O que é a doutrina social da Igreja Católica?

Você também acha que o Brasil precisa mudar, mas não tem ideia de por onde começar ou o do que você pode fazer para contribuir com esse país que amamos tanto?

Em 2018, o Santuário Nacional desenvolveu o projeto Eu sou o Brasil Ético e o Jovens de Maria se engajou por meio do estudo do DOCAT, a Doutrina Social da Igreja Católica para a juventude que, segundo o Papa Francisco, é um manual de instruções que responde a pergunta: “como devo agir?” à luz do Evangelho.

Pra entender então o que a Igreja Católica tem a dizer sobre as questões sociais e a maneira de agir em sociedade, queremos começar com os quatro princípios básicos da Doutrina Social:

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O que é a doutrina social da Igreja Católica?

1- Dignidade da pessoa (personalidade)

Cada ser humano é único, irrepetível, e por isso tem um valor incomparável. Com o termo “pessoa”, a Igreja quer dizer que cada ser humano possui uma dignidade que não pode ser violada; que o homem é capaz de conhecer a si mesmo, refletir sobre si, ter liberdade nas suas decisões e se relacionar com os outros.

“Isto mostra-nos que dignidade o homem tem e como é importante tomá-lo muito seriamente como pessoa e tratá-lo com maior respeito. Esta exigência vale também para os sistemas políticos e para as instituições. Elas não devem só respeitar a liberdade e a dignidade da pessoa. Elas devem contribuir para um desenvolvimento abrangente de cada pessoa” (DOCAT, 55).

*Leia mais nas perguntas 47 e 55 no DOCAT

2- Bem Comum

O conceito de “personalidade”, ou seja, dizer que cada ser humano precisa ser respeitado na sua própria dignidade, não fere, no entanto, este segundo princípio. Pelo contrário, por Bem Comum entende-se como um “conjunto das condições da vida social que permitem, tanto aos grupos como a cada um dos seus membros, atingir mais plena e facilmente a própria perfeição”.

Para Igreja, a finalidade de cada pessoa é realizar o bem, e da sociedade, por sua vez, é conquistar o bem comum, de maneira mais prática são necessárias “condições básicas de uma ordem estatal que funcione como é próprio de um Estado de direito. Depois deve cuidar da preservação das condições naturais da vida. Dentro deste quadro, há o direito de cada pessoa à formação. Deve haver também liberdade de opinião, de reunião e de religião”.

*Leia mais na pergunta 87

3- Subsidiariedade

Neste princípio, cada atividade da sociedade é confiada primeiramente a grupos pequenos. Mas, quando estes precisam de ajuda, a instância superior deve oferecer este auxílio.

"Por exemplo, quando uma família tem problemas, o Estado só pode intervir se a família ou os pais são impotentes para encontrar a solução. Este princípio deve fortalecer a liberdade dos indivíduos, dos grupos e das associações e impedir o excesso de centralização. A iniciativa individual deve ser fortalecida, porque poder ajudar-se a si mesmo representa componente significativo da dignidade da pessoa".

*Leia mais na pergunta 95

4- Solidariedade

Segundo o DOCAT (100), “o princípio da solidariedade exprime a dimensão social da pessoa. Ninguém pode viver apenas para si; é sempre dependente dos outros, e não apenas para experimentar uma ajuda prática, mas também para ter um interlocutor e poder crescer e desenvolver plenamente a sua personalidade através do debate de ideias, de argumentos, de necessidades e de desejos”.

A gente começa a mudar o Brasil, mudando a nossa própria mentalidade e conceitos. Que tal procurar aplicar estes princípios no dia a dia de nossa vida? Pra te ajudar a refletir melhor, a partir de hoje, em todo mês, você vai encontrar conteúdos no Jovens de Maria sobre o DOCAT e a campanha Eu sou o Brasil Ético. Acompanhe com a gente e juntos, vamos mudar o Brasil!

Chamamos Doutrina Social da Igreja (DSI), os princípios de reflexão, os critérios de juízo e a orientação para a ação, que o magistério da Igreja tem atuado ao longo dos tempos. Nos primeiros séculos da Igreja (Patrística) encontramos um farto ministério social baseado em três núcleos fundamentais: a vida e sua dignidade, o destino universal dos bens da terra e o direito dos pobres.

