O que os portugueses trouxeram do Brasil

O processo de colonização do Brasil foi conseqüência do já desenvolvido processo de expansão marítima realizado pelos portugueses. Durante o século XV, os portugueses ocuparam regiões estratégicas da Ásia e da África que poderiam ser utilizadas como foco de expansão comercial. Posteriormente, o controle dessas áreas abrira espaço para que as primeiras práticas colonizadoras fossem empreendidas nas Ilhas de Açores e Madeira.

A conquista de rotas comerciais com o Oriente, tido até então principal área de fluxo comercial das nações européias, fez com que a descoberta das terras brasileiras não fosse de muito interesse para a Coroa. Nos primeiros trinta anos de colonização, as únicas atividades se limitavam a realizar a extração do pau-brasil nas regiões litorâneas do país. Tal empreendimento contava com a colaboração dos índios, que em troca de alguns produtos e utensílios, realizavam a derrubada e o armazenamento da madeira.

No entanto, o repúdio de algumas nações contra o monopólio ibérico sobre a exploração das terras americanas viria a transformar esse quadro. Nações como a França e a Holanda reivindicavam a adoção do princípio de uti possidetis para que os territórios coloniais fossem devidamente demarcados. Ao mesmo tempo em que protestavam, essas nações ameaçavam a hegemonia lusitana em terras brasileiras com o envio de expedições de reconhecimento do território tupiniquim.

Tais ameaças fizeram com que a política colonial portuguesa fosse modificada. No ano de 1530, o expedicionário Martim Afonso de Sousa fundou o primeiro centro de exploração colonial no litoral do atual Estado de São Paulo. Essa primeira ocupação deu origem à Vila de São Vicente que, tempos depois, teria a companhia de outros focos de ocupação localizados na região do Planalto de Piratininga. Muitos dos primeiros habitantes eram degredados e desertores que viviam marginalizados no Velho Continente.

A partir de então, a administração colonial contou com um primeiro sistema de distribuição organizado por meio da divisão do território. Essa divisão deu origem às chamadas capitanias hereditárias, grande extensões de terra que eram doadas para nobres, burocratas ou comerciantes influentes dentro da Corte lusitana. Aquele que recebia alguma capitania era chamado de donatário e teria que cumprir com os princípios estabelecidos por dois documentos legais: a Carta de Doação e o Foral.

Esse primeiro sistema de controle e povoamento da colônia brasileira acabou não tendo grandes resultados. Com isso, os portugueses resolveram implantar um novo sistema administrativo mais centralizado e composto por representantes diretos do poder metropolitano. Foi daí que surgiu o chamado governo-geral, um governador nomeado pelo rei deveria tomar medidas em favor da criação de vilas, a exploração econômica das terras e o combate aos piratas e contrabandistas.

Para dar conta de tantas funções, o governador-geral contava com o apoio de um corpo de funcionários. Para tratar das questões de justiça havia a figura do ouvidor-mor; os recursos financeiros levantados pela atividade colonial e a arrecadação de impostos era responsabilidade do provedor-mor; e o capitão-mor combatia os invasores e criminosos do ambiente colonial. A primeira cidade escolhida para abrigar o governo-geral foi Salvador, considerada a primeira capital do Brasil.

Além de contar com o interesse da Coroa, a colonização também se desenvolveu graças à ação dos missionários da Ordem de Jesus. Os padres jesuítas vinham para o Brasil com objetivo de catequizar as populações nativas e, por meio de sua ação, acabavam dando uma justificativa religiosa à presença dos portugueses em terras distantes. A disseminação do cristianismo acabava dando sustentação a toda exploração e expropriação praticadas nesse tempo.

Dessa maneira, dava-se início a um dos mais longos períodos da história brasileira. Ao longo de quatro séculos, os portugueses empreenderam negócios rentáveis à custa de uma estrutura administrativa centralizada e voltada para os exclusivos interesses da metrópole. Muitas das feições sociais, políticas, econômicas e culturais assumidas pelo Brasil na atualidade são fruto desse longo período histórico.

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A chegada dos portugueses ao Brasil ocorreu em 22 de abril de 1500.

Neste dia, navegantes liderados por Pedro Álvares Cabral desembarcaram na região da atual cidade de Porto Seguro. Lá permaneceram do dia 22 de abril a 2 de maio de 1500.

O principal testemunho escrito da chegada dos portugueses foi o relato do escrivão Pero Vaz de Caminha, que passou à história como a "Carta de Caminha".

O descobrimento do Brasil

A expedição que chegou ao Brasil no dia 22 de abril de 1500 - data que é comemorada como o Descobrimento do Brasil - começou em Lisboa, Portugal, de onde os navegantes saíram no dia 9 de março de 1500.

Pedro Álvares Cabral comandou essa expedição e, de acordo com a história, foi quem "descobriu" o Brasil.

De acordo com a história, o destino da expedição era Calicute, Índia, no caminho realizado por Vasco da Gama, em 1497-1498. Mas, vários historiadores concordam que, antes de chegar à Índia, Cabral tinha a missão de conferir se havia terras no sul da América.

A esquadra de Cabral era formada por 9 naus, 3 caravelas e 1 naveta. Nela seguiam entre 1200 e 1500 pessoas, dentre as quais, religiosos, soldados e intérpretes.

