Quais os cuidados de enfermagem devemos ter com gestantes de risco?

INTRODU��O

A hipertens�o arterial pulmonar (HAP) � definida por uma press�o m�dia da art�ria pulmonar ≥25 mmHg em repouso, medida durante o cateterismo card�aco direito. � caracterizada por um grupo de dist�rbios que conduzem � vasculopatia obstrutiva progressiva1. Quando associada a infec��es e estados de alto d�bito, como na gesta��o, a anemia e o hipertireoidismo s�o considerados fatores agravantes da HAP2.

As mudan�as fisiol�gicas no decurso da gravidez s�o, inicialmente, bastante toleradas, mas o per�odo peri e p�s-parto � cr�tico. A mortalidade de rec�m-nascidos tamb�m � alta, principalmente devido � prematuridade e ao baixo peso ao nascer, e � estimada em 11-13%. As diretrizes atuais recomendam que a gravidez em pacientes com HAP deve ser evitada e, no caso da gravidez, o t�rmino no est�gio inicial deve ser avisado3.

A denomina��o “alto risco” � atribu�da a gesta��es nas quais ocorre doen�a materna ou condi��o sociobiol�gica potencialmente prejudicial � evolu��o da gravidez, havendo, portanto, risco maior para a sa�de da m�e e/ou do beb�4. Quando esse risco � evidenciado, necessita-se que o enfermeiro e a equipe de sa�de realizem os cuidados adequados e com qualidade5.

Os profissionais da sa�de, em especial da enfermagem, devem realizar interven��es preventivas, educativas e terap�uticas. No caso de uma gesta��o de alto risco, em particular com a HAP, os cuidados devem ser intensificados e monitorizados constantemente, com o prop�sito de evitar situa��es lim�trofes de risco de morte materna e fetal.

Na enfermagem, o conjunto de a��es sistematizadas, inter-relacionadas, dirigidas para a assist�ncia de qualidade ao paciente e executadas de maneira din�mica, � denominado Processo de Enfermagem (PE). Conforme a Resolu��o COFEN 358/2009 o Processo de Enfermagem � um instrumento metodol�gico que orienta o cuidado profissional de Enfermagem e a documenta��o da pr�tica profissional6.

O PE apoia-se num referencial metodol�gico que utiliza classifica��es de Diagn�sticos, Resultados e Interven��es. A North American Nursing Diagnosis Association (NANDA) � utilizada para classificar os diagn�sticos, a Nursing Interventions Classification (NIC) para as interven��es, sendo elas independentes ou colaborativas, de cuidado direto ou indireto dos pacientes. A Nursing Outcomes Classification (NOC) � utilizada para a descri��o do resultado atual e para a escolha do resultado desejado. O PE organiza o trabalho do profissional de enfermagem em rela��o ao m�todo, proporcionando maior autonomia para o enfermeiro e tornando, assim, vis�veis os cuidados prestados aos pacientes. Al�m de enriquecer a pr�tica assistencial, o PE direciona o ensino7.

A relev�ncia desse estudo deu-se pela escassez de casos relatados na literatura, o que dificulta o acesso dos estudantes a um aprofundamento maior no assunto. Diante do contexto apresentado, questionou-se: Quais s�o os conhecimentos dos/as enfermeiros/as acerca da gesta��o de alto risco? Qual � o julgamento cl�nico e os cuidados de enfermagem a uma gestante com HAP?

O objetivo deste estudo foi identificar o conhecimento dos enfermeiros de um Hospital Universit�rio acerca de gesta��o de alto risco com diagn�stico de HAP e os cuidados de enfermagem prestados.

M�TODO

Esta � uma pesquisa qualitativa com an�lise de conte�do tem�tica8. O local de desenvolvimento da pesquisa foi a Maternidade do Hospital Universit�rio de Bras�lia (HUB) em 2016. Fizeram parte do estudo enfermeiras que atuam na maternidade em gesta��es de alto risco. A coleta de dados foi realizada no pr�prio ambiente hospitalar, respeitando a disponibilidade de tempo dos sujeitos.

