Qual a importância da ética e da diversidade no ambiente de trabalho?

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Há pelo menos cinco anos, diversidade é o assunto do momento. Pudera. Esta é uma pauta urgente para a sociedade e para as organizações. O Brasil ainda é um país profundamente desigual e preconceituoso.

Há quem queira negar esse fato, mas as estatísticas sobre violência contra mulheres, pessoas negras ou LGBTI+ são ruins o bastante para tirar o sono de qualquer um minimamente preocupado com o que acontece.

Nas empresas, o cenário é de ambiguidades. Por um lado, é importante celebrar o avanço das discussões sobre diversidade; por outro, ainda há muito o que fazer quando o assunto é inclusão. Essas duas palavras representam grandes desafios para as organizações.

Diversidade é o conjunto de características que nos torna únicos. Esse conceito faz referência às questões de gênero, raça, orientação sexual, deficiência, idade, formação, nacionalidade, entre tantas outras. Falar de diversidade é falar de gente, de todas e todos nós, e da multidão de identidades que nos habitam.

Para quem lidera equipes, um bom exercício é fazer o conhecido teste do pescoço e se perguntar: “Este time é ou não é representativo da sociedade brasileira?”

Segundo o IBGE, o país é composto de 51% de mulheres, 54% de negros e 23,7% de pessoas com deficiência. Ou seja, as minorias somadas são a grande maioria da população — e dos consumidores.

Contar com esses e outros grupos representados no ambiente de trabalho é um compromisso ético e moral, mas também um fator necessário à própria sobrevivência dos negócios.

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Sem diversidade, nossa capacidade de leitura da sociedade é limitada. Um grupo homogêneo não consegue identificar demandas, comunicar-se e antecipar-se às necessidades dos públicos importantes para a empresa.

Garantir a pluralidade de vozes é importante, mas elas precisam ter espaço para falar. E, mais ainda, para ser ouvidas. Aí entra a inclusão, que é justamente o acolhimento da diversidade.

Trazer perfis variados para a organização é um passo essencial, mas garantir que as pessoas sejam respeitadas em sua singularidade é o que faz a diferença.

Neste ponto a conversa ganha complexidade, e a pergunta “este time é ou não é representativo da sociedade brasileira?” deve ser feita nos diversos graus hierárquicos, da base ao board.

Mas, quanto mais a gente sobe, mais o calo aperta. No Brasil, mulheres são apenas 12% dos cargos de alta liderançae pessoas negras não chegam a 5%, segundo o Instituto Ethos.

Esses são números que teimam em não melhorar. As razões passam pelo preconceito e pela falta de exemplos inspiradores, mas também porque a maioria das empresas não tem políticas para enfrentar o problema. A questão só será superada por meio de uma estratégia corporativa.

A diversidade e a inclusão devem ser olhadas com a mesma seriedade e comprometimento com que tratamos qualquer outro tema. Mas isso é assunto para uma próxima coluna.

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7 minutos para ler

O impacto da diversidade no ambiente de trabalho vai além de vantagens objetivas e concretas, relacionadas ao desempenho. Também devemos considerar aspectos como o ganho social e para as relações humanas. Afinal, passamos boa parte do tempo no trabalho e construímos relações nesses ambientes, certo?

Todos vivemos melhor, com uma visão mais ampla, humana e rica, quando compreendemos a importância da diversidade. O desenvolvimento pessoal depende da nossa compreensão da realidade e ela é diversa.

Se o ambiente de trabalho pode deixar isso mais evidente, ao valorizar a diversidade, então, também pode nos ajudar a sermos seres humanos melhores. Há impacto mais significativo que esse?

Continue a leitura do post e entenda os detalhes e a beleza da diversidade no ambiente corporativo.

Diversidade hoje: o que significa esse conceito?

Basicamente, a diversidade no ambiente corporativo é a representação na empresa dos vários grupos de pessoas que formam a sociedade. Basta olhar ao redor para notar nossas diferenças. Elas envolvem gênero, orientação sexual, intersexualidade, crenças, classes sociais e assim por diante. 

Contudo, na maioria das empresas não podemos notar essa mesma variedade que observamos na sociedade. Elas concentram determinadas classes e características, enquanto outras são excluídas, o que gera problemas de empregabilidade para alguns grupos e prejudica a empresa, pelos motivos que vamos descrever para você nos próximos tópicos.

Para tentar minimizar o problema, existem iniciativas legais de estímulo à diversidade e punição de preconceito, algumas aprovadas e outras ainda em elaboração, o que demonstra uma tendência de valorização da diversidade.

Um bom exemplo disso é a Lei Brasileira de Inclusão, conhecida como Estatuto da Pessoa com Deficiência, que determina obrigações de contratação e de inclusão para empresas, de acordo com o porte.

