Por quê na bíblia existe orixas

Diabo e Umbanda é uma questão válida? E Jesus na Umbanda?

Para começar, vamos relembrar a passagem bíblica em que Jesus se recolheu no deserto por 40 dias e neste período foi tentado pelo diabo três vezes.

Vejamos o que fala a Bíblia (Matheus, 3-4):

“Então Jesus foi levado pelo espírito para o deserto, para ser tentado pelo diabo.

– Se és filho de Deus, manda que estas pedras se transformem em pães.

– Não só de pão vive o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus.

– Se és filho de Deus atira-te para baixo, porque está escrito:

Ele dará ordem a seus anjos a teu respeito, e eles te tomarão pelas mãos, para que não tropeces em nenhuma pedra.

– Também está escrito: Não tentarás o Senhor teu Deus.

Mostrando todos os reinos do mundo, fala o tentador:

– Tudo isto te darei, se, prostrado, me adorares.

– Vai-te Satanás, porque está escrito: Ao Senhor teu Deus adorarás e só a ele prestarás culto”.

Este é o poder da Bíblia, da palavra e de Jesus: reunir muitos ensinamentos em poucas palavras. Jesus se valia muito das chamadas parábolas, uma forma de contar histórias que pudesse ser melhor assimilada pelo povo da época.

São ensinamentos que vão além do tempo e da cultura, vivos até hoje.

Que tal uma reflexão para a Umbanda?

Podemos começar com o recolhimento de Jesus.

Ele nos mostra que há momentos em que isso se faz necessário para uma reflexão sobre a vida e para alcançar níveis mais elevados de consciência, através de provas e iniciações. E você não precisa se recolher por 40 dias e 40 noites, não é isso! Busque, quando sentir na mente e no coração, um local tranquilo e adequado para que se conecte com mais força com sua essência, com seu eu interior.

Mas voltando à questão: quem é o diabo? Diabo e Umbanda faz sentido? É uma pergunta válida para a religião umbandista?

Diabo pode ser muitas coisas, desde uma entidade, um anjo caído, um ser que representa o mal, uma outra pessoa ou simplesmente o nosso lado sombrio, nosso ego, nossas paixões e desejos que devem ser vencidos.

Mas a melhor reflexão cabe às três tentações, pois Cristo rejeita exatamente o que médiuns e consulentes pedem para alcançar através da Umbanda.

Vejamos:

Transformar pedra em pão
>> Quantos esperam demonstrações de poder para solucionar sua ‘fome’ de forma instantânea, não é mesmo?

Atira-te para baixo!
>> Muitos esperam da Umbanda proteção sobrenatural para fazerem o que bem entenderem.

Tudo isto te darei
>> Quanto a esta, o diabo nem precisa oferecer; é tudo o que boa parte espera “ganhar” com a Umbanda.
Os reinos deste mundo, esquecendo-se que o que está acima do altar, não é uma ‘barra de ouro’ e sim o ‘ouro da vida’.

Esta é uma crítica para refletirmos qual o papel da religião em nossa vida. Que com certeza não é produzir milagres e nem satisfazer nossos desejos.

O ser humano passa anos criando e alimentando seus problemas e complicações.

Depois, espera que um Caboclo ou Preto Velho resolva tudo num estalar de dedos.

O ser humano se mostra descrente e exige um milagre para sair desta sua condição de desilusão da vida.

O ser humano não quer ser humano; quer ser Deus – no sentido egoísta da palavra.

Pois todos somos deuses – o mito do anjo caído diz respeito ao próprio ser humano, que dá ouvidos às suas vaidades, desejos e paixões.

A religião é um convite para conhecermos melhor a nós mesmos, nos espiritualizarmos e buscar uma vida feliz independente do que temos ou possuímos.

Diabo e Umbanda, neste sentido, existem. Mas esqueça os chifrinhos…

Em grande parte da bibliografia editada a respeito dos cultos aos Orixás existem posições e definições variadas a respeito do que são ou como se define o que é um Orixá. Autores como José Beniste. Gisele Omindarewá, Pierre Verger, entre outros, trabalham com duas vertentes na elaboração de tais definições. A vertente histórica e a vertente mitológica. Porém ambas são controversas, pois a primeira encontra muitos empecilhos de definição pela falta de fontes historiográficas e registros oficiais a respeito da trajetória dos povos de matriz étnica yorubá, de onde provém o termo “orixá”. A segunda vertente, mitológica, encontra suas dificuldades em seu caráter essencialmente oral de transmissão e preservação desses mitos, que somadas à questão da pluralidade étnica que compôs o contexto da formação dos Candomblés de Nação no Brasil qualquer possibilidade de definição concreta torna-se uma grande problemática. Os mitos preservados variam de local para local, e de época para época. As versões vão se sobrepondo e se contradizendo na mesma medida do esforço de sua preservação e divulgação. 

