Qual é o papel do professor de Educação Física Escolar?

Historicamante a Educação Física passou por diversas tranformações e entendimentos no âmbito escolar, conforme consta nos PCNs (Parâmentros Curriculares Nacionais), passando pelo higienismo, militarismo, até sofrer forte influência dos pensamentos pedagógicos.

A partir daí, iniciam-se algumas tendências pedagógicas no âmbito escolar através de abordagens, sendo elas a psicomotora, construtivista, desenvolvimentista e crítica. Dessa forma, com novas pesquisas e estudos, a Educação Física Escolar vem inovando e proporcionando aos educandos novas formas de ensino/aprendizagem em busca de novos co-nhecimentos.

Hoje a Educação Física em âmbito escolar é uma disciplina que atua desde a a educação infantil, passando pelo ensino fundamental I e II, ensino médio, EJA e também com atuação nas universidades.

Em cada grau de escolaridade, a Educação Física Escolar tem sua atuação planejada conforme a idade e a capacidade de entendimento do educando, desenvolvendo com responsabilidade os conteúdos previstos.

Não existe nenhum documento oficial que dispense o aluno da prática da Educação Física, a não ser os já existentes na LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação) 9394 Lei nº 10.793.
Ou seja, os alunos praticantes de atividades em academias e modalidades esportivas de treinamentos não poderão ser dispensados da prática da Educação Física, pois a disciplina desenvolve atividades e habi-lidades da cultura corporal de forma que os alunos possam praticar e refletir. Pelo que podemos entender, as escolas que dispõem desses níveis de ensino devem obrigatoriamente ofecer aos alunos a disciplina de Educação Física.

Quanto à resolução publicada no DOU – Diário Oficial da União – no dia 9 de dezembro de 2010 (que desde então vem causando polêmica), que fixa Diretrizes Curriculares Nacionais para o ensino fundamental de nove anos. “Art. 31 Do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental, os componentes curriculares de Educação Física e Artes poderão está a cargo do professor de referência da turma, aquele com o qual os alunos permanecem a maior parte do período escolar, ou de professores licenciados nos respectivos componentes.”

O artigo propõe a dispensa do professor de Educação Física das escolas. Então questionamos o que esses professores iriam ensinar aos alunos, pois eles não possuem formação adequada para atuarem como professores de Educação Física, pois hoje um professor de Educação Física, para atuar em uma escola, deverá no mínino estar cursando a sétima fase do Curso de Educação Física, pois acredita-se que a partir dessa etapa o professor estará apto a desenvolver as atividades que vão ao encontro da disciplina.

Como professores de Educação Física, temos um papel de suma importância dentro da escola, assim como os demais professores em suas disciplinas. Nossos ensinamentos rompem as barreiras das quatro bolas (futebol, handebol, voleibol e basquetebol), pois somos também pesquisadores e nos especia-lizamos nessa área do saber para proporcionar à comunidade escolar um ensino de qualidade.

Trabalhamos com princípios de inclusão e diversidade, dando oportunidade a todos de forma igualitária, respeitando suas capacidades conforme sua idade ou dificuldade.

Edenilson José Prudêncio – CREF 002425/G – Professor de Educação Física
Artigo publicado no Portal Clica Tribuna

Primeiras palavras

    A hist�ria da Educa��o F�sica oferece subs�dios para que se compreenda n�o se justifique o seu desenvolvimento dentro do �mbito escolar. O Coletivo de Autores (1992) esclarecem que ela surge pelas necessidades sociais que s�o identificadas pelos diferentes momentos hist�ricos e pelas fun��es que assumiu em cada um desses per�odos.

    No s�culo XVIII e in�cio do s�culo XIX, de acordo com os mesmos autores, a Educa��o F�sica desenvolvida na escola representou um espa�o de constru��o de um homem mais forte, mais �gil e mais empreendedor. O foco era dado aos exerc�cios f�sicos, que eram entendidos como receita e rem�dio, de modo que, os h�bitos de higiene difundiram-se na �poca, inicialmente na Europa, influenciando e conquistando espa�o nas aulas de Educa��o F�sica. O cuidado com o corpo corresponde a uma necessidade a ser cumprida pela sociedade.

