Dificuldades dos surdos no mercado de trabalho

Pessoas com deficiência geralmente vivem marginalizadas na sociedade, inclusive no mercado de trabalho. Porém nos últimos tempos isso vem se alterando, já que existem programas de inclusão social que visam capacitar pessoas deficientes.

As empresas, depois da lei de cotas, passaram a contratar pessoas com deficiência para se tornarem parte do quadro de funcionários, porém, o surdo ainda é muito excluído desse processo. Preferem contratar alguém com pequenas deficiências físicas do que um surdo.

Mesmo sendo uma triste realidade, a maioria das empresas não contratam deficientes porque querem ou são bons, mas sim porque há uma lei que determina isso, ou seja, fazem por obrigações e não por realmente querer realizar a inclusão.

Lei de cotas

A lei de número 8.213, criada em 24 de julho do ano de 1991, é referente a contratação de deficientes nas empresas.

Essa lei foi um dos maiores pontapés para a inclusão de qualquer deficiente, inclusive o auditivo no mercado de trabalho. Antes da lei de cotas, as empresas costumavam excluir candidatos deficientes, fazendo com que assim ficassem totalmente a margem da sociedade.

Desafios da inclusão do surdo nas empresas

Mesmo com toda a história de que todos nós somos iguais e capazes, ainda há desafios na inclusão do surdo no mercado de trabalho.

No entanto, essas dificuldades vêm sendo diminuídas por causa das inúmeras campanhas que pregam a importância e capacidade do deficiente.

– Preconceito

Apesar de toda uma luta para que o deficiente pudesse ingressar no mercado de trabalho, ainda existem opiniões que não condizem com a realidade.

Muitos acreditam que um surdo não possui a capacidade de desenvolver o seu trabalho de forma correta, como uma pessoa sem deficiência faria. Porém, essa opinião é retrograda e preconceituosa, pois um deficiente capacitado para o mercado de trabalho pode executar suas tarefas igualmente ou até melhor.

Felizmente, o marketing da inclusão está começando a tomar espaço entre as campanhas do país.

– Adaptações no ambiente de trabalho

As empresas precisam realizar adaptações no ambiente de trabalho para receber uma pessoa que possua qualquer tipo de deficiência, principalmente a surdez.

É necessário adaptar os alarmes, melhorar as formas de comunicações sonoras e manter sempre tais equipamentos revisados e atualizados. Além disso, o conhecimento de Libras entre alguns profissionais é muito importante.

Isso envolve custos adicionais para as empresas e muitas infelizmente ignoram esses detalhes. Porém, devem ser cumpridos, até mesmo para a segurança de todos.

– Crescimento profissional

Muitos deficientes acreditam que ao entrar na empresa não possuem chances de crescer profissionalmente e infelizmente é essa a visão que a empresa passa para ele.

O surdo, ao ingressar na empresa, pode ter a sensação de vitória transformada em frustração, caso perceba que ele entrou em determinada função e não tem chance nenhuma de migrar para um cargo maior ou algum outro de seu interesse.

– Programas de capacitações e informações

Um dos grandes desafios na inclusão de surdos no mercado de trabalho também é a falta de informação a respeito dos seus direitos com relação ao mercado e também os programas de capacitações não são amplamente divulgados e o acesso se torna muito difícil.

Muitas pessoas acreditam que problemas de audição é algo restrito a população, sobretudo aos idosos. Mas acredite, segundo dado divulgado pelo governo, no país existem mais de 10 milhões de deficientes auditivos, sendo 2 milhões completamente surdos.

Marketing de oportunidades

Os fonoaudiólogos são capazes de ajudar os profissionais surdos e mudos na oralização. Embora seja um serviço pouco divulgado, há muitas empresas especializadas em marketing para fonoaudiólogos, que estão ajudam não apenas os consultórios, mas também na recuperação destes profissionais.

Com o avanço da ciência e a criação de novas técnicas de adaptação, teremos um mercado de trabalho inclusivo. Tem alguma sugestão para este artigo? Deixe sua opinião no comentários e em breve irei respondê-lo(a).

Dificuldades dos surdos no mercado de trabalho

Centro Municipal de Interpretação de Libras visa atender demandas da comunidade surda em Campo Grande - (Foto: Reprodução/CMIL CG)

Saiba Mais

  • GERAL

    Jovem com deficiência auditiva tem aparelho de surdez retirado no Enem

  • PROJETO DE LEI

    Marcio Fernandes apresenta projeto que insere pessoas com surdez parcial em vagas reservadas de concursos

  • FILME

    Nicolas Becker conta como foi reproduzir a surdez em filme cotado para o Oscar

  • ACESSIBILIDADE

    Prefeitura inaugura Centro Municipal de Interpretação de Libras

Nos dias de hoje a inserção no mercado de trabalho está mais difícil, mas já parou para pensar o grau de dificuldade de quem é estrangeiro dentro do seu país de origem? É o caso de pessoas com deficiência auditiva e surdas, em Campo Grande.

