Como deve ser uma sala de aula inclusiva?

Lu�s de Miranda Correia, Ana Paula Martins e Rosa Maria Ferreira

Como deve ser uma sala de aula inclusiva?

Show

     �ndice
  • APOIOS EDUCATIVOS: defini��o e papel
  • ESTRAT�GIAS A UTILIZAR EM SALAS DE AULA INCLUSIVAS
  • CRIAR UM AMBIENTE DE INTERAC��ES POSITIVAS
       Recep��o aos alunos com necessidades educativas especiais
       Promover a amizade entre os alunos com e sem necessidades educativas especiais
       Sensibilizar os alunos para a inclus�o
  • PROMOVER A AQUISI��O DE COMPORTAMENTOS DESEJADOS
  • IMPLEMENTAR PR�TICAS EDUCATIVAS FLEX�VEIS
      Aprendizagem em coopera��o
      Tecnologias de Informa��o e Comunica��o

APOIOS EDUCATIVOS

Numa escola inclusiva o papel dos apoios educativos � fundamental uma vez que ir� permitir que o objecto das planifica��es individualizadas seja alcan�ado.

Os apoios educativos, que poderemos definir como sendo o conjunto de interven��es prescritas pelas planifica��es, destinam-se a munir o aluno com NEE com um rol de compet�ncias que possam contribuir para a sua inser��o futura na sociedade, autonomizando-o e responsabilizando-o.

Do nosso ponto de vista, as figuras educacionais que devem personalizar tais apoios ser�o o auxiliar de ac��o educativa e o professor de apoio.

Por auxiliar de ac��o educativa queremos dizer um indiv�duo cujas habilita��es acad�micas devam estar ao n�vel do 12.� ano e cujas fun��es n�o s� se prendam com a organiza��o de tarefas rotineiras, como o s�o o registo da assiduidade, a vigil�ncia nos recreios e nos autocarros, a supervis�o das refei��es, mas tamb�m com a execu��o de tarefas instrucionais, tal como, levar a cabo actividades programadas pelos educadores ou professores, prestar assist�ncia ao educador ou professor da turma, apoiar os alunos de acordo com os crit�rios estabelecidos nas programa��es individualizadas e participar em reuni�es de grupo/equipa.

Quanto ao professor de apoio, este deve ser um professor com habilita��o pr�pria, cujas fun��es devem ser paralelas �s suas �reas fortes de doc�ncia, ou seja, se, por exemplo, a �rea forte do professor for a l�ngua portuguesa, ent�o ele ser� determinante na consecu��o dos objectivos globais e espec�ficos referentes � leitura e � escrita, contidos nas programa��es individualizadas elaboradas para os alunos com NEE. Atrav�s do preceituado nos objectivos, o professor de apoio levar� o aluno a adquirir as respectivas compet�ncias numa �rea determinada.

Como nota final, � importante que n�o se confunda o papel do professor de apoio com o papel do professor de educa��o especial. Este, como j� vimos no primeiro cap�tulo desta obra, � um t�cnico especializado, cujas fun��es s�o cada vez mais de consultoria e menos de apoio directo, que se enquadra na componente educacional dos servi�os de educa��o especial.

ALGUMAS ESTRAT�GIAS A UTILIZAR EM SALAS DE AULA INCLUSIVAS

O movimento inclusivo exige uma grande reestrutura��o da escola e da classe regular por forma a provocar mudan�as substantivas nos ambientes educacionais de todos os alunos e n�o apenas nos daqueles que apresentam NEE, uma vez que inclus�o n�o � sin�nimo de educa��o especial (Correia,1997; Booth e Ainscow,1998).

Como j� vimos anteriormente, inclus�o pressup�e aprendizagem em conjunto e educa��o especial pressup�e uma gama de servi�os de apoio especializados. Assim, a implementa��o de um modelo inclusivo ao exigir mudan�as educacionais significativas, n�o se desenrola segundo um padr�o previs�vel, mas sim segundo um conjunto de factores cuja flexibilidade � aparente. De entre eles, poderemos referir aqueles ligados a tra�os culturais, a par�metros organizacionais e operacionais e a situa��es instrucionais.

Neste sentido, passamos a descrever, ainda que sucintamente, algumas estrat�gias, que se constituem como partes interdependentes quanto � implementa��o de uma comunidade educativa interessada, din�mica, e bem sucedida. Ignor�-las ou limitar a sua ac��o pode descaracterizar o processo de inclus�o, criando situa��es prop�cias ao despejo de alunos com NEE nas classes regulares, transformando-os em crian�as frustradas, acad�mica e pessoalmente.

CRIAR UM AMBIENTE DE INTERA��ES POSITIVAS

Lang e Berberich (1995), citados por Smith, Pollaway, Patton e Dowdy (2001), sugerem que a sala de aula deve ser um local onde as necessidades humanas b�sicas devem ser tidas em considera��o.

O professor desempenha um papel importante na cria��o de ambientes educacionais positivos e enriquecedores. As suas atitudes influenciam imenso a inser��o harmoniosa dos alunos com NEE na classe regular, dado que se elas n�o forem adequadas, os alunos sem NEE rapidamente ficam menos receptivos � aceita��o dos colegas com NEE. As expectativas devem ser igualmente altas em rela��o aos alunos com NEE e os seus conhecimentos devem permitir-lhe responder �s suas necessidades individuais (educa��o apropriada), reconhecendo que a aten��o � diversidade exige um conjunto de estrat�gias de ensino diferenciadas.