Para a obten��o dos dados procedeu-se � aproxima��o, pela qual foi realizada a apresenta��o da pesquisadora, realizados os esclarecimentos acerca da pesquisa e seus objetivos. Em seguida, ocorreu a apresenta��o da proposta de participa��o e a assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido, bem como do termo de autoriza��o para grava��o.

A coleta de dados iniciou-se com a identifica��o e entrevista semiestruturada em um roteiro com quest�es-guia. Ap�s o preenchimento do formul�rio, deu-se in�cio � interpreta��o do conte�do descrito. As entrevistas aconteceram no pr�prio ambiente de trabalho, mas as enfermeiras que aceitaram participar n�o permitiram que fossem gravadas suas falas. No entanto, contribu�ram com o preenchimento das respostas nos formul�rios de entrevista.

Ap�s a coleta, foi realizada a transcri��o das entrevistas. Assim, foi executada a pr�-an�lise por meio da leitura flutuante pela qual se organizou o material para as fases seguintes da an�lise, a partir do contexto das respostas advindas das perguntas feitas para as enfermeiras sobre a gesta��o de alto risco, especificadamente a gesta��o diagnosticada com a HAP.

A pesquisa foi autorizada pelo Comit� de �tica em Pesquisa da Faculdade de Sa�de da Universidade de Bras�lia, de acordo com as normas previstas para realiza��o de pesquisa envolvendo seres humanos, contidas na Resolu��o n�466/2012 do Minist�rio da Sa�de, CAEE: 53153215.0.0000.0030.

RESULTADOS

Fizeram parte do estudo seis enfermeiras que atuam na maternidade, especificamente nas enfermarias de gesta��o de alto risco.

Em rela��o ao perfil das entrevistadas, cinco atuavam no per�odo diurno e uma no noturno. O quadro abaixo apresentado cont�m os dados referentes ao perfil sociodemogr�fico e profissional das participantes.

Quais os cuidados de enfermagem devemos ter com gestantes de risco?

Tabela 1.
Dados sociodemogr�ficos e profissionais das enfermeiras participantes. Bras�lia/DF, 2016.

A explora��o do material, considerada a segunda fase da AC, possibilitou conhecer as “unidades de registro e unidades de contexto”, que surgiram a partir da maior frequ�ncia de apari��o de palavras significativas. Isto �, a tem�tica foi considerada para a categoriza��o, para captar a percep��o e os significados das enfermeiras acerca da assist�ncia, do cuidado, do julgamento cl�nico e da utiliza��o de taxonomias.

A terceira fase constituiu-se da interpreta��o e an�lise a partir dos relatos escritos e da categoriza��o das informa��es, o que originou duas grandes categorias. Delas emergiram liga��es consideradas subcategorias, a saber: 1. Conhecimento acerca da Gesta��o de Alto Risco e a subcategoria Conhecimento sobre gesta��o com HAP e interna��o prolongada; 2. Organiza��o da assist�ncia de enfermagem a uma gestante com HAP e as subcategorias: Exist�ncia de protocolos que auxiliam na interna��o prolongada, cuidados de enfermagem propriamente ditos, conhecimento e import�ncia da utiliza��o dos Diagn�sticos de Enfermagem. Representadas abaixo no Quadro 1:

Tabela 2. Categorias, subcategorias, unidades de registro e unidades de contexto sobre as percep��es acerca dos cuidados de enfermagem em uma gesta��o diagnosticada com HAP, 2016, Bras�lia/DF.

Quais os cuidados de enfermagem devemos ter com gestantes de risco?

Tabela 2.
Categorias, subcategorias, unidades de registro e unidades de contexto sobre as percep��es acerca dos cuidados de enfermagem em uma gesta��o diagnosticada com HAP, 2016, Bras�lia/DF.

DISCUSS�O

A utiliza��o de diagn�sticos apresenta muitos aspectos positivos, como: seguran�a no planejamento, execu��o e avalia��o das condutas de enfermagem; a individualiza��o da assist�ncia; visibilidade e autonomia para o enfermeiro; diminui��o do tempo de hospitaliza��o e consequentemente economia de recursos18.