Contudo podemos extrair pontos comuns de ambas as vertentes. Na vertente mitológica corrente entre os autores que tentam organizar as bases do culto no Brasil podemos considerar, primeiramente, a definição dos Orixás como energias primordiais criados por Olodumáre quando da criação do mundo. Como se fossem os próprios ministros de Olodumáre, o Deus supremo, O Criador. Nessa perspectiva, o mito da criação yorubá traz Oxalá, ou Obatalá (que são os mesmos), e Odudua como personagens principais nessa criação. Traz também Exú como coadjuvante indispensável à trama mitológica de origem do mundo e dos homens. O trecho a seguir apresenta tal passagem: 

“Durante a caminhada, Obatalá encontrou Exu, que indagou sobre oferendas que deveriam ser feitas para a consecução do trabalho. Obatalá não deu importância ao fato e, sedento, extrapolou no consumo de bebida alcoólica extraída da palmeira. Conseqüentemente, caiu em sono profundo e foi suplantado por Oduduwa, que, tomando os elementos necessários, saiu para efetuar a tarefa da criação da Terra. O local onde o trabalho teve início denominou-se Ifé (aquilo que é amplo) . Segundo a tradição, daí proveio o nome da cidade sagrada de Ilê Ifé”. Extraído de (http://www.aguiadourada.com/pdf/Ogboni.pdf) 

A partir da criação da terra os Orixás primordiais passam a habitar o mundo, ter filhos e filhos, com romances, traições, intrigas e aventuras em meio aos humanos, aos animais e vegetais. Além disso, nessa criação primária cada Orixá é consagrado à uma força e/ou elemento da Natureza. E tais consagrações não são aleatórias, elas relacionam tais forças e elementos aos princípios éticos e ideológicos que cada orixá carrega em si. 

Na mesma vertente temos também versões que classificam os Orixás de nosso panteão (16 Orixás Ketu/Nagô) como reis, rainhas, príncipes, princesas, curandeiros, generais, que viveram e se divinizaram em situações diversas, que os eternizaram em um culto específico. Essa noção, segue o princípio da ancestralidade e da descendência da alma. Nessa perspectiva podemos afirmar que o mitos, ou itans, que se preservam nas casas de Candomblé e em seus adeptos, são histórias adaptadas ao panteão que cultuamos. Por exemplo quando associamos Oxalufã como o pai de todos os Orixás. Como Yemanjá sendo a mãe de Ogum, Odé, Oxum. Nanã sendo a mãe de Omolu, Oxumarê, Ewá. Até mesmo sobre tais colocações encontramos variações de acordo com a fonte. O itans que são reproduzidos oralmente em todo o Brasil tem muitos pontos em comum, mas ao mesmo tempo, se contradizem. E quando comparados aos itans colhidos na África, em pesquisas recentes de autores que se aventuram a isso, as contradições aparecem ainda mais. O fato é que, assim como o Candomblé de Nação brasileiro é uma adaptação daquilo que se praticava em África, os mitos (itans) que servem como referência para a gênese e a essência ética do culto, também foram adaptados. 

A vertente histórica do culto aos Orixás carrega contradições em si mesma, pela não coerência na comparação de fontes e bibliografias, assim como em sua comparação com a vertente mitológica. Existem estudos que apontam a origem do estabelecimento do sistema oracular de Ifá a partir de uma migração de um grupo de africanos localizados no centro norte do continente liderados por um líder chamado Odudúwa, que fugindo da expansão islâmica, promovida a partir do século VII, fundou a cidade de Ifé.

Segundo Regiane Augusto de Mattos, “umas das várias versões para a origem de Ifé, o rei Odudua teria do filho de um dos reis de Meca e o grande fundador do reino de Ilê Ifé, depois de perseguido e expulso da sua cidade natal por rejeitar o islamismo. Outra versão revela que Odudua era líder de um grupo de expansão vindo da Hauçalândia, Bornu, Nupe ou Canem e que conseguiu centralizar o poder em suas mãos e fundar Ifé." (MATTOS, p. 37)

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E foi ele, Oduduwa, o responsável pela criação de tal sistema oracular, que reúne conhecimentos de numerologia, astrologia e mitologia colhidos entre os persas/árabes, egípcios e os próprios yorubás e todos os povos relacionados à origem dos yorubás. Quanto a isso é importante destacar que os yorubás são compostos por um conjunto de vários povos de língua semelhante, tais como os Ibôs, Idowas, igalas, nupês, fons, entre outros. De acordo com a historiografia, Odudúwa se estabeleceu em Ifé derrotando o poder local, Obatalá, em que foram estabelecidas alianças de poder. A linhagem que se seguiu a este que se tornou um importante rei deu origem a Ogum, Xangô, Aganjú, Ayrá, Oraniã(fundador de Oió) entre outros. A expansão desses reinados gerou, na mesmo proporção, conflitos e alianças que colocavam em constante contato reinos, cidades, tribos e povos diversos (tais como os citados anteriormente) tendo em comum a língua yorubá. E com tais contatos integraram-se cultos e divindades diferentes entre ambas as partes. Essa versão histórica em que Odudúwa imigrou para a Ifé e tomou o poder de Obatalá vai diretamente ao encontro do mito da criação citado anteriormente.

