Objetivos do processo de ensino e aprendizagem pdf

Enviado por

caetano pereira

100% acharam este documento útil (1 voto)

470 visualizações

11 páginas

Descrição:

ok

Direitos autorais

© © All Rights Reserved

Formatos disponíveis

DOCX, PDF, TXT ou leia online no Scribd

Compartilhar este documento

Você considera este documento útil?

Este conteúdo é inapropriado?

Denunciar este documento

100% acharam este documento útil (1 voto)

470 visualizações11 páginas

Objetivos de Ensino

Enviado por

caetano pereira

Descrição:

ok

Descrição completa

1 OBJETIVOS DO ENSINO E DA APRENDIZAGEM: ANÁLISE CRÍTICA João Luiz Gasparin UEM PR O estudo dos objetivos, como parte essencial do processo didático, sempre tem merecido muita ênfase por parte de todos os que se ocupam do ensino e da aprendizagem. O presente artigo, buscando ser um auxílio na mesma perspectiva, tem como meta explicitar as contribuições teórico-práticas de propostas didáticas concretas. A questão que norteou este trabalho foi a de averiguar se os autores de obras de didática e, mais especificamente, os consultores das lições da Seção Sala de Aula da Revista Nova Escola propõem e elaboram os objetivos para o ensino dos conteúdos, atendo-se somente aos conhecimentos em si, ou se apresentam a dimensão social extraescolar da aprendizagem. Os resultados apontam que as obras de didática podem ser dividas entre as que não apresentam específica preocupação com o uso social dos conteúdos, enquanto outras tem como seu maior foco a aprendizagem dos conhecimentos sistematizados para mudança social. Os consultores das lições da Nova Escola apresentam uma unanimidade e unicidade na formulação dos objetivos. Sua preocupação maior é com a aquisição dos conteúdos em si, sem apontarem, explicitamente, o uso social dos mesmos. Palavras-chave: Didática, Objetivos, Aprendizagem, Uso Social dos Conteúdos. INTRODUÇÃO A revisão dos tradicionais elementos da didática na perspectiva da organização do trabalho pedagógico como princípio educativo tornou-se, para nós, uma necessidade à medida que, em nosso trabalho com esta área de conhecimento, constatamos que o conteúdo da didática parece não mais atender as necessidades dos professores nos diversos níveis e campos de ensino. Desta forma, a pesquisa que desenvolvemos teve como linha diretriz analisar a didática buscando verificar se os elementos que a constituem planejamento, objetivos, conteúdos, estratégias, avaliação, relação professor-aluno, mediação respondem às exigências de aprendizagem dos alunos no contexto atual. No que se refere especificamente aos objetivos, as questões investigativas que nos propusemos foram as seguintes: Os autores de obras de didática, ao tratarem dos objetivos do ensino e da aprendizagem, explicitam, claramente, a dimensão teórica-prática dos conteúdos estudados? As lições da seção Sala de Aula

2 2 da Revista Nova Escola, ao especificarem os objetivos do ensino e da aprendizagem dos conteúdos teóricos, indicam, explicitamente, a sua prática para além da instituição escolar? Para a concretização da pesquisa, nos propusemos como meta buscar, primeiramente, em alguns autores de obras de didática, uma fundamentação teórica que se direcionasse no sentido de uma explícita orientação do ensino e da aprendizagem com uma finalidade social para além da sala de aula. Em segundo lugar, analisamos os objetivos das lições da seção Sala de Aula da Revista Nova escola, dos anos de 2009 e 2010, a fim de avaliar se eles encaminham o conteúdo estudado para o uso extraescolar. Em relação aos autores das obras de didática, verificamos que alguns dos que avaliamos tratam muito bem da didática quando referida à sala de aula. Apontam as finalidades sociais da educação e do ensino escolar, especialmente ao tratar dos objetivos gerais, mas não apresentam com clareza dados que oportunizem a concretização do conteúdo no cotidiano dos educandos, fora da sala de aula. Outros pensadores, ao contrário, buscam encaminhar didaticamente o ensino e a aprendizagem dos conteúdos com uma finalidade social, para além da escola. Quanto aos objetivos das lições da seção Sala de Aula, os resultados assinalam uma grande lacuna entre teoria e prática. A seguir procuramos explicitar os resultados obtidos em nossa investigação. AS LIÇÕES DOS LIVROS DE DIDÁTICA A formulação de objetivos em todas as atividades humanas é fundamental para orientar as ações que permitem a obtenção das metas propostas. Os objetivos educacionais e escolares são as previsões do que se pretende alcançar por meio do ensino e da aprendizagem dos conteúdos científico-culturais. O estudo dos objetivos implica sempre que se estabeleça a distinção entre fins, finalidades, objetivos gerais, objetivos específicos e metas. Há entre os autores muitas divergências e falta de precisão sobre esse tema. Em nosso estudo explicitamos, inicialmente, a distinção entre fins e objetivos. Segundo Enricone, Sant Anna, André e Turra (1982, p.58):