1. Conhecimento acerca da Gesta��o de Alto Risco

A maioria das gesta��es evolui sem nenhum tipo de intercorr�ncias. Por�m, durante o seu transcorrer, algumas complica��es que levam a mortalidade e morbidade podem amea�ar a vida materna e a do concepto, configurando assim uma situa��o de emerg�ncia obst�trica, o que torna necess�ria uma interven��o adequada imediata e, em determinadas situa��es, a interrup��o da gesta��o.

Existem v�rios fatores de riscos na gesta��o. Eles podem agir de forma isolada ou conjunta e, dentre eles, pode-se destacar as condi��es sociodemogr�ficas, extremos de idade, hipertens�o arterial pr�via, diabetes e antecedentes gestacionais desfavor�veis9.

No ambiente de um hospital de m�dia e alta complexidade, as enfermeiras relatam que o contato com gestantes de alto risco � frequente e rotineiro, e ainda apontam que a maior demanda de interna��es est� relacionada com a diabetes mellitus gestacional (DMG) e com a s�ndrome hipertensiva especifica da gesta��o (SHEG), o que pode ser observado nos seguintes extratos:

(...) Em interna��o de alto risco sim – E2; (...)as principais patologias que internam: HELLP, ITU, Oligodramnia, DM, HAS, Eclampsia. – E4; (...) algumas com interna��o prolongada como pacientes portadoras de DMG, eclampsia, s�ndrome de help, pancreatite – E5; (...) aqui na maternidade, a demanda maior � de gestantes com diagn�stico de DMG e DHEG – E6

Os relatos das enfermeiras ao se depararem com gestantes e interna��es de alto risco mencionam, acerca das doen�as mais conhecidas, que essas acometem as gestantes e que elas precisam de um suporte com acompanhamento profissional. Por�m, quando perguntadas sobre uma doen�a espec�fica e rara na gesta��o (HAP), suas respostas remeteram-se � subcategoria abaixo:

1.1 Conhecimento sobre gesta��o com HAP e interna��o prolongada

A gesta��o diagnosticada com HAP � pouco relatada na literatura, pois � considerada de alto risco de morbimortalidade materna e fetal. Para um acompanhamento com maior seguran�a, tanto da mulher quanto do feto, os estudos recomendam que a hospitaliza��o aconte�a a partir da 28� semana de idade gestacional.2

Sobre a gesta��o diagnosticada com HAP, mais da metade das entrevistadas desconhecem a doen�a e n�o tiveram contato com esse tipo de interna��o. As enfermeiras com mais tempo de servi�o apontaram que durante a atua��o tiveram, no m�ximo, duas interna��es de gestantes com HAP. Isso tamb�m aparece nos seguintes extratos:

(...) Sim. 1 vez apenas – E1; (...) especificamente gestante com HAP somente uma – E5; (...) durante esses anos de trabalho me recordo de 02 pacientes que foram internadas com este diagn�stico – E6

A assist�ncia � gestante de alto risco busca acolher e apoiar a mulher, oferecendo assist�ncia efetiva e segura nas diferentes indica��es cl�nicas e obst�tricas, em especial para vigil�ncia, controle e redu��o dos agravos na sa�de materna e fetal10.

� de suma import�ncia o trabalho do enfermeiro em conjunto com o m�dico, pois juntos fazem a identifica��o dos sinais e sintomas e prestam assist�ncia imediata11. Conhecer o perfil das gestantes de alto risco que s�o atendidas e hospitalizadas direcionar� as a��es de enfermagem, tendo em vista a singularidade dessa clientela e seu contexto de inser��o, o que propiciar� um gerenciamento do cuidado mais eficiente e eficaz12.

A hospitaliza��o pode ser um fator estressante na gesta��o, devido a in�meras circunst�ncias, tais como: o afastamento do ambiente familiar, a perda da privacidade, ou o r�tulo de ‘doente’ dado � gestante diante da leitura feita da gravidez de risco. No momento da interna��o, muitas d�vidas podem surgir, assim como durante a visita m�dica, pois � o momento no qual as mulheres t�m interesse em saber sobre seu estado.

