O que é insegurança alimentar e suas consequências e aponte qual é a sua abrangência entre a população mundial?

Em 2015, a Organização das Nações Unidas (ONU) estabeleceu três ambiciosas metas: acabar com a fome mundial, alcançar a segurança alimentar e a melhoria da nutrição global – tudo até o fim da década. Os pontos integram o objetivo número 2 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da ONU.

Nos últimos anos, vários fatores desviaram o mundo desse objetivo pleiteado pela ONU, aumentando os cenários de insegurança alimentar no mundo. Conflitos cada vez mais violentos, crises econômicas e os efeitos da pandemia de Covid-19 são alguns dos fatores apontados pela organização como responsáveis pela piora na alimentação mundial. 

O relatório O Estado da Segurança Alimentar e da Nutrição do Mundo 2021, feito pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), mostra que o número de pessoas afetadas pela fome globalmente subiu para cerca de 828 milhões em 2021, um aumento de 150 milhões desde 2019, ou seja, antes da pandemia. 

O relatório de 2021 também mostra que, no mundo, cerca de 2,3 bilhões de pessoas estavam em insegurança alimentar moderada ou grave e quase 924 milhões enfrentam níveis mais preocupantes de falta de alimentos. Mas para entender a gravidade do problema, primeiro é preciso analisar o que significa dizer que uma pessoa está em situação de insegurança alimentar – e como ela se relaciona com a questão da fome. 

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Voluntários embalam alimentos para distribuição no CENTI. Queens, New York, Estados Unidos.

O que é a insegurança alimentar?

A insegurança alimentar acontece quando as pessoas não têm acesso regular e permanente a alimentos em quantidade e qualidade suficiente para sua sobrevivência, como define a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).

Isso quer dizer que a pessoa em estado de insegurança alimentar passa por incertezas de quando, como e quanto irá comer em sua próxima refeição, colocando em risco sua nutrição, saúde e bem-estar. 

Tipos de insegurança alimentar

A FAO detalha ainda mais a situação e separa os níveis de insegurança alimentar em quatro categorias – moderada, grave, crônica e aguda. 

A insegurança alimentar moderada, por exemplo, acontece quando a pessoa tem sua capacidade de obter alimentos prejudicada devido a fatores como renda ou acesso a recursos. Os indivíduos que estão nesse estágio do problema de alimentação acabam obrigados, em determinadas épocas do ano, a reduzir a quantidade ou a qualidade dos alimentos que consomem. 

No estado grave de insegurança alimentar se enquadram as pessoas que não têm acesso à comida, podendo passar fome durante o dia e, nos casos mais extremos, passar dias sem comer. 

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“Um terço dos alimentos produzidos são desperdiçados diariamente, reforçando os cenários de insegurança alimentar. ”

Já a crônica é a insegurança alimentar que persiste ao longo do tempo, ou seja, uma pessoa que vive por grandes períodos em que há incerteza em relação às suas refeições. Esse nível é comumente relacionado a causas estruturais da sociedade, como o alto preço dos alimentos. 

Por fim, a insegurança alimentar aguda é aquela que se estabelece em um nível no qual a falta de alimentos é suficiente para ameaçar a vida ou meios de subsistência de uma pessoa, independentemente da causa, contexto ou duração. Por exemplo, quando a pessoa sofre de desnutrição, com risco de óbito.

Diferença entre insegurança alimentar e fome

Como os dois conceitos são bastante próximos, por vezes eles acabam se confundindo. A insegurança alimentar considera não só a quantidade de alimentos a que a pessoa tem acesso, mas também a qualidade e quais as causas para essa incerteza no que está disponível para comer. 

Já a fome é definida pela FAO como um desconforto físico ou dor causada pelo consumo insuficiente de energia alimentar. Entretanto, quem passa fome por conta de causas sociais e estruturais, também se encontra em algum nível de insegurança alimentar. 

O termo “fome” também costuma ser usado como sinônimo de subalimentação crônica, ou seja, a condição persistente – que dura muito tempo – na qual o consumo alimentar habitual de um indivíduo é insuficiente para fornecer a quantidade de calorias necessárias para manter uma vida normal, ativa e saudável.

O que causa insegurança alimentar

O estudo feito pela FAO destaca que os principais fatores para o aumento da insegurança alimentar e a desnutrição são os conflitos, as temperaturas extremas no clima e as crises econômicas. 

Como exemplos, o documento destaca a guerra na Ucrânia e os demais conflitos que geram ondas de refugiados; a tendência de desaceleração econômica e estagnação em economias mundiais, principalmente com os efeitos da pandemia de Covid-19, que colocou vários países em recessão econômica.  

Outro destaque é o aumento da frequência e intensidades de eventos climáticos extremos, os quais geram desastres e colocam milhares de pessoas em situações de vulnerabilidade. 

Além disso, o documento também indica que essas causas, combinadas com um aumento das desigualdades sociais, geram um cenário complexo, impactando negativamente a segurança alimentar e a nutrição.

Funcionários e voluntários da Igreja Luterana do Calvário distribuem comida para longas filas de carros. Mineápolis, Estados Unidos.

Como combater a insegurança alimentar

Olhando para o futuro, as projeções do relatório da FAO indicam que cerca de 670 milhões de pessoas, ou seja, 8% da população mundial, ainda enfrentarão a fome em 2030. 

O número, de acordo com o relatório, se igualaria aos patamares de 2015, quando a meta de acabar com a fome, a insegurança alimentar e a desnutrição até o final desta década foi lançada na Agenda 2030 da ONU. 

Considerando as causas para a insegurança alimentar, a FAO indica algumas medidas para combater a fome no mundo. Entre elas estão a integração de políticas humanitárias em áreas de conflito, ampliar a proteção dos sistemas alimentares, como a produção de pequenos agricultores, às mudanças climáticas, e o fortalecimento de programas econômicos voltados a pessoas em situação de vulnerabilidade. 

Além desses objetivos, evitar o desperdício de alimentos também é uma forma apontada para diminuir o problema. De acordo com a FAO, um terço dos alimentos produzidos são desperdiçados diariamente, reforçando os cenários de insegurança alimentar. 

A boa notícia, é que a maior parte do desperdício acontece em casa e, por isso, é possível diminuí-lo com simples medidas do dia a dia. Confira algumas recomendações de especialistas para evitar a perda de alimentos e colaborar com o combate à fome. 

O que é insegurança alimentar e quais as consequências para a população?

A insegurança alimentar é uma situação em que a população de um país ou região não tem acesso físico, social e econômico a recursos e alimentos nutritivos que atendam às suas necessidades dietéticas e preferências alimentares para uma vida ativa e saudável.

Qual é a abrangência da insegurança alimentar?

Se uma família não tem acesso regular e permanente à alimentação, em quantidade e qualidade adequadas, ela está em situação de insegurança alimentar. As escalas de insegurança abrangem situações de alimentação de má qualidade até a fome em larga escala.

Quais são as consequências da insegurança alimentar?

Problemas de saúde física e mental, deterioração da qualidade de vida e a fome são consequências da insegurança alimentar.

O que é insegura alimentar?

Estamos falando da insegurança alimentar, uma situação crítica que compromete a saúde individual, coletiva e até o desenvolvimento do país. “É um termo utilizado quando uma pessoa não tem acesso regular e permanente de alimentos em quantidade e qualidade suficiente para sua sobrevivência.