Quais foram as realizações de Nassau durante a sua administração do Brasil holandês?

Pouco se sabe sobre a infância e a juventude do conde Johann Moritz of Nassau-Siegen, que nasceu em Dillemburg, na Alemanha, em 17 de junho de 1604. O personagem tem um lugar especial na História do Brasil. Conhecido pelo nome "brasileiro", Maurício de Nassau, ele governou a colônia holandesa no Nordeste do Brasil, com a capital em Recife, de 1637 a 1644.

Sua administração tornou-se conhecida pelos trabalhos de cientistas e artistas que o acompanharam e, sob seu patrocínio, exploraram e pintaram a nova terra, suas belezas naturais e seus habitantes. Esses trabalhos são apreciados ainda hoje. Tanto, que 2004 foi escolhido para ser o Ano de Nassau, no Brasil, na Alemanha e na Holanda, em homenagem aos 400 anos de seu nascimento.

Como muitos membros da família Nassau, o conde Johann Moritz seguiu a carreira militar a serviço do Estado holandês, depois de receber educação humanística nas Universidades de Basileia e Genf. Nassau era de origem alemã, nascido numa cidade perto de Frankfurt e de Siegen. Era de uma família nobre que tinha dois ramos, um alemão e outro holandês.

Ele trabalhava para a Companhia das Índias Ocidentais ou WIC (sigla de West-Indische Compagnie, no idioma neerlandês ou holandês), quando veio administrar a colônia da Nova Holanda no Brasil, aos 33 anos de idade. Os diretores da WIC convenceram o governo holandês da importância do comércio do açúcar para a sua economia.

O passo seguinte foi a invasão do território brasileiro. Primeiro os holandeses tentaram a Bahia, mas foram repelidos. Depois, conquistaram Pernambuco e se instalaram na região, em Olinda e Recife. De lá expandiram sua ocupação até o atual território de Sergipe, ao sul, e, ao norte, pelos atuais estados da Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará.

Nomeado governador, Nassau era estrangeiro, invasor e protestante, numa terra de colonizadores católicos portugueses. Mas cativou de tal forma a população que esta o ajudava espontaneamente em suas obras para modernizar a cidade, e mantinha boas relações com os senhores de engenho. Conta-se que quando o governador quis construir um zoológico, a população doou uma grande quantidade de animais selvagens, sem que Maurício pedisse. Suas realizações durante sua estadia no Brasil ultrapassaram as atribuições normais de um governador.

Ao contrário do que era costume na época, ele se recusou a explorar a colônia apenas em benefício da WIC. Ao invés disso, sua maior preocupação foi promover o bem-estar dos habitantes e preservar a terra. Humanista, Nassau estimulou as ciências e as artes. Fez construir um observatório astronômico, criou um jardim botânico e trouxe em sua comitiva mestres da pintura flamenga como Frans Post e Albert Eckout, além de diversos artistas e cientistas, convidados a se juntar a ele num grande projeto que definiu como "exploração profunda e universal da terra".

Essa iniciativa teve especial importância, porque foi a primeira da época e tornou disponíveis várias informações sobre o Brasil para a Europa ocidental. Não foram apenas tratados científicos em publicações acadêmicas, mas pinturas e desenhos que podiam ser entendidos pelo grande público.

Os senhores de engenho haviam feito empréstimos com os holandeses, a fim de aumentar sua produção de açúcar. Mas o preço do produto caiu no mercado internacional e a WIC decidiu cobrar, de uma só vez, o dinheiro emprestado, e com juros muito altos. Nassau, que havia fracassado em nova tentativa de ocupar a Bahia, não concordou com essa forma de cobrança e entrou em conflito com a Companhia, entregando o cargo para voltar à Europa, em 1641.

Sua saída estimulou a Insurreição Pernambucana: os donos de terras, unidos aos negros e aos índios, lutaram durante 9 anos para expulsar os holandeses, vencendo em 1654.

De volta ao continente europeu, Johann Moritz voltou ao serviço militar na Holanda e chegou a marechal. Passou a residir em Haia, capital administrativa holandesa, onde viveu no palácio do governo, que transformou numa verdadeira galeria de arte. Quando foi regente do principado de Brandenburgo (1647), Nassau executou um programa de modernização da residência oficial, em Kleve, cidade fronteiriça com a Holanda.