    J� nas primeiras d�cadas do s�culo XX foi marcante no sistema educacional brasileiro a influ�ncia dos M�todos Gin�sticos e da Institui��o Militar. Nesse Per�odo, a Educa��o F�sica Escolar era considerada como atividade exclusivamente pr�tica, contribuindo assim, para n�o diferenci�-la da instru��o f�sica militar. Os professores de Educa��o F�sica que atuavam nas escolas tinham a fun��o de serem apenas instrutores de atividades, exerc�cios f�sicos, movimentos (COLETIVO DE AUTORES, 1992).

    A partir dos anos 50, a Educa��o F�sica Escolar foi sendo influenciada pelo esporte, passando a ser um bra�o da Institui��o Esportiva, assim, os princ�pios da Educa��o F�sica passa a ser os princ�pios do esporte.

    Nas d�cadas de 70 e 80 surgem movimentos de cr�ticas � Educa��o F�sica, que buscam construir teorias para reorientar a sua pr�tica. Este processo envolve diversas transforma��es, tanto nas pesquisas acad�micas que envolvem este contexto, quanto na pr�tica pedag�gica dos professores do componente curricular (MORO, 2004).

    As novas teorias t�m como objetivo comum promoverem a disciplina de Educa��o F�sica no sistema escolar, de modo que enfoque a forma��o integral dos alunos. De acordo com N�voa (1995a) a escola como objeto de estudo das Ci�ncias da Educa��o e como espa�o privilegiado de inova��o curricular � um fen�meno recente. Reside num dom�nio do saber em fase de estrutura��o, por isso � importante aproxim�-la com precau��es te�ricas e conceptuais. O autor entende as escolas como institui��es muito particulares, que n�o podem ser vistas e pensadas como uma f�brica ou oficina. De forma que, a Educa��o n�o tolera a simplifica��o do elemento humano e suas experi�ncias, rela��es e valores, numa cultura de racionalidade empresarial. Argumenta ainda que, � preciso transformar e construir as escolas em espa�os de autonomia pedag�gica, curricular e profissional. O que implica na conscientiza��o dos estabelecimentos de ensino em organiza��es, funcionando em fun��o de um projeto de forma��o integral dos seus alunos e dos professores.

    As id�ias de L�ck (2000) exprimem que a Gest�o Escolar constitui-se numa atua��o que objetiva promover a organiza��o, a mobiliza��o e a articula��o de todas as condi��es materiais e humanas dos estabelecimentos de ensino. Estes que visam promover a efetiva aprendizagem dos alunos, de modo a torn�-los capazes de enfrentar adequadamente os desafios da sociedade globalizada e da economia centrada no conhecimento. Portanto, o processo de Gest�o Escolar deve estar voltado para garantir que os alunos aprendam sobre o seu mundo e sobre si mesmo. Adquiram conhecimentos �teis e aprendam a trabalhar com informa��es complexas, gradativamente, sendo estas, muitas vezes contradit�rias com a realidade social, econ�mica, pol�tica e cient�fica.

    Com base nessas reflex�es desencadeou-se o seguinte objetivo do estudo: Analisar a atua��o do professor de Educa��o F�sica como gestor escolar.

    Tendo em vista esse processo complexo de constru��o, pesquisar em Educa��o requer comprometimento, j� que �significa trabalhar com algo relativo a seres humanos ou eles mesmos� (GATTI, 2002, p.12). Assim, o caminho considerado mais coerente a fim de contemplar os objetivos do estudo sugere a utiliza��o da abordagem qualitativa.

    Na compreens�o de Minayo (2001) ela responde a quest�es muito particulares, ao se preocupar com um n�vel de realidade que n�o pode ser quantificado, de modo a garantir a sua subjetividade. Na mesma dire��o que Demo (2005, p.174) entende a pesquisa qualitativa ao dizer que ela �caracteriza-se pela abertura de perguntas, rejeitando-se toda resposta fechada, dicot�mica, fatal. Mais do que o aprofundamento por an�lise (...) busca o aprofundamento por familiaridade, conviv�ncia, comunica��o�.

    Al�m disso, fomos guiados pela fenomenologia, enquanto corrente do pensamento que segundo Trivi�os (1987) possibilita a flexibilidade na interpreta��o dos fen�menos, com vistas a reformular, criar ou substituir indicativos de acordo com os resultados. Na concep��o fenomenol�gica da pesquisa qualitativa, a preocupa��o fundamental � com a caracteriza��o do fen�meno, com as formas que apresenta e com as varia��es, j� que o seu principal objetivo � a descri��o.

