Qual foi o recurso utilizado pelos nossos ancestrais após o desenho como forma de comunicação?

Você já se questionou por que a Pré-história é dividida de acordo com os instrumentos de trabalho utilizados pelos homens? O Paleolítico é o período da pedra lascada, o Neolítico é a idade da pedra polida e, na Idade dos metais, os instrumentos de pedras e outros objetos foram aos poucos substituídos por ferramentas metálicas. Tal situação estava relacionada ao acúmulo de experiências de trabalho desenvolvidas pelos seres humanos desses períodos. Essas experiências foram responsáveis por desenvolver as capacidades motoras e mentais do homem.

No período Paleolítico, que durou cerca de 2 milhões de anos e cujo significado é pedra antiga, os instrumentos utilizados nos trabalhos de alimentação e defesa tinham como matérias-primas lascas de pedras. Eram instrumentos extremamente rústicos, com uma forma não tão elaborada, mas que serviam aos propósitos dos povos nômades que habitavam a Terra naquele período. Estudos indicam que neste período houve o desenvolvimento de uma linguagem rústica para a comunicação entre os seres humanos.

A confecção dos instrumentos conheceu uma maior elaboração manual, o que proporcionou aos historiadores utilizarem o termo Neolítico para denominar o período de criação da pedra nova, que seria a pedra polida. Este novo instrumento surgiu em decorrência da habilidade e da capacidade de reconhecimento que as experiências de trabalho proporcionaram para a criação dos objetos. Poderiam prever a utilização de uma ferramenta e o formato a dar a elas, de acordo com o objetivo do trabalho. Foi neste período também que os homens criaram o arco e flecha e utilizaram largamente o fogo.

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Não foi por acaso que no Neolítico iniciou a domesticação de plantas e animais, necessária ao processo de sedentarização, auxiliando na criação de condições de vida para a permanência em um mesmo local. O acúmulo de experiências de trabalho e o desenvolvimento da linguagem para a comunicação durante as atividades permitiram aos homens, ao longo de milhares de anos, criar novas formas de relações coletivas entre si.

O aumento da complexidade das atividades laborais permitiu, ainda durante a sedentarização do Neolítico, a criação das primeiras aldeias. Nelas era possível desenvolver a agricultura e observar o crescimento das plantas, bem como escolher os animais para guarda e proteção, acumulando conhecimentos para a reprodução de uma vida em situação mais segura que a vivenciada no nomadismo.

Esse longo e lento processo de experiências de trabalho criou as bases para o desenvolvimento da comunicação, pois as novas atividades necessitavam de ser nomeadas e ensinadas às novas gerações. Um exemplo é o ensinamento de novos conhecimentos adquiridos, como a descoberta dos metais, que eram mais resistentes que as pedras e os ossos, dando maior durabilidade aos instrumentos de trabalho. Para produzi-los, novas técnicas de produção foram criadas, como a fundição dos materiais para seu uso como ferramenta, inaugurando um novo período na pré-história do homem.

Qual foi o recurso utilizado pelos nossos ancestrais após o desenho como forma de comunicação?
Qual foi o recurso utilizado pelos nossos ancestrais após o desenho como forma de comunicação?

O desenho na Educa��o Infantil. Linguagem
e express�o da subjetividade

El dibujo en la Educaci�n Inicial. Lenguaje y expresi�n de la subjetividad

Qual foi o recurso utilizado pelos nossos ancestrais após o desenho como forma de comunicação?

 

*Graduada em Pedagogia - LP (UPF)

Especialista em Educa��o Infantil: Curr�culo e Inf�ncia (UPF)

**Graduada em Educa��o F�sica (ULBRA)

Mestre em Envelhecimento Humano (UPF)

Karine Possa*

Alessandra Cardoso Vargas**

(Brasil)

 

Resumo

          O presente artigo aborda aspectos relacionados ao desenho na Educa��o Infantil como forma de linguagem e express�o da subjetividade da crian�a, passando por processos de matura��o ao longo do desenvolvimento das produ��es gr�ficas. A forma como a crian�a � desafiada e estimulada a se expressar nos primeiros anos � fundamental para o seu desenvolvimento f�sico, cognitivo e emocional. Portanto, a representa��o gr�fica na forma de desenhos desafia e estimula a imagina��o e a intelig�ncia da crian�a que pode ocorrer com os mais diferentes materiais dispon�veis, possibilitando aprendizagens diversificadas.

