com o consumo energético, hoje é considerado uma solução para a destinação final de resíduos sólidos. Quais as vantagens do CoprocessamentoSão muitas vantagens para o coprocessamento, vantagens para empresas, para o meio ambiente e para a sociedade:
Quais as vantagens do coprocessamento para empresasComo dissemos anteriormente, o coprocessamento passou a ser visto mais como uma solução ambiental e menos como um recurso de otimização energética. Sendo assim, fazer o coprocessamento de resíduos industriais é a melhor solução. A lei nº 12.305/10 da Política Nacional de Resíduos Sólidos é bastante abrangente e completa, atribuindo responsabilidades ao poder público, privado e ao cidadão brasileiro sobre resíduos, rejeitos e a obrigatoriedade do descarte ecologicamente correto. Sendo assim, a PNRS instrui a respeito dos resíduos sólidos (materiais que podem ser reciclados ou reaproveitados) domésticos, industriais, agrícolas entre outros, e também a respeito dos rejeitos (itens que não podem ser reaproveitados). Com a Ecoassist as empresas se sentem seguras por estarem cumprindo a legislação. A Ecoassist atua recolhendo os resíduos, encaminhando para triagem em sua sede, descaracterizando o material e, por fim, enviando para indústrias confiáveis, que estão de acordo com o padrão do Conama e legislações. E se você gostou desse artigo também vai gostar de ler: Material de Merchandising – como descartar Qual a principal vantagem da incineração?Reduz o volume de resíduos: A maior vantagem do processo de incineração é a drástica redução dos resíduos que seriam destinados para aterros. Como consequência dessa redução, o aterro no qual os resíduos seriam enviados acaba ganhando mais espaço e vida útil.
Quais são as vantagens e desvantagens da incineração?Os materiais resultantes da queima ainda podem ser comercializados para produção de artesanato, cerâmica e até borracha. A incineração é um método que reduz significativamente o volume de lixo, mas a sua grande desvantagem é o seu alto custo. Os incineradores têm alto custo de implantação, manutenção e operação.
Quais são as desvantagens a incineração pode ter?Dentre as desvantagens da incineração do lixo estão
A incineração libera gases que podem poluir a atmosfera provocando impactos ambientais. Os gases resultantes da incineração são bastante tóxicos, por isso devem passar por um processo de tratamento. A escória resultante da incineração também deve ser tratada.
Quais são as vantagens do processo de incineração no tratamento dos resíduos sólidos perigosos?As principais vantagens do processo de incineração são a destruição total de substâncias que podem provocar doenças, a redução de 90% do resíduo inicial, o controle das emissões atmosféricas e a não contaminação de solos e mananciais.
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