    Para a coleta de informa��es utilizaram-se entrevistas, sendo esta uma estrat�gia que se realiza frente a frente com o entrevistado, permitindo se estabelecer um v�nculo melhor com o indiv�duo e em conseq��ncia colabora no aprofundamento das quest�es elaboradas (NEGRINE, 2004). As entrevistas foram semi-estruturadas formadas por quest�es abertas, que segundo o autor, caracteriza-se por perguntas predefinidas pelo pesquisador, permitindo explorar aspectos relevantes que surgem ao longo da conversa.

    Os membros do estudo foram cinco professoras de Educa��o F�sica do sistema estadual de ensino do munic�pio de Santa Maria (RS). A escolha dos participantes foi realizada de acordo com seu campo de atua��o no sistema estadual de ensino de Santa Maria (RS). Com vistas a n�o expor as professoras e tamb�m por quest�es �ticas, seus nomes foram substitu�dos pelos seguintes: Professora Flor, Professora Mel, Professora Sol, Professora Lua e Professora Estrela.

    Para a interpreta��o das entrevistas utilizou-se a an�lise de conte�do, que de acordo com Bardin (1977) representa um conjunto de t�cnicas para analisar comunica��es, que buscam desvendar atrav�s de procedimentos sistem�ticos e objetivos de descri��o do conte�do das mensagens, indicativos que possibilitem a infer�ncia de conhecimentos relativos �s condi��es de reais destas mensagens.

Referencial te�rico

    A Educa��o constitui-se num fator importante para o desenvolvimento social, pol�tico e econ�mico da sociedade, sendo ineg�vel que sua efici�ncia � determinada em grande parte, pelas qualidades e disposi��es do principal agente que a impulsiona, o professor. A partir disso, as aten��es est�o constantemente sendo voltadas para o mesmo, pois a sociedade tem-se mostrado preocupada com os resultados insatisfat�rios dos longos e custosos processos de escolariza��o.

    Os professores precisam compreender que o estudante dos novos tempos traz consigo a experi�ncia da cultura globalizada, sendo que o professor n�o � mais o detentor do conhecimento. Assim como, faz-se necess�rio que a escola se modifique para acompanhar de forma adequada as novas demandas da sociedade (BARBOSA, 2005). Para a autora, a escola abarca m�ltiplas fun��es, as quais s�o desenvolvidas em sua maioria pelos professores e demais profissionais da Educa��o inseridos num contexto amplo de Gest�o Escolar.

    Lib�neo; Oliveira; Toschi (2005, p.307) acreditam que �o professor participa ativamente da organiza��o do trabalho escolar, formando com os demais colegas uma equipe de trabalho, aprendendo novos saberes e compet�ncias, assim como um modo de agir coletivo, em favor da forma��o dos alunos�. Essas caracter�sticas formam um perfil profissional adequado �s exig�ncias da escola, mas n�o devem ser consideradas normas, pois cada sujeito possui suas pr�prias caracter�sticas e limita��es. Entretanto, o perfil � �til para que se possa planejar a forma��o desses profissionais, e tamb�m para que as escolas elaborem expectativas para acompanhar o trabalho docente.

    Dentre esses delineamentos que exprimem a possibilidade e a responsabilidade dos professores se envolverem com o trabalho escolar, � importante salientar que existem muitas maneiras destes atuarem ativamente na Gest�o Escolar, sendo que o planejamento � uma das atividades mais abrangentes, j� que inclui: a participa��o na elabora��o do projeto pol�tico-pedag�gico, nas reuni�es pedag�gicas, nos conselhos de classe, entre outras. Sobre esse assunto Hengem�hle (2004, p.29) relata que �o sucesso de qualquer institui��o e pessoa est� vinculado a um planejamento criterioso e � pr�tica do planejado�.

    Permeando este �mbito (Brezinski, 2001, p.76) traz seu entendimento sobre o projeto pol�tico-pedag�gico:

    O projeto pol�tico-pedag�gico-curricular, como express�o concreta do trabalho coletivo na escola, por um lado, � um elemento mediador entre cultura interna � escola e a cultura externa do sistema de ensino e da sociedade, na conquista da autonomia da organiza��o escolar e, por outro, poder� tornar-se instrumento viabilizador da constru��o da escola reflexiva e emancipadora. � importante afirmar que a constru��o desse projeto na escola s� tem significado quando resultante de um trabalho interdisciplinar, transdisciplinar e coletivo, com base em rela��es democr�ticas, em gest�o participativa e colegiada e na produ��o do conhecimento, referenciada na pesquisa-a��o.