          Unitermos:

Educa��o Infantil. Subjetividade. Linguagem.

   

Qual foi o recurso utilizado pelos nossos ancestrais após o desenho como forma de comunicação?
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - A�o 19 - N� 193 - Junio de 2014. http://www.efdeportes.com/

Qual foi o recurso utilizado pelos nossos ancestrais após o desenho como forma de comunicação?

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Introdu��o

    Como sabemos, para as crian�as que est�o no est�gio da Educa��o Infantil, muitas vezes o desenho pode servir como uma linguagem da express�o dos sentimentos, os quais ela ainda n�o consegue expor por meio da fala, ou mesmo pela linguagem escrita.

    Neste sentido, reportamos que o ambiente escolar, no geral, � para a crian�a um espa�o de muitas novidades, descobertas, aprendizagens e conhecimentos novos. O desenho como forma de express�o subjetiva, e o grafismo faz parte do crescimento f�sico e, principalmente, do desenvolvimento cognitivo e emocional da crian�a.

    De acordo com Perondi (2001), os desenhos podem ser inspirados por circunst�ncias n�o previs�veis, por�m, frequentemente eles se relacionam por acontecimentos pr�ximos ou por circunst�ncias similares �s experi�ncias j� vividas. Refor�ando o autor acima, muitas crian�as desenham no dia-a-dia o que lhes chama a aten��o por apresentar aspectos relevantes na sua viv�ncia familiar, escolar ou social.

    Portanto, o estudo objetivou-se analisar os aspectos relacionados ao desenho na Educa��o Infantil como forma de linguagem e express�o da subjetividade da crian�a, passando por processos de matura��o ao longo do desenvolvimento das produ��es gr�ficas.

Import�ncia do desenho para o desenvolvimento psicof�sico de uma crian�a

    O desenho faz parte do desenvolvimento de qualquer ser humano, independentemente de sua idade e, portanto, n�o deixa de ser mais ou menos importante no desenvolvimento psicof�sico de uma crian�a. Toda crian�a passa por um longo processo de evolu��o em todos os aspectos, mas para isso necessita passar por uma diversidade de est�mulos.

    Os desafios e as propostas inteligentes s�o fundamentais no desenvolvimento adequado e saud�vel das crian�as dentro da sua cultura. Segundo o PCN (2000), a arte de cada cultura revela o modo de perceber, sentir e articular significado e valores que governam os diferentes tipos de revela��o entre os indiv�duos na sociedade. A arte solicita a vis�o, a escuta e os demais sentidos como portas de entrada para uma compreens�o mais significativa das quest�es sociais.

    O desenho � uma dessas formas incitadoras para a constru��o de olhares est�ticos e art�sticos da crian�a social. Al�m disso, o desenho ainda permite � crian�a desenvolver o senso de observa��o, os m�nimos detalhes, a diversidade de cores, formas, texturas, e, tamb�m, entrar em contato com grande variedade de materiais, muitas vezes utilizados para realiza��o de atividades art�sticas, seja no ambiente da escola, ou fora dela.

    Outro fator importante � fazer com que as crian�as explorem a variedade de materiais, que esteja ao seu alcance e entorno, incluindo materiais da natureza, simples, por�m que prop�em resultados exuberantes, como os materiais industrializados. Tamb�m as crian�as podem ser desafiadas em diferentes ambientes (familiar, escolar, social).

    Segundo Porcher (1982), aqui como nos outros campos o objetivo n�o deve ser a forma��o de desenhistas profissionais e de especialistas, trata-se de dar a cada um os meios de expressar-se e, atrav�s disso, de dot�-lo dos instrumentos sensoriais e mentais necess�rios para as suas rela��es com o mundo. Por isso, a necessidade de um profissional qualificado na �rea das artes.