Isso se dá pela barreira da comunicação e a preferência das empresas em contratarem perfis específicos de pessoas com deficiência. Surdos bilaterais profundos, ou seja, aqueles cuja audição foi completamente perdida, sentem na pele a dificuldade quando se trata de uma qualificação profissional e colocação no mercado de trabalho.

Mesmo com a lei de cotas nº 8.213/91, que estabelece que empresas a partir de 100 colaboradores devem reservar uma parcela de suas vagas para pessoas com deficiência, empresas e instituições ainda estão em lento processo de adaptação, o que deveria ser rotineiro por existir uma lei em vigor há três décadas.

As principais dificuldades que as empresas têm em relação aos deficientes auditivos e pessoas surdas são a falta de familiaridade em lidar com um surdo no ambiente de trabalho, como também a interação com o restante da equipe, o que ocasiona a procura por pessoas com deficiências físicas e motoras para preencher a vaga.

Grande parcela desse público não atende esses requisitos, e a principal reclamação da comunidade surda é a barreira linguística. Sua primeira e principal língua é a Libras e parte da sociedade ainda não sabe se comunicar por meio dela.

“O surdo é um estrangeiro dentro do seu próprio país, a primeira língua dele é a Língua de Sinais e muitos não são fluentes em relação à estrutura da língua brasileira’’, relata a tradutora intérprete de Libras, Keila Lima.

Muitos surdos desistem de procurar um emprego formal, por não serem fluentes no português e temerem ser alvo de ataques. Quando a empresa não descarta a oportunidade de contratar um surdo, acaba não elaborando um plano de desenvolvimento para que o mesmo cresça na empresa, sendo comum a demissão logo após a contratação. Eles trabalham por um breve período, passam por vários empregos e não se fixam em nenhum, o que inclusive afeta futuramente a aposentadoria. “Como ele vai se comunicar? Por gestos? Vai ser alvo de chacota? O surdo se sente constrangido, intimidado, a barreira linguística traz vários traumas que fazem com que ele não consiga se desenvolver e desista de trabalhar”, afirma a também tradutora intérprete de Libras, Jéssika Garcia.

Por esses motivos, muitos escolhem receber o benefício ao invés de trabalhar, complementando a renda com algum emprego informal, por exemplo. “Para a maioria não compensa trabalhar 8 horas por dia, de segunda a sábado, para ganhar um salário, sendo que podem ganhar como aposentados”. Essa é a justificativa que Jéssika ouve com frequência.

A falta de oportunidade, do reconhecimento de suas capacidades e de projetos de carreira diminuem a presença de surdos no mercado de trabalho em Campo Grande, composta aproximadamente por seis mil pessoas.

Centro Municipal de Interpretação de Libras (CMILCG)

Pensando em disponibilizar atendimento para a comunidade surda, entra em cena o Centro Municipal de Interpretação de Libras (CMILCG). A prestação de serviço atende demandas de serviços municipais como central do IPTU, Central de atendimento ao cidadão, Procon bem como também audiências na Câmara de Municipal, no Ministério Público, Defensoria Pública, delegacias, atendimentos médicos e eventos em geral de interesse da comunidade surda como o auxílio de um intérprete na entrevista de emprego.

Dificuldades dos surdos no mercado de trabalho

Prefeitura inaugura Centro Municipal de Intepretação de Libras (CMIL) - Foto: Patrícia Martins

Jéssika e Keila foram contratadas pelo CMILCG, e explicam que há três tipos de atendimento: O presencial, in loco e vídeo chamada. A intervenção pode ser realizada presencialmente, onde os intérpretes vão até o local ou por vídeo chamada via WhatsApp. Desde a data da inauguração, em 30 de setembro, já foram realizados 120 atendimentos. A prestação de serviço é gratuita, porém é necessário o agendamento prévio de 15 dias antes da realização do evento ou atendimento necessário com intérprete, por telefone ou presencialmente.

Segundo Keila, uma das demandas que o centro está tendo, é a tentativa de resolver problemas trabalhistas, implicados pela falta de comunicação. “As pessoas nos procuram solicitando ajuda, pois estão com dificuldade no trabalho, seja por questão de cargo, rescisão trabalhista ou uma vaga de emprego”, esclarece Keila.