    Veiga (1998) acredita que o projeto deve partir da Situa��o Real (o que �?), vislumbrar uma Utopia Social (para que?) e estabelecer uma A��o Propriamente Dita (como?), e assim, sempre voltando ao in�cio, atrav�s de avalia��es, constituindo ciclos.

    Envolvendo o professor de Educa��o F�sica e o projeto pol�tico-pedag�gico, Bernardi (2006) em seu estudo monogr�fico traz algumas contribui��es acerca da tem�tica. Dentre essas, ao questionar professores da disciplina sobre a sua efetiva participa��o na elabora��o no projeto pol�tico-pedag�gico da escola. A autora descobriu que, apesar de todos os professores participarem, pouco se discutiu e conseguiu avan�ar. Al�m disso, ressaltam que as contribui��es eram muito fragmentadas, fundamentadas no �mbito de cada disciplina.

    Como afirma Nunes (2001), o professor de Educa��o F�sica deve participar das reuni�es pedag�gicas, pois � nessas reuni�es que s�o tra�ados planejamentos que dar�o o direcionamento que os professores devem seguir. No entanto, como relata o autor, empiricamente a participa��o destes nessas reuni�es n�o � uma pr�tica comum nas escolas. Bem como colocam as autoras Betti; Mizukami (1997), ao dizerem que maioria dos professores de Educa��o F�sica n�o costuma, infelizmente, participar das reuni�es de pais e mestres.

    O fato de os professores de Educa��o F�sica n�o participarem efetivamente dessas reuni�es, at� mesmo em conselhos de classe, tem um significado valorativo. Uma vez que, no �mbito geral do ensino as mat�rias mais valorizadas s�o o Portugu�s e a Matem�tica, deixando as demais disciplinas em segundo ou at� terceiro plano, como no caso da Educa��o F�sica e da Educa��o Art�stica.

    Entretanto, Silva (1992 apud BETTI; MIZUKAMI, 1997), trouxe algumas considera��es sobre a boa rela��o entre os professores de Educa��o F�sica e seus alunos, no sentido de que esses profissionais conseguem ter uma maior afinidade com os alunos do que os professores de outras disciplinas. Este conhecimento pode ser muito bem aproveitado nas reuni�es pedag�gicas onde um aluno pode estar passando por uma crise familiar e isto pode ser refletido em sua atua��o escolar.

Os achados da investiga��o

    No que se referem � participa��o das professoras na Gest�o Escolar, todas afirmam se esfor�ar em participar, como demonstram em seus depoimentos:

    �Sim, porque no momento que a gente est� inserido no ambiente escolar, tu d� aula, tem a fun��o dos hor�rios, tem propostas da escola, tem o plano de ensino, tu tem que organizar, tem a rela��o com os colegas�

(ProfessoraFlor).

    �No momento que eu participo das reuni�es que tem na escola, dos cursos de forma��o, dos conselhos de classe, eu acho que eu to de uma maneira ou de outra eu to participando da gest�o�

(Professora Mel).

    �Acredito que sim, participo de todos os eventos, reuni�es�

(Professora Sol).

    �Participo e muito, porque eu sou a coordenadora da disciplina, e eu tenho a mesma vis�o da dire��o, que o aluno tem que vim, tem que participar, tem que cumprir os seus trabalhos. Essa dire��o d� muito valor � disciplina, sendo que outras n�o davam� (Professora Lua).

    �Eu me esfor�o pra participar, s� que tem assim duas situa��es numa das escolas existe uma abertura, porque essa quest�o de tu ti envolver mais como gestor, tu tem que ter tamb�m um espa�o, claro que tu tem que conquistar, mas numa escola, a do munic�pio existe uma abertura, da� l� eu sou do conselho escolar, eu s� mais envolvida na tomada de decis�es, porque a tomada de decis�es l� � feita em grupo, no coletivo, n�o existe t�o declaradamente a hierarquia. J� na outra escola, na escola do estado, essa hierarquia � bem marcada, ent�o at� eu vejo a gest�o dessa escola que eu trabalho como uma gest�o bem tradicional, a� eu j� tenho um papel secund�rio, porque eu at� me disponho a me envolver, mas nem sempre eu s� solicitada pra ter esse envolvimento� (Professora Estrela).