Desenho: linguagem que possibilita novas aprendizagens

    As crian�as, desde pequenas iniciam o processo de produ��o gr�fica. S�o riscos simples que come�am a despertar o interesse da crian�a quando esta passa a identificar as diferentes formas produzidas com materiais pl�sticos como papel, canetas, l�pis de cera ou tinta, entretanto, muitas vezes produz grafismos a partir de materiais inusitados como alimentos, pedrinhas, brinquedos quebrados e objetos de cozinha, enquanto brinca.

    Tamb�m ao brincar � que as crian�as d�o in�cio ao desenho do seu pr�prio entorno. No geral, esse processo ocorre de forma prazerosa, proporcionando aprendizagens em cada tra�o elaborado. Sendo assim, desenhar � uma necessidade, tanto pelo aspecto da comunica��o como pelo prazer que esta atividade proporciona.

    Para Moreira (2008), toda a crian�a desenha tendo um instrumento que deixa uma marca: a varinha na areia, a pedra na terra, o caco de tijolo no cimento, o carv�o nos muros e nas cal�adas, o l�pis, o pincel com tinta no papel, a crian�a brincando vai deixando a sua marca, criando jogos, contando hist�rias. Desenhando, cria em torno de si um espa�o de jogo, silencioso e concentrado ou ruidoso seguido de coment�rios e can��es, mas sempre um espa�o de cria��o.

    O desenho desperta a crian�a para a aprendizagem, a descoberta, o prazer, o novo, o diferente. Segundo os estudos da autora citada abaixo, n�o � poss�vel uma educa��o intelectual, formal ou informal, de elite ou popular, sem arte, pois para ela, � imposs�vel o desenvolvimento integral da intelig�ncia sem o desenvolvimento do pensamento divergente, do pensamento visual e do conhecimento presentacional (BARBOSA, 1991).

    O desenho, como linguagem art�stica, proporciona � crian�a oportunidades que possibilitam com que ela expresse aqui e agora seus sentimentos a respeito de algo. E em alguns casos, at� mesmo mostrar suas ang�stias e seus medos.

O desenho como forma de express�o pessoal enquanto ainda n�o h� o dom�nio da linguagem escrita e oral

    Pode-se dizer que o desenho � uma das maneiras mais eficientes de comunica��o. Desde os nossos ancestrais essa t�cnica j� era utilizada com efic�cia, fosse para se comunicar com seus pares, ou expressar e registrar fatos ocorridos ou ainda exercer alguma influ�ncia sobre os inimigos. Muitos s�o os estudos apontando que, antes mesmo do surgimento da escrita e da oralidade, o esbo�o gr�fico j� era desenvolvido como uma importante forma de comunica��o.

    De acordo com o autor abaixo, a arte � entendida como um terreno permissivo ante um curr�culo repleto de n�meros e de palavras. � a arte que encoraja a crian�a a colocar sua vis�o pessoal e sua assinatura em seus trabalhos. As escolas s�o dominadas por tarefas curriculares voltadas ao professor e que, frequentemente, oferecem apenas uma solu��o para os problemas, uma resposta certa para as perguntas. A arte n�o pode tornar-se algo sem vida, mec�nico, como tem ocorrido com o que ensinamos em todos os n�veis da educa��o (EISNER, 1999).

    Muitas vezes nas escolas � esquecido que nossos ancestrais podiam nem mesmo saber o significado real do desenho e a import�ncia que o mesmo representava como forma de registro, mas j� o utilizavam como um poderoso meio de express�o. Entretanto, Derdick (1989), relata que o desenho assumiu para o homem das cavernas, seja no desenvolvimento para a constru��o de maquin�rios no in�cio da era industrial, seja na sua aplica��o mais elaborada para o desenho industrial e a arquitetura, seja na fun��o de comunica��o que o desenho exerce na ilustra��o, na hist�ria em quadrinhos, o desenho reclama a sua autonomia e sua capacidade de abrang�ncia como um meio de comunica��o, express�o e conhecimento.