O professor deve ainda ser um modelo para os alunos, proporcionando-lhes um ambiente acolhedor que suscite o aumento das interac��es entre alunos sem NEE e alunos com NEE, fomentando entre eles sentimentos de amizade e de valoriza��o da diferen�a. Segundo Smith e cols. (2001) os alunos com NEE s� se sentem verdadeiramente inclu�dos na classe regular quando s�o academicamente apreciados pelo professor e socialmente aceites pelos colegas. Assim, entre outros aspectos, ser� importante que o professor organize uma recep��o adequada � crian�a com NEE, promovendo um clima de amizade entre todas os alunos e sensibilizando-os para a filosofia inclusiva.

Recep��o aos alunos com necessidades educativas especiais

Embora pare�a simples receber uma crian�a com NEE na classe regular, frequentemente tal n�o acontece. O mais comum � a recep��o n�o ser a mais adequada, provocando no aluno com NEE sentimentos de inadequa��o, dando-lhe a sensa��o de n�o ser bem vindo � escola e provocando nos pais comportamentos por vezes hostis (Giangreco,1997).

No entanto, o professor, com o intuito de minimizar situa��es de mal-estar, pode considerar um conjunto de actividades que ajudem a criar verdadeiras comumidades de apoio que permitam a todos os alunos aprenderem um pouco sobre cada um, se sintam bem vindos e inseridos na turma. Seguidamente apresentamos algumas dessas actividades, muitas delas j� usadas nas nossas escolas, que poder�o ajudar o professor a integrar os alunos com NEE.

Actividade: Voc�s v�o conhecer-se... melhor

Esta actividade requer algum tempo no in�cio do ano lectivo e tem por fim um melhor conhecimento entre os alunos. "Voc�s v�o conhecer-se melhor" desenrola-se da seguinte forma:

O professor distribui cart�es a todos os alunos. Cada aluno deve escrever o seu nome no centro do cart�o. Depois deve escrever nos quatro cantos do cart�o as respostas a estas quatro perguntas:

  1. No canto superior esquerdo: "Onde � que nasceste?"

  2. No canto superior direito: "Qual � a tua comida favorita?"

  3. No canto inferior esquerdo: "Que � que gostas mais de fazer?"

  4. No canto inferior direito: "De que � que te orgulhas muito?"

Depois de completados, os cart�es devem ser colados nas camisolas dos alunos. De seguida, juntam-se dois a dois, que se entrevistam mutuamente, tentando apurar o m�ximo de informa��o. Logo ap�s a entrevista, cada aluno deve apresentar o seu par ao grande grupo ou a um grupo de 4/6 alunos (adaptado de Winebrenner,1996).

Actividade: Diz ol� a um colega que...

"Diz ol� a um colega que..." � uma actividade que permite que, de uma forma agrad�vel, os alunos descubram informa��o interessante sobre os colegas. Esta actividade ajuda os alunos com NEE a serem reconhecidas e a sentirem-se integradas na turma.

O professor distribui a cada crian�a um cart�o "Diz ol� a um colega que...".

Durante 15 minutos as crian�as circulam pela sala e recolhem assinaturas de colegas. O professor deve explicar que cada crian�a s� pode fazer uma assinatura por cart�o (na respectiva frase) e que n�o pode fazer na sua. Cada crian�a deve tentar recolher o m�ximo de assinaturas poss�vel. Quando uma crian�a assina o cart�o de um colega ambos devem dizer "Ol� (nome), � um prazer conhecer-te". No fim dos 15 minutos pode ser feita uma pequena reuni�o, talvez em c�rculo, para se comentar o que cada um descobriu (adaptado de Winebrenner,1996).

Actividade: Descobrir os interesses...

A actividade "Descobrir os interesses..." ajuda o professor a conhecer melhor os seus alunos e a fazer com que todos se sintam bem-vindos.

Durante a primeira semana de aulas o professor deve distribuir c�pias do question�rio (v. abaixo) como trabalho de casa, dizendo aos alunos que devem pedir aos familiares para os ajudarem a preench�-lo (adaptar o question�rio de acordo com a idade ou caracter�sticas da crian�a).

Quando receber os question�rios, o professor deve l�-los com aten��o e discuti-los na sala de aula. Pode utilizar esta informa��o de diversas formas. Por exemplo, pode basear-se nela para sugerir temas para o Projecto Educativo da Escola, para planear actividades e refor�os, para conversar com um aluno que demonstra desinteresse, etc. 

Question�rio

  1. Que tipo de programas televisivos gostas de ver? Porqu�?

  2. Quais s�o os teus passatempos? Quanto tempo costumas dedicar-lhes?

  3. Se pudesses escolher o que quisesses, o que escolherias? Porqu�?

  4. Quais s�o os teus jogos preferidos?

  5. Que tipo de filmes gostas de ver? Porqu�?

  6. Conta-me sobre as f�rias que mais gostavas de ter.

  7. O que � que gostas mais de fazer na escola?

  8. O que � que gostas menos de fazer na escola?

  9. O que � que costumas coleccionar?  O que fazes com o que coleccionas?

  10. Qual a profiss�o que gostarias de ter quando cresceres?

  11. Que tipo de livros gostas de ler?

  12. Quais s�o as tuas revistas favoritas?

  13. Que sec��es do jornal gostas mais de ler?

  14. Quando tens tempo livre o que � que gostas de fazer?

  15. Imagina que podias inventar algo que faria do mundo um local melhor. Descreve a tua inven��o.

  16. O que � que tu fazes muito bem?

  17. Conta-me algo mais sobre ti.

(Question�rio: Descobrir interesses, adaptado de Winebrenner,1996, por Costa e Martins, 2001.)

Actividade: Os presentes...

A actividade "Os presentes" tem sido utilizada com bastante sucesso junto de crian�as do 1." Ciclo do Ensino B�sico no sentido de elas aprenderem a respeitar as diferen�as individuais. Para efectu�-la, o professor deve proceder da seguinte forma:

1- Escolhe diversos presentes, uns considerados "muito bons" (por exemplo livros, brinquedos ou jogos) e outros considerados "menos bons" (por exemplo talheres, guardanapos ou copos). Depois, deve fazer embrulhos bonitos, com papel colorido, para os presentes considerados "menos bons" e embrulhos com papel de jornal para os presentes considerados "muito bons". Os embrulhos de diversos tamanhos e formas devem ser colocados numa caixa de cart�o e levados para a sala de aula.

