Como saber se vou ter leite quando o bebe nascer

Quando começa a produção de leite na gestante? – Drops das SIS #85/365

No drop da SIS de hoje, eu vou falar quando começa a produção de leite. Na gestação ou após o nascimento?

Muita gente não sabe, mas o leite começa a ser produzido a partir da 20º semana de gestação. Assim, ela já começa a produção de leite e preparo das mamas para a amamentação. Algumas gestantes já até percebem a saída de um pouco de Colostro da mama, mas são poucas, não são todas as gestantes que percebem isso.

Quando o bebê nasce de parto normal, a saída da placenta e as contrações, vão estimular a produção de um hormônio, que é a Prolactina. Esse hormônio faz com o leite comece a ser produzido efetivamente para amamentar o bebê.

A amamentação se dá através da sucção do bebê; quanto mais o bebê suga, mais Prolactina a mãe produz. Assim, quanto mais prolactina produz, mais leite ela tem para amamentar o bebê recém-nascido.

O que pode acontecer, é que nas gestantes que não entraram em trabalho de parto, ou foram direto para uma Cesárea, o processo de produção de leite pode ser um pouco mais lento. Ou seja, se a mãe tem as contrações e a saída da placenta, ela começará a produzir Prolactina antes, se a mãe não entra em trabalho de parto, a Prolactina só será produzida após a retirada da placenta.  Portanto, isso pode retardar um pouco a descida do leite, no caso de parto Cesárea.

Camila é enfermeira neonatal e fotógrafa de recém-nascidos do estúdio SiS foto e design.

Como médica e também em meu convívio pessoal, já ouvi milhares de vezes essa queixa. A paciente, amiga ou parente se desespera, dizendo “ não tenho leite para amamentar meu bebê!”.

Será mesmo? Não ter leite é algo raríssimo!

Vejo muitas novas mamães saindo do hospital e comentando que “o leite secou”, certamente sem receberam a instrução adequada.

Então o leite começa a sair imediatamente após o parto? Não.

Primeiramente, leite durante a gestação não existe – e deixo isso claro porque já ouvi essa pergunta também. Você não vai produzir leite enquanto espera seu filho nascer. Pode acontecer de vazar um líquido menos espesso, que é o colostro.

Então, ele nasce, e não é leite que vai surgir ali ainda, mas continua a ser o colostro – um leite de baixo volume, muito nutritivo e fundamental para o bebê – contém água, leucócitos, proteínas e carboidratos, entre outros.

Depois de 48 horas do parto, ocorre a apojadura, que é quando o leite “desce”.

Este é o caminho natural das coisas, então duvide e questione quando ouvir uma mulher dizer que “não tenho leite para amamentar” e os profissionais do hospital simplesmente concordarem.

É claro que pode haver dificuldades e variações, e vamos a elas.

Quanto mais o bebê suga, mais produção de leite

Muitas mulheres olham o colostro e acham que o leite delas é ralo, fraco. Não, ele é assim mesmo.

Após a apojadura, alguns problemas podem ocorrer na amamentação, relacionados tanto à técnica da amamentação, quanto à produção de leite, já que uma está intimamente ligada à outra.

A pega correta é fundamental para se obter sucesso na amamentação; uma pega ruim impacta na produção de leite, e entra-se, então, em um ciclo vicioso. Não recebendo a ajuda devida, o leite da mulher misteriosamente “seca”.

A melhor forma de produzir mais leite é deixar o bebê sugar – nesse momento, o organismo da mãe libera hormônios responsáveis por produzir e conduzir o leite. Esse ato é tão importante que há relatos de mães adotivas que conseguem a produção depois de deixar seus filhos sugarem.

Há casos, mais raros, em que, mesmo após muita ajuda e usando a técnica perfeita para o bebê mamar, surgem problemas graves e a mãe precisa usar fórmula. Porém, o caminho até se chegar a esse ponto é longo – envolve muita assistência, consultoria, técnicas de relactação, etc. Não é no primeiro dia de vida do bebê que se decide que o leite “secou”.

Existem, inclusive, profissionais nessa área que podem ajudar a mãe e, consequentemente, toda a família no momento da amamentação – são as amamentólogas. Conversas, encontros em grupo, visitas em domicílio e ajuda prática são as ferramentas usadas para fazer do aleitamento materno um momento tranquilo e contribuir para a forte ligação entre mãe e bebê que ali se desenvolve.

Amamentação: vamos deixar claro!

• Até os seis meses do bebê, a amamentação deve ser sua única fonte de alimentação
• O leite materno é pleno para o bebê; mesmo uma mãe desnutrida produz o alimento completo de que ele precisa
• Mãe com silicone amamenta da mesma forma: se bem feita a cirurgia plástica, o material é colocado atrás da glândula mamária ou do músculo do peito
• Não importa o tamanho do seio: quem produz o leite são as glândulas mamárias
• Também não importa se a mãe é gorda ou magra – não há relação disso com a produção do leite materno
• Amamentar ajuda a emagrecer porque o ato de produzir leite elimina calorias
• Parto normal ou cesárea: o leite é produzido da mesma forma, e a amamentação será facilitada desde que seja estimulada logo após o nascimento, e estimulado também o contato precoce pele a pele. E não se esqueça: é essencial respeitar a decisão de parto da mãe (parto respeitoso)
• Não é preciso “preparar” a mama com produtos químicos para lubrificar ou proteger – a natureza é sábia e o faz naturalmente
• Cerveja escura não incentiva a produção de leite – e beber álcool durante a amamentação prejudica, sim, o bebê
• Não há comprovação de nenhuma comida ou bebida que ajude a produzir leite; o único item que tem esse papel e deve ser muito consumido pela mulher é a água

Você teve problemas para amamentar ou conhece mulheres nessa condição? Procure por profissionais qualificados para abrir os caminhos, com naturalidade e respeito ao corpo da mulher. Encorajar o aleitamento materno é um ato imenso de amor!