    Pode-se dizer que o grafismo � uma linguagem capaz de possibilitar a representa��o da realidade e do imagin�rio de uma pessoa. Ou ainda, o esbo�o gr�fico pode desenvolver a criatividade, proporcionar autoconfian�a, ampliar a bagagem cultural e facilitar o processo de sociabilidade.

    Desse modo, a produ��o gr�fica de uma crian�a pode ser a �nica maneira que ela encontra para se comunicar, ou seja, pode ser o momento dela deixar o seu inconsciente falar e atrav�s dele poder desvendar aspectos da sua personalidade, da sua vida social e familiar. Segundo Morgenstern (1977) nos momentos dif�ceis da sua vida, a crian�a evade-se num mundo imagin�rio onde nada a impede de realizar os seus desejos. As manifesta��es vis�veis desta fuga s�o os jogos, os contos e os desenhos. Assim, considera-se que o grafismo �, na maioria das vezes, um esbo�o livre onde crian�as podem expressar o que est�o sentindo naquele momento.

O que se pode �ler� no desenho da crian�a, que muitas vezes pode ser um sinal de alerta para educadores?

    O desenho, por fazer parte do desenvolvimento f�sico, cognitivo e emocional do ser humano pode apresentar em qualquer esbo�o, tanto os aspectos positivos, quanto as dificuldades enfrentadas naquele momento. Na perspectiva de Moreira (2008), o que � preciso considerar diante de uma crian�a que desenha � aquilo que ela pretende fazer: contar-nos uma hist�ria e nada menos que uma hist�ria, mas devemos tamb�m reconhecer, nesta inten��o, os m�ltiplos caminhos de que ela se serve para exprimir aos outros a marcha de seus desejos, de seus conflitos e receios.

    Por isso, o profissional precisa ter olhos cuidadosos para perceber detalhes que a crian�a busca representar de um determinado momento, porque o modo como s�o feitas certas interpreta��es podem ser equivocadas, j� que nem sempre o que � �entendido� pode ser o que os pequenos buscaram representar.Nicolau (1995), completa que os desenhos, as pinturas e as realiza��es expressivas das crian�as n�o apenas representam seus conceitos, percep��es e sentimentos em rela��o ao meio, como tamb�m possibilitam ao adulto sens�vel e consciente uma melhor compreens�o da crian�a.

    Em muitos casos � com o educador que a crian�a de educa��o infantil passa a maior parte do seu tempo. Para Horn (2004), o olhar de um educador atento � sens�vel a todos os elementos. Por isso, h� necessidade de um profissional da educa��o qualificado e eficaz dentro de uma sala de aula, ou seja, que tenha conhecimento sobre o assunto. Pois, � a forma��o e tamb�m sua capacidade de ser am�vel, flex�vel, generoso e compreensivo que faz a grande diferen�a de um profissional que atua como educador de crian�as.

    Entretanto, quando a crian�a est� inserida num meio em que lhe � permitida ter acesso aos instrumentos de experimentos gr�ficos, n�o � s� o educador e a escola que precisam fazer seu papel, mas tamb�m os pais precisam ter a responsabilidade de observar a constru��o do processo de ensino-aprendizagem que faz parte do desenvolvimento de seu filho, tanto ao apresentar aspectos positivos, quanto ao apresentar aspectos que demonstrem dificuldade. Por meio do desenho podem-se identificar poss�veis problemas, relacionados �s defici�ncias, ou at�, situa��es que a crian�a vem sofrendo em casa, ou em outros lugares que frequenta.

    Nesse contexto de cuidados e aten��es feitas em parceria entre a escola e a fam�lia � que o desenvolvimento da crian�a germina, uma vez que escola e fam�lia produzem processos concomitantes e necess�rios para um bom desempenho do m�todo de ensino-aprendizagem de uma crian�a. Seguindo os estudos de Lowenfeld (1977) atrav�s da compreens�o da forma como o jovem desenha, e dos m�todos que usa para retratar seu meio, podemos penetrar em seu comportamento e desenvolver a aprecia��o dos v�rios complexos modos como ele cresce e se desenvolve. Considerando o que j� foi apontado, pode-se analisar que desenhar, seja com que material for, faz parte do desenvolvimento f�sico, cognitivo e emocional das crian�as.