Sabemos que a lei de Cristo é o amor, norma suprema da caridade (1Cor 13). Todo Evangelho revela o desejo de Deus de uma humanidade reconciliada no amor. Jesus é apresentado pelo evangelista Lucas como o ungido do Pai que vem para evangelizar os pobres, libertar os cativos e proclamar o tempo da graça (Lc 4,18-19). A defesa e promoção da vida e de sua plena dignidade é imperativo ético que, como um fio de ouro, perpassa toda a história da salvação.

A mestre em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade de Estudos de São Tomás de Aquino, em Roma, e missionária da Comunidade de Aliança na missão Alemanha, Maria Valentim, explica que a Doutrina Social da Igreja nasce desde o primeiro momento que Deus criou o homem e o coloca em uma vivência social. E continua, “os fundamentos da Doutrina Social são toda a Tradição, toda história do povo de Deus”.

A importância de saber sobre Doutrina Social da Igreja

Para a missionária, é necessário entender que “não existe uma dicotomia entre espiritual e social. Logo, a Doutrina da Igreja fala que o verdadeiro desenvolvimento é o integral que atinge a pessoa na sua humanidade e espiritualidade”. Ou seja, “o desenvolvimento do homem todo e de todos os homens” (Paulo VI, Carta encicl. Populorum Progressio, 42; Bento XVI, Carta encicl. Caritas in veritate, 8).

Todo homem é um ser aberto à relação com os outros na sociedade. Para assegurar o seu bem pessoal e familiar, cada pessoa é chamada a realizar-se plenamente, promovendo o desenvolvimento e o bem da própria sociedade. Assim, a pessoa é o centro do ensinamento social católico. Qualquer conteúdo da DSI encontra seu fundamento na dignidade da pessoa humana. Outros princípios básicos do ensinamento social são: o bem comum, a subsidiariedade e a solidariedade.

A finalidade da Doutrina Social da Igreja é levar os homens a corresponderem, com o auxílio também da reflexão racional e das ciências humanas, à sua vocação de construtores responsáveis da sociedade terrena. A fonte da Doutrina Social da Igreja tem duas vertentes: a lei natural, que é a capacidade do homem compreender a racionalidade do mundo, e a revelação, ou seja, Deus que se revela ao homem.

Santos que encarnaram a Doutrina Social

A Doutrina Social da Igreja fala do homem em sociedade, e por esta razão trata também de política, economia, direitos humanos, além de outros assuntos associados à vida. Deste modo, a Igreja dialoga com a sociedade, sempre visando levar o homem na vivência em sociedade e a atingir o bem comum, que é a vocação de toda a humanidade.

Ainda segundo Maria, a Doutrina Social é especialista em humanidade, pois nasceu de Jesus. Ele, Filho do Homem, ensina o homem como viver em sociedade, e motivando a encontrar a Verdade que é o próprio Cristo.

A DSI se encarnou em alguns santos, pessoas que viveram a caridade. Por exemplo, São Padre Pio, Santa Gianna, São Dom Bosco, São Francisco de Assis, Santa Dulce dos Pobres. Cada um na realidade própria do contexto que viviam, conseguiram assegurar os direitos humanos com base na oração e em uma vida voltada ao próximo. 

Com os santos, podemos mais uma vez nos motivar a entender, estudar e aprofundar no assunto, e quebrar tabus que afirmam que a Doutrina é um conjunto de normas ou ideologias. A DSI é um sistema de ideias que visa promover a transformação do mundo e, se necessário, das pessoas. É sim uma doutrina que não visa mudar as pessoas, mas também de compreendê-las, não visa transformar a sociedade mas tentar compreender a dinâmica.

“Mais do que falar, os cristãos têm que viver a Doutrina, que é este encontro com a pessoa de Cristo, a verdadeira pessoa humana, e testemunhar na sua vida em sociedade o amor e a caridade. Isso vai fazer a diferença para que todas as pessoas entendam o que é Doutrina Social da Igreja.”

