Porque a bandeira do Brasil é verde amarelo azul e branco?

Sem dúvida, a bandeira do Brasil é uma das mais bonitas se comparado o esquema de cores usado em sua composição. Na escola, certamente, você aprendeu que a história das cores da bandeira nacional seriam uma homenagem às riquezas naturais do país:

O verde representaria a exuberância de nossas florestas; O amarelo, o ouro encontrado no subsolo; o azul seria uma referência aos rios encontrados em abundância no território brasileiro; e a faixa branca justificaria a paz.

Essa interpretação parece linda e simpática, mas na história, o contexto é bem diferente.

"As cores vêm da bandeira do Império", segunfo a historiadora Mary Del Priore, uma das autoras da tetralogia Histórias da Gente Brasileira, em que aborda o país desde a colônia até os tempos atuais.

"Esse negócio de verde das matas e amarelo das nossas riquezas é balela", segundo o historiador e escritor Paulo Rezzutti. Ele diz que o verde é uma alusão à Casa de Bragança, família nobre portuguesa à qual pertenceu Dom Pedro 1º. O amarelo remete à Casa de Habsburgo, pertencente à família de Leopoldina, primeira mulher de Dom Pedro.

Os ramos de café e tabaco também faziam parte da bandeira, representando as culturas predominantes no Brasil àquela época. O círculo azul com 19 estrelas representavam as províncias portuguesas. O brasão e a coroa portuguesa representam justamente o Império Português sobre o Brasil.

"A explicação do verde das matas e do amarelo do ouro foi construída depois. Foi uma maneira tardia de a República tentar modificar o simbolismo original da bandeira, associado à monarquia", disse Rezzutti.

Com a Proclamação da República, por quatro dias (de 15 a 19 de novembro de 1889), a bandeira do Brasil foi redesenhada completamente seguindo os moldes da bandeira americana: faixas verde e amarelas e 21 estrelas brancas em um quadrado azul. Isto porque a nação norte-americana, já independente e uma República desde 1776, era tida como exemplo para os republicanos brasileiros.

Posteriormente, ainda em 1889, a bandeira foi remodelada com as configurações que conhecemos hoje. "Após a proclamação da República, em 1889, uma nova bandeira foi criada para representar as conquistas e o momento histórico para o país. Projetada por Raimundo Teixeira Mendes e Miguel Lemos, com desenho de Décio Vilares, foi inspirada na Bandeira do Império, desenhada pelo pintor francês Jean Baptiste Debret", diz o Palácio do Planalto. 

O pintor Décio Vilares foi recrutado para fazer o desenho do círculo azul. O político Benjamin Constant foi quem propôs o lema "Ordem e Progresso", um resumo da teoria de Comte. "A República não podia encontrar melhores luzes do que na religião que se resume na fórmula: o Amor por princípio, a Ordem por base e o Progresso por fim; nem melhores guias do que nós", afirmou Constant à época.

O astrônomo Manuel Pereira Reis, que trabalhou no Observatório do Rio de Janeiro, foi chamado para determinar com precisão científica a disposição das estrelas no momento da Independência. O Brasil é o único país cujo desenho da bandeira respeita a posição astronômica das estrelas.

Cada estrela, segundo os historiadores, representam um estado brasileiro. Hoje são 26 estrelas mais uma acima da faixa branca.

"A bandeira adotada pela República mantém a tradição das antigas cores nacionais - verde e amarelo - do seguinte modo: um losango amarelo em campo verde, tendo no meio a esfera celeste azul, atravessada por uma zona branca, em sentido oblíquo e decrescente da direita para a esquerda, com a legenda 'Ordem e Progresso' e pontuada por vinte e uma estrelas, entre as quais as da constelação do Cruzeiro, dispostas na sua situação astronômica, quanto à distância e ao tamanho relativos, representando os vinte Estados da República e o município neutro", diz o decreto.

O município neutro seria a capital federal, na época, o Rio de Janeiro. Hoje é o Distrito Federal, Brasília.

Reza a lenda...

Mas, se a bandeira da República brasileira é uma releitura daquela utilizada pelo Império, como foi criada então esta primeira?

O historiador Clovis Ribeiro, autor do livro Brasões e Bandeiras do Brasil, conta que momentos após proclamar a independência, ainda na região do Ipiranga, em São Paulo, dom Pedro teria tirado as insígnias portuguesas de seu chapéu e determinado as novas cores do País.

"Doravante teremos todos outro laço de fita, verde e amarelo. Serão as cores nacionais", afirmou o novo imperador, de acordo com tal versão.

O livro Brasões e Bandeiras do Brasil, apesar de reconhecer que o mais provável seja que as cores aludissem às casas de Bragança e Habsburgo, existe uma versão alternativa, quase anedótica - considerando o caráter mulherengo de dom Pedro.

Reza a lenda que, naquele 7 de setembro de 1822, Dom Pedro carregava na lapela uma flor "cor de ouro num ramo verde", que teria sido presente de "uma formosa dama paulistana".

"Diz esta lenda galante que, ao escolher, no próprio momento da fundação do novo império, as cores da nova bandeira, dom Pedro não teve senão o intuito de perpetuar, no síbilo da pátria nascente, a recordação dessa dádiva querida", narra Ribeiro.

Causos à parte, o que parece certo é que as cores nacionais foram escolhidas por Dom Pedro 1º no próprio dia da proclamação da independência. O historiador Ribeiro atesta que, no mesmo dia, tais cores foram usadas pela primeira vez como símbolos da pátria em São Paulo.

Quem escolheu as cores da bandeira do Brasil?

O que significa o símbolo da bandeira do Brasil?

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