Na maioria das vezes tais momentos n�o s�o devidamente valorizados, aumentando o n�vel de ansiedade, o que pode agravar ainda mais a situa��o. Os profissionais de sa�de devem estar cientes do seu papel nesse momento, colocando sua sensibilidade e conhecimento a servi�o da mulher e de sua fam�lia pois, para elas, a hospitaliza��o � um fator que pode aumentar a ansiedade13.

2. Organiza��o da assist�ncia de enfermagem a uma gestante com HAP

De acordo com o Minist�rio da Sa�de14, nos cuidados de enfermagem referentes a gesta��es de alto risco, deve-se atentar que uma parcela pequena das gestantes � portadora de alguma doen�a, j� sofreu algum agravo ou desenvolveu problemas, apresentando maior probabilidade de uma evolu��o desfavor�vel, tanto para o feto como para a mulher, de modo que essa parcela da popula��o feminina constitui um grupo denominado “gestantes de alto risco”.

A vis�o do processo sa�de-doen�a, denominada “Enfoque de Risco”, fundamenta-se no fato de que nem todos v�o adoecer ou morrer, sendo que tal probabilidade pode ser maior em alguns casos do que em outros. A diferen�a designa o gradiente da necessidade de cuidados que vai desde o m�nimo, para os indiv�duos sem problemas ou com poucos riscos de sofrer danos, at� o m�ximo, necess�rio para aqueles com altas chances de sofrer agravos � sa�de14.

O intuito da assist�ncia pr�-natal de alto risco � interferir no curso de uma gesta��o com maior chance de ter um resultado desfavor�vel, de maneira a diminuir os riscos aos quais est�o expostos a gestante e o feto, ou reduzir suas poss�veis consequ�ncias adversas14.

A avalia��o de risco na gesta��o representa uma tarefa complexa e indispens�vel em todas as consultas, merecendo maior crit�rio e aten��o do enfermeiro no �ltimo trimestre, j� que nesse per�odo o organismo da mulher est� mais exposto �s mudan�as repentinas nos n�veis press�ricos e glic�micos, relacionados a m�ltiplos fatores individuais15.

O enfermeiro precisa desenvolver um trabalho humanizado, priorizando o respeito, a aten��o e a solicitude em toda a sua assist�ncia16. A partir de estudos para a garantia de uma assist�ncia qualificada e humanizada, surgiram protocolos direcionados �s gestantes de alto risco. Assim como, tamb�m, existem protocolos cl�nicos e diretrizes terap�uticas direcionadas para HAP17.

Neste estudo observou-se que as entrevistadas desconhecem a exist�ncia do protocolo direcionado especificamente � gesta��o de alto risco com diagn�stico de HAP, conforme atestam os extratos das subcategorias apresentados a seguir:

2.1 Exist�ncia de protocolos que auxiliam na presta��o dos cuidados

A Sistematiza��o da Assist�ncia de Enfermagem (SAE) � uma metodologia de organiza��o, planejamento e execu��o de a��es sistematizadas que s�o realizadas pela equipe durante o per�odo no qual o indiv�duo se encontra sob a assist�ncia de enfermagem18.

Esse processo representa o instrumento de trabalho do enfermeiro com vistas � identifica��o das necessidades do paciente, apresentando uma proposta quanto ao seu atendimento e cuidado e direcionando a equipe de enfermagem nas a��es a serem realizadas18. Isso traz benef�cios n�o somente para a equipe, mas tamb�m para quem necessita desses cuidados.

As enfermeiras desconhecem a exist�ncia de protocolos ou rotinas para o diagn�stico de HAP na gravidez, e ainda informam a inexist�ncia dele na institui��o:

(...) Especificamente para HAP n�o existe, pelo menos nunca foi passado para equipe de enfermagem, n�o que eu tenha conhecimento – E1; (...) para HAP desconhe�o. – E2; (...) n�o existe na institui��o POP p/ HAP – E4; (...) n�s n�o temos um protocolo para esse tipo de assist�ncia – E6

A SAE, enquanto processo organizacional, � capaz de oferecer subs�dios para o desenvolvimento de m�todos/metodologias interdisciplinares e humanizadas de cuidado19.