2 - Reunir os alunos em c�rculo e colocar os embrulhos no centro. Posteriormente deve perguntar-lhes se s�o capazes de adivinhar quais s�o os embrulhos que cont�m os melhores presentes (a maior parte dir� que s�o os embrulhos de papel colorido).

3 - Pedir aos alunos para desembrulharem os presentes. Depois, deve conversar com eles sobre o facto de n�o se poder adivinhar o que est� dentro de um embrulho apenas pelo seu aspecto exterior.

4 - Pedir �s crian�as para descreverem fisicamente cada um dos seus colegas, como se de um presente embrulhado se tratasse (devem mencionar a cor dos olhos, do cabelo, a altura, a cor da pele, como est�o vestidos, etc.). Em seguida, a crian�a descrita deve revelar algo interessante sobre si (algo que n�o se veja); pode ser um pensamento, um sentimento, uma experi�ncia, um gosto pessoal, um passatempo, um interesse ou um talento.

5 - Estabelecer a seguinte analogia com todas as crian�as: "Tal como n�o podemos adivinhar o que est� dentro de um embrulho apenas pelo seu aspecto exterior, tamb�m n�o devemos julgar algu�m (os seus pensamentos, comportamentos, personalidade, sentimentos) apenas pela sua apar�ncia". Usar, como exemplo, o prov�rbio: "quem v� caras, n�o v� cora��es" (Adaptado de Cummings,1996, por Costa e Martins, 2001).

Promover a amizade entre alunos com e sem necessidades educativas especiais

Os amigos s�o vitais na vida de todas as crian�as e adolescentes. Esta ideia, no entanto, tem sido bastante negligenciada, descurando-se a sua import�ncia no relacionamento e crescimento dos alunos. As amizades, que aumentam � medida que as crian�as v�o crescendo, podem ser �teis durante os per�odos de transi��o (Berndt e Hawkins,1987), podem servir de modelo ou dar apoio emocional ( Berndt,1989; Cauce e cols.,1990; Howes e Mueller,1980) e podem ainda constituir oportunidades de desenvolvimento de comportamentos sociais e de comunica��o adequados (Hartup,1983; Howes,1983, citado por Turnbull e cols.,1995).

Numa classe regular, os alunos sem NEE interagem quase obrigatoriamente com os alunos com NEE, em actividades v�rias, muitas delas de ajuda (por exemplo, movimentando-os ao longo da sala, indo buscar-lhes materiais). Isto n�o significa que exista amizade entre eles, uma vez que em muitos casos os alunos com NEE s�o tratados de uma forma paternalista (Evans, Salisbury, Palombaro, Berryman e Hollowood,1992).

O professor de educa��o especial e o professor titular da turma, ao colaborarem entre si, devem apresentar informa��o relevante sobre as NEE � turma, a outros profissionais de educa��o e aos pais. Devem ainda implementar abordagens que permitam que as crian�as aprendam em conjunto, proporcionando-lhes oportunidades para trabalharem em tutoria ou parceria, promover comportamentos de interac��o social entre todos os alunos para que, desta forma, ajudem o aluno com NEE a sentir-se inserido na turma e a sentir-se parte de uma comunidade.

Na aus�ncia de interac��es positivas entre alunos com NEE e sem NEE, o professor pode considerar um processo que envolva e comprometa os alunos a interagirem entre si. Para criar interac��es positivas, apresentamos a seguir uma actividade denominada "c�rculos da amizade" (Pearpoint, Forst, O'Brien 1996; Falvey e Rosenberg,1995). Este tipo de actividade pretende fomentar a amizade, principalmente �queles alunos que n�o est�o integrados ou que t�m uma rede de amigos muito circunscrita.

Actividade: C�rculos da amizade...

A actividade "C�rculos da amizade" come�a com uma tarefa de explora��o social que permite uma observa��o r�pida de quem � quem na vida de uma crian�a. Este processo � muito �til uma vez que permite clarificar o envolvimento dos alunos em determinadas actividades.

Para come�ar este processo, pede-se ao aluno que: 

  1. Desenhe quatro c�rculos conc�ntricos, uns dentro dos outros ;

  2. Imagine que est� no centro dos c�rculos, escrevendo o seu nome;

  3. Preencha os c�rculos da seguinte forma:

Sobre a linha do primeiro c�rculo deve escrever o nome das pessoas mais pr�ximas, mais �ntimas da sua vida; aquelas sem as quais a vida seria um pesadelo.

Sobre a linha do segundo c�rculo deve escrever o nome dos seus melhores amigos;

Sobre a linha do terceiro c�rculo deve escrever o nome de pessoas conhecidas de quem gostam e com quem se encontram no dia a dia (por exemplo na catequese, no gin�sio, na piscina, etc.).

Sobre a linha do quarto c�rculo deve escrever o nome das pessoas que Ihe proporcionam servi�os (por exemplo professores, psic�logos, m�dicos, terapeutas, etc.)

� importante dizer aos alunos que os nomes de certas pessoas podem estar em mais do que um c�rculo.

O professor deve ir modelando a actividade, preenchendo os seus pr�prios "c�rculos da amizade". Quando todos tiverem terminado, deve come�ar o processo de discuss�o. O professor pode inici�-lo dizendo �s crian�as que se pode aprender muito sobre uma pessoa olhando para o seu c�rculo de amigos. A seguir, deve dar exemplos, podendo pedir a um volunt�rio (geralmente um aluno sem NEE) para partilhar com os colegas os seus "c�rculos da amizade". Neste caso, provavelmente, � partilhado um c�rculo que demonstra uma vida cheia de oportunidades e de experi�ncias significativas. A seguir, o professor deve discutir os "c�rculos da amizade" de uma crian�a com NEE no sentido de todos poderem reflectir sobre o padr�o dos seus "c�rculos da amizade".