A viagem ocorreu tranquila, com as embarcações parando para abastecer-se de água nas ilhas Canárias e no arquipélago de Cabo Verde.

Por volta de 18 de abril, os navegantes já estavam próximos das terras brasileiras, mais precisamente, perto da Bahia de Todos os Santos.

No dia 21, os marinheiros avistaram plantas, como o botelho e o rabo d’asno (ou rabo de burro) e, na manhã seguinte, viram aves como o fura-bucho, sinais inequívocos de que havia terras nas proximidades. Mais tarde, avistaram um monte e, por ser época da Páscoa, o chamaram de Monte Pascoal.

Os navegantes pensaram que o Brasil era uma ilha e, por esse motivo, o primeiro nome que lhe deram foi Ilha de Vera Cruz (vera, de verdade ou verdadeira), mas depois chamaram-lhe de Terra de Santa Cruz. Este era um sinal de que Cabral e os demais capitães perceberam que o Brasil era um continente e não uma ilha.

Apesar de os portugueses terem chegado ao Brasil no dia 22 de abril, somente no dia 23 um dos capitães, Nicolau Coelho, desembarcou acompanhado de alguns homens. Na praia, esperavam cerca de vinte indígenas da etnia tupiniquim.

Na manhã seguinte, as embarcações aportaram e dois indígenas foram levados a bordo. Segundo Pero Vaz de Caminha, ambos ficaram impressionados com as galinhas, e indicaram que haveria ouro em terra.

Por fim, em 26 de abril, Pedro Álvares Cabral desembarcou com os religiosos e ordenou que se erguesse um altar, onde foi celebrada uma missa. Em 1º de maio, mais uma missa - acompanhada de uma procissão - foi celebrada.

A fim de apurar as coordenadas onde se encontravam, os portugueses construíram um grande astrolábio de madeira e, no dia 2 de maio, os barcos levantaram âncoras e partiram em direção às Índias, deixando na costa dois degredados.

O que os portugueses trouxeram do Brasil
Em vermelho, a viagem de ida e em azul, o caminho de volta realizado pela esquadra de Cabral

Contudo, a embarcação comandada por Gaspar Lemos voltou a Portugal para comunicar ao rei Dom Manuel I sobre o achamento das terras. Nesta ocasião seria entregue a "Carta de Pero Vaz".

Para alguns historiadores, o retorno de Gaspar Lemos a Portugal reforça a ideia de que o descobrimento do Brasil não foi intencional e, sim, planejado pelos portugueses.

Veja mais: Descobrimento do Brasil

Contexto histórico da descoberta do Brasil

A viagem de Cabral deve ser entendida no contexto das Grandes Navegações empreendidas por Portugal e Espanha, nos séculos XV e XVI.

Ambos os países tentavam encontrar um caminho para as Índias e, assim, comercializar diretamente com o continente asiático. Desta maneira, se evitaria os comerciantes de Gênova e Veneza.

A Espanha, com a viagem de Cristóvão Colombo, conseguiu provar que seria possível viajar em direção a leste. Por sua vez, os portugueses navegaram toda a costa africana.

A fim de não guerrearem mais pelo domínio marítimo, Portugal e Espanha assinaram o Tratado de Tordesilhas, em 1494.

As navegações continuaram. Em 1497-98, Vasco da Gama conseguiu alcançar as Índias e, desta maneira, estabelecer contatos comerciais na região.

Em 1500, a esquadra de Cabral partiu com o objetivo de reforçar esses laços. Contudo, acredita-se que ele também deveria constatar se havia terras neste lado da América.

As navegações oceânicas de Portugal e Espanha continuaram ao longo do século XVI e nunca mais o mundo foi o mesmo.

Leia também: Dia do Descobrimento do Brasil.

O que os portugueses trouxeram para o Brasil?

Do reino e das ilhas, os colonos e os navegadores portugueses trouxeram, além da cana-de-açúcar e da videira, outras fruteiras (limoeiros, laranjeiras, cidreiras, figueiras, romãzeiras) e as hortaliças (alfaces, couves, repolhos, nabos, cenouras, pepinos, espinafres, cebolas, alhos, mostardas, tomates, gengibres, ...

Qual foi a maior herança deixada pelos portugueses?

Além das festas populares, o folclore brasileiro também sofreu grande influência do folclore lusitano, incorporando uma série de criaturas e seres mágicos que faziam parte do imaginário do povo português, tais como o bicho-papão, a cuca e o lobisomem. Diversas danças brasileiras também vieram de Portugal.

O que os colonizadores trouxeram para o Brasil?

Nessas viagens, os portugueses trouxeram animais domésticos, sementes e mudas de cana-de-açúcar, ferramentas agrícolas e armas. Em razão da beleza da madeira e sua grande utilidade, os franceses também passaram a visitar o Brasil, com o intuito de explorar a madeira e obter altos lucros para seu país.

O que mudou com a chegada dos portugueses?

Mas a abertura dos portos foi apenas a primeira das muitas mudanças que acompanharam a corte ao Brasil. Outra revolução foi a liberação das manufaturas ou indústrias. Com apenas essas duas medidas, o Brasil libertava-se de três séculos de monopólio português e entrava no sistema internacional de comércio e produção.