Em que contexto � adequado fazer a interpreta��o do desenho infantil

    Muitos pesquisadores apontam o desenho como algo importante ao longo da exist�ncia dos seres humanos. Foi poss�vel compreender que, assim como a crian�a passa por um processo de desenvolvimento e amdurecimento cognitivo, afetivo, social e emocional, o grafismo tamb�m passa por um processo de crescimento e aperfei�oamento. Assim, por meio do desenho, � poss�vel identificar os est�gios de desenvolvimento em que a crian�a se encontra. Segundo Lowenfeld (1970) em sua cl�ssica obra: o desenvolvimento da Capacidade Criadora,estabelece quatro fases evolutivas para o desenho infantil:

    A primeira � a fase das garatujas de dois a quatro anos, que se divide em tr�s etapas: Garatuja desordenada, ordenada e nomeada. Na fase da garatuja desordenada, a crian�a n�o tem consci�ncia da rela��o tra�o-gesto, muitas vezes, nem olha para o que faz. Seu maior prazer � explorar o material, riscando em tudo o que v� pela frente. Utiliza o l�pis de qualquer forma e com as duas m�os. Os movimentos s�o de vaiv�m, vertical ou horizontal e, em muitos casos, o corpo acompanha o movimento.

    Na fase da garatuja ordenada, a crian�a descobre que h� uma rela��o do seu gesto com os tra�os que faz no papel. Assim, passa a olhar o que faz, controlando o tamanho, a forma e a localiza��o do desenho no papel. Descobre que pode mudar de cores. Come�a a fechar suas figuras em forma de c�rculos ou espiral. Perto dos tr�s anos, come�a a segurar o l�pis como o adulto e � capaz de copiar de forma intencional um c�rculo, mas n�o um quadrado.

    Na etapa da garatuja nomeada, a crian�a representa o objeto concreto por meio de uma imagem gr�fica. Distribui melhor os tra�os no papel. Anuncia o que vai fazer, descreve o que fez, relaciona o desenho com o que v� ou viu, sendo que o significado do seu desenho s� � intelig�vel para ela mesma. Come�a a dar forma � figura do ser humano.

    A segunda fase, pr�-esquem�tica de quatro a sete anos, ou seja, os movimentos circulares e longitudinais da etapa anterior evoluem para formas reconhec�veis, passando de um conjunto indefinido de linhas para uma configura��o representativa definida. A crian�a desenha o que sabe do objeto e n�o uma representa��o visual absoluta. Os seus desenhos apresentam formas mais elaboradas. Por volta dos seis anos pode chegar at� a desenhar uma figura humana bem formada.

    A terceira fase � a esquem�tica de sete a nove anos. Nesse momento a representa��o gr�fica � muito mais tardia que a l�dica verbal, porque somente quando a brincadeira simb�lica e a linguagem j� est�o bem formadas � que a crian�a come�a a organizar seus desenhos. A representa��o das figuras humanas evolui em complexibilidade e organiza��o. Ainda, nessa fase ela j� possui um linha de base e, portanto, � capaz de fazer uma linha de terra e colocar o que � da terra na terra como as �rvores e as casas, e o que � do c�u no c�u como as nuvens e o sol.

    A quarta fase � a do realismo, que ocorre dos nove ao 12 anos, ou seja, � o momento em que a crian�a descobre que ela faz parte de uma sociedade. Desenvolve maior conscientiza��o e interesse pelos detalhes, podendo at� desenhar uma m�o diferente da outra. Tamb�m desenvolve maior consci�ncia visual e, portanto, n�o produz mais exageros, nem faz omiss�es para expressar suas pr�prias emo��es. Por�m, torna-se cr�tica dos seus desenhos e tamb�m dos desenhos dos colegas e, muitas vezes, por j� possuir o dom�nio da escrita e boa argumenta��o verbal, abandona o desenho como forma de express�o subjetiva.