Finalmente, o professor deve colocar algumas quest�es como as seguintes: "Como � que voc�s descreviam as amizades deste colega?", "Que tipo de pessoas fazem parte da vida dele?"; Como � que voc�s se sentiam se n�o tivessem amigos? ( geralmente as crian�as respondem que se sentiriam sozinhas, confusas, rejeitadas, horr�veis, frustradas, tristes e desanimadas), "O que � que voc�s fariam se n�o tivessem amigos?" (geralmente as crian�as respondem que ficavam em casa, tentavam fazer amigos, n�o iam � escola, iam para uma ilha deserta, bebiam, tomavam drogas, etc.).

Estas quest�es permitem que se levante uma discuss�o na qual os alunos tendem a falar sobre as press�es que eles sentem na escola, em casa e na comunidade em geral. O professor deve saber ouvir, saber mediar as discuss�es e encontrar solu��es que fa�am com que se criem verdadeiros circulos de amizade ara aqueles ue deles necessitam.

Os c�rculos da amizade, por se constitu�rem como um instrumento poderoso conducente a interac��es muito positivas entre os alunos, n�o devem ser usados pelo professor uma ou duas vezes, devem, sim, fazer parte da vida escolar dos alunos no sentido de permitirem a cria��o de verdadeiras redes de amizade e de respeito m�tuo entre os alunos, sem e com NEE.

Sensibilizar os alunos para a inclus�o

Os professores desempenham um papel crucial no que respeita � inser��o f�sica, acad�mica e social dos alunos com NEE na classe regular. Sensibilizar os alunos sobre os tipos de diferen�as que existem entre as crian�as, incluindo os que apresentam NEE, � um dos aspectos no qual o professor se dever� empenhar. Tal contribuir� para uma escola melhor, no sentido em que promover� o desenvolvimento de atitudes mais positivas perante as NEE, desencadear� amizades mais duradouras entre os alunos e solidificar� princ�pios, morais e �ticos, que criem uma maior sensibilidade perante as necessidades dos outros. Segundo Smith e cols. (2001), esta sensibiliza��o tem como objectivo criar atitudes mais positivas perante as crian�as com NEE, atenuando algumas preocupa��es que possam existir. Face � inclus�o, muitas vezes pretendemos que os alunos percebam as necessidades daqueles que s�o diferentes e que os recebam na classe como membros v�lidos e activos, esquecendo-nos que muitos dos alunos sem NEE nunca estiveram envolvidos com alunos com NEE. Como tal, para que se criem ambientes de bom entendimento em classes inclusivas, os alunos devem desenvolver as seguintes compet�ncias:

∆  Conhecimento: informa��o precisa sobre as diferen�as espec�ficas dos colegas com NEE e qual o impacto dessas diferen�as;

∆  Interac��es: desenvolvimento de um conjunto de interac��es entre os alunos que conduzam ao desenvolvimento de redes de apoio e de amizade (Schuls e Carpenter,1995, citados por Smith e cols., 2001).

Vamos passar agora a exemplificar um vasto conjunto de t�cnicas - di�logos, simula��es, jogos, convidados, interac��es sociais, v�deos - que podem ser utilizadas para promover a sensibiliza��o � diversidade. Nunca deve ser usada uma s� t�cnica.

Di�logos:Proporcionar di�logos na sala de aula � uma boa forma de abordar assuntos relacionados com as NEE. Os t�picos para estes di�logos podem ser encontrados em v�rias fontes, tal como livros, filmes, jornais, revistas, reportagens televisivas, internet ou, mesmo, atrav�s de convites a pessoas da comunidade. Tamb�m atrav�s de alguns conte�dos curriculares se pode falar sobre pessoas adultas conhecidas que tenham sido alunos com NEE, como, por exemplo, Thomas Edison, Albert Einstein, Ludwing von Beethoven ou Stevie Wonder. O professor deve indicar a raz�o pela qual a pessoa � conhecida, bem como os desafios a que esteve sujeita. A informa��o e a terminologia usadas devem ser recentes, no sentido de se evitarem mal entendidos ou de se darem ideias e conceitos errados sobre as NEE.

Simula��es: Uma simula��o � uma actividade na qual os alunos experienciam o que representa ter uma necessidade educativa especial em contextos de escola, de famlia e de comunidade. Um dos aspectos mais importantes ap�s as actividades de simula��o � promover di�logos entre os alunos para eles falarem sobre o que sentiram e de que forma as experi�ncias vividas os v�o tornar mais sens�veis e respeitadores em rela��o aos seus colegas com NEE. Embora as simula��es possam ser eficazes, elas devem ser utilizadas com algum cuidado, dado que os alunos precisam de compreender que simular n�o � exactamente o mesmo que ter uma NEE (Friend e Bursuck,1996).

Passamos a apresentar, de seguida, algumas actividades que permitem simular problemas motores, sensoriais e cognitivos.

Simula��o de problemas motores: Podemos simular problemas motores utilizando materiais simples. Por exemplo, para que os alunos vivenciem experi�ncias relacionadas com problemas ao n�vel da motricidade fina, podemos pedir-lhes para que:

a) usando luvas - de material e forma variados - apanhem e encaixem clipes, escrevam, pintem, distribuam folhas, folheiem um livro;

b) pintem com a boca (por exemplo num papel de cen�rio, fazer um painel alusivo ao tema da solidariedade);

c) joguem cartas utilizando a m�o n�o dominante.