3 3 Ambos os termos designam o motivo, a finalidade, a intenção do sujeito. A palavra fim é empregada com referência a finalidades: abstratas, teóricas, ideais, de longo alcance, pertencente ao mundo dos valores, não experimentais, não avaliáveis de maneira direta. A palavra objetivo é empregada com referência a finalidades: concretas, práticas, reais, alcançáveis em determinados períodos, pertencentes ao mundo dos bens, experimentais, avaliáveis diretamente. Os fins da educação estabelecem o perfil de homem, de cidadão que ela deverá formar. São diretrizes gerais que devem ser explicitadas e detalhadas em comportamentos menores os objetivos - que as concretizem gradativamente. Mas, os próprios objetivos se classificam em gerais e específicos, conforme sua abrangência, buscando realizar a prática educacional e escolar. Tanto os objetivos gerais quanto os específicos podem ser definidos em termos do conteúdo que o professor se propõe a ensinar ou na perspectiva das ações que desenvolverá ou, o que é mais desejável, especificando o que se espera que o aluno alcance. Esse encaminhamento, todavia, deve explicitar-se nas intenções gerais e concretizar-se nas específicas, a fim de que tenha significado e sentido o trabalho do professor e dos alunos. Neste trabalho, nos propomos a analisar os objetivos em função do possível ordenamento que podem oferecer para que os conteúdos trabalhados e apropriados em sala de aula pelos alunos se tornem instrumentos de transformação social. Assim, os objetivos expressam, portanto, propósitos definidos explícitos quanto ao desenvolvimento das qualidades humanas que todos os indivíduos precisam adquirir para se capacitarem para as lutas sociais da transformação da sociedade (LIBÂNEO, 1991, p.120). Para tanto, a elaboração dos objetivos pelo professor deve pautar-se por uma avaliação crítica dos fundamentos de sua ação, levando em conta sua postura diante dos determinantes sócio-políticos da prática educativa; a pertinência dos objetivos do sistema escolar oficial, tornando exeqüível a aprendizagem dos conteúdos como instrumento de transformação social, conforme os níveis e aspirações da clientela escolar a que se destinam. Os objetivos educacionais requerem, portanto, um posicionamento ativo do professor em sua explicitação, seja no planejamento escolar, seja no desenvolvimento das aulas ( LIBÂNEO, 1991, p. 121). Estes posicionamentos indicam, claramente, que os objetivos possuem uma dimensão que extrapola a sala de aula possibilitando que os conteúdos, a que se referem, se tornem elementos significativos das mudanças sociais: Por todas essas razões é de fundamental importância que o professor estude e forme convicções próprias sobre as