    Fica evidente que o desenho passa por um processo de evolu��o, necess�rio para que a crian�a consiga, nesse tempo, adquirir maior amadurecimento e confian�a em suas a��es e representa��es.Tudo acontece de forma consecutiva e possibilita o crescimento da sua produ��o gr�fica.

    No entanto, como ressalta Ferreira (2001), que a interpreta��o do desenho da crian�a depende do olhar do int�rprete. Afirma a autora que o desenho da crian�a � o lugar do prov�vel, do indeterminado, das significa��es. Da� emerge a import�ncia de se considerar o primeiro desses int�rpretes a pr�pria crian�a, ou seja, nada melhor do que a mesma para falar sobre a sua produ��o para que se possa ter uma melhor compreens�o do seu significado.

    Assim, como � importante ouvir a crian�a sobre a sua produ��o, tamb�m se deve considerar a forma como a mesma desenha os tipos de riscos, as cores usadas para desenhar, a for�a que ela expressa ao produzir, a repeti��o intensiva por aquele tipo de produ��o, entre outros aspectos. Tamb�m pesquisando o papel do desenho na constru��o de conhecimento, Pillar (1996) afirma que ao desenhar, a crian�a est� inter-relacionando seu conhecimento objetivo e seu conhecimento imaginativo. E, simultaneamente, est� aprimorando esse sistema de representa��o gr�fica.

    A interpreta��o do desenho ocorre de forma consecutiva, a partir de v�rias an�lises e observa��es. Pois, o ato de desenhar envolve a atividade criadora; � atrav�s de atividades criadoras que a crian�a desenvolve sua pr�pria liberdade e iniciativa.

Estere�tipo do desenho

    Muitas vezes, o desenho n�o � visto como atividade importante na escola, o que acaba desvalorizando e limitando o seu espa�o como atividade fundamental para o desenvolvimento cognitivo e tamb�m emocional da crian�a.

    Aqui, mais precisamente na educa��o infantil, espa�o onde o desenho deve estar presente a todo instante, muitas crian�as, por n�o terem a linguagem oral e escrita ainda como forma de express�o, utilizam o desenho para representar o que est�o sentindo. Por isso, a import�ncia do mesmo para o desenvolvimento das crian�as em todos seus aspectos.

    A forma como � desenvolvida a arte na educa��o infantil deveria ser muito bem repensada e valorizada por todos os governantes, sejam eles Federal, Estadual, Municipal ou, ainda, das Escolas Particulares. Muitas institui��es ainda trabalham com um ensino tradicional da arte, disponibilizando c�pias de imagens xerocadas para as crian�as pintarem, ou incentivando retratos estereotipados.

    Portanto, a forma como � criado o estere�tipo de qualquer objeto, imagem, ser humano, animal que seja, em uma crian�a faz a grande diferen�a no seu desenvolvimento de assimila��o dos modelos e pap�is sociais. Como j� foi apontando, n�o necessariamente para fazer um desenho, tem que ser da mesma forma como aprendeu, ou seja, seguir um modelo �nico.

    No entanto, apresentar fotografias e imagens desenhadas e pintadas por outras crian�as e tamb�m por adultos n�o deixa tamb�m de ser importante no desenvolvimento da crian�a. Elas precisam criar conceitos, compreender e assimilar esses conceitos sobre as imagens para ter ideia do que aquilo significa, porque enquanto, muito pequenas, ainda n�o tem no��o de que a imagem de um caderno � um objeto, denominado caderno, ela precisa aprender isso.

    Mas o que vem dificultando � a forma como as institui��es de educa��o infantil e tamb�m as institui��es posteriores vem desenvolvendo esse processo de ensino-aprendizagem. Deve-se ter em mente que o ensino da arte � muito mais do que produzir apenas trabalhos art�sticos como afirmam os PCN (2000) aprender arte envolve, basicamente, fazer trabalhos art�sticos, apreciar e refletir sobre eles. Envolve tamb�m conhecer, apreciar e refletir sobre as formas da natureza e sobre as produ��es art�stica e individuais e coletivas de distintas culturas e �pocas.