2.2 Cuidados de Enfermagem propriamente ditos

O cuidado de enfermagem consiste na ess�ncia da profiss�o e pertence a duas esferas distintas: uma objetiva, que se refere ao desenvolvimento de t�cnicas e procedimentos, e outra subjetiva, que se baseia na sensibilidade, na criatividade e na intui��o para cuidar de outro ser19.

O prop�sito de reduzir agravos e combater a morbimortalidade materna s� � fact�vel quando a��es e atividades s�o desenvolvidas nas unidades de aten��o � sa�de e quando h� profissionais envolvidos e recursos dispon�veis para garantir uma assist�ncia qualificada20.

Observou-se que as enfermeiras j� se depararam, ao longo do tempo de servi�o na enfermaria de alto risco, com gestantes diagnosticadas com HAP. Ao assistir essas gestantes, elas relataram a busca de conhecimentos sobre a doen�a e quais seriam os cuidados a serem prestados ao longo da interna��o. Fato � que elas revelaram que n�o possu�am autonomia na presta��o do cuidado e que, na maioria das vezes, cumpriam o que era prescrito pelos m�dicos, incorporando essas prescri��es aos cuidados rotineiros para interna��es de gestantes de alto risco:

(...) Os cuidados s�o prestados para pacientes com comprometimento ou desconforto respirat�rio (...) cada profissional segue o que entende e conhece sobre a patologia e como j� falei aliado aos cuidados m�dicos prescritos. – E1

A enfermagem est� amparada legalmente, conforme o Decreto n� 94.406 de 1987, que regulamenta a Lei n� 7.498 de 1986, e disp�e sobre o Exerc�cio da Enfermagem e, em seu Art. 8�, descreve as atividades privativas do enfermeiro. Dentre essas atividades est�o o planejamento, a organiza��o, a coordena��o, a execu��o e a avalia��o dos servi�os da assist�ncia de enfermagem; a consulta de enfermagem; a prescri��o da assist�ncia de enfermagem; os cuidados diretos de enfermagem a pacientes graves com risco de vida e os cuidados de enfermagem de maior complexidade t�cnica e que exijam conhecimentos cient�ficos adequados e capacidade de tomar decis�es imediatas21.

Conhecer a realidade das gestantes de alto risco e enxerg�-la de maneira hol�stica � de grande import�ncia para que sejam planejados e executados cuidados com qualidade. Esses cuidados de enfermagem devem compreender a gestante como uma unidade biopsicossocial, ou seja, deve levar em considera��o os aspectos emocionais, espirituais, f�sicos e familiares para garantir o bem-estar da gestante durante o per�odo de interna��o.

2.3 Conhecimento e a import�ncia da utiliza��o dos Diagn�sticos de Enfermagem

O uso dos diagn�sticos de enfermagem traz benef�cios tanto para o profissional e para o cliente, quanto para a institui��o. Para facilitar algumas etapas do processo de enfermagem, a do diagn�stico de enfermagem utiliza sistemas de classifica��o22.

Esses sistemas s�o tecnologias que possibilitam uma linguagem padronizada a ser utilizada no processo de racioc�nio cl�nico e terap�utico, visando fundamentar a documenta��o cl�nica da pr�tica profissional22.

Nesse estudo, as enfermeiras entrevistadas relataram n�o utilizar nenhum tipo de taxonomia na presta��o do cuidado �s gestantes em interna��o prolongada, especialmente quanto �s gestantes com diagn�stico de HAP. Nas narrativas das participantes, apesar de algumas mencionarem o conhecimento acerca de teorias, a utiliza��o dos diagn�sticos de enfermagem na gradua��o e a utiliza��o deles em outros servi�os, n�o fazem uso delas:

(...)Na gradua��o o diagn�stico de enfermagem era feito pela NANDA, por isso � por ele que costumava utilizar em outros servi�os. No entanto, aqui no HUB n�o utilizamos ainda(...) – E1

O diagn�stico de enfermagem � uma das etapas mais complexas e causa muitas diverg�ncias na sua realiza��o23. Muitos profissionais deixam de fazer o diagn�stico de enfermagem, fragmentando o cuidar e vendo a/o cliente/usu�rio/paciente tamb�m fragmentado, prescrevendo muitas vezes cuidados que n�o t�m rela��o com os problemas encontrados, deixando de v�-lo como um todo.