Etapas do ensinamento social católico:

 De 1891 até hoje, a Doutrina Social da Igreja foi um ensinamento constante por parte de todos os papas. Confira algumas etapas:

  •  Leão XIII (1878-1903), na Rerum Novarum (1891), denunciou as condições miseráveis em que vivia a classe operária, protagonista da revolução industrial;
  • Pio XI (1922-1939), na Quadragesimo Anno (1931), amplia a Doutrina Social cristã. Aborda o difícil tema do totalitarismo, encarnado nos regimes fascista, comunista, socialista e nazista;
  • Pio XII (1939-1958), Papa durante a guerra e o pós-guerra, focaliza a atenção nos “sinais dos tempos”. Ainda que não tenha publicado uma encíclica social, em seus numerosos discursos há uma imensa variedade de ensinamentos políticos, jurídicos, sociais e econômicos;
  • João XXIII (1958-1963), na Mater et Magistra (1961) e na Pacen in Terris (1963), abre a Doutrina Social “a todos os homens de boa vontade” e, assim, a questão social se torna um tema universal que afeta e é responsabilidade de todos os homens e povos;
  • Com a Constituição pastoral Gaudium et spes (1965), o Concílio Vaticano II sublinha o rosto de uma Igreja realmente solidária com o gênero humano e sua história. Já na declaração Dignitatis humanae (1965), o Concílio enfatiza o direito à liberdade religiosa;
  •  Paulo VI (1963-1978), na Populorum Progressio (1967) e na Octogesima adveniens (1971), afirma que o desenvolvimento “é o novo nome da paz” entre os povos. Ele cria o Pontifício Conselho “Justiça e Paz”;
  • João Paulo II (1978-2005) compromete-se na difusão do ensinamento social em todos os continentes. Escreve três encíclicas sociais: Laborem Exercens (1981), Sollicitudo Rei Socialis (1987) e Centesimus Annum (1991). Além disso, o Compêndio da Doutrina Social da Igreja (2004) leva a sua assinatura apostólica;
  • Bento XVI (2005), na encíclica social Caritas in veritate (2009), defende o desenvolvimento integral da pessoa pautado caridade e na verdade.

No Fazendo Barulho desta semana, você pode aprimorar ainda mais sobre o assunto. 

O Instituto Parresia produziu um curso sobre Doutrina Social da Igreja e no spotify você pode ouvi alguns episódios sobre o assunto.

Fique ligado!

Filhos do mesmo Pai – Fazendo Barulho

Quando: 27 de Novembro de 2021, a partir das 23h

Onde: REDEVIDA de Televisão

Canal da Comunidade Católica Shalom no YouTube

Rede Shalom de Rádio

O que significa doutrina social da Igreja católica?

A Doutrina Social da Igreja (DSI) é um corpo doutrinário da Igreja Católica, constituído de orientações filosóficas e teológicas que promovem diretrizes éticas para a melhor organização econômica e política das sociedades humanas.

Quais são os princípios da doutrina social da Igreja católica?

O primeiro e mais importante deles é o princípio da dignidade da pessoa humana, que já tratamos em artigos anteriores, e no qual os demais princípios ou conteúdos da doutrina social da Igreja têm fundamento. Os outros três princípios são: o do bem comum, o da subsidiariedade e o da solidariedade.

O que é a doutrina social da Igreja e quais suas ideias e fundamentos?

A expressão “doutrina social da Igreja” designa o conjunto de orientações da Igreja Católica para os temas sociais. Ela reúne os pronunciamentos do magistério católico sobre tudo que implica a presença do homem na sociedade e no contexto internacional. Trata-se de uma reflexão feita à luz da fé e da tradição eclesial.

Qual a proposta da doutrina social católica?

A Doutrina Social de Igreja Católica é, sim, um conjunto de princípios, critérios e diretrizes de ação com o objetivo de interpretar as realidades sociais, culturais, econômicas e políticas, determinando sua conformidade ou inconformidade com os ensinamentos do Evangelho sobre a pessoa humana e sua vocação terrena e ...