Os alunos podem viver experi�ncias relacionadas com problemas ao n�vel da motricidade global, realizando jogos (por exemplo voleibol ou t�nis) sentados ou dando uma volta pela escola utilizando uma cadeira de rodas.

Simula��o de problemas sensoriais: Os alunos podem simular problemas auditivos utilizando "tamp�es auriculares", que podem usar enquanto almo�am, ve�m televis�o, falam ao telefone ou v�o ao cinema.^Para se simularem problemas visuais devem tapar-se os olhos aos alunos e realizar actividades do tipo acad�mico e social. Como exemplo, sugere-se ler algo que est� escrito no quadro, jogar com uma bola de guizos e deslocar-se em determinados lugares da escola.

Simula��o de problemas cognitivos: Podemos promover as seguintes actividades no sentido de os alunos viverem as frustra��es inerentes a esta problem�tica. O professor pode pedir-lhes que, utilizando a m�o n�o dominante, escrevam o seu nome num cart�o, que desenhem um padr�o dado, observando apenas os movimentos num espelho, que joguem aos opostos (saltar com o p� direito quando o professor indicar que saltem com o p� esquerdo, correr para a frente quando o professor indicar que corram para tr�s, etc.) ou, ainda, que leiam um texto considerado avan�ado para o seu n�vel de leitura e respondam a perguntas complexas.

O di�logo em grupo, realizado ap�s as actividades de simula��o, pode incidir sobre as dificuldades e as barreiras que cada aluno encontrou, nomeadamente quanto �s dificuldades encontradas na realiza��o de tarefas simples, quanto ao querer desistir quando n�o parece haver solu��o, quanto � preocupa��o sobre o que os outros pensam quando v�m que eles n�o s�o capazes de fazer algo que todos fazem facilmente e quanto ao facto de se necessitar de ajuda com frequ�ncia.

PROMOVER A AQUISI��O DE COMPORTAMENTOS DESEJADOS

A aquisi��o de comportamentos desejados, quer eles sejam acad�micos, pessoais ou sociais deve ser sempre um objectivo que o professor tenha em mente. O refor�o constitui a forma mais eficaz de solidificar determinado comportamento desejado. Existem dois tipos de refor�os, os positivos e os negativos. A principal diferen�a entre eles � que o refor�o positivo consiste na exist�ncia de uma recompensa, com o objectivo de se aumentar determinada resposta, enquanto que o refor�o negativo consiste na remo��o da recompensa tendo o mesmo objectivo, aumentar determinada resposta.

A recompensa, material ou social, no que diz respeito ao refor�o positivo, pode tomar v�rias formas, nomeadamente, objectos, comida, roupa, contacto f�sico, sorrisos, privil�gios, jogos, actividades diversas, etc. A efic�cia do refor�o depende da selec��o das recompensas que o professor considerar. Assim, � importante que se identifiquem refor�os naturais, que se fale com a fam�lia da crian�a, que se observe a crian�a e os colegas e que se proporcione ao aluno a escoIha das recompensas (Falvey e Grenot-Scheyer,1995). O professor pode, ainda, utilizar um invent�rio de interesses para, n�o s� determinar a melhor recompensa, mas tamb�m para melhor conhecer o aluno.

� importante que o professor recorra, sempre que poss�vel, a refor�os abstractos/intr�nsecos (por exemplo "ouvir um CD" ou "pintar ") e s�, quando necess�rio, � que deve recorrer a refor�os concretos/materiais (por exemplo "comida", ou "brinquedos").

Para que o refor�o positivo seja eficaz deve ser individualizado, representar uma recompensa para o aluno, ser contingente ao comportamento desejado e apresentado imediatamente ap�s o comportamento desejado.

Um exemplo do princ�pio do refor�o positivo � o contrato, um conceito introduzido pela primeira vez por Homme (1969). Este m�todo consiste num acordo entre dois ou mais indiv�duos (geralmente o professor e o aluno), especificando os comportamentos que o aluno deve elicitar (acad�micos ou sociais) e descrevendo as consequ�ncias a que o aluno est� sujeito caso n�o cumpra o acordo. Os contractos pretendem refor�ar comportamentos desej�veis atrav�s de refor�os frequentes, devendo ser justos e positivos.

No sentido de promover e de aumentar os comportamentos desejados, o professor pode ainda utilizar a conting�ncia de grupo que se traduz no facto de o aluno ou o grupo perder a recompensa (refor�o) consoante o seu comportamento (Bos e Vaughn,1996).

Segundo Smith e colaboradores (2001), existem tr�s tipos de conting�ncias de grupo que passamos a apresentar:

  • Conting�ncias dependentes: todos os membros do grupo partilham o mesmo refor�o se um deles atingir o objectivo tra�ado;

  • Conting�ncias interdependentes: todos os membros do grupo partilham o mesmo refor�o se colectivamente (ou todos individualmente) atingirem o objectivo tra�ado;

  • Conting�ncias independentes: alguns membros do grupo s�o refor�ados por terem, individualmente, atingido o objectivo tra�ado.

As conting�ncias independentes s�o as mais utilizadas na sala de aula, embora os outros dois tipos tamb�m sejam usados de alguma forma. Contudo, um aluno com NEE pode sentir-se mais inclu�do na sala de aula quando os seus comportamentos (�reas fortes) s�o reconhecidos usando a conting�ncia dependente.

O sistema de economia de fichas

O sistema de economia de fichas � frequentemente utilizado pelos professores de educa��o especial. O sistema de economia de fichas � um sistema em que uma recompensa simb�lica (pontos, estrelas, etc.) � dada � crian�a logo ap�s a realiza��o do comportamento desejado. Os s�mbolos em si n�o t�m um valor determinado, mas, no entanto, podem ser trocados por algo material (chocolates, rebu�ados, etc.) ou por privil�gios espec�ficos (por exemplo, cinco minutos de tempo adicional no computador).