Na universidade, essa preocupação também é bastante presente, o que gerou vários programas de cotas por todo o Brasil. O tema é constantemente polemizado, mas o resultado prático é que as universidades se tornaram mais diversas, ainda que exista um longo caminho a ser percorrido. 

Por que investir em diversidade no ambiente de trabalho?

Em um mercado de trabalho concorrido e competitivo, os critérios de seleção podem ser perversos contra a diversidade. Como já mencionamos, as corporações não têm um quadro de colaboradores que possa ser considerado um reflexo da sociedade em termos de diversidade. Essa realidade causa um impacto direto nos resultados do negócio, no clima organizacional e na retenção de talentos, por exemplo.

Para ter uma ideia, um estudo da McKinsey & Company sobre a diversidade corporativa, que oferece um retrato da nossa realidade, pois se voltou para a América Latina, aponta que os colaboradores se sentem mais à vontade para ser quem são nas empresas que valorizam a diversidade, o que os tornam mais realizados, criativos e estimulados a propor inovações. Eles têm probabilidade maior em:

• 152% em dizer que podem sugerir novas ideias e tentar mudar a forma como fazem as coisas;
• 72% de considerar que a empresa está em constante aprimoramento de seus processos;
• 64% que colaboram com ideias e melhorias.

O estudo ainda demonstrou que a diversidade favorece as lideranças. Ela aumenta a concordância entre colaboradores e líderes em 80%. Além disso, o trabalho da liderança é mais facilmente percebido como voltado para a equipe e para a promoção da inovação.

Com relação à motivação, a McKinsey observou que 63% dos funcionários se dizem felizes no trabalho nas empresas comprometidas com a diversidade, o que abaixa para 31% nas que ainda não se dedicaram a promovê-la.

O que também chama atenção é que as empresas mais diversas têm 93% mais chances de uma performance financeira superior às concorrentes mais homogêneas. Em resumo, podemos dizer que a diversidade tende a causar:

• aumento da criatividade;
• inovação;
• diminuição de conflitos
• atração e retenção de talentos;
• diminuição da rotatividade;
• melhora na imagem da empresa junto a colaboradores, fornecedores e clientes;
• melhores resultados. 

Como tornar o ambiente de trabalho mais diverso?

Promover a diversidade não é só sobre abrir espaço para pessoas diferentes, mas sobre entender como que a empresa limita e interfere na presença de alguns grupos. Por isso, um levantamento sobre o clima organizacional e sobre como as pessoas se sentem, especialmente as que, por algum motivo, são consideradas diferentes, é um primeiro passo para facilitar as coisas.

Se você partir de uma análise situacional da representação de diversidade da empresa, poderá agir de modo mais “cirúrgico”, definindo prioridades, no lugar de “atacar” aspectos genéricos menos relevantes. 

Uma excelente dica para fazer esse levantamento é abrir espaço para manifestações. Quanto mais livres as pessoas se sentirem para falarem sobre o tema, mais fácil será entender como elas se sentem.

Desse aspecto é fundamental perceber que não entendemos a diversidade do nosso ponto de vista, mas a partir das várias visões presentes. Afinal, essencialmente é isso que nos torna únicos, independentemente de qualquer outra característica.

Com base nessas informações será possível elaborar modelos de recrutamento e seleção menos limitadores, como a “contratação às cegas”. Obviamente, não estamos falando de contratar sem avaliar e observar, mas de adotar práticas que evitem que as pessoas sejam classificadas com critérios excludentes.

Na universidade também é fundamental pensar na inclusão e o melhor modo de fazer isso é disseminando o conhecimento para pessoas diferentes, pois ele abre portas e oferece melhores resultados. Aliás, aprendemos com quem é diferente, não com quem pensa exatamente do mesmo modo e apenas reforça nossa visão, mesmo quando ela está errada.

Qual o impacto de discutir diversidade hoje? 

Atualmente, não somos mais medidos apenas objetivamente. As relações sociais e as habilidades socioemocionais são claramente valorizadas, especialmente por quem já entendeu a importância das pessoas no ambiente corporativo.

Desse ponto de vista, empreender não é apenas sobre fazer boas escolhas de investimento, sobre oportunidades, estruturar a empresa com equipamentos e tecnologias modernas e assim por diante.

As empresas precisam de talentos e, mesmo de um ponto de vista menos humanizado, é possível perceber um grande prejuízo material para o negócio, se a empresa deixar de contratar os melhores profissionais, só porque eles não se encaixam em um padrão estabelecido.

Outro aspecto é que a educação e a produtividade precisam atingir um número expressivo de pessoas, para que possamos alcançar um bom nível de prosperidade econômica. Isso mesmo! A economia não é beneficiada com a exclusão, muito pelo contrário. Excluídos compram e produzem menos.  

Isso significa que, independentemente da visão política, ideológica e econômica de cada um, a diversidade no ambiente de trabalho é sempre uma vantagem. Falta deixar isso mais claro para o maior número de pessoas possível, para que a sociedade se beneficie como um todo.

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