    Al�m disso, elas declararam ser de fundamental import�ncia participar da Gest�o de suas escolas, s� que, como aborda a Professora Estrela, �s vezes essa participa��o n�o � muito solicitada e at� mesmo aceita pela equipe diretiva. Ent�o, o professor e os demais integrantes desse processo precisam conquistar seu espa�o e se inserir, na medida do poss�vel, com as tomadas de decis�es e demais atividades previstas na Gest�o das escolas.

    �� fundamental, se a bagun�a na Educa��o t� do jeito que t� � porque tem uma quest�o por tr�s de pol�tica muito forte que ta desarticulando o professor a participar, o professor tem vontade de participar, mas n�o � muito facilitado em termos de hor�rio, um professor tem muita carga hor�ria, � o mesmo discurso de anos que � at� repetitivo isso. N�o tem como tu est� inserido numa escola e acredita num trabalho, numa proposta de trabalho e fica � margem das discuss�es, das decis�es, n�o tem como, agora isso � o que eu penso, agora se eu consigo fazer efetivamente isso � outra coisa, porque eu acredito numa coisa e a situa��o n�o favorece que eu participe como eu acredito, como eu gostaria e da� tem n quest�es, desde essa pr�tica de hor�rio, de tu querer n�o te indispor com colegas, desde tu ter tempo dispon�vel, porque se tu defender esse posicionamento tu tem que abra�a mais essa causa e tem que se dispor pra isso, � bem confuso, bem complexo e em educa��o tu n�o pode dizer � assim, eu nunca digo� (Professora Flor).

    �Acho muito importante pra gente ta por dentro, ta se atualizando, procurando melhorar o trabalho da gente�

(Professora Mel).

    �Eu acho importante porque a gente precisa estar atualizado do que acontece na escola�

(Professora Sol).

    �Sim, porque tu faz parte do ambiente, tu faz parte da comunidade da escola, tu tem que saber o que ta acontecendo na tua escola, com teu aluno, com teus colegas o que a dire��o ta fazendo, � fundamental� (

Professora Lua).

    A Professora Flortr�s � tona uma quest�o muito significativa que se trata das pol�ticas p�blicas da Educa��o que se preocupam mais com a quantidade do que com a qualidade. Azevedo (2004) denuncia essa atitude ao esclarecer que os graves problemas que cercam a Educa��o enquanto pr�tica social se deve a inadequa��o das pol�ticas educativas que est�o sendo postas em a��o para erradic�-los. Ao mesmo tempo em que, as reformas educacionais mundiais visam melhorar as economias nacionais atrav�s do fortalecimento dos la�os entre escolariza��o, trabalho, produtividade, servi�os e mercado.

    Como destaca a autora, essa articula��o se destina a cumprir os objetivos do sistema capitalista de ideologia neoliberal, os quais privilegiam a iniciativa privada no instante que pretendem transferir as responsabilidades do Estado, com a Educa��o p�blica e de qualidade, por exemplo, para o setor privado. Assim, as pessoas estariam �livres� para escolher o estabelecimento de ensino que melhor embasasse suas cren�as, seus valores, seus desejos e finalidades. A partir disso, evidencia-se o quanto esse sistema e sua pol�tica ignoram as necessidades b�sicas da maioria da popula��o, a mais carente e a que mais precisa, no momento que est� retirando uma das poucas que depois de apropriado se cristaliza, o conhecimento atrav�s da Educa��o Escolar.

    Em outra fala, uma das professoras enfatiza o papel do professor perante sua escola:

    �Eu acho importante, acho fundamental, porque o professor ele tem que ter bem claro que a atua��o dele n�o � restrita a sala de aula, que ele tem se comprometer com todos os outros espa�os escolares, ent�o ele deveria se empenha, n�s como professores pra estarmos sempre tentando, participando, debatendo, dialogando, nesse sentido, nesses demais espa�os� (Professora Estrela).

    Nesse depoimento, evidencia-se a atua��o docente para al�m da sala de aula, pois o professor est� trabalhando com pessoas, que por si s� s�o muito complexas e n�o podem ser tratadas como: os meus alunos da disciplina de Educa��o F�sica, mas sim, como os alunos da escola que precisam de forma��o cr�tica para enfrentar a realidade de hoje.

