MELO, Fernanda Ferreira de Oliveira [2], BRASILEIRO, Marislei Espíndula [3] Show
MELO, Fernanda Ferreira de Oliveira, BRASILEIRO, Marislei Espíndula. Sistematização da assistência de enfermagem no centro cirúrgico: papel do enfermeiro. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 03, Ed. 09, Vol. 1, pp.163-179, Setembro de 2018. ISSN:2448-0959 RESUMOObjetivo: apontar a importância da implantação da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) para a organização do centro cirúrgico, bem como analisar que fatores podem interferir nesta implantação. Materiais e Método: estudo do tipo descritivo, exploratório, com análise integrativa da literatura disponível em bibliotecas convencionais e virtuais. A busca se deu nas bases de dados da Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), biblioteca digital Scientific Electronic Library Online (SciELO) e Base de Dados de Enfermagem (BDENF). As palavras-chave utilizadas foram: SAE, Centro Cirúrgico, enfermagem, dificuldades. No intuito de responder a seguinte questão problema: Qual a importância da SAE no centro cirúrgico enquanto ferramenta para uma assistência de qualidade ao paciente? Resultados: A leitura dos periódicos resultou em quatro categorias: Importância da implantação da SAE para a organização do centro cirúrgico; A SAE como ferramenta para uma assistência de qualidade ao paciente; Processo de enfermagem no centro cirúrgico; Entraves para a implantação da SAE no centro cirúrgico. A inserção da SAE tem como perspectiva a assistência ao cliente cirúrgico com qualidade. Constitui uma importante ferramenta na atuação da enfermagem, pois proporciona a interação do processo de enfermagem promovendo a integralidade da assistência de enfermagem. Embora apresente seus entraves considera-se importante o uso desta ferramenta. Conclusão: Neste sentido, este trabalho fundamenta-se no desenvolvimento da SAE realizada pelo enfermeiro do centro cirúrgico, buscando uma assistência de enfermagem mais efetiva, minimizando o processo de desgaste emocional do paciente cirúrgico. A enfermagem tem papel importante e preocupa-se em oferecer ao paciente cirúrgico uma assistência individualizada e humanizada. Palavra-chave: Assistência de enfermagem, Centro Cirúrgico, enfermagem, Dificuldades. 1 INTRODUÇÃOA opção pelo tema teve sua motivação no interesse em conhecer melhor sobre Sistematização da assistência de enfermagem no centro cirúrgico: papel do enfermeiro, tendo em vista que assistência de enfermagem é uma das principais ações no cuidado da saúde do paciente. Assim, a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) normatizada pelo Conselho Federal de Enfermagem (CFE), a Resolução n. 358/2009, preconiza que deve ser implantada no setor público e privada (BRASÍLIA, 2009, p. 317). Existem atualmente diferentes maneiras de sistematizar a assistência de enfermagem, entre elas pode-se mencionar os planos de cuidados, os protocolos, a padronização de procedimentos e o processo de enfermagem. Visto que a SAE direciona a atuação do enfermeiro no exercício de suas atividades profissionais e facilita o desenvolvimento da assistência ao paciente. Neste contexto, a implantação de um método para sistematizar a assistência de enfermagem deve ter como premissa um processo individualizado, holístico, planejado, contínuo, documentado e avaliado (VASCONCELOS, BORGES, BOHRER, et al. 2017). No Brasil, Wanda de Aguiar Horta foi à primeira teórica a apresentar estudos sobre o tema. Ela propôs a sistematização das ações de Enfermagem, por meio da aplicação do Processo de Enfermagem, o que contribuiu para o registro e documentação de ocorrências e procedimentos realizados por integrantes da equipe de Enfermagem, para a análise e organização do cuidado prestado e, para o reconhecimento social da profissão (BOTELHO, VELOSO, FAVERO, 2013). A SAE trata-se de um valioso instrumento para assistência do paciente de forma integralizada, contínua, segura e humanizada pela enfermagem, sendo composta por cinco fases: visita pré-operatória de enfermagem, planejamento, implementação, avaliação e reformulação da assistência a ser planejada (RIBEIRO, FERRAZ, DURAN, 