O sistema de economia de fichas pode ser mais complexo e, at�, envolver um sistema de n�veis de privil�gios de acordo com as realiza��es atingidas pelo aluno. Os sistemas mais complexos s�o, geralmente, utilizados para lidar com problemas de comportamento graves.

O sistema de economia de fichas deve processar-se da seguinte forma:

  1. O professor identifica o comportamento indesejado;

  2. O professor identifica o comportamento desejado;

  3. O professor indica o comportamento desejado num quadro ou numa folha A4 que deve dar ao aluno;

  4. O professor e o aluno seleccionam o m�todo de recolha de pontos;

  5. O professor explica as regras;

  6. O aluno explica as regras;

  7. Inicia-se o processo de economia de fichas;

  8. O professor avalia o sistema.

A selec��o do m�todo de recolha de pontos depende essencialmente da idade da crian�a. Com as mais novas, o m�todo deve ser mais concreto (fichas, estrelas de prata coloridas, imita��es de dinheiro, etc.), ao passo que com as mais velhas o sistema deve ser mais simb�lico e prolongado no tempo.

A nossa experi�ncia diz-nos que os professores s�o bastante eficientes na utiliza��o destes sistemas, adaptando-os com efic�cia �s caracter�sticas e estilos de aprendizagem dos alunos. Para ser eficaz, o sistema de economia de fichas deve ser flex�vel e planeado cuidadosamente de acordo com as necessidades do aluno.

Finalmente, o professor pode ainda solidificar os comportamentos desejados de um aluno utilizando o principio de Premack (Bos e Vaughn,1998). Este princ�pio tem por base duas actividades, sendo que a actividade que � mais valorizada pode ser usada como forma de refor�ar a actividade que � menos valorizada. Por exemplo, se um aluno participa mais activamente em actividades de matem�tica, e menos activamente em actividades de leitura, o professor pode estipular que s� ap�s a realiza��o de actividades de leitura o aluno pode realizar actividades de matem�tica. A vantagem desta estrat�gia � permitir ao professor utilizar eventos que ocorrem naturalmente na sala de aula. O professor pode list�r por ordem de prefer�ncia, para determinado aluno, as actividades que ocorrem na sala de aula, usando essa ordem par� refor�ar comportamentos desejados.

IMPLEMENTAR PR�TICAS EDUCATIVAS FLEX�VEIS

As pr�ticas prescritas pelo modelo inclusivo t�m como principal objectivo proporcionar a todos os alunos um ensino de qualidade, din�mico e �til. Ensinar, tendo em aten��o as necessidades, os interesses, as caracter�sticas e os estilos de aprendizagem dos alunos, requer a utiliza��o de pr�ticas educativas flex�veis e nunca abordagens rotineiras, pouco diversificadas e iguais para todos os alunos.

Numa escola inclusiva, espera-se que as crian�as se desenvolvam segundo os seus pr�prios ritmos de aprendizagem, pelo que os grupos de trabalho devem ser flex�veis e as estrat�gias e o material usado devem ser, sempre que poss�vel, concretos e estimulantes. Por outro lado, para al�m das actividades de sala de aula, devem ser proporcionadas aos alunos, sempre que poss�vel, actividades que se desenrolem em ambientes fora da classe regular. As abordagens mais frequentes que permitem a realiza��o dessas actividades prendem-se com a aprendizagem em coopera��o, experimental ou baseada em actividades pr�ticas, a realiza��o de projectos, a utiliza��o de tecnologias de informa��o e comunica��o e as tutorias (Hunter,1999; NCER1, 1994/1995, citado por Lipsky e Gartner,1997).

A t�tulo de exemplo, apresentamos a seguir, mais detalhadamente, duas destas abordagens: a aprendizagem em coopera��o e a utiliza��o de tecnologias de informa��o e comunica��o.

Aprendizagem em coopera��o

A aprendizagem em coopera��o � considerada uma abordagem na qual um grupo heterog�neo de crian�as aprende em conjunto, realizando uma s�rie de actividades espec�ficas. Esta t�cnica educacional tem sido bastante utilizada como estrat�gia para o desenvolvimento de interac��es positivas entre alunos que frequentam classes onde a diversidade � grande, promovendo a sua integra��o cultural e racial (Kemp,1992). Para al�m deste aspecto, ela tamb�m tem demonstrado efic�cia no que diz respeito ao apoio a alunos com problemas sociais, � promo��o da inclus�o de alunos com NEE, � adequa��o aos estilos de aprendizagem dos alunos provenientes de culturas diferenciadas, ao aumento do rendimento acad�mico dos alunos e ao melhoramento do clima relacional da sala de aula (Stevens e Slavin,1991; Smith e cols., 2001).

Segundo Pollaway e cols. (2001), quando o professor planifica a aprendizagem em coopera��o deve ter em aten��o quatro par�metros b�sicos:

Primeiro, todos os elementos do grupo devem atingir o objectivo comum, ou seja, todos os alunos devem assumir, em conjunto, tanto o processo de resolu��o de cada tarefa, quanto os resultados que atingirem. Segundo, os elementos do grupo devem ser responsabilizados individualmente, ou seja, eles t�m de possuir as aptid�es necess�rias para completar a tarefa. Assim, o professor, aleatoriamente, deve formar um grupo, avaliar os resultados atingidos e, se estes estiverem correctos, pedir a um dos seus elementos que explique como resolveram a tarefa. Terceiro, a aprendizagem em coopera��o apela a princ�pios de colabora��o. Estes princ�pios devem real�ar o apoio que os alunos d�o uns aos outros (ajudar, elogiar, etc.), bem como o entusiasmo e a contribui��o colocados no trabalho de grupo. Quarto, o professor deve pedir ao grupo que auto-avalie o trabalho que desenvolveu. Tal implica uma reflex�o sobre o trabalho efectuado em grupo e sobre o que deve ser feito para que no futuro o grupo seja ainda mais eficaz, individualmente e colectivamente.

