Pode usar mel no sexo oral?

A candidíase oral, chamada também de monilíase oral ou sapinho, é uma infecção da orofaringe provocada pelo fungo Candida albicans.

O sapinho na boca é uma forma branda de candidíase, que acomete, principalmente, a mucosa da língua e a parte interna da bochecha.

Para se ter candidíase oral não é necessário existir uma imunossupressão importante. Ao contrário do que muita gente pensa, a candidíase na boca não é uma problema exclusivo de pacientes com HIV ou com outra doença grave. A monilíase realmente pode ser um dos sinais de AIDS, mas ela também costuma surgir com frequência em crianças, idosos ou pessoas com alguma alteração do sistema imunológico.

Do mesmo jeito que existem bilhões de bactérias vivendo harmoniosamente em nosso organismo, o fungo cândida também é considerado um microrganismo natural da nossa flora microbiana.

Ter pequenas colônias do fungo cândida vivendo na nossa pele, boca e trato digestivo é perfeitamente normal. Quando o nosso sistema imunológico encontra-se intacto, ele é plenamente capaz de manter a população deste fungo sob controle, impedindo que o mesmo possa causar qualquer tipo de doença.

Porém, sempre que houver alguma fraqueza no nosso sistema imunológico, a população de Candida albicans pode crescer rapidamente e se tornar capaz de invadir as camadas mais profundas da pele, provocando inflamação. Quanto mais grave for o grau de imunossupressão do paciente, mais agressiva e perigosa será a infecção pelo fungo cândida, podendo, inclusive, haver invasão da corrente sanguínea, do coração ou sistema nervoso central.

A imensa maioria dos casos de sapinho é provocada pela Candida albicans, mas outras espécies de cândida também podem ser as responsáveis, como Candida glabrata, Candida krusei ou Candida lusitaniae.

Fatores de risco para candidíase oral

A candidíase oral pode surgir em qualquer pessoa, mas ela é bem mais comum naquelas que apresentam as seguintes características:

  • Idade avançada.
  • Crianças no primeiro ano de vida.
  • Grávidas.
  • Uso dentadura.
  • Uso recente de antibióticos.
  • Uso prolongado de corticosteroides.
  • Uso de drogas imunossupressoras.
  • HIV positivo.
  • Diabetes mellitus mal controlado.
  • Estar sob tratamento de quimioterapia ou radioterapia.
  • Fumantes.
  • Pessoas com xerostomia (boca seca).
  • Internação hospitalar.
  • Desnutrição.
  • Usuário de drogas pesadas.

Sintomas

As lesões orais provocadas pela Candida albicans são placas brancas, com aspecto meio cremoso ou tipo queijo ricota, acometendo língua, parede interna das bochechas, e, às vezes, palato (céu da boca), gengivas ou amígdalas.

As lesões da candidíase oral podem surgir pequenas e assintomáticas, passando despercebidas por algum tempo. A tendência, porém, é que elas evoluam, tornando-se facilmente visíveis e com sintomas, como dor e diminuição do paladar. Uma sensação de algodão na boca também é sintoma de sapinho bastante frequente.

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Candidíase oral

Nos idosos que usam dentadura, essas lesões brancas que são típicas da candidíase podem não estar presentes, havendo apenas intensa vermelhidão na gengiva abaixo da prótese dentária. A presença de queilite angular, conhecida popularmente como boqueira, também é muito comum (leia: COMO CUIDAR DA BOQUEIRA | Queilite angular).

Nos bebês, a lesão da candidíase pode ser confundida pelas mães com restos de leite na boca. É importante saber que o leite some espontaneamente depois de algum tempo, e ao se passar uma gaze na língua, ele sai facilmente.  Já a candidíase,  as placas brancas são bem aderidas à boca. Quando se tenta raspá-las, pode haver sangramentos e a mucosa por baixo fica ferida e bem avermelhada.

Em casos mais graves, a candidíase pode evoluir para a laringe e/ou esôfago, provocando sintomas como rouquidão e dor/dificuldade para engolir os alimentos. A candidíase do esôfago é geralmente um sinal de imunossupressão mais grave, sendo muito comum nos pacientes com AIDS.

O diagnóstico da candidíase oral é simples. Em muitos casos, a lesão é típica e a história do paciente apontando a presença de um fator imunossupressor facilita o diagnóstico. Caso o médico deseje uma confirmação, ele pode raspar um pedaço da lesão e levar ao microscópio para identificar a presença de leveduras.

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Tratamento

O tratamento da candidíase oral pode ser feito com bochechos e deglutição de nistatina 4 vezes por dia por pelo menos 1 semana.

Se não houver melhora, indica-se o uso de fluconazol em comprimido. A dose recomendada é 200 mg no primeiro dia, seguido de 100 a 200 mg uma vez ao dia durante 7 a 14 dias; esse tratamento tem taxa de sucesso acima de 90%.

Para ajudar no tratamento, indica-se suspensão do cigarro, escovar adequadamente e regularmente os dentes (mas evitar o uso de anti-sépticos bucais) e evitar bebidas alcoólicas e comidas ricas em açúcares. Iogurtes sem açúcar ajudam a restaurar a flora natural de bactérias da boca, aumentando a competição por alimentos, o que inibe a proliferação da Cândida.

Em bebês, é importante limpar bem chupetas, talheres ou mamadeiras após o uso para evitar a colonização de fungos. Seguindo o mesmo raciocínio, um creme antifúngico deve ser aplicado ao mamilo da mãe após correta limpeza do mesmo.


Referências

  • Clinical Practice Guideline for the Management of Candidiasis: 2016 Update – Infectious Diseases Society of America.
  • Candida infections of the mouth, throat, and esophagus – Centers for Disease Control and Prevention
  • Clinical manifestations of oropharyngeal and esophageal candidiasis – UpToDate.
  • Treatment of oropharyngeal and esophageal candidiasis – UpToDate.
  • Millsop JW, et al. Oral candidiasis. Clinics in Dermatology. 2016

Autor(es)

Pode usar mel no sexo oral?

Dr. Pedro Pinheiro

Médico graduado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com títulos de especialista em Medicina Interna e Nefrologia pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), Universidade do Porto e pelo Colégio de Especialidade de Nefrologia de Portugal.