2017). Nessa linha de pensamento, a SAE atua no sentido de conduzir e organizar o trabalho da equipe de enfermagem conforme os recursos humanos, instrumentos e método, facilitando o trabalho do enfermeiro. Ainda, tem sua definição no planejamento e ordenação da execução das atividades com enfoque coletivo e individual e de caráter privativo do enfermeiro (PENEDO, SPIRI, 2014). Neste sentido, o Processo de Enfermagem se constitui em ação revestida de significados, possível de ser utilizada pelos enfermeiros enquanto metodologia para prestação de cuidados; entretanto, apresenta desafios para sua implementação. A enfermagem se utiliza da sistematização da assistência de enfermagem como um modelo de processo de trabalho que possibilita sistematizar a assistência e direcionar o cuidado, contribuindo para a segurança do usuário e dos profissionais no sistema de saúde especialmente em Centro Cirúrgico (PENEDO, SPIRI, 2014). No hospital, o Centro Cirúrgico (CC) é o local onde acontece grande parte dos eventos adversos à saúde dos pacientes. Sua causa é multifatorial e atribuída à complexidade dos procedimentos, à interação das equipes interdisciplinares e ao trabalho sob pressão, pois, apesar de as intervenções cirúrgicas integrarem a assistência à saúde, contribuindo para a prevenção de agravos à integridade física e à perda de vidas, estão associadas, consideravelmente, aos riscos de complicações (HENRIQUES, COSTA, LACERDA, 2016). Assim, a participação do enfermeiro no Centro Cirúrgico tem merecido atenção por envolver especificidades e articulações indispensáveis à gerência do cuidado a pacientes com necessidades complexas, que requerem conhecimento científico, manejo tecnológico e humanização extensiva a familiares, pelo impacto que o risco cirúrgico propicia (HENRIQUES, COSTA, LACERDA, 2016). O estudo Henrique, Costa e Lacerda (2016) demonstrou que ainda há muito a percorrer nos caminhos da segurança efetiva para o paciente no período perioperatório, uma vez que encontraram muitos entraves que, de certa forma, desfavorecem a segurança do paciente. Assim, as reflexões sobre a segurança do paciente e os processos do Centro Cirúrgico precisam ser aprofundadas, necessitando-se de novos estudos acerca do tema para novas discussões e busca de melhores práticas. Estudos recentes de revisão integrativa revelam que, com base nas diversas necessidades específicas das funções do profissional, na assistência ao paciente cirúrgico é importante melhorar a qualidade da assistência de enfermagem. É preciso lembrar que a evolução cirúrgica e novas descobertas de tecnologias auxiliam significativamente a enfermagem avançar na assistência no Centro Cirúrgico (ADAMY; TOSATTI, 2012, p.301). Mediante o exposto, o estudo questiona: Qual a importância da SAE no centro cirúrgico enquanto ferramenta para uma assistência de qualidade ao paciente segundo a literatura? Responder a esse questionamento é importante tendo em vista que o tema foi escolhido devido à relevância social, científica e profissional da prática de enfermagem no cuidado e assistência do paciente na perspectiva da Sistematização de Assistência da Enfermagem no Centro Cirúrgico. Estes fatores justificam o desenvolvimento desta pesquisa que é uma temática que tem grande repercussão na população e importante, principalmente nos dias atuais, quando muito se critica a atuação profissional do enfermeiro. Assim, espera-se que este estudo possa contribuir no sentido de esclarecer como se processa o trabalho e suas exigências para o exercício profissional serve para apontar à sociedade que o enfermeiro tem capacidade, habilidade, conhecimento e técnica na condução e efetivação de suas atividades e funções. 2 OBJETIVOS2.1 OBJETIVO GERALApontar a importância da implantação da SAE para a organização do centro cirúrgico, bem como analisar que fatores podem interferir nesta implantação conforme a literatura. 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOSDescrever sobre a importância da implantação da SAE para a organização do centro cirúrgico; Verificar sobre a SAE como ferramenta para uma assistência de qualidade ao paciente; Relatar sobre a importância do processo de enfermagem no centro cirúrgico; Verificar sobre os entraves para a implantação da SAE no centro cirúrgico. 