Ainda hoje, seu projeto paisagístico, o sistema de jardins e parques desenhado por ele, com avenidas, canais e pistas, dá à cidade alemã uma característica especial. Nessa época, seu feito principal foi ter representado o príncipe eleitor de Brandenburgo na escolha do imperador alemão.

Ligou-se ao príncipe da Prússia e lutou pelos holandeses contra o rei francês Luís 14 em 1672. Como era conde de Nassau, família pertencente ao Sacro Império Romano-Germânico foi agraciado com o título de príncipe desse império.

Num jardim público em Kleve, está o imponente mausoléu de ferro que Nassau idealizou e onde foi sepultado. Morreu de causas naturais em 20 de dezembro de 1679, aos 75 anos.

História do Brasil

Nassau consolidou e expandiu as conquistas holan­desas. No Nordeste, ocupou todo o litoral, até o Maranhão, e na África tomou São Jorge da Mina e as feitorias de Angola, assegurando o abastecimento dos engenhos do Nordeste holandês de escravos africanos. Falhou, entre­tanto, nas tentativas de conquistar a Bahia, em 1638.

A administração nassoviana foi favorecida por uma estranha situação de paz. Em 1640, os holandeses apoia­ram os portugueses no movimento da Restauração, encer­rando o domínio espanhol. Por essa razão, Portugal e Ho­landa assinaram a Trégua dos 10 Anos (1641-51), em que a segunda continuava a ocupar sete capitanias brasileiras.

Aproveitando-se dessa condição, Nassau aproximou-­se da população local, principalmente dos senhores-de-en­genho, de quem procurou ganhar a simpatia, financiando a reconstrução de engenhos a juros baixos, encampando suas dívidas, recuperando engenhos abandonados, garan­tindo os preços do açúcar e o fornecimento de escravos.

Quais foram as realizações de Nassau durante a sua administração do Brasil holandês?

O comandante Maurício de Nassau, legítimo representante da companhia das Índias Ocidentas, foi o grande responsável pela consolidação das conquistas holandesas no Brasil.

Consequentemente, houve um aumento significativo da produção açucareira. Além disso, Nassau garantiu uma justiça mais igualitária, a liberdade de culto (os holandeses eram protestantes), e chegou a publicar normas protegen­do a alimentação dos escravos (obrigatoriedade de cultivo de 200 covas de mandioca para os escravos). Politica­mente, permitiu a participação dos senhores de terras no Conselho dos Escabinos, espécie de Câmara Municipal, dirigido por um membro da W.I.C. (Companhia das Índias Orientais), o esculteto. O Recife. foi modernizado e embelezado e uma série de realizações marcaram sua atuação no terreno cultural, como a criação do Observatório Astronômico e de uma biblioteca.

A política de Nassau, entretanto, entrou em choque como os interesses da W.I.C., que considerava a sua administração muito dispendiosa e personalista. Pressionado, o governador acabou por se demitir em 1643, retirando-se para a Holanda.

Bibliografia:

O domínio holandês na Bahia e no Nordeste – José Antônio Gonçalves de Mello – Difel, São Paulo.

Veja também:

  • Invasões Holandesas
  • Invasão Holandesa na Bahia
  • Invasão Holandesa em Pernambuco
  • França Equinocial

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O que Maurício de Nassau fez no Brasil?

Maurício de Nassau no Brasil Maurício de Nassau foi enviado pela Companhia das Índias Ocidentais para governar as terras recém-conquistadas pelos holandeses na América do Sul. Ele ficou em Pernambuco, mais especificamente em Recife. No século XVII, a Holanda estava interessada no controle do comércio açucareiro.

Quais foram as principais mudanças promovidas por Nassau no governo holandês do Nordeste?

Entre 1637 e 1644, tempo que governou em terras brasileiras, Nassau provocou mudanças e foi responsável por muitos dos pioneirismos que tanto orgulham os pernambucanos: decretou a liberdade de culto religioso; fez a primeira documentação da paisagem local; criou jardim botânico, zoológico e obsertavório astronômico; ...

Que melhorias foram realizadas no Recife durante a administração holandesa?

Recife passou por uma importante urbanização, foram construídos pontes, canais, diques e edifícios, além do jardim botânico, o museu natural e o observatório astronômico, o primeiro da América.

Quais foram as realizações de Nassau Siegen no Brasil e anote as informações coletadas?

Resposta: As realizações de Nassau-Siegen foram várias, entre elas: o crescimento da produção açucareira do nordeste, o desenvolvimento e modernização de Recife e a criação de instituições várias.