    Desenhos estereotipados � um entrave no desenvolvimento da criatividade de crian�as de educa��o infantil. Inibem a possibilidade de express�o subjetiva; tiram, muitas vezes, a �nica oportunidade que a crian�a tem de expressar o que sente e percebe de si e do seu entorno. E estes desenhos existem aos milhares na internet, ou seja, uma situa��o cada vez mais dif�cil de �fugir�. Se n�o � a escola quem oferece estas imagens estereotipadas, � a fam�lia que nem percebe que isso � desaconselh�vel.

An�lise e interpreta��o de desenhos

    Durante a elabora��o do presente artigo, houve a necessidade de trazer o objeto de estudo, ou seja, o desenho infantil, visto que, nem sempre, o estudo bibliogr�fico � suficiente para que possamos compreender e sanar d�vidas. A atividade foi realizada com 20 alunos da Educa��o Infantil de uma Escola Municipal do munic�pio de Marau/RS, com idade entre cinco a seis anos. O encontro foi realizado no turno da manh�, na pr�pria institui��o e os desenhos foram escolhidos de forma aleat�ria, uma vez que as crian�as possuem qualidades parecidas nas produ��es.

    A interven��o com os alunos aconteceu em uma quinta feira do m�s de setembro durante o per�odo de aula, no momento em que as crian�as estavam no p�tio participando de brincadeiras com a professora titular. As crian�as foram convidadas a desenhar como estavam se sentindo naquele momento, ap�s uma breve conversa. Foram feitos registros escritos das falas das crian�as autoras dos desenhos enquanto as mesmas desenhavam.

    Ap�s, foram selecionados quatro desenhos de forma aleat�ria para fazer a an�lise. Reportando Cellard (2008), a an�lise documental favorece a observa��o do processo de matura��o ou de evolu��o de indiv�duos, grupos, conceitos, conhecimentos, comportamentos, mentalidades, pr�ticas, entre outros.

Qual foi o recurso utilizado pelos nossos ancestrais após o desenho como forma de comunicação?

    Desenho feito pela crian�a Margarida.Relatou estar feliz nesse momento e por isso desenhou flores, o sol, um arco-�ris, a professora e ela mesma. Margarida tem seis anos e apresenta uma mistura de caracter�sticas da fase pr�-esquem�tica e do esquema, demonstrando que est� numa fase de evolu��o e transi��o de um est�gio para outro. Apresenta em sua produ��o uma base com pequenas eleva��es, destacando um terreno com inclina��es. A imagina��o infantil est� presente na produ��o gr�fica do sol com olhos e boca. Portanto, percebe-se que realiza a produ��o do desenho de acordo com o que sabe do objeto. Confirmando,Lowenfeld (1970) diz que a crian�a desenha o que sabe do objeto e n�o uma representa��o visual absoluta.

Qual foi o recurso utilizado pelos nossos ancestrais após o desenho como forma de comunicação?

    Desenho feito pelo Cravo. Relatou estar meio triste, ent�o produziu ele surfando num mar com os amigos. Cravo tem cinco anos e 10 meses est� na fase pr�-esquem�tica e nota-se que os sentimentos de como ele est� se sentindo est�o expressos na produ��o, por meio dos riscos desordenados e de algumas figuras sem colorir. Tamb�m aparece a representatividade de como � pegar ondas no mar, as eleva��es das ondas e o equil�brio necess�rio para ficar em p� numa prancha. Afirma Lowenfeld (1970) que os objetos aparecerem acima, abaixo, ou ao lado uns dos outros, da forma como os compreende e que os coment�rios das crian�as tendem a ser desconexos e esparsos, porque est�o mais ligados � sua significa��o emocional do que � disposi��o ordenada dos acontecimentos.