3 MATERIAIS E MÉTODOO estudo foi realizado por revisão integrativa de literatura (RIL), cuja coleta de dados ocorreu em fontes disponíveis online. A busca foi realizada, durante os meses de fevereiro e Março de 2018. A RIL é um método amplo que permite a inclusão de literatura teórica e empírica, bem como outros estudos com abordagens quantitativas e/ou qualitativas. Em outras palavras, o referido Método permite atualizar as discussões relacionadas a um tema específico, a partir da síntese de estudos publicados (BELLUCI JUNIOR; MATSUDA, 2011). Para o levantamento dos artigos na literatura, realizou-se uma busca nas seguintes bases de dados: Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Scientific Electronic Library Online (Scielo), Biblioteca Virtual em Saúde (Bireme). A Revisão Integrativa é constituída por seis fases as quais serão a seguir descritas com as ações realizadas neste estudo. Para a realização deste estudo através da revisão integrativa é importante seguir algumas etapas distintas, que serão descritas abaixo (BELLUCI JUNIOR; MATSUDA, 2011). A primeira etapa é caracterizada pela escolha do tema e elaboração da pergunta norteadora: Qual a importância da SAE no centro cirúrgico enquanto ferramenta para uma assistência de qualidade ao paciente segundo a literatura? A segunda etapa foi caracterizada pela definição dos critérios de inclusão e exclusão. Nos critérios de inclusão foram abordados artigos científicos completos, indexados em bases de dados, publicados entre 2012 a 2018, disponíveis em língua portuguesa e apresentando os seguintes descritores: SAE, Centro Cirúrgico, enfermagem, Dificuldades. Foram excluídos artigos em duplicidade, encontrados em mais de uma base de dados, não publicada em língua portuguesa e que não estivesse de acordo com o objetivo do estudo. A terceira e quarta etapa consistiram da seleção e análises dos artigos e a definição das categorias. Foram definidas 4 categorias: Importância da implantação da SAE para a organização do centro cirúrgico; A SAE como ferramenta para uma assistência de qualidade ao paciente; Processo de enfermagem no centro cirúrgico; Entraves para a implantação da SAE no centro cirúrgico. A quinta etapa consistiu na elaboração do desenvolvimento e apresentação descritiva da revisão integrativa. Em relação ao tratamento dos dados, foi aplicado o método de Análise de Conteúdo, que propiciou o agrupamento do conteúdo estudado em categorias temáticas. A análise de conteúdo foi desenvolvida em três etapas: a) etapa I – pré-exploração do material: nessa etapa foram realizadas leituras flutuantes dos artigos selecionados no intuito de conhecer o contexto e abstrair impressões importantes à construção da próxima etapa; b) etapa II – seleção das unidades de análise: após a interação dos pesquisadores com o mate rial, foram destacadas sentenças, frase e parágrafos que se apresentavam com maior frequência no objetivo de construir unidades temáticas; c) etapa III – categorização dos estudos: nessa etapa por meio de leitura profunda do material distribuído nas categorias, foram expressos os significados e as interpretações abstraídas no intuito de construir novos conhecimentos. A sexta etapa abordou o conhecimento evidenciado nos artigos analisados ou apresentação da Revisão Integrativa. Após leitura do material selecionado, as informações capturadas foram disponibilizadas em forma descritiva. Na discussão dos dados, estes foram agrupados em categorias temáticas conforme descritas a seguir. 