Quem foram os primeiros humanos na América?

A História da América tem origens distintas, que dependem do ponto de vista que se toma para realizar a narrativa histórica. Do ponto de vista dos habitantes nativos do continente, essa origem histórica está radicada há milhares de anos e foi contada, sobretudo, através das fontes orais e pictográficas. Do ponto de vista dos ocupantes europeus, essa história iniciou-se com a chegada dos primeiros navios à região, no final do século XV.

A América pré-colombiana presenciou o surgimento e desaparecimento de civilizações grandiosas, que deixaram um importante legado cultural e arquitetônico, como foi comprovado pelas civilizações maias, incas e astecas. Também os demais povos que habitaram e ainda habitam as demais regiões da América do Sul, Central e do Norte deixaram suas contribuições para a conformação das características da população desse imenso continente. É necessário notar que o percurso histórico desses povos não se fez sem contradições e sem divisões entre povos distintos e que no interior dessas sociedades ocorreram guerras, conflitos e opressões.

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Entretanto, a chegada dos europeus ao continente a partir de 1492, quando Cristóvão Colombo atracou nas ilhas caribenhas, transformou profundamente a configuração social, econômica, cultural e ambiental da América e dos povos que a habitavam. Os primeiros impactos ocorreram com a exploração econômica dos recursos naturais e da terra, como também pelo genocídio de milhões de seres humanos. Os europeus trouxeram ainda para o continente milhões de africanos escravizados, que com seu suor e sangue foram utilizados para construir a sociedade americana atual.

A partir do fim do colonialismo e dos processos de independência, o continente americano conheceu também um desenvolvimento desigual do sistema capitalista. De um lado, os EUA tornaram-se o país em que melhor esse sistema de exploração e criação de riquezas desenvolveu-se, tornando-se a principal potência econômica e militar do século XX. De outro lado, uma infinidade de países que se convencionou chamar de subdesenvolvidos, quando comparados aos países de economia capitalista consolidada, em que a miséria, a fome e doenças afligem milhões de habitantes.

Mas mesmo dentro desses países há o componente de desenvolvimento e o do subdesenvolvimento. A pobreza, a exploração e a opressão também são verificadas na História dos EUA, principalmente nas classes subordinadas da sociedade. Já nos demais países considerados como subdesenvolvidos, há a riqueza e a opulência de uma minoria de grupos sociais que controlam economicamente e politicamente esses países.

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Nesta seção, oferecida pelo Mundo Educação, os estudantes, pesquisadores e demais pessoas interessadas na História da América poderão encontrar uma série de artigos que trabalham os dois pontos de vista referentes à História do continente, tanto o dos antigos habitantes do continente quanto o dos que aqui chegaram após o século XV. Poderão encontrar também as inúmeras contradições que compõem as trajetórias históricas das ações desses habitantes nesse espaço geográfico e que resultaram na sociedade que é vivida nos dias atuais.

Boa leitura!

Mestre em História Comparada (UFRJ, 2020)
Bacharel em História (UFRJ, 2018)

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As primeiras sociedades do continente americano, também chamadas pré-colombianas, são propriamente aquelas que ocuparam e desenvolveram-se nesta região no período anterior à chegada dos europeus. É importante ressaltar a diversidade desses povos, para que sejam compreendidas as diferentes características e formas de organização de cada grupo. As distintas realidades ambientais, sobretudo, condicionaram os modos de vida dessas sociedades.

A teorias acerca do povoamento da América relacionam-se à ideia de que esses primeiros habitantes seriam nômades, isto é, deslocavam-se de um lugar para o outro caçando grandes manadas de animais.

A teoria cientificamente mais aceita é de que, por conta do fenômeno da glaciação, houve a possibilidade de imigração entre os continentes asiático e americano. Os povos teriam chegado à América do Norte por meio de uma ponte natural formada de gelo, no Estreito de Bering (entre a Sibéria e os EUA).