Considera��es finais

    Por meio dos estudos obtidos durante o curso e da realiza��o do presente artigo, buscou-se analisar e compreender a import�ncia do desenho no desenvolvimento de uma crian�a, como forma de express�o enquanto o dom�nio da linguagem oral e escrita ainda n�o predomina. As formas de interpreta��o do mesmo, dos estere�tipos utilizados para a realiza��o das produ��es gr�ficas e de outras formas desenhadas pela crian�a que muitas vezes podem servir como um sinal de alerta para os educadores.

    O grafismo � parte integrante do desenvolvimento de um ser humano, principalmente de crian�as que, na maioria das vezes, utilizam o desenho como forma de express�o dos seus sentimentos. Nessa perspectiva evidencia-se que a interpreta��o do desenho da crian�a depende do olhar do int�rprete.

    O estudo contemplou que a interpreta��o do desenho ocorre de forma consecutiva, a partir de v�rias an�lises e observa��es. Sendo essas, necess�rias para um bom desempenho do profissional, pois o ato de desenhar envolve a atividade criadora, e � atrav�s destas atividades que a crian�a desenvolve sua pr�pria liberdade e iniciativa, podendo expressar-se como indiv�duo.

    A pesquisa possibilitou compreender o quanto o desenho liberta a imagina��o, a inova��o e a produ��o espont�nea, podendo despertar a criatividade na crian�a. E ser criativo � conseguir associar ideias, produzindo uma diversidade de respostas a tudo aquilo que � estimulado. Al�m disso, o est�mulo � essencial para o desenvolvimento de qualquer pessoa, principalmente de um ser t�o pequeno, que ter� muitas etapas para superar e progredir.

    Para finalizar, h� de se dizer que o desenho, como linguagem art�stica, proporciona para a crian�a oportunidades que possibilitam com que ela expresse no aqui e agora seus sentimentos a respeito de algo, podendo inclusive, em alguns casos, mostrar suas ang�stias, ou at� mesmo os seus medos. Considera-se, ent�o, que o grafismo � extremamente importante no desenvolvimento de uma crian�a, uma vez que contribui para in�meras aprendizagens e experi�ncias que auxiliam no seu crescimento f�sico e emocional.

Refer�ncias bibliogr�ficas

  • BARBOSA, A.M. A imagem no ensino da arte: anos oitenta e novos tempos. S�o Paulo: Perspectiva; Porto Alegre: Funda��o IOCHPE, 1991.

  • CELLARD, A. A an�lise documental. In: POUPART, J. et al. A pesquisa qualitativa: enfoques epistemol�gicos e metodol�gicos. Petr�polis, Vozes, 2008.

  • DERDYK, E. Formas de pensar o desenho: desenvolvimento do grafismo infantil. S�o Paulo: Scipione, 1989.

  • EISNER, E. Estrutura e M�gica no Ensino da Arte. In: Barbosa, A. M. (org.). Arte Educa��o: Leitura no subsolo. S�o Paulo: Cortez, 1997.

  • FERREIRA, S. Imagina��o e linguagem no desenho da crian�a. Campinas: Papirus, 2001.

  • HORN, M. G. S. Sabores, cores, sons, aromas: a organiza��o dos espa�os na educa��o infantil. Porto Alegre: Artmed, 2004.

  • LOWENFELD, V. Desenvolvimento da capacidade criadora. S�o Paulo, Mestre Jou, 1970.

  • LOWENFELD, V. A crian�a e sua arte. 2 ed. S�o Paulo: Mestre Jou, 1977.

  • MOREIRA, A. A. A. O espa�o do desenho: a educa��o do educador. 12. Ed. S�o Paulo: Loyola, 2008.

  • NICOLAU, M. L. M. A educa��o art�stica da crian�a. 4� Ed. S�o Paulo: �tica, 1995.

  • PERONDI, D. Processo de alfabetiza��o e desenvolvimento do grafismo infantil. Caxias do Sul: EDUCS, 2001.

  • PILLAR, A. D. P. Desenho e constru��o de conhecimento na crian�a. Porto Alegre: Artes M�dicas, 1996.

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