4 RESULTADOS E DISCUSSÃOFoi realizada leitura analítica dos artigos selecionados que possibilitou a organização dos assuntos por ordem de importância e a sintetização destas que visou à fixação das ideias essenciais para a solução do problema da pesquisa. Para operacionalizar a pesquisa os achados foram discutidos de forma descritiva. E foram usados nesta discussão 13 artigos que melhor atendiam ao enfoque em relação ao tema proposto. Inicialmente para a realização desta revisão integrativa, foram encontradas –publicações nas bases de dados Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Base de Dados de Enfermagem (BDENF) e Scientific Electronic Library (SciELO), foram selecionado 239 e excluídos 226 foram excluídas por não abordarem a temática analisada. Assim, 13 publicações foram selecionadas para esta revisão, uma vez que atenderam aos critérios de inclusão preestabelecidos e trouxeram contribuições relevantes à discussão proposta pelo estudo. Os periódicos selecionados para esta discussão estão em língua portuguesa perfazendo um total de 13 artigos. Os artigos foram publicados no período de 2012 a 2017, em revistas nacionais, algumas de circulação internacional. Após a leitura exploratória dos mesmos, foi possível identificar a visão de diversos autores a respeito das categorias citadas a seguir. Importância da implantação da SAE para a organização do centro cirúrgico; A SAE como ferramenta para uma assistência de qualidade ao paciente; Processo de enfermagem no centro cirúrgico; Entraves para a implantação da SAE no centro cirúrgico. Quadro 1. Características e principais resultados dos estudos examinados
4.1 IMPORTÂNCIA DA IMPLANTAÇÃO DA SAE PARA A ORGANIZAÇÃO DO CENTRO CIRÚRGICOOs estudos citados nesta revisão demonstraram a importância da implantação da SAE para a organização do centro cirúrgico, neste sentido os estudos de Adami, Tosati (2012) tiveram o objetivo de avaliar implantação da (SAE) no período perioperatório de um Hospital do Oeste de Santa Catarina, sob a visão da equipe de enfermagem os autores constataram que, a instituição deve viabilizar estratégias que culminam para uma SAE efetiva e com resultados mais satisfatórios tendo em vista que ela oferece Segurança/ paciente; registros de enfermagem mais precisos; organização das atividades de enfermagem. Segundo Santos e Rennó (2013), a SAE surgiu no centro cirúrgico com o objetivo de capacitar funcionários para atender as necessidades da equipe médica, como no preparo da sala de cirurgia, dos materiais e equipamentos hospitalares necessários durante o procedimento. A preocupação com a qualidade prestada ao paciente é um marco no mercado competitivo, pois cada vez mais busca-se assistências eficientes prestada ao indivíduo, satisfação da clientela e a redução dos custos hospitalares. A SAE constitui nos dias atuais um importante instrumento inerente ao processo de trabalho do enfermeiro, que possibilita a ampliação de ações que modificam o processo de vida e de saúde-doença dos pacientes. Deste modo, a sistematização permite a obtenção de resultados pelos quais o enfermeiro é responsável, como a organização do serviço, especialmente no centro cirúrgico (MELO, NUNES, VIANA, 2014). Assim, sua implantação, proporciona cuidados individualizados, assim como norteia o processo decisório do enfermeiro nas situações de gerenciamento da equipe de enfermagem, oportuniza avanços na qualidade da assistência, o que impulsiona sua adoção nas instituições que prestam assistência à saúde ((SILVA, GARANHANI, PERES, 2015) A implantação da SAE com base em um conhecimento específico e de uma reflexão crítica acerca da organização do trabalho de enfermagem juntamente com a coleta de dados, tem-se um instrumento de fundamental importância para que o profissional possa gerenciar a assistência de enfermagem de forma organizada, segura, dinâmica e competente (SILVA, GARANHANI, PERES, 2015). 4.2 A SAE COMO FERRAMENTA PARA UMA ASSISTÊNCIA DE QUALIDADE AO PACIENTEConforme ressaltam Melo Nunes e Viana (2014) o paciente ao entrar no centro cirúrgico necessita de cuidados especiais, que se forem organizados, sistematizados, trarão muitos benefícios para este, não só durante a cirurgia, mas repercutirão, inclusive na recuperação pós operatória. Silva, Garanhani, Peres, (2015) relatam que a Sistematização da Assistência de Enfermagem no Centro Cirúrgico dar- se com visita pré-operatória de enfermagem ao paciente, que é indispensável para o preparo físico e emocional do mesmo, seguindo com o período transoperatório, ou seja, o período que compreende a recepção do paciente no centro cirúrgico, até o seu encaminhamento para a sala de recuperação pós-anestésica, e