As empresas campo-grandenses recebem os intérpretes tranquilamente, entendem que estão prestando uma assistência para um possível funcionário e os veem como parceiros. Mas Jéssika adverte que empresas multinacionais não podem utilizar a prestação de serviço, pois tem recursos para a contratação de intérpretes.

Jéssika e Keila relatam que graças à intervenção da prefeitura de Campo Grande, ajudaram muitas pessoas a conseguirem um emprego, presenciaram contratações temporárias que se tornaram definitivas, como foi o caso de Mayara Almeida dos Santos, que procurou a CMILCG e deixou o currículo com as intérpretes, que o encaminharam para a Rede Nacional de Aprendizagem, Promoção Social e Integração (RENAPSI), e em seguida Mayara foi contratada por uma varejista de sapatos, na capital.

Surdos no mercado de trabalho

Adriano José Almeida Pinheiro, supervisor da loja Studio Z, relata que o processo de contratação de surdos conta com a parceria do RENAPSI, que indica pessoas com o perfil desejável para a contratação de emprego, e designa um intérprete de Libras para a entrevista, simplificando o andamento no processo de contratação.

As contratações de pessoas com deficiência seguem determinação de normas, conforme a lei de cotas, preenchendo o quadro da loja com duas funcionárias surdas. A locomoção é fator decisivo para a contratação. “Seria mais difícil a contratação de cadeirantes, tendo em vista que a loja é composta de várias escadas, mas qualquer outra deficiência nós contratamos com mais tranquilidade”, afirma Adriano.

A adaptação da equipe com colegas PCDs (pessoas com deficiência) segundo Adriano é no dia a dia. O diálogo é feito por gestos, mensagens de texto e ligações com intérpretes de Libras. ‘’Há possibilidades de crescimento profissional. É um mercado aberto, nós tentamos não diferenciar”.

Mayara possui o ensino médio incompleto. Este é o seu primeiro emprego o qual ocupa a função de estoquista sendo auxiliada por Lígia Maria Ribeiro, também deficiente auditiva, formada em pedagogia. Ela foi professora de Libras por 11 anos e está na loja há cinco meses, ocupando o mesmo cargo de Mayara. A empresa não tem pretensões de contratar mais PCDs.

O intermédio do Estado entre PCDs e empresas

Pioneira na intermediação das pessoas com deficiência com mercado de trabalho, a Fundação do Trabalho (Funtrab), criada em 2003, presta atendimento diário para quem busca um emprego, tendo em média 600 pessoas atendidas diariamente.

Na primeira visita à Funtrab é realizado o cadastro geral para o banco de vagas. Depois desse procedimento é feita uma entrevista com as assistentes sociais que inserem informações complementares no cadastro, melhorando a captura de vaga e verificação do laudo. O cadastro é atualizado a cada três meses.

Dificuldades dos surdos no mercado de trabalho

Fundação do Trabalho de Mato Grosso do Sul (Funtrab/MS) - Foto: Divulgação)

É solicitado o laudo médico para PCD, documento que comprova formalmente uma deficiência e nível a qual se encontra. Obter o laudo é essencial para ter acesso aos direitos reservados à pessoas com deficiência. Para a deficiência auditiva deve ser anexada a cópia da audiometria, exame responsável por constatar a existência da limitação, ao laudo médico. Esse exame precisa indicar se a deficiência é bilateral, parcial ou total. Caso o PCD não tenha o laudo, é indicado procurar a Fundação para o Estudo e Tratamento das Deformidades Crânio-Faciais (Funcraf), e a clínica escola UCDB para a realização do laudo, ambos gratuitos.

Mônica Schller, gestora de ações do trabalho e assistente social da Funtrab, explica que as empresas não têm preferências na escolha por deficiência e sim pela função. “É conforme a função, ocupação que ela está oferecendo, qual deficiência tem mais facilidade para se encaixar naquela ocupação. Quando uma empresa abre a vaga, ela estipula os requisitos”.

A partir do momento que uma empresa entra em contato com o setor de captação de vagas ofertando uma vaga de emprego, é questionado quais tipos de atividades o PCD irá desenvolver na empresa e como irá desenvolvê-las. “Tem toda uma investigação, confirmação dos dados passados, é apurado como será o trabalho dele dentro da empresa, por exemplo, para uma vaga de estoquista, eu verifico se ele vai subir escadas, se vai carregar peso, verifico se o surdo tem problemas de labirintite, tontura, se pode carregar peso. Não é apenas indicar”, detalha a assistente social da Funtrab.

Mônica ressalta a importância de conhecer as limitações da deficiência a qual a empresa deseja contratar. De acordo com ela, há um pensamento equivocado de que pode-se contratar um surdo para trabalhar em um local barulhento, uma vez que não irá escutar. Mas garante que não é bem assim. ‘’Não é porque é surdo que não ouve barulhos, tem toda a questão de sensibilidade, por isso existe a lei dos decibéis, tem surdo que não pode carregar peso, tem labirintite, temos todo esse cuidado para fazer o encaminhamento”.