Ainda segundo os mesmos autores, seja qual for a forma como o professor introduz a aprendizagem em coopera��o nas actividade desenvolvidas na sala de aula, os resultados atingidos ser�o melhores se o professor tiver em aten��o a forma��o dos grupos, o esclarecimento do que � a aprendizagem de aptid�es de coopera��o, os conte�dos curriculares a seleccionar e o tipo de aprendizagem em coopera��o a implementar. Vamos, em seguida, abordar sucintamente cada um destes factores.

Forma��o dos grupos de coopera��o.

Uma das primeiras decis�es do professor deve estar relacionada com quem e quantos elementos devem formar o grupo. Independentemente do tipo de abordagem que o professor escolher, a idade, as capacidades e as necessidades dos alunos podem ajudar na forma��o do grupo. O grupo deve ser heterog�neo, devendo os alunos com NEE ser distribu�dos pelos diferentes grupos (o sucesso da aprendizagem em coopera��o est� na percep��o que os alunos t�m sobre o valor e o respeito das contribui��es de cada um).

Quanto ao tempo de dura��o de um grupo, n�o existem par�metros concretos que o defina. Contudo, se se altera a forma��o dos grupos frequentemente, os alunos n�o t�m tempo suficiente para se conhecerem e para atingirem um n�vel elevado que permita aprendizagens eficazes em coopera��o, embora, se se mantiver o mesmo grupo por um per�odo muito longo, os alunos percam a oportunidade de trabalharem com os outros colegas da turma. Em regra geral, os grupos s�o mantidos durante duas ou tr�s semanas ou, se a situa��o exigir per�odos mais longos; eles devem ser alterados pelo menos no fim de cada per�odo escolar.

Aprendizagem de aptid�es de coopera��o.

Antes dos alunos come�arem a trabalhar em conjunto � importante que o professor os muna com algumas aptid�es que digam respeito ao trabalho em coopera��o. Estas aptid�es podem ser divididas em quatro grupos. O primeiro grupo � composto por aptid�es que os alunos necessitam para, de uma forma c�vica, se movimentarem na sala de aula ou para desempenharem tarefas b�sicas. Assim, os alunos devem aprender a:

  • Movimentar-se e juntar-se a determinado grupo sem fazer barulho e sem incomodar os restantes colegas;

  • Manter-se junto do grupo durante as actividades cooperativas;

  • Utilizar um tom de voz baixo e calmo;

  • Utilizar os nomes dos colegas quando pretendem falar deles ou com eles;

  • Manter contacto visual com os colegas que est�o a falar;

  • Evitar barulhos desnecess�rios enquanto permanecem sentados.

O segundo grupo � composto por aptid�es que t�m a ver com a monitoriza��o do tempo e com o saber pedir ajuda ou clarificar o que algum membro disse. Estas aptid�es permitem ao grupo efectuar interac��es construtivas e produtivas. S�o exemplos destas aptid�es, as seguintes:

  • Dar instru��es ao grupo, expor o objectivo da tarefa, estabelecer ou chamar a aten��o para o tempo previsto e para a efectua��o de uma tarefa ou dar ideias sobre como completar uma tarefa;

  • Apoiar o grupo de uma forma verbal ou n�o verbal;

  • Pedir ajuda ou esclarecimento sobre um assunto quando n�o se percebe;

  • Oferecer-se para explicar ou clarificar um assunto que n�o est� a ser percebido;

  • Valorizar as contribui��es dos outros;

  • Incentivar o grupo e sugerir ideias novas;

  • Sempre que apropriado, exteriorizar sentimentos.

O terceiro grupo � constitu�do por aptid�es que incluam coment�rios trocados pelos alunos no sentido de estes os perceberem melhor e pela defini��o de estrat�gias para relembrar informa��o pertinente e relacion�-la com informa��o nova. Como exemplos apresentamos os seguintes:

  • Resumir em voz alta o que foi lido;

  • Melhorar um trabalho feita por algu�m;

  • Relacionar a informa��o;

  • Procurar boas formas de relembrar ideias importantes;

  • Pedir aos colegas que expliquem o seu processo de racioc�nio;

  • Pedir aos colegas que indiquem como � que ensinariam um determinado assunto a outro colega.

O quarto grupo � constitu�do por aptid�es que os alunos utilizam para participarem activamente em assuntos espec�ficos. Estas aptid�es t�m a ver com a integra��o das ideias do grupo de modo a poder formar uma ideia nova com as ideias de cada um dos elementos do grupo e com o expressar ou testar hip�teses. S�o disto exemplo:

  • Discutir as ideias e n�o as pessoas;

  • Identificar pontos de desacordo dentro do grupo, sempre que o desacordo ocorre;

  • Integrar ideias novas nos pontos de vista dos elementos do grupo;

  • Justificar conclus�es ou respostas;

  • Alterar as respostas ou conclus�es dos outros acrescentando informa��o pertinente (Johnson, johnson, Holubec, e Roy,1984).

Conte�dos curriculares a seleccionar.

Quase todos os conte�dos curriculares se podem adaptar � aprendizagem em coopera��o. No 1." Ciclo do Ensino B�sico a aprendizagem em coopera��o pode ser utilizada, por exemplo, nas actividades de leitura, de escrita ou de matem�tica. A selec��o dos conte�dos curriculares a ser tratados pelo grupo de coopera��o deve ser efectuada tendo como base o tipo de informa��o que o professor j� tratou anteriormente, de modo a que os alunos j� estejam munidos de conhecimentos que lhes permitam tratar informa��o nova ou consolidar a j� adquirida. Os conte�dos devem tamb�m ser circunscritos a um texto ou a um cap�tulo, devendo os alunos ser esclarecidos sobre o que fazer para os tratar.