por fim, pós operatório, em que a equipe de enfermagem precisa estar preparada para possíveis complicações que possam ocorrer ao paciente nesse período. Para prestar uma assistência de enfermagem com qualidade, o enfermeiro deve estar inserido na realidade concreta de seu setor de forma consciente e competente, técnica e cientificamente (SILVA, GARANHANI, PERES, 2015). A prática atual do enfermeiro de centro cirúrgico está centrada em atividades burocráticas, delegações médicas e ações em outras áreas de apoio, porém, deve-se repensar a prática e propor algo que vá ao encontro às reais necessidades para que esse profissional possa ser útil ao paciente e sua família na assistência de enfermagem (VASCONCELOS, BORGES, BOHRER, et al. 2017). Como prestador direto do cuidado ao paciente, o enfermeiro apresenta como fundamento de seu papel a busca da qualidade da sua prática, por meio, entre outros, de uma visão global da assistência com identificação dos riscos e eventuais problemas e implementação de ações preventivas e corretivas em sua coleta ativa de dados (VASCONCELOS, BORGES, BOHRER, et al. 2017). Neste sentido, considera ser muito importante que implantada a SAE que seja realizada instruções informativas sobre o processo de enfermagem articulado com a SAE. 4.3 PROCESSO DE ENFERMAGEM NO CENTRO CIRÚRGICOApós a implantação da SAE, é importante organizar as atividades de enfermagem através do processo de enfermagem, visto que de acordo com a Resolução nº 358/2009, do Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) o processo de enfermagem (PE) é considerado um recurso metodológico que deve estar implantado em instituições de saúde pública e privada, a fim de orientar o cuidado do profissional de enfermagem e a documentação da prática profissional. Segundo esta resolução PE organiza-se em cinco etapas importantes inter-relacionadas, conforme Quadro 2 a seguir: (RIEGEL, OLIVEIRA JUNIOR, 2017; SILVA, FILHO, QUEIROZ, ABREU). Quadro 2 Fases do processo de enfermagem
Fonte: Riegel, Oliveira Junior, (2017); Silva, Garanhani, Peres (2015). Todas as fases citadas são essenciais para elaboração de um plano de cuidado. Visto que dessa forma o cuidar será mais criterioso e cuidados, diante uma possível intercorrência. Embora, sejam de muita importância tanto o processo de enfermagem, quanto a SAE, ainda existe na realidade muitas dificuldades e entraves na adoção, aceitação e implementação da SAE especialmente em centro cirúrgico. 4.4 ENTRAVES PARA A IMPLANTAÇÃO DA SAE NO CENTRO CIRÚRGICOA SAE vem sendo discutida e implantada há décadas no Brasil, com a Teoria das Necessidades Humanas Básicas. Contudo, somente após o advento da legalização, é que passou a ser exigida dentro das instituições de saúde brasileiras. Apesar disso, atualmente, ainda percebe-se que essa resolução por si só não oferece todo o apoio necessário para sua implantação, uma vez que muitos fatores desencadeiam dificuldades práticas no processo de implantação desse instrumento de assistência (SOARES, RESCK, TERRA, et al. 2015). A SAE tem relevante importância para o bom funcionamento do serviço, porém ainda existem questões que impedem ou dificultam sua implantação, bem como a falta de material, tendo em vista que isto causa transtorno e prejuízos ao paciente, sobrecarregando o profissional enfermeiro que é quem esta na coordenação e mais próximo ao paciente (MELO, NUNES, VIANA, 2014). A assistência de enfermagem deve estar de acordo com as propostas do serviço de enfermagem e da organização, contudo, um fator que dificulta a implantação da SAE é a organização que está voltada para questão burocrática. O reconhecimento do real papel da enfermagem pela instituição é fundamental para que a profissão seja reconhecida e possa garantir tanto a implantação como a continuidade da SAE (SILVA, FILHO, QUEIROZ, ABREU, 2013). Para se obter um cuidado de enfermagem adequado às exigências do paciente, é preciso uma estrutura organizacional específica, tanto em relação aos cuidados humanos quanto aos recursos físicos e materiais (SILVA, FILHO, QUEIROZ, ABREU, 2013) Para a implantação da SAE faz-se necessário recursos humanos conscientizados