A arqueologia foi fundamental para que o acesso a artefatos e vestígios (datados de 11.500 a 12 mil anos) fosse possível. Estudiosos traçaram, por meio destes artefatos, semelhanças entre os habitantes das américas e os da ásia. Há, no entanto, outra teoria, a partir de vestígios encontrados no Brasil e na América do Sul, de que teriam ocorrido diversas ondas migratórias no processo de povoação da América vindas da África e da Oceania. Povos teriam migrado gradativamente em direção à América do Sul utilizando embarcações, por volta de 30 mil anos atrás.

Em 1975, na região brasileira de Lagoa Santa (MG), arqueólogos encontraram um fóssil que foi batizado de Luzia, datado de mais de 12 mil anos. Este fóssil permitiu o desenvolvimento da segunda teoria, visto que a presença de traços negróides, indicava a possibilidade de ocupação africana e australiana nas américas, para além da colonização asiática advinda do estreito de Bering. Na imagem abaixo pode-se ver o crânio de Luzia, exposto no Museu Nacional, antes do incêndio ocorrido em 2018.

Muitos desses grupos humanos desenvolveram-se em sociedades complexas e grandes impérios, como os Astecas e os Incas. Estes povos indígenas, assim como vários outros espalhados pelo continente, foram dizimados e encurralados em decorrência do processo colonizador iniciado com a chegada dos europeus no século XV. No entanto, a herança cultural indígena permanece caracterizando os países americanos até o tempo presente.

O historiador Ciro Flamarion Cardoso sinaliza “não ser possível para qualquer período pré-colombiano a construção de um saber histórico comparável ao que possuímos acerca da Grécia ou Roma antigas, já que estas são civilizações para as quais podemos dispor de documentação escrita”, o que possibilita a uma compreensão mais detalhada dos processos históricos.

Muitos dos documentos anteriores à colonização europeia foram destruídos, e os relatos que chegaram até nossos tempos são fundamentalmente de origem europeia. Apesar disso, tem-se observado um esforço cada vez mais crescente da arqueologia em pesquisas que busquem preencher as lacunas em relação à cultura dos primeiros habitantes da América.

Leia também:

  • América pré-colombiana
  • Primeiros povos da África
  • Primeiros povos da Ásia
  • Primeiros povos da Europa

Referências:

CARDOSO, Ciro Flamarion. América pré-colombiana. Coleção Tudo é história, 1ª edição. Brasiliense. São Paulo, 1981.

Fragmentos do Crânio de Luzia são encontrados em escombros do Museu Nacional. Redação Nacional Geographic Brasil. Publicado em: 19 de outubro de 2018. Disponível em:

https://www.nationalgeographicbrasil.com/museu-nacional-do-rio-de-janeiro/2018/10/fragmentos-cranio-de-luzia-encontrado-escombros-museu-nacional-depois-incendio-rio-de-janeiro

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/historia/primeiros-povos-da-america/

Quais foram os primeiros humanos na América?

Segundo a teoria geralmente aceita, os primeiros humanos teriam chegado à América, entre 11 000 e 27 000 anos atrás por meio de uma "ponte" de terra que então conectava a Sibéria e o Alasca.

Quando os primeiros seres humanos chegaram à América?

Segundo a teoria de Bering, a chegada do homem ao continente americano ocorreu há, aproximadamente, 50 mil anos, quando nômades asiáticos atravessaram o Estreito de Bering; que nesse período encontrava-se congelado em razão da era glacial, formando assim uma ponte natural entre os dois pontos.

Como os primeiros povos chegaram na América?

Levas vieram da Ásia pelo Estreito de Bering há cerca de 15 mil anos. Os primeiros habitantes da América chegaram ao continente há mais de 15 mil anos e vieram da Ásia em três ondas migratórias separadas.

Quem foram os primeiros seres humanos?

Pelo que sabemos, os humanos surgiram na África Oriental há cerca de 2,5 milhões de anos, no final do Plioceno, período que compreende de 5 a 2 milhões atrás. Eram, provavelmente, Homo habilis evoluídos do Australopithecus, nosso ancestral macaco.