    Dentre os mecanismos que os profissionais que atuam na institui��o escolar t�m de participar da Gest�o de suas escolas, destacam-se os conselhos de classe e as reuni�es pedag�gicas. Felizmente, esses espa�os s�o assegurados por lei, mas suas peculiaridades: como funcionam, quem participa, qual sua freq��ncia, dependem do regimento escolar que cada escola constr�i, ou mesmo, da cultura institu�da nessa institui��o.

    A partir disso, a proposta aqui � a de entender o que essas professoras pensam sobre a fun��o dos conselhos de classe e das reuni�es pedag�gicas, se participam e de que forma. N�o tive a inten��o de utilizar os regimentos escolares nem mesmo os Projetos Pol�tico-Pedag�gicos das escolas, entendendo que estes devem servir de eixo norteador do trabalho desenvolvido na escola, mas que em muitos casos, n�o s�o nem ao menos constru�dos pela equipe escolar. Ent�o, procurei embasar minha interpreta��o apenas em seus depoimentos para analisar a real situa��o que fundamenta a minha quest�o de pesquisa.

    Apesar destes questionamentos parecerem um pouco �bvios, no contexto da Educa��o F�sica Escolar, n�o o s�o, j� que muitas vezes os professores desta disciplina se excluem das demais atividades pedag�gicas da escola, acreditando que sua atua��o na gest�o da classe, � o seu �nico papel frente a institui��o escolar.

Palavras finais

    As professoras do estudo destacaram que participam da gest�o de suas escolas e enfocam a relev�ncia em se inserir nas atividades escolares. Ao encontro das id�ias de Lib�neo; Oliveira; Toschi (2005) ao entenderem que o professor como membro da equipe escolar necessita dominar conhecimentos relacionados � Gest�o, desenvolver capacidades e habilidades pr�ticas para participar dos processos de tomada de decis�es em v�rias situa��es, como em reuni�es e conselhos de classe, tendo atitudes cooperativas, solid�rias, respons�veis, de respeito m�tuo e de di�logo.

    Entretanto, foi poss�vel perceber que apesar do interesse das professoras de Educa��o F�sica em se inserir no desenvolvimento de v�rios segmentos das escolas, em alguns aspectos, a realidade escolar n�o contribui para uma efetiva participa��o das mesmas na Gest�o da escola. Este fato pode ser evidenciado pela concep��o de Gest�o adotada nas escolas, ainda que muitos profissionais tamb�m n�o tenham clareza dos objetivos e import�ncia desta. Tendo em vista que, mesmo prevista em forma de lei, a Gest�o Democr�tica encontra-se mais no �mbito dos discursos dos profissionais da Educa��o do que no cotidiano dos diferentes meios educativos.

    Nessa dire��o que N�voa (1995b) declara que �a organiza��o das escolas parece desencorajar um conhecimento participado dos professores, dificultando o investimento das experi�ncias significativas nos percursos de forma��o e sua formula��o te�rica�. Como salienta o autor � preciso investir em pr�ticas de forma��o coletivas que contribuem com a emancipa��o profissional e para o fortalecimento de uma profiss�o aut�noma capaz de produzir seus pr�prios saberes e valores.

Refer�ncias

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Outro artigos em Portugués

 
Qual é o papel do professor de Educação Física Escolar?

revista digital � A�o 13 � N� 125 | Buenos Aires,Octubre de 2008  
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Qual é o papel do professor de Educação Física em uma escola?

Ministrar aulas teóricas e práticas de Educação Física conforme orientação e conteúdo previamente distribuído, observa a correta aplicação dos exercícios, planeja aulas e aplica provas.

Qual deve ser o papel da Educação Física escolar?

“A Educação Física tem um papel essencial na formação dos estudantes, pois os ensina a lidarem com o próprio corpo, incluindo suas potencialidades e suas limitações, o que contribui para o desenvolvimento do autoconhecimento e, consequentemente, para a superação de desafios”, destaca Santos.

Qual importância do professor de Educação Física no conteúdo da Educação Física escolar?

Na educação física escolar, o professor é o mediador entre o aluno e o processo de aprendizagem. Importância: As aulas de educação física são importantes em todos os seguimentos, pois ela promove o desenvolvimento integral do aluno, a vida saudável, a socialização, o espírito de equipe e a prática do desporto.