4 4 finalidades sociais, políticas e pedagógicas do trabalho docente; sobre o papel da matéria que leciona na formação de cidadãos ativos e participantes na sociedade; sobre os melhores métodos que concorrem para uma aprendizagem sólida e duradoura por parte dos alunos (LIBÂNEO, 1991, P.122). Em outras palavras, isso significa que as convicções do professor, suas posturas políticas; suas metodologias de trabalho; a seleção de conteúdo e objetivos constituem um todo que direciona a ação docente para reprodução do status quo ou para as transformações que se fazem necessárias tanto nas classes que detém o poder econômico, político e social quanto nas classes sociais menos privilegiadas. Os objetivos gerais expressam as concepções de homem, de mundo, de sociedade, de educação, de valores presentes nos documentos oficiais e no Projeto Político-Pedagógico. Neste sentido, o professor deve possuir clareza tanto de suas posturas político-educacionais, quanto pedagógicas e didáticas profissão. professor deixe claro em relação à sua Em função disso, segundo Libâneo (1991, p.123), é necessário que o o que pensa sobre o papel da escola na formação de cidadãos ativos e participantes na via social, sobre a relação entre o domínio de conhecimentos e habilidades e as lutas sociais pela melhoria das condições de vida e pela ampla democratização da sociedade; como fazer para derivar dos objetivos amplos aqueles que correspondem às tarefas de transformação social, no âmbito do trabalho pedagógico concreto nas escolas e nas salas de aula. Estas afirmações não deixam dúvidas sobre o posicionamento político e pedagógico que caracterizam o trabalho docente comprometido em formar cidadãos que não apenas dominem teoricamente um conteúdo, mas que, pela posse da teoria, se tornem instrumentos de mudanças na sociedade por sua ação engajada nas lutas sociais. Este ideal amplo deve se concretizar, didaticamente, em todas as áreas de conhecimento a que os professores se dedicam. Isto significa que os objetivos da educação não podem e não devem manter-se apenas em nível de sala de aula. Mas, antes, devem ser uma indicação para que os educandos se apropriem dos conhecimentos teórico-científicos de que necessitarão para se tornarem cidadãos competentes, ativos, críticos, comprometidos em todo processo social, vinculando teoria e prática numa práxis transformadora.

5 5 Se os objetivos gerais explicitam os ideais da educação e da escola, os objetivos específicos particularizam a compreensão das relações entre escola e sociedade e especialmente do papel da matéria de ensino. Eles expressam, pois, as expectativas do professor sobre o que deseja obter dos alunos no decorrer do processo de ensino (LIBÂNEO, 1991, P. 126). Em outras palavras, os objetivos específicos expressam o desenvolvimento cognitivo e afetivo dos alunos, por meio do ensino e da aprendizagem, não apenas como aquisição de um conteúdo para o cumprimento de uma atividade escolar, mas como um conhecimento que se constitui um compromisso social extraescolar na consecução gradativa dos objetivos gerais. Nesta perspectiva, é clara a postura de que os objetivos, tanto os gerais quanto os específicos, possuem uma dupla dimensão: uma se refere à aquisição teórica dos conhecimentos científicos; outra explicita a necessidade de que os conteúdos sejam postos em ação além da escola. Saviani (2008), ao tratar dos passos da Pedagogia Histórico-Crítica, ainda que não faça menção explícita aos objetivos do ensino e da aprendizagem dos conteúdos, deixa claro que os conhecimentos adquiridos são instrumentos de transformação social. Isto significa que a aprendizagem dos conteúdos científicos adquire uma dimensão que vai muito além da sala de aula. Ora, tanto a aquisição dos conteúdos em si, quanto seu social dependem dos objetivos que o professor e os alunos visualizam como meta de seu trabalho docente-discente. Na mesma linha de pensamento, Gasparin (2009, p. 24) assinala que O estabelecimento de objetivos é sempre um processo dialético que envolve o que se pretende alcançar socialmente e os conteúdos a serem ensinados e aprendidos para tal fim. Assim, a formulação dos objetivos leva em conta duas dimensões básicas: o que aprender? Para que aprender? A primeira - o que evidencia o conteúdo científico a ser apropriado intelectualmente pelos alunos em sala de aula; a segunda para que explicita a finalidade da aquisição do conteúdo, isto é, o uso que farão socialmente dele for da escola (grifos do autor). O professor, em seu processo de trabalho acadêmico-científico profissional, deve, consequentemente, possibilitar a aquisição dos conhecimentos científicos dos quais os alunos darão mostras de que da fato se apropriaram teoricamente, mas, por outra parte é também tarefa dele indicar aos alunos que o conhecimento adquirido não cessa com a prova escolar; ao contrário deve se tornar uma dimensão fundamental de sua vida como cidadãos e como profissionais.