No conjunto de itans e características da própria liturgia que temos preservados no Brasil, alguns convergem com fatos históricos. A própria rivalidade de Omolu, originalmente chamado de Xapanã, com Xangô é um exemplo. Décadas antes da diáspora africana para o Brasil, o Império de Oyó estava em seu auge. E para se tornar como tal ele efetuou inúmeras guerras em reinos vizinhos. E dentre esses reinos vizinhos existia aqueles da região do ex-Dahomé, onde se encontravam grupos conhecidos Jejê e Fons. Os Orixás que denominamos como a família dos Kerejebe eram mais comuns nessas regiões. Em um raciocínio lógico, convertendo informações mitológicas e históricas, podemos concluir que Omolu era rei em uma dessas terras que foi invadida por Xangô. 

Na estrutura do Xirê praticado nos Candomblés de Nação Ketu temos uma importantíssima evidência histórica. A Roda de Xangô é o ato mais solene do culto. É praticado nas mais importantes cerimônias, tais como nas entregas de Oyês e Decás. Na Roda de Xangô se louva tal Orixá como o rei dos reis. E nessa liturgia, com suas devidas cantigas e atos, cada Orixá de nosso panteão é devidamente louvado junto à Xangô. Ou seja, se na época da diáspora dos africanos para o Brasil, Xangô(e sua linhagem) era, historicamente, o grande rei do Império Yorubá, na constituição do Candomblé de Nação no Brasil, a estrutura foi preservada e reproduzida dentro do princípio da ancestralidade. 

Tais fatores nos mostram que na origem do Candomblé, fatos se misturam aos símbolos. História se funde com mitologia. Evidências com representações. Em meio à tamanha complexidade poderíamos estabelecer um conceito sobre o que é um Orixá: é uma energia primordial que representa as forças da natureza e que foram concentradas em ancestrais comuns à um determinado povo, em um determinado tempo e espaço. Ou seja, reis e rainhas, príncipes e princesas, guerreiros e guerreiras, pela força de seu Ori, de seus feitos, de seu significado perante seu povo, foram associados e eternizados junto às forças da natureza vitais à nossa existência. 

Por mais que isso pareça abstrato aos olhos e ouvidos dos céticos, ou mesmo controverso àqueles que estudam tal questão, aos praticantes isso se torna uma espécie de sentimento. Não se faz necessário explicações ou definições àqueles que sentem a força dos Orixás em seu corpo e sua vida. Inclusive, uma das caraterísticas do Candomblé é que, do processo de iniciação ao final do primeiro ciclo de aprendizado (7 anos), primeiro se sente o Orixá, sua energia, seu poder e capacidade. Depois vem o processo de compreensão sobre tal fenômeno. É uma religião onde o sentir antecede o saber.

Fontes:
MATTOS, Regiane Augusto de. História e cultura afro-brasileira , São Paulo, contexto, 2007.
Beniste, José – Orun Aiye , o encontro de dois mundos – Bertrand, 1997
http://www.aguiadourada.com/pdf/Ogboni.pdf

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Porque Deus criou os orixás?

Ele criou o mundo e os orixás para governá-lo e servirem de intermediários entre ele e os humanos. Olodumaré não aceita oferendas, pois como é o criador de tudo tem poder sobre tudo e não há nada que ele não possua. Os orixás representam os elementos da natureza e Olodumaré é a junção de todas essas energias.

Quem criou os orixás?

Na mitologia iorubá, Olodumare também chamado de Olorun é o Deus supremo do povo Yoruba, que criou as divindades, chamadas de orixás no Brasil e irunmole na Nigéria, para representar todos os seus domínios aqui na terra, mas não são considerados deuses, são considerados ancestrais divinizados após à morte.

Como se deu o surgimento dos orixás?

Reza a tradição que os deuses dos terreiros têm origem nos clãs africanos, divinizados há mais de 5 mil anos. A história que se conta é que eles foram inspirados em homens e mulheres capazes de intervir nas forças da natureza por meio de caça, plantio, uso de ervas na cura de doenças e fabricação de ferramentas.

O que a Bíblia fala sobre mãe de santo?

"Viu também como a mãe-de-santo recebia o abraço de todos e como ela retribuía, acolhendo a todos. Viu como invocavam os orixás e como alguns vinham distribuindo passes para ajudar os aflitos, os doentes e os necessitados. Jesus também entrou na fila e foi até a mãe-de-santo.