e um número suficiente, porque o processo não pode parar Assim um dos entraves mais sentido tem sido conscientização de profissionais sobre os cuidados além de insuficiente número de profissionais adequado para atuar com eficácia na sistematização (GRANDO, ZUSE, 2014). Outro fator relevante que causa entraves na implantação da SAE são as dificuldades enfrentadas em relação à falta de treinamento dos profissionais, e maior interesse partindo dos mesmos. E que muitos dos problemas que dificultam a SAE estão relacionados à execução, à operacionalização e ao acompanhamento periódico e direto das atividades, bem como à falta de liderança, à ausência de comprometimento, à falta de tempo e ao desconhecimento da lei do exercício profissional, fatores que, certamente, podem resultar em perda de estímulo por parte dos enfermeiros e, por consequência, gerar desmotivação e insatisfação quanto à realização da SAE (GRANDO, ZUSE, 2014). A dinâmica de trabalho em um centro cirúrgico, articulado a um bom relacionamento entre os profissionais da unidade, deve acontecer de forma harmoniosa. Assim, é indispensável um trabalho integrado, com profissionais capacitados e preparados, favorecendo o enfrentamento das exigências impostas pelo referido ambiente, visando segurança e bem-estar do paciente Outra dificuldade mencionada nos estudos segundo Adamy; Tosatti, (2012), é a falta de registro da situação em que o paciente se encontra ou chega ao CC, muitas vezes não se sabe exatamente o que o paciente traz consigo (dreno ou sonda), se foi colocado no hospital ou se já vem do ambiente extra hospitalar. Estudo revela que os registros de enfermagem integram todas as etapas e fortalecem a SAE, além de permitir uma assistência de qualidade e respaldar os profissionais legalmente. É comum, no entanto, que as maiores dificuldades relacionadas à instituição da SAE estejam associadas à descrença e à rejeição dos próprios enfermeiros que, limitados ao modelo técnico-burocrático, utilizam, muitas vezes, estratégias antiéticas e inflexíveis para não participarem do processo é preciso, porém, compreender que a rejeição e a inflexibilidade podem evidenciar a falta de um conhecimento específico e a desatualização profissional (GRANDO, ZUSE, 2014). Neste sentido, no centro cirúrgico, o enfermeiro deve livrar-se de seu papel puramente técnico e burocrático e integrar-se no cuidado total do paciente, com dedicação, esforço, compromisso e conscientização de que esta ação reflete diretamente na organização do serviço, para o paciente, que é a peça fundamental que determina a razão dessas ações. Diante das diversas leituras observou-se que a sistematização da assistência de enfermagem (SAE) requer do enfermeiro interesse em conhecer o paciente como indivíduo, utilizando para isso, seus conhecimentos e habilidades, além de orientação e treinamento da equipe de enfermagem para implementação das ações sistematizadas no setor atuante, necessitando de comprometimento e a conscientização da importância dessa implantação para o serviço e os que dele fazem parte (MELO, NUNES, VIANA, 2014) Conforme o exposto acredita-se que a SAE constitui um instrumento capaz de melhorar a assistência, embora apresentem dificuldades e estas podem contribuir diretamente para não aplicabilidade do PE. Acredita-se que preparo técnico científico, as condições institucionais e o envolvimento de toda a equipe de enfermagem tornam-se imprescindíveis no processo de implantação e manutenção da SAE e aplicação 5 CONSIDERAÇÕES FINAISO objetivo deste estudo foi apontar a importância da implantação da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) para a organização do centro cirúrgico, bem como analisar que fatores podem interferir nesta implantação. Assim, após a análise dos estudos foi possível concluir que a implantação da SAE para a organização do centro cirúrgico reconhecida por todos os profissionais de enfermagem como uma metodologia de trabalho que visa promover o cuidado sistematizado ao cliente, portanto para que haja a compreensão de sua relevância e a plena efetivação de suas etapas, é necessário que toda equipe esteja envolvida nesse