Publicidade Depois das primeiras incursões em uma poesia participante e social em Sentimento do Mundo (1940) e José (1942), o mineiro de Itabira do Mato Dentro, Carlos Drummond de Andrade (1902-1987)
atinge o nível mais bem-acabado dessa linhagem no livro seguinte, “A Rosa do Povo” (1945). Composta por 55 poemas, escritos entre 1943 e 1945, a obra desponta como a criação da maturidade do poeta. No momento em que a Segunda Guerra Mundial chegava ao fim, o nazi-fascismo deixava de imperar na Alemanha e na Itália e o Estado Novo de Getúlio Vargas fechava seu ciclo, a publicação do livro de Drummond surgia como um
manifesto em que se denunciavam as crises de seu tempo e se anunciava um outro, amparado pela onda de esperança no socialismo soviético. Ligado ao Partido Comunista Brasileiro (chegou a ser um dos editores da Tribuna de Imprensa, do PCB, a convite de Luís Carlos Prestes), o poeta elege a luta como força motriz de uma poesia que, até então, se nutria principalmente das idiossincrasias de uma existência centrada no eu. Exceções feitas aos poemas O Mito e Caso do Vestido, “A Rosa do Povo” abstém-se de certos temas comuns na lírica drummondiana, como o amor e o cotidiano apreendido pelo humor. Outras temáticas predominam no livro – as que Drummond identificou na própria obra quando organizou uma antologia poética em 1962 – além do choque social: o indivíduo, a terra natal, a família, a própria poesia e os amigos. Foi o lirismo social que tornou o livro tão bem-sucedido entre os leitores (veja abaixo trecho de Morte do Leiteiro). A palavra ganha, aqui, o poder de transformar o mundo, como se percebe em Nosso Tempo: “O poeta/ declina de toda responsabilidade/ na marcha do mundo capitalista/ e com suas palavras, intuições, símbolos e outras armas/ promete ajudar a destruí-lo/ como uma pedreira, uma floresta,/ um verme”. As considerações sobre o sentido da vida, presentes nas primeiras obras, encontram exemplos em poemas como Morte no Avião e A Flor e a Náusea. Quanto ao tema da metalinguagem – a reflexão do poeta sobre a própria poesia -, os dois textos iniciais dão conta de um programa em que Drummond enuncia como se deve compor. Em Consideração sobre o Poema, canta a dívida para com outros autores: “[…]Furto a Vinicius/ sua mais límpida elegia. Bebo em Murilo./ Que Neruda me dê sua gravata/ chamejante. Me perco em Apollinaire. Adeus, Maiakóvski. São todos meus irmãos […]”. Já Procura da Poesia aponta os caminhos equivocados do fazer poético: “Não faças versos sobre acontecimentos./ Não há criação nem morte perante a poesia./ Diante dela, a vida é um sol estático,/ não aquece nem ilumina./ As afinidades, os aniversários, os incidentes pessoais não contam./ […] Nem me reveles teus sentimentos,/ que se prevalecem do equívoco e tentam a longa viagem./ O que pensas e sentes, isso ainda não é poesia”. Segundo o crítico Otto Maria Carpeaux, Drummond se tornou o “poeta público” brasileiro. Soube magistralmente fundir o eu lírico e o objeto, transformando as mazelas do mundo em suas próprias. “A Rosa do Povo” refletiu sua época e cantou a esperança: desviou-se do mero panfletarismo com um dos mais altos níveis de lirismo da poesia brasileira. Continua após a publicidade Título: A Rosa do Povo Autor: Carlos Drummond de Andrade Morte
do Leiteiro Há pouco leite no país, Então o moço que é leiteiro […] Mas este acordou em pânico […] Esse texto faz parte do especial “100 Livros Essenciais da Literatura Brasileira”, publicado em 2009 pela revista Bravo! Prepare-se para o Enem sem sair de casa. Assine o Curso PASSEI! do GUIA DO ESTUDANTE e tenha acesso a todas as provas do Enem para fazer online e mais de 180 videoaulas com professores do Poliedro, recordista de aprovação nas universidades mais concorridas do país. Continua após a publicidade
Porque o título A rosa do povo?Cinquenta e cinco poemas compõem a obra "A Rosa do Povo", que foi escrita por Carlos Drummond de Andrade entre os anos de 1943 e 1945. É o mais longo de seus livros de poemas. O próprio título do poema já traz uma simbologia: uma rosa nasce para o povo, será a poesia para o coletivo?
O que fala o poema A rosa do povo?Publicado em 1945, A rosa do povo é o livro politicamente mais explícito de Drummond. É um poderoso olhar sobre a Segunda Guerra, a cisão ideológica, a vida nas cidades, o amor e a morte. Tudo isso é observado a partir daquela que então era a capital do país.
Por que Carlos Drummond de Andrade ficou conhecido como o poeta da pedra que pedra e essa o que ela significa?Um apelido que era para ser pejorativo, mas que ele encarou com alegria, tornando-o um dos símbolos de seu fazer literário. A dureza e a frieza da pedra marcam a poesia de Carlos Drummond de Andrade, dotada de uma afetividade contida.
Qual o contexto de sentimento do mundo?Os poemas deste livro foram escritos entre 1935 e 1940, época em que o mundo tentava se recuperar da Primeira Guerra Mundial e enfrentava a ascensão de regimes totalitários: a Alemanha de Hitler, Franco na Espanha, Mussolini na Itália e o Estado Novo de Getúlio Vargas no Brasil.
|