O que o livro Lucíola retrata?

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    O que o livro Lucíola retrata?
    Independente e altiva, Lúcia, a mais rica cortesã do Rio de Janeiro, não se deixava prender a nenhum homem. Até conhecer Paulo. A partir daí, ela se vê totalmente entregue; tudo o que quer é permanecer junto dele. Esse romance passa a ser o assunto mais comentado na Corte. Os comentários chegam aos ouvidos de Paulo e o incomodam profundamente. Valeria a pena romper seu relacionamento só para manter a boa imagem diante das pessoas?

    Clássico do Romantismo brasileiro, Lucíola retrata o amor entre Lúcia, cortesã de luxo, e Paulo no Rio de Janeiro do século XIX. No decorrer do livro acompanhamos a transformação (“purificação”) de Lúcia. O livro faz parte dos “perfis de mulheres” de Alencar (junto com Diva, A Pata da Gazela e Senhora).
    Na época, o romance foi bastante criticado por mostrar o problema social da prostituição, que era conhecido porém tratado com indiferença. Houve críticas também devido ao não uso do Português clássico.

    Lucíola é narrado em primeira pessoa por Paulo, sendo um relato de seu relacionamento com Lúcia que ele escreve a uma suposta senhora. Com isso, ele tem por objetivo mostrar que mesmo levando uma vida leviana é possível manter a nobreza da alma.

    Esse é um livro que não li quando devia (lá no ensino médio); na época julguei a leitura desnecessária devido a uma super aula explicativa a respeito do mesmo (apesar de ser uma leitora ávida desde a infância, claro que eu torcia o nariz para alguns livros de leitura obrigatória, como todo adolescente, imagino eu). Mas o interessante disso é que não me arrependo de não tê-lo lido então: essa leitura, hoje, me proporcionou um prazer que na época acredito que não teria sido igual.

    Adianto que não é um livro difícil ou enfadonho. A narrativa é gostosa e flui com facilidade, os personagens são envolventes (ainda que, muitas vezes, incompreensíveis em seus atos) e a história de amor entre os protagonistas é particularmente bela.

    O que o livro Lucíola retrata?
    Edição que li: traz um bom
    material de apoio didáticoO mais interessante neste romance urbano é notar as particularidades comportamentais da sociedade da época, além da hipocrisia e falso moralismo retratados. A preocupação com a reputação e a boa imagem perante a sociedade faz com que Paulo aja de forma contraditória, causando complicações e sofrimento à relação com Lúcia. Interiormente, Paulo mostra-se mesmo bem frágil no que diz respeito ao amor. Apesar de ser narrado por Paulo, percebemos que Lúcia demonstra ter consciência de seus atos e um constante sentimento de culpa que a atormenta. Nela, anjo e demônio vivem e dividem o mesmo espaço. O amor, através de Paulo, resgata sua pureza, sendo o agente de sua redenção.

    Apesar da maioria de nós conhecermos já o enredo e o final de Lucíola devido a certa familiaridade com a obra no período escolar, recomendo fortemente a leitura. Se você ignorou essa leitura na escola (como eu fiz), leia-a agora: considero um desperdício não ler algo de tamanha qualidade. E se você já leu a obra há alguns anos atrás, no ensino médio, leia-a novamente: certamente a leitura será feita sob um novo e mais prazeroso olhar.

    (Destaco em especial a edição que li – esta da capa logo acima, à direita – que, mesmo sendo meio velhinha, traz uma introdução bastante didática a respeito do momento histórico e do Romantismo, além de informações biográficas do autor. Também conta com notas de rodapé muito úteis durante a leitura.)

    Título / Título original: Lucíola
    Autor(a): José de Alencar
    Editora: Moderna
    Edição: 1993 (Coleção Travessias)
    Ano da obra / Copyright: 1862

    Lucíola


    autor: José de Alencar

    movimento: Romantismo - Primeira Geração

    Por Natacha Bastos

    Graduada em Letras pela UFF

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    Resumo

    O livro Lucíola, de José de Alencar, é narrado através de Paulo, personagem que se torna narrador para contar à Sr.ª G.M. o romance que viveu com uma cortesã chamada Lúcia. Em 1855, Paulo chega ao Rio de Janeiro e vê pela primeira vez Lúcia. Sem conhecer sua verdadeira vida, apaixona-se à primeira vista, pois enxerga nela uma encantadora menina. Essa impressão desfaz-se na Festa da Glória, onde Sá, representante dos valores e preconceitos da sociedade, a apresenta como uma mulher bonita e não como uma senhora. A partir de então, Paulo começa a visitar Lúcia em sua casa.