Ao realizar o diagn�stico de enfermagem � poss�vel obter um levantamento de dados que envolvem racioc�nio e julgamento, o que o torna imprescind�vel para descrever a rela��o de ajuda na pr�tica assistencial22, favorecendo o planejar, o implementar, e avaliar a continuidade da assist�ncia prestada.

A utiliza��o de diagn�sticos apresenta muitos aspectos positivos, como: seguran�a no planejamento, execu��o e avalia��o das condutas de enfermagem; a individualiza��o da assist�ncia; visibilidade e autonomia para o enfermeiro; diminui��o do tempo de hospitaliza��o e consequentemente economia de recursos18.

CONCLUS�O

Nesse estudo, buscou-se identificar o conhecimento das/os enfermeiras/os de um hospital universit�rio acerca dos cuidados de enfermagem de uma gesta��o diagnosticada com HAP. Em rela��o �s entrevistas, observou-se uma varia��o entre o tempo de forma��o e o tempo de atua��o na maternidade/enfermaria de alto risco.

Acerca da doen�a apresentada, verificou-se pouco conhecimento sobre HAP e muitas enfermeiras n�o presenciaram tal diagn�stico durante seus per�odos de atua��o com gestantes internadas. Suas especialidades n�o atendem a unidade e isso se reflete nos cuidados a serem prestados a essas gestantes, pois s�o admitidamente de pouca qualifica��o.

Do mesmo modo, n�o foi identificado o desenvolvimento da SAE na assist�ncia de enfermagem quando existe a ocorr�ncia de interna��o prolongada na maternidade. A inexist�ncia de protocolos � colocada em evid�ncia, independentemente da doen�a que acomete a gestante. Logo, n�o existe um protocolo que direcione � assist�ncia qualificada e humanizada que deveria ser prestada �s gestantes e, especificamente, � gestante com HAP.

No que diz a respeito ao uso do processo de enfermagem, o conhecimento se mostrou por parte de algumas enfermeiras. Quanto aos diagn�sticos de enfermagem (NANDA), elas sabem da exist�ncia de diagn�sticos para gestantes com restri��es. Por�m, n�o possuem acesso na unidade em que trabalham, n�o recebem est�mulo por parte da institui��o para a implementa��o nos cuidados de rotina e relatam a inexist�ncia de a��es de educa��o permanente na unidade. Sendo assim, cada enfermeira oferece o cuidado de acordo com seu conhecimento cient�fico acerca da doen�a que acomete a gestante ou segue a prescri��o m�dica.

As limita��es desse estudo referem-se principalmente ao desconhecimento ou falta de contato com gestantes de alto risco com HAP. E, no que diz respeito � utiliza��o das taxonomias baseadas na NANDA/NOC/NIC aplicadas � interna��o prolongada na maternidade da gestante diagnosticada com HAP, n�o foi poss�vel interpretar os achados devido � falta de informa��es e conhecimentos das taxonomias.

Quanto ao plano de interven��es, observou-se que ser� necess�rio que a equipe obtenha conhecimento acerca da doen�a, instruam-se e elaborem um protocolo ou um procedimento operacional padronizado (POP) para HAP.

Apesar disso, percebeu-se que as enfermeiras realizam seu trabalho, tendo em vista um atendimento que busca responder da melhor maneira poss�vel �s necessidades especificas de acordo com a doen�a que acomete as gestantes, proporcionando a elas uma assist�ncia de acordo com os recursos que s�o oferecidos no servi�o. Acrescenta-se a preocupa��o e interesse em adquirir novos conhecimentos, para assim prestar a assist�ncia pertinente � gestante diagnosticada com HAP.