Tipo de aprendizagem em coopera��o a implementar:

O tipo de abordagens prescrito pela aprendizagem em coopera��o tem aumentado significativamente com o decorrer do tempo. Segundo Smith, Pollaway, Patton e Dowdy (1998), estas abordagens podem resumir-se �s seguintes:

  • Tutoria de pares: Aprendizagem em coopera��o que envolve dois alunos em que, por exemplo, s�o revistos determinados conte�dos ou efectuadas determinadas actividades conducentes � elabora��o de testes.

  • Tutoria de pares generalizada: Esta abordagem prev� a divis�o da turma em dois grupos com o fim de competirem entre si. Os alunos trabalham aos pares, acumulando pontos para a sua equipa quando respondem correctamente a quest�es colocadas.

  • Projectos de grupo: Esta abordagem permite aos alunos com menos aptid�es e conhecimentos adquiridos completarem uma tarefa espec�fica. S�o muito apropriados � filosofia inclusiva, uma vez que permitem que alunos com rendimentos altos, m�dios ou baixos possam combinar os seus conhecimentos para resolver uma determinada tarefa.

  • Completamento de tarefas: Esta abordagem considera que cada aluno deve tratar individualmente uma componente de uma tarefa no sentido de o grupo atingir o objectivo final, o completamento da tarefa.

  • Equipas de realiza��o acad�mica: Esta abordagem implica que os alunos formem grupos para reverem conte�dos de determinada mat�ria.

Monitorizar a efic�cia da aprendizagem em coopera��o.

Muito do trabalho que o professor tem de desenvolver traduz-se na decis�o sobre as abordagens a utilizar, na prepara��o de materiais e no ensino de aptid�es de coopera��o. Contudo, quando os alunos j� est�o a trabalhar em grupos de coopera��o, o papel do professor est� essencialmente relacionado com a manuten��o e a gest�o desses grupos. Por exemplo, se verificar que um aluno est� a ter algumas dificuldades, o professor pode juntar-se ao grupo onde o aluno est� inserido e a� permanecer algum tempo no sentido de verificar se o aluno consegue resolver o problema sozinho ou se necessita de alguma ajuda. Ser� com base nestas observa��es que o professor pode planificar as pr�ximas actividades que venham a permitir que o aluno adquira as aptid�es pretendidas.

Tecnologias de Informa��o e Comunica��o

Cada vez mais, as tecnologias de informa��o e de comunica��o (TIC) s�o usadas na educa��o de alunos com NEE, melhorando a sua qualidade de vida. A utiliza��o das TIC no conjunto das experi�ncias vividas na escola, pelos alunos com NEE, tem, quanto a n�s, dois grandes objectivos curriculares:

(a) aumentar a efici�ncia dos alunos no desempenho de tarefas acad�micas ou do dia-a-dia;

(b) desenvolver capacidades para aceder e controlar tecnologias com determinado n�vel de realiza��o (Howell,1996).

Tal permitir� diminuir as incapacidades e desvantagens destes alunos, aumentando a sua integra��o escolar e social.

As potencialidades das TIC devem ser avaliadas de uma forma mais optimista, pelos agentes educativos, que necessitam para tal de conhecimentos sobre quando e com que objectivo as utilizar. Devido � heterogeneidade das popula��es especiais, os benef�cios da utiliza��o das TIC podem ser maiores e as solu��es tecnol�gicas presentes no mercado mais apropriadas �s necessidades dos alunos. Por exemplo, existe no mercado um conjunto de solu��es que podem ser utilizadas, com nenhuma ou pouca adapta��o, com alunos com dificuldades de aprendizagem ou com problemas motores, embora a sua utiliza��o por parte dos alunos com defici�ncia mental possa ser mais limitada.

�, assim, necess�rio, num presente dominado pela realidade virtual e pela comunica��o electr�nica que o educador ou o professor saibam dar a devida aten��o � potencialidade das TIC, n�o esquecendo, no entanto, que elas por mais poderosas que sejam n�o os substituem.

ϟ


excerto da obra:
Inclus�o: Um Guia Para Educadores e Professores.
Lu�s de Miranda Correia & Ana Paula Lou��o Martins (2002).
COLEC��O NECESSIDADES EDUCATIVAS ESPECIAIS
Quadrado Azul Editora, Braga

nova edi��o da obra:
Inclus�o e Necessidades Educativas Especiais: Um Guia Para Educadores e Professores
Lu�s de Miranda Correia (Porto Editora, 2013)

Δ

2.Fev.2014publicadopor MJA

Como tornar uma sala de aula inclusiva?

Aqui estão algumas dicas práticas para professores que tentam criar ou melhorar a inclusão na sua sala de aula:.
1) NÃO SUBESTIME O SEU ALUNO. ... .
2) NÃO SE SUBESTIME. ... .
3) Você é um PROFISSIONAL DE ENSINO e você conhece o seu aluno e a turma. ... .
4) Você é o PROFESSOR e seu aluno com deficiência é PARTE DE SUA CLASSE..

O que deve ter em uma escola inclusiva?

Confira agora 10 dicas essenciais para a inclusão:.
Adapte a sua escola. ... .
Crie um ambiente inclusivo. ... .
Convide a comunidade. ... .
Prepare os pais para a inclusão. ... .
Oriente seus professores e sua equipe. ... .
Explore o tema da inclusão. ... .
Ensine a postura a ser adotada. ... .
Evite o preconceito..

Como a escola deve estar preparada estruturalmente para a inclusão?

Fomentar um ambiente de cooperação e livre de preconceitos A escola não deve ser um ambiente de discriminação e exclusão. Portanto, é desejável que os professores e colaboradores ofereçam atividades colaborativas, incentivem a noção de respeito ao próximo e compreendam que todos têm o mesmo valor e importância.