processo. Desse modo, A SAE aplicada ao centro cirúrgico juntamente com a inserção do processo de enfermagem traz uma maior segurança ao paciente, com melhor possibilidade de conhecer o paciente de forma, integral, individualizada e participativa, proporcionando uma adequada organização e sequência das atividades de enfermagem, o que promove a continuidade da assistência, além de tornar mais preciso os registros de enfermagem facilitando o acesso às informações do paciente por toda a equipe. Assim, embora a SAE seja exigida conforme legislação profissional, os resultados do estudo indicam muitos fatores que dificultam a sua execução, como a necessidade de aprofundamento teórico e a falta de prática e de objetividade pelos profissionais nos levantamentos de problemas. Para que esse processo aconteça, o profissional enfermeiro deve ter um preparo sólido, constante e sistemático, além de estar orientado por uma teoria que precisa estar bem-compreendida, experienciada e vivenciada por ele. Os enfermeiros necessitam atualização constante para qualificar o raciocínio clínico e pensamento crítico necessários para aplicação do Processo de Enfermagem, e assim garantir cuidado seguro e de qualidade. Desta forma faz-se necessário que os enfermeiros atuantes em centro cirúrgico se proponham a implementar adequadamente esse importante instrumento de organização e sistematização do cuidado, além de aplicar diariamente o PE, pois em algumas situações é realizado de forma fragmentada e desconectada da realidade Portanto, através desta revisão de literatura pode-se constatar a importância da sistematização da assistência de enfermagem enquanto principal mecanismo de atuação do enfermeiro, pois esta aperfeiçoa e melhora a assistência e gerencia de enfermagem, sendo de grande relevância para a prática profissional. REFERÊNCIASADAMY, E. K.; TOSATTI, M. Sistematização da assistência de enfermagem no período perioperatório: visão da equipe de enfermagem. Revista de Enfermagem da UFSM, [S.l.], v. 2, n. 2, p. 300 – 310,. Disponível em: <https://periodicos.ufsm.br/reufsm/article /view/5054>. Acesso em: 10 abr. 2018. doi:http://dx.doi.org/10.5902/217976925054. 2012 BELLUCCI JUNIOR. J.A; MATSUDA L.M. O enfermeiro no gerenciamento à qualidade em serviço hospitalar de emergência: revisão integrativa da literatura. Rev Gaúcha Enferm., Porto Alegre (RS) v.32, n. 4, p.797-806, 2011. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1983-14472011000400022 acessado em Abr/2018. BOTELHO, J.; VELOSO G.B.L.V, FAVERO L. Sistematização da assistência de enfermagem: o conhecimento da equipe de enfermagem de um centro cirúrgico. Enferm. Foco. v.4, n.3, p. 198 – 201. 2013 BRASIL. Conselho Federal de Enfermagem. Resolução COFEN nº 358/2009. 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[3] Doutora em Ciências da Saúde – FM-UFG, Doutora – PUC-Go, Mestre em Enfermagem – UFMG, Enfermeira, Docente do CEEN Quais os principais desafios em atuar na assistência ao paciente cirúrgico?Em relação aos desafios de atuarem no CC, os de maior relevância foram: falta de funcionários, exigências (agilidade e qualidade), conflitos entre profissionais, falta de materiais ou equipamentos, grau de complexidade dos pacientes (Tabela 3).
Quais são as dificuldades enfrentadas durante o trabalho da equipe de enfermagem no Centro Cirúrgico?Uma das principais dificuldades que o enfermeiro enfrenta em centro cirúrgico está relacionada à demanda de atividades burocráticas e administrativas e à manutenção de um bom relacionamento interpessoal entre equipe médica (cirurgiões e anestesiologistas) e de enfermagem.
Qual o grande desafio do Centro Cirúrgico?Os principais desafios apontaram: deficiência de recursos materiais, ruídos de comunicação, adequação de redimensionamento de pessoal e relações com a equipe multiprofissional.
Quais os maiores desafios da enfermagem?Resultados: Dentre os desafios citados estão o salário que é defasado, a falta de valorização profissional, a falta de materiais hospitalares, a estrutura física inadequada, o relacionamento interpessoal e educação permanente insatisfatória.
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