    Na segunda visita, Paulo deixa de lado o tratamento cortês que até então fizera a Lúcia, agarra-a e acontece o primeiro contato físico. No dia seguinte, há uma festa na casa de Sá onde, além de Paulo e Lúcia, são convidados também homens boêmios, como Sr. Cunha, Rochinha, Sr. Couto e outras três prostitutas, entre elas Nina. Nessa festa, a cortesã exibe-se nua diante de todos. Paulo num primeiro momento teve uma repulsão por toda aquela cena. Porém, mostra-se piedoso e compreensivo e os dois tem uma noite na mata. Esse é o ponto que marca o início da transformação de Lúcia.

    Para Lúcia, Paulo é o caminho para chegar à salvação. Na tentativa de se afastar da sociedade e deixar definitivamente a vida de cortesã para trás, muda-se para uma casa mais simples no interior junto com sua irmã mais nova, Ana. Nesse momento, não existe mais o amor carnal entre Paulo e Lúcia. Há um amor espiritual – Lúcia chega até a fingir que estava doente para não mais haver contato. É nesse momento que conta o verdadeiro motivo que a levou à vida de cortesã – seu primeiro cliente foi Couto, pois sua família estava com febre amarela e sem recursos financeiros para o tratamento. Revela também que seu verdadeiro nome é Maria da Glória. Lúcia era uma antiga amiga dela que morreu e que tomou emprestado seu nome; sua família achava que estava morta.

    A redenção de Lúcia culmina com a descoberta de sua gravidez e não aceitação dela. Mesmo com o melhor parteiro afirmando que a criança em seu ventre estaria viva, Lúcia acredita que seu corpo é sujo e morto, e por isso não é capaz de gerar um filho. Morre, grávida. Paulo, atendendo a um pedido seu, cuida de Ana até que ela se case.

    Contexto

    Sobre o autor
    José de Alencar nasceu no Ceará em 1829, veio com sua família para o Rio de Janeiro em 1830 e com 14 anos mudou-se para São Paulo. Além de escritor, foi político, advogado e jornalista. Longe da vida boêmia comum aos homens da segunda metade do século XIX, dedicava grande parte de sua vida à literatura. Tornou-se um dos maiores romancistas de nossa literatura. Além de Lucíola, possui grandes clássicos, como Cinco Minutos, O Guarani, A Viuvinha, Iracema, O gaúcho, Senhora, entre outros. Em sua obra podemos notar traços da realidade da sociedade brasileira daquela época e oposições como o branco e o índio, as cidades e o sertão. 

    Importância do livro
    Lucíola, ficção urbana de Alencar publicada em 1862, possui uma crítica da sociedade. Crítica esta que não se faz apenas através do relato do narrador, mas como também está presente indiretamente através das atitudes e valores mostrados pelos personagens. Lucíola apresenta uma transgressão à visão romântica da mulher amada – Lúcia não é submissa, ao contrário, é excêntrica e com vontades. Porém, no desfecho, apresenta atitudes tipicamente da visão romântica, e seu ápice acontece na morte de Lúcia, tendo em vista que não há salvação para uma mulher cortesã, a não ser a morte.

    Período histórico
    Na segunda metade do século XIX, a sociedade burguesa brasileira é marcada por costumes enraizados e de aparências, onde a mulher deveria ser pura e o homem ser cortês. Alencar, diferente de outros autores da mesma época, apresenta sua visão crítica através de suas obras literárias, e por isso é atacado pelos críticos da época.

    Análise

    A obra Lucíola se enquadra nos chamados romances urbanos de Alencar, onde o cotidiano e os costumes de uma sociedade burguesa são relatados. Na literatura desse momento, a figura principal do Romantismo deixa de ser o índio, a natureza, e passa a ser o povo, com suas mazelas e suas virtudes, procurando reafirmar o recente independente país.

    O narrador Paulo é também um dos personagens principais. Porém, a obra peculiar de Alencar possui um narrador que não apresenta uma visão crítica em relação aos acontecimentos. Ao decorrer da narração, Paulo parece reviver a emoção dos momentos que teve com Lúcia. A narração feita em primeira pessoa torna-se assim limitada, uma vez que parte sob a perspectiva pessoal de Paulo. Ou seja, não há o distanciamento dos fatos enquanto narrador. Além disso, como estratégia do autor, a história entre Lúcia e Paulo é contada através de uma carta entregue à senhora G.M. para que Paulo não levasse a culpa de publicar o romance e ser mal visto por se envolver com uma cortesã, diante de uma sociedade preconceituosa. Ele também se revela preconceituoso, pois se recusa a contar a sua história.