6 6 Neste sentido, os objetivos, em sua formulação implícita ou explícita, devem constituir um todo entre a aprendizagem dos conteúdos e a aprendizagem de seu uso social. Se há autores que se preocupam com a aprendizagem dos conteúdos em si e com seu uso social, outros há que não apresentam explicitamente essa preocupação na formulação dos objetivos, embora sempre se refiram a propósitos e metas a alcançar. Assim Haydt (2002, p ), referindo-se à formulação dos objetivos afirma que é preciso explicitá-los, isto é, especificá-los de forma clara e precisa, para que eles possam realmente orientar e direcionar as atividades de ensino-aprendizagem, contribuindo para sua eficácia. E acrescenta: A formulação de objetivos de ensino consiste na definição de todos os comportamentos que podem modificar-se como resultado da aprendizagem. A autora trata da elaboração dos objetivos na perspectiva de que sua formulação perfeita possa permitir a orientação clara do ensino e da aprendizagem, mas não se refere à dimensão extraescolar do conteúdo que o aluno aprendeu. Todavia, ao tratar das funções dos objetivos específicos, esclarece que a primeira delas consiste em ajudar o professor a definir os conteúdos a serem dominados, determinando os conhecimentos e conceitos a serem adquiridos e as habilidades a serem desenvolvidas para que o aluno possa aplicar o conteúdo em sua vida prática (HAYDT, 2008, p. 115) (grifos nossos). A aplicação além da sala de aula, porém, não se confirma quando apresenta a elaboração dos objetivos. Para definir os objetivos específicos a partir dos gerais, a autora fornece uma série de sugestões práticas que auxiliam os professores a realizar essa tarefa. Para tanto apresenta exemplos bem formulados no que se refere às capacidades, às operações mentais superiores e habilidades intelectuais ou cognitivas, à aprendizagem teórica do conhecimento, mas a maioria dos objetivos não aponta nenhuma finalidade social do conteúdo teórico que o educando adquiriu. Vejamos alguns exemplos apresentados Por Haydt (2008, p ): Descrever as causas da formação do sistema feudal na Europa Ocidental ; Explicar, na estrutura feudal, a relação suserano-vassalo ; Explicar o que é feudo ; Redigir um texto sobre um assunto lido ou discutido em aula ; Resolver problemas, usando a fórmula para calcular a área de uma circunferência.

7 7 É necessário esclarecer que a formulação dos objetivos específicos por Haydt envolve aplicação, mas, na maioria das vezes, apenas aplicação intelectual que mobiliza os esquemas operatórios, ou os mecanismos superiores do pensamento, mas sempre restritos à sala de aula. Por outra parte, Haydt (2008, p ) afirma: Como podemos ver, os objetivos específicos decorrentes da operacionalização de um objetivo geral praticamente se identificam com as atividades a serem realizadas pelos alunos [...]. E logo adiante acrescenta: Quando o objetivo específico descreve apenas um comportamento por vez, ele se identifica com o conteúdo [...]. Entendemos que os objetivos, em hipótese alguma, se identificam com os procedimentos, ou as atividades didáticas; tanto menos eles se tornam o próprio conteúdo do ensino e da aprendizagem. As atividades são processos educativos e não conteúdos. Os conteúdos científico-culturais são o objeto de apreensão, pelos alunos, com finalidade intelectual e uso social. Portanto não se confundem com os objetivos específicos. Mas Haydt (2008, p.121) não esquece das finalidades da escola: Por último, queremos lembrar que, para a educação escolar ser um instrumento de transformação social, nós, educadores, não podemos perder de vista o objetivo último da ação educativa, que é preparar o jovem para a vida plena da cidadania. Isso supõe formar um cidadão consciente, crítico e participativo, capaz de compreender a realidade em que vive e nela intervir, participando do processo de construção da sociedade. Essa afirmação é verdadeira, todavia, a educação escolar se faz precipuamente pela aprendizagem intelectual dos conteúdos, visando a prática social. Isto somente acontecerá se os objetivos e conteúdos forem trabalhados e aprendidos com a finalidade de se tornarem instrumentos de transformação social. Caso contrário, serão apenas