Uma empresa com histórico maior de contratações consegue oferecer mais facilmente uma boa adaptação aos funcionários com deficiência pois conhece as potencialidades e limitações de quem é PCD. Por outro lado, uma empresa que está começando a contratar agora por conta da cota, tende a pedir deficiências com o mínimo de limitações possíveis.

Para Mônica, a questão não é o preconceito propriamente dito ou discriminação, mas sim, a situação desconhecida para aquele ambiente e das próprias pessoas que irão conviver com ele.

Devido à isso, pessoas com deficiência intelectual ou física são contratadas com maior facilidade. Em contrapartida, existem surdos bilaterais suaves, moderados ou unilaterais, quando a surdez é apenas em um dos lados do ouvido. Os surdos bilaterais severos ou profundos encontram mais dificuldade em serem contratados. Outro fator que dificulta a contratação é a própria Funtrab não entender o que o recrutador está procurando.“Às vezes fazemos convocações e não encontramos o que o recrutador da empresa quer. Exigem um tipo específico de pessoa para uma função específica também.”

A assistente social da Funtrab afirma que pessoas com deficiência podem concorrer em outras vagas, basta atender os critérios exigidos. Se uma pessoa não tiver laudo tampouco deficiência comprovada e entrar em uma vaga exclusiva, a empresa que a contratou terá problemas com a fiscalização.

Empatia no ambiente de trabalho

A intérprete Keila Lima explica que a oportunidade de emprego para um surdo deveria ir além de um número, uma cota para ser preenchida pela empresa. “Deveriam dar oportunidade de trabalho para que ele possa crescer profissionalmente, dar um cargo mais elaborado, muitos começam na faxina, e hoje estão na gerência”.

Para ela, é preciso desmistificar o pré-conceito no mercado de trabalho, uma vez que os surdos são tratados como inferiores e incapazes. ‘’Quando você está aberto para se comunicar, e não tratá-lo como ‘mudinho’, inferior, sem fazer bullying disso, o mercado de trabalho se torna bem melhor. O lema deveria ser: Eu sou a empresa Y e eu quero que a minha empresa seja acessível’’, finaliza.

Como conseguir um laudo de deficiência?

Fundação para o Estudo e Tratamento das Deformidades Crânio-Faciais (Funcraf) - Rua 14 de Julho, Nº 4827, bairro Monte Castelo

Telefone: (67)3368-6200

Clínica-escola da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB) - Av. Tamandaré, Nº 6000, bairro Seminário.

Telefone: (67)3312-3697

O funcionamento do Centro Municipal de Libras é de segunda a sexta, das 07:30 às 11h ou de 13h às 17:30. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone 2020 – 1181. Localizado na rua Barão do Rio Branco nº 2260, dentro da Subsecretaria de Defesa dos Direitos Humanos (SDHU),

Telefone: (67) 2020-1181

Fundação do Trabalho (Funtrab) - Rua 13 de maio, Nº 2.773, centro

Telefones: (67) 3320-1400 /3320-1414/ 3320-1361

Quais dificuldades o surdo enfrenta para ter uma profissão?

Veja algumas dificuldades para os surdos no mercado de trabalho.
Inserção no mercado de trabalho. A primeira dificuldade é justamente o percentual de pessoas com deficiência que as empresas precisam contratar. ... .
Comunicação com os colegas ouvintes. ... .
Escolaridade baixa. ... .
Entrevista de emprego superficial..

Quais são as maiores barreiras para pessoas surdas no mercado de trabalho?

Além das barreiras da qualificação profissional, as pessoas surdas precisam enfrentar questões como preconceito, falta de acessibilidade nos ambientes e dificuldade na comunicação dentro das empresas. Apesar do cenário desanimador, existem alguns projetos engajados para reverter essa situação.

Quais são os desafios dos surdos?

Os depoimentos obtidos, analisados à luz dos Estudos Culturais e dos Estudos Surdos, apontam como principais desafios para a formação de pessoas surdas: a inclusão da Língua Brasileira de Sinais (Libras) como disciplina curricular obrigatória na educação básica, a formação docente, o despreparo institucional, a ...

Quais as dificuldades enfrentadas ainda hoje para a educação de surdos?

Atualmente percebe-se um grande impasse por parte da criança surda ao ingressar na escola, principalmente no processo inicial decorrente de diversos fatores como: limitações pessoais, o conhecimento parcial da língua pela qual se comunica (LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais), o preparo não adequado dos professores e ...