    De outro lado, há Lúcia. A Cortesã é cobiçada pela sua beleza e vive numa sociedade que a julga preconceituosamente, até encontrar Paulo, o único capaz de enxergar além das aparências. Já no primeiro encontro, Lúcia diz que ele a purificou com seu olhar e, a partir das visitas de Paulo, ela se distancia cada vez mais da vida de cortesã e se reaproxima de sua origem, enquanto Maria da Glória. Nessa dualidade de Lúcia, podemos enxergar a dicotomia entre os valores cristãos, de pureza, calma, bondade, e os valores do mundo da libertinagem. A personagem busca a autopiedade e o esquecimento do seu passado, porém não consegue, uma vez que a sociedade não perdoa seus atos. Sendo assim, não existiria alternativa para o desfecho e salvação de Lúcia, a não ser a morte.

    Personagens

    Lúcia: cortesã rica que é conhecida por todos como bela e excêntrica. Maria da Glória é seu nome de batismo. Ao decorrer do livro, busca seu autoperdão através do amor que tem com Paulo. Apesar disso, não consegue o perdão diante da sociedade do seu passado de cortesã. Morre no final, grávida.

    Paulo: confuso entre o sentimento por Lúcia e os preconceitos que há na sociedade. Ao longo do livro também sofre uma transformação; passa de um homem boêmio a um homem de negócios. Escreve uma carta à senhora G.M. contando sua história com Lúcia.

    Sá: amigo de infância de Paulo e ex-amante de Lúcia, ele quem apresenta os dois. Milionário e solteiro, é o típico homem burguês. Dá festas em sua casa e representa o preconceito da sociedade burguesa diante da impossibilidade de haver perdão aos atos de Lúcia.

    Cunha: amigo de Paulo e ex-amante de Lúcia. Ela o deixou no dia em que viu sua mulher sozinha, triste.

    Couto: foi o primeiro cliente de Lúcia. Responsável por oferecer dinheiro a ela, em troca de favores sexuais, quando Lúcia tinha apenas 14 anos.

    Rochinha: na roda de amigos boêmios, é o mais novo, com 17 anos, e o mais inexperiente. Porém, tem uma vida irrigada por bebidas alcoólicas.

    Laura: uma das prostitutas que participaram da festa na casa de Sá.

    Nina: uma prostituta que se interessou por Paulo, com quem chegou até a marcar um encontro, que não acontece.

    Jesuína: Quando Lúcia foi expulsa de casa por seus pais, foi morar com Jesuína. Mais tarde, ela aparece como suposta enfermeira na casa de Lúcia.

    Ana: Com 12 anos e irmã mais nova de Lúcia, vai morar com ela no interior. Possui traços muitos semelhantes aos de Lúcia. Quando Lúcia falece, fica sob responsabilidade de Paulo, e no final do livro casa-se.

    Autor

    O que o livro Lucíola retrata?

    José de Alencar

    01 de Maio de 1829

    12 de Dezembro de 1877 (48 anos)

    ver página do autor

    Qual a mensagem do livro Lucíola?

    José de Alencar constrói, nesse romance urbano, a purificação da alma de Lucíola. Os seus erros do passado não são perdoados no amor romântico, por isso ela não pode ser feliz. O livro também faz uma crítica contra o preconceito.

    Qual o tema central desenvolvido por Alencar em Lucíola?

    Exaltação do amor – Em Lucíola, a temática central está exatamente na exaltação do amor como força purificadora, capaz de transformar uma prostituta numa amante sincera e fiel.

    O que acontece no livro Lucíola?

    Ao se apaixonar por Lúcia, Paulo carregará o preconceito e terá que enfrentar a si mesmo para se reconhecer impressionado e apaixonado pela meretriz. A jovem poderá reconquistar sua antiga inocência e se purificar por meio de ser mãe, engravidando de Paulo, e seguido através da morte juntamente com seu filho no ventre.

    Que tema foi abordado no romance Lucíola?

    Considerado um romance urbano, a obra retrata e critica os costumes burgueses. Além disso, marca o início da trilogia conhecida como “Perfis de Mulher”, da qual também fazem parte as obras Diva (1864) e Senhora (1875).