Quais os diferentes métodos de Avaliar a esterilidade de produtos estéreis?

por Claudio Kiyoshi Hirai

O teste de esterilidade é o teste realizado para detectar microrganismos contaminantes em produtos de uso injetável ou estéril como os colírios, algumas formulações de cremes, pomadas ou loções, sendo que o objetivo deste artigo é enfatizar a importância da realização do teste de esterilidade em instalações apropriadas e desenhadas para este objetivo.

De acordo com as farmacopeias e outros compêndios, a condição de esterilidade de um produto somente deve ser considerada com base no fato que o mesmo tenha sido produzido em ambiente que minimizem a possibilidade da contaminação microbiana, em salas limpas, com ar filtrado com filtros de alta eficiência com porosidade que permitam a retenção dos microrganismos.

As Boas Práticas de Fabricação e Controle normatizam também as condições de realização do teste de esterilidade destes produtos. Obrigatoriamente o teste de esterilidade deve ser realizado sob as mesmas condições da área de produção.

O teste é um ensaio destrutivo, não é possível testar todas as unidades fabricadas, as farmacopeias indicam um critério amostral permitindo que o resultado de uma amostra representativa, submetida ao teste de esterilidade garanta a esterilidade absoluta de um produto.

Outro fator a considerar é que o teste busca proporcionar condições ideais ao desenvolvimento de bactérias, bolores e leveduras. A metodologia não abrange condições que permitam o crescimento de vírus; entretanto, quando da ausência de bactérias e fungos, extrapola-se o resultado negativo também a estes organismos.

O primeiro método oficializado do teste de esterilidade foi na Inglaterra, em 1932, e apresentado na farmacopeia, neste mesmo ano. Este exigia a execução do teste em produtos sob a forma líquida, mediante utilização de caldo peptonado com incubação a 37°C, durante 5 dias, visando à detecção de bactérias aeróbicas.

Em 1936 a USP adotou a mesma metodologia, a qual foi sofrendo inovações posteriores, de modo a aumentar a segurança dos resultados obtidos nesse teste.

Na edição seguinte, o teste foi modificado para permitir o desenvolvimento de microrganismos aeróbicos e anaeróbicos, bem como microaerófilos.

Na USP XIII, a preocupação se estendeu para detecção de fungos, utilizando-se meio de cultura contendo mel, com incubação de 22 a 25°C, durante 15 dias.

Uma inovação marcante ocorreu no fim da década de 60, com a introdução do método de inoculação indireta da amostra.

Atualmente o método de inoculação pode ser direta ou indireta, e visa a recuperação de bactérias aeróbicas, microaerófilas e anaeróbicas, além de fungos, com incubação por um período de 14 dias.

Como pode ser observado pela evolução da metodologia, a preocupação inerente à melhoria do teste de esterilidade visa verificar com mais segurança a qualidade do processo esterilizante, empregado durante a fabricação de medicamentos estéreis, bem como manipulações assépticas, levando-se em consideração o aspecto probabilístico da esterilização e o risco da contaminação.

Para a realização do teste de esterilidade é importante que as pessoas sejam adequadamente treinadas e qualificadas.

A INSTRUÇÃO NORMATIVA N° 35 (ANVISA, 2019), informa no Art. 9° que salas limpas e os equipamentos que fornecem ar limpo devem ser classificados de acordo com a versão vigente da norma ISO 14644-1.

Segundo a ABNT ISO 14644-1 salas limpas são ambientes em que a concentração de partículas em suspensão no ar é controlada e classificada, e a qual é projetada e utilizada de maneira a controlar a introdução, geração e retenção de partículas dentro da sala.

Vale ressaltar que o termo “sala limpa” utilizado pela ABNT ISO é equivalente ao termo “área limpa” utilizado pela resolução RDC 301/2019, bem como pela INSTRUÇÃO

NORMATIVA Nº 35 da ANVISA.

Ainda na norma ABNT ISO 14644-1, é definido que a instalação de salas limpas inclui todas as estruturas, sistemas de tratamento de ar, serviços e utilidades. Essas definições em conjunto com o Art. 4° da INSTRUÇÃO NORMATIVA N° 35 (ANVISA, 2019), que informa que as áreas limpas devem ser mantidas em um apropriado padrão de limpeza e receber ar que tenha passado por filtros de eficiência apropriada.

As áreas limpas são classificadas como grau A, B, C ou D e a diferença entre elas está totalmente relacionada com a concentração de partículas de ar, sendo assim, INSTRUÇÃO NORMATIVA N° 35 (ANVISA, 2019), recomenda que estes graus estejam relacionados ao tipo de exposição do produto, sendo:

 Grau A: indicado para operações de alto risco, como por exemplo, as áreas determinadas para o envase de medicamentos injetáveis e os testes de esterilidade.

 Grau B: ambientes que circundam as áreas Grau A, isto é, que antecedem as preparações e envase assépticos e a realização dos testes de esterilidade.

 Grau C e D: ambientes que são utilizados para as etapas menos críticas de fabricação de medicamentos injetáveis.

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Quais os diferentes métodos de Avaliar a esterilidade de produtos estéreis?
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AUTOR: Claudio Kiyoshi Hirai é farmacêutico bioquímico, diretor científico da BCQ consultoria e qualidade, membro da American Society of Microbiology e membro do CTT de microbiologia da Farmacopeia Brasileira.

Telefone: 11 5539 6719 – ​E-mail: té

Como avaliar a condição de esterilidade de um medicamento?

A condição de estéril é assegurada através da validação do processo de esterilização ou do processamento asséptico. O ensaio de esterilidade é realizado sob condições assépticas, de modo que para se conseguir tais condições, o ambiente onde se realiza o ensaio deve ser adaptado de modo adequado.

Quais os métodos de avaliação de produtos farmacêuticos não estéreis?

A qualidade microbiológica dos produtos não estéreis abrange dois aspectos: 1) a avaliação da carga microbiana (contagem microbiana) e 2) a ausência de microrganismos patogénicos. A ausência de microrganismos patogénicos depende da via de administração.

Quais os meios de cultura são indicados como base para análise de esterilidade?

5.1 Controle da esterilidade dos meios de cultura Devem ser amostrados 10% de cada lote de fluído tioglicolato, caldo caseína de soja, água peptonada e solução salina produzidos, para comprovação da esterilidade. Essas amostras são incubadas nas mesmas condições de temperatura do ensaio por 14 dias.

Como saber se um produto é estéril?

Como dito anteriormente, um produto somente poderá ser considerado estéril se ele for processado em condições ótimas e se o resultado de uma amostra representativa, submetida ao teste de esterilidade, indicar a ausência de microrganismos viáveis.