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Notas de autor

1 Enfermeira. Especialista em Terapia Intensiva. Bras�lia, DF, Brasil. ORCID: 0000-0002-3029-172. E-mail:

2 Enfermeira Obst�trica. Especialista em Enfermagem do Trabalho. Mestre em Ci�ncias da Sa�de. Doutora em Enfermagem. Professora Adjunta do Curso de Enfermagem e do Programa de P�s Gradua��o em Enfermagem. Universidade de Bras�lia (UnB), Bras�lia, DF, Brasil. ORCID: 0000-0002-3745-6488. E-mail:

3 Enfermeira Obst�trica. Especializanda em Forma��o de Educadores em Sa�de. Mestranda em Ci�ncias da Sa�de pela Escola Superior de Ci�ncias de Sa�de de Bras�lia. Membro da Diretoria da Associa��o Brasileira de Enfermagem Obst�trica do Distrito Federal, Bras�lia, DF, Brasil. ORCID: 0000-0002-0427-6763. E-mail:

Informaci�n adicional

CONTRIBUI��ES: Carine Guimar�es participou da obten��o de dados, an�lise e interpreta��o dos dados e reda��o. Rejane Antonello Griboski e Raquel Lira Di�genes contribu�ram na revis�o e reda��o.

Como citar (Vancouver): Guimar�es CP, Griboski RA, Di�genes RRL. Cuidados de enfermagem a uma gestante com interna��o prolongada por diagn�stico de hipertens�o arterial pulmonar. REFACS [Internet]. 2019 [citado em inserir dia, m�s e ano de acesso]; 7(3):296-305. Dispon�vel em: inserir link de acesso. DOI: inserir link do DOI.

Como citar (ABNT): GUIMAR�ES, C. P.; GRIBOSKI, R. A.; DI�GENES, R. R. L. Cuidados de enfermagem a uma gestante com interna��o prolongada por diagn�stico de hipertens�o arterial pulmonar. REFACS, Uberaba, MG, v. 7, n. 3, p. 296-305, 2019. Dispon�vel em: inserir link de acesso. Acesso em: inserir dia, m�s e ano de acesso. DOI: inserir link do DOI.

Como citar (APA): Guimar�es, C.P., Griboski, R.A. & Di�genes, R.R.L. (2019). Cuidados de enfermagem a uma gestante com interna��o prolongada por diagn�stico de hipertens�o arterial pulmonar. REFACS, 7(3), 296-305. Recuperado em: inserir dia, m�s e ano de acesso de inserir link de acesso. DOI: inserir link do DOI.

Quais os cuidados que devemos ter com uma gravidez de risco?

10 Cuidados na gravidez de risco.
Respeitar o calendário das consultas. Um dos cuidados na gravidez de risco, é o acompanhamento médico rigoroso. ... .
Fazer os exames recomendados. ... .
Cuidar da alimentação. ... .
Abstinência de tabaco, álcool e drogas. ... .
Repouso. ... .
Exercício físico. ... .
Abstinência sexual. ... .
Controlar o ganho de peso..

Quais os cuidados de enfermagem em situações obstétricas de risco?

O enfermeiro obstetra junto a equipe multidisciplinar diante de situações de urgência e emergência obstétrica deve prestar assistência de forma holística com a finalidade de promover e minimizar o sofrimento materno fetal, além de realizar orientações, examinar e avaliar possíveis alterações (SILVA et al., 2018).

Qual o papel do enfermeiro na gestação de alto risco?

O enfermeiro desempenha um papel de extrema importância para que ocorra um pré- natal de qualidade, devendo, portanto, prestar uma assistência humanizada, atendendo as queixas da paciente, executando e prescrevendo cuidados, a fim de diminuir os riscos e as possíveis complicações para a gestante de risco e ao feto.

Quais são os cuidados de enfermagem em relação à gestante?

No atendimento à gestante compete à Enfermeira Obstétrica:.
- fazer a inscrição da gestante;.
- realizar a consulta de enfermagem à gestante sadia;.
- realizar entrevista de enfermagem à gestante de alto risco;.
- fazer controle de retornos;.
- programar e promover trabalho de grupo com gestantes (CURSO PSICOPROFILÁTICO)..