Show Por: Shirayuuki (Liga dos betas) Bom, sou Shirayuuki, um novo membro da Liga dos Betas e, vira e mexe, aparecerei aqui para conversar com vocês. Hoje, mais especificamente, vim falar sobre tempos verbais. Eis uma dúvida que muitos autores têm logo que decidem escrever. “Ótimo, tenho meu enredo pronto, meus personagens, já sei como começar! Só falta... o tempo verbal.” É um detalhezinho de nada, que muitas vezes alguns escritores até deixam de lado. Mentira. Não é um detalhezinho de nada. O tempo verbal é superimportante. É ele quem mostra se a sua história já aconteceu, se está acontecendo, ou, quem sabe, se acontecerá. O que veremos aqui é como identificar cada um, quais suas características, como cada um deve ser usado para que você possa escolher qual melhor se encaixa para a sua fic. Comecemos, então, conhecendo os modos verbais: Indicativo, Subjuntivo e Imperativo. Ø Imperativo, como dá para perceber pelo nome (imperador, imperativo... Todos entenderam), é para indicar ordem.
Normalmente usado em diálogos (em que um personagem ordena ao outro o que fazer), o Modo Imperativo apresenta a forma positiva e negativa. Não tem passado, nem futuro (quando se pede algo, pede “agora”. Não tem como pedir no passado, ou no futuro, mas o contexto pode indicar isso). E, dependendo do contexto em que esse modo verbal está inserido, pode indicar um pedido, um conselho, ou mesmo uma ordem autoritária.
O Modo Imperativo tem mais duas características: Não tem “eu” e, como esse tempo verbal se refere a pessoas próximas (uma ordem, pedido ou conselho só se aplicam diretamente à pessoa com quem se fala), a 3ª pessoa, tanto no singular quanto no plural (ele(s)/ela(s)), torna-se você(s). Não dá para o personagem dar uma ordem a si mesmo, a não ser que ele se refira si mesmo em terceira pessoa. Imagine: “Faça eu...” Parece que o ser está ordenando a uma segunda pessoa que faça o personagem, e não que o personagem está ordenando algo a si mesmo.
Ø Já o Subjuntivo passa a ideia de dúvida e temos tempos verbais nesse modo: o presente, o pretérito e o futuro. Mas, Shirayuuki, pensei que os tempos verbais eram usados apenas no Modo Indicativo! Bem, você pode ter dúvidas sobre o passado, o presente e o futuro. O Modo Subjuntivo tem o “eu”. E os verbos podem vir acompanhados dos advérbios: se (passado), quando (futuro), que (presente). Vejamos alguns exemplos:
> O presente do subjuntivo expressa algo que pode acontecer agora.
Em momento algum houve a certeza. Podemos estudar, da mesma forma que não. Eu posso escrever uma fic, mas se eu mudar de ideia não o farei. Existe, também, a forma composta do presente do subjuntivo, formada pelos verbos auxiliares no modo subjuntivo + o verbo principal no particípio. É usado para expressar dúvida de algo que pode ou não ter ocorrido.
> O pretérito imperfeito pode ser usado para expressar ideia de condição ou desejo:
Esse tempo verbal também pode ser usado para expressar algo que aconteceu depois de uma primeira ação, também já ocorrida. Shirayuuki desejava que nós abríssemos o dicionário. Entenderam? Tudo o que aconteceu na frase anterior está no pretérito. Shirayuuki desejava – está lá atrás, já aconteceu há um bom tempo. Nós abrirmos o dicionário – também já aconteceu, mas depois de Shirayuuki ter desejado que nós abríssemos. Pelo que a frase dá a entender, nós não abrimos o dicionário, embora Shirayuuki desejasse isso. A forma composta desse tempo verbal indica algo que poderia ter acontecido, mas não aconteceu. Se vós tivésseis saído ontem, não teriam tido tempo para estudar para a prova de amanhã. > Já o futuro do subjuntivo indica a possibilidade de algo vir a acontecer:
A forma composta do futuro do subjuntivo mostra uma condição para que algo aconteça, quando essa condição já começou a ser acatada:
Outra característica desse modo verbal é sua dependência de outro verbo. Em todos os exemplos anteriores, os verbos no modo subjuntivo vieram acompanhados de um verbo principal:
Perceberam como o verbo no subjuntivo concorda com o verbo principal? Se o verbo no modo subjuntivo está no presente, o verbo principal também está no presente:
Da mesma forma, se o verbo no modo subjuntivo está no pretérito, o verbo principal também está no pretérito:
E, claro, o mesmo vale para o futuro:
Ø Agora vamos ao mais usado: o Modo Indicativo! Como o próprio nome já diz, o modo indicativo indica! (Isso é bem óbvio, Shirayuuki!) É usado em quase todos os tipos de texto (narração, dissertação), em diálogos, no nosso dia-a-dia, quando falamos... Possui a maior variação de tempos verbais, e, infelizmente, muitos escritores os confundem... A partir daqui, faremos um rápido apanhado de todos os tempos verbais, mostrando suas funções e características. Depois, nos aprofundaremos nos tempos verbais: Presente e Pretérito Perfeito, que são os mais usados em narrações, e os mais injustiçados. Então, comecemos: > Presente do indicativo: Indica uma ação que está acontecendo no momento em que é dito:
Também pode ser usado como presente histórico: Em 1945 termina a Segunda Guerra Mundial. (termina=terminou) Ou indica um futuro próximo: Amanhã eu escrevo isso. (escrevo=escreverei) Ou, ainda, pode indicar um processo habitual, ininterrupto: O autor tem uma ideia, escreve, e posta. > Pretérito Perfeito do Indicativo: Ações que ocorreram e que foram terminadas, concluídas:
> Pretérito Imperfeito: Ações que ocorreram, mas que não foram terminadas:
> Pretérito mais-que-perfeito: Expressa um fato que aconteceu antes de outro já ter ocorrido e terminado:
Esse verbo também possui a sua forma composta, que expressa a mesma ideia:
Pode também ser usado para orações optativas: Quem me dera se eu soubesse voar! > Futuro do Presente: Indica algo que vai acontecer depois do momento em que se fala:
Também pode ser usado para exprimir incerteza: Poderei escrever bem se eu me dedicar. Ou para indicar ordens: Não usarás pantufas fora de casa! > Futuro do Pretérito: Explicita ações que iriam ocorrer, mas não vão mais:
Pode também ser usado com polidez num pedido, indicando presente:
Agora que vimos bem por cima os verbos no modo indicativo, prestaremos mais atenção ao seu emprego em fanfics, que é o nosso objetivo. Narrações (que é o tipo de texto usado em fanfics) contam histórias. Quem as conta é o narrador, e quem as lê é o leitor. O narrador pode narrar algo que já aconteceu (nesse caso ele conhece TODA a história — começo, meio e fim), ou ele pode contar algo que está acontecendo (aí ele conhece apenas o que já aconteceu, mas não sabe o que acontecerá). Então, temos duas situações: a fic ambientada no passado (o narrador conta o que já aconteceu) e a fic ambientada no presente (conta o que está acontecendo). Quando uma fic está no presente, todos os verbos da narrativa estarão no presente. A não ser que tenha trechos contando algo que aconteceu no passado, ou trechos em que o narrador prevê o que vai acontecer no futuro. Vejamos um exemplo: “Sentado aos pés de Prim, vigiando-a, está o gato mais feio do mundo. Nariz esmagado, metade de uma orelha arrancada, olhos da cor de abóbora podre. Prim o chama de Buttercup, insistindo que a coloração amarelada de seu pelo combina com a da flor de mesmo nome. Ele me odeia.” Esse pequeno trecho dos Jogos Vorazes narra o que está acontecendo no momento em que acontece. Nesse trecho acima, descreve Buttercup, o gato de Prim. “[...] Ele me odeia. Ou pelo menos desconfia de mim. Apesar de já ter se passado muito tempo, acho que ele ainda se lembra de como tentei afogá-lo num balde quando Prim o trouxe para casa. Gatinho raquítico, com a barriga inchada por causa dos vermes e cheio de pulgas. A última coisa que eu precisava era de outra boca para alimentar. Mas Prim implorou tanto — até chorou — que fui obrigada a deixá-lo ficar. No fim, deu tudo certo. Minha mãe o livrou dos vermes e ele se provou um excelente caçador de ratos. De vez em quando pega até uma ratazana. [...]” Todo o trecho sublinhado está no passado, já que a narradora rememora o que aconteceu quando Buttercup entrou na família. É um trecho que conta algo que já ocorreu e acabou. Ou seja, fics ambientadas no presente terão sempre seus verbos no presente. Podem ter trechos no passado ou no futuro, mas não é a todo minuto. Agora, analisemos uma história ambientada no passado: “[...] [A Casa Verde] era na rua Nova, a mais bela rua de Itaguaí naquele tempo; tinha cinquenta janelas por lado, um pátio no centro, e numerosos cubículos para os hóspedes. Como [Dr. Simão Bacamarte] fosse grande arabista, achou no Corão que Maomé declara veneráveis os doidos, pela consideração de que Alá lhes tira o juízo para que não pequem. A ideia pareceu-lhe bonita e profunda, e ele a fez gravar no frontispício* da casa; mas como tinha medo ao vigário, e por tabela ao bispo, atribuiu o pensamento a Benedito VIII [...]”. Esse trecho de O Alienista, de Machado de Assis, é um excelente exemplo de narração no passado. O trecho sublinhado está no presente, pois no Corão continua tendo essa declaração de Maomé, mas o verbo principal da frase (achou) está no passado. Perceberam? Então, narrações no presente têm sempre seus verbos no presente. Narrações no passado têm seus verbos derivados do passado (pretérito perfeito, imperfeito, mais-que-perfeito, futuro do pretérito). Podem ter trechos de narração no passado em narrativas ambientadas no presente, mas os verbos serão no presente, majoritariamente. Podemos achar trechos no presente em fics ambientadas no passado. Podem ter trechos no futuro em ambos os tipos de narrativa. Mas, Shirayuuki, então pode tudo?! Não, meu bem. Não pode tudo, senão esse post não teria um propósito. Então nos resta: O que não pode? Vejamos o seguinte exemplo: O Naruto decidiu escrever uma narrativa contando as suas aventuras como um ninja. Obviamente, sua narrativa deverá estar no passado, já que ele decide contar o que já aconteceu. Mas Naruto é um garoto que gosta de se desafiar e decidiu escrever a história no presente. Vejamos um trecho do que ele escreveu:
O que não está adequado nesse trecho? “[...] e o meu estômago roncava demais! Assim que chego [...]” Esse comentário bagunça toda a ordem dos fatos. Afinal, o verbo roncava está no pretérito perfeito, e esse tempo verbal indica uma ação já terminada. Como o restante do trecho está no presente, parece que o estômago de Naruto roncava antes de todas as outras ações no presente. O mais adequado seria: “[...] Aí volto para Konoha, depois que eu, Sasuke, Sakura e Kakashi-sensei conseguimos terminar a nossa missão. Mal vejo a hora de chegar logo lá, para comer um lámen de porco, e o meu estômago ronca demais! Assim que chego, vou correndo para o Ichiraku! [...]” O raciocínio é: não bagunçar o fluxo do que aconteceu com o que acontece. Não misture passado, com presente! Se você tem uma grande dificuldade com tempos verbais, organize uma linha do tempo para cada capítulo, e faça uma leitura atenta do que aconteceu. Procure sempre respeitar essa linha do tempo. Trabalhe principalmente com o tempo verbal em que se sentir mais confortável. É algo muito simples, mas que exige uma grande atenção. Agora é só escolher o tempo da sua fic, e mãos à obra! Boa escrita! **** Fontes: Araújo, Ana Paula. Tempo e Modo Verbal. Disponível em: http://www.infoescola.com/portugues/tempo-e-modo-verbal/ Acesso em: 16/09/2013 Assis, Machado de. O Alienista. Coleção Nossa cultura, nossos autores. Campinas, SP: Komedi, 2009. Cabral, Marina. Tempos e Modos Verbais. Disponível em: http://www.mundoeducacao.com/gramatica/tempos-modos-verbais.htm Acesso em: 16/09/2013 Cabral, Marina. O Narrador e a Gramática da Narração. Disponível em: http://www.brasilescola.com/redacao/gramatica-da-narracao.htm Acesso em: 16/09/2013 Collins, Suzanne. The hunger games. Tradução de Alexandre D’Elia. — Primeira edição — Rio de Janeiro: Rocco Jovens Leitores, 2010 Duarte, Vânia. Formação dos Tempos e Modos Compostos. Disponível em: http://www.brasilescola.com/gramatica/formacao-dos-tempos-modos-compostos.htm Acesso em: 16/09/2013 Schutt, Diego. Modos de Narração. Disponível em: http://ficcao.emtopicos.com/estrutura/modos-de-narracao/ Acesso em: 16/09/2013 http://www.conjuga-me.net http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf61.php Qual o tempo verbal de uma biografia?Os verbos de ação aparecem predominantemente, e os tempos verbais mais utilizados são o pretérito perfeito do indicativo ou presente histórico.
Qual é o tempo verbal de uma autobiografia?O autor de autobiografias usa constantemente verbos no tempo passado/pretérito para marcar um tempo do qual se lembra e já se foi. Nestas atividades trataremos dos tempos verbais essenciais no gênero autobiografia: Pretérito Perfeito e Pretérito Imperfeito.
Em qual tempo verbal são escritas as biografias na maioria das vezes?O relato biográfico se dá na 3ª pessoa do singular; contudo, a biografia não está limitada ao emprego exclusivo dos verbos no pretérito perfeito. Em alguns textos predominam o presente do indicativo, sem que haja descaracterização do gênero.
Como saber o tempo verbal?Os tempos verbais. Presente: expressa que um fato ocorre no momento da fala. Exemplo: Agora Ana descansa.. Pretérito: é a referência a algo que aconteceu antes da fala. Divide-se em perfeito (simples e composto) e imperfeito. 2.1. ... . Futuro: é a referência ao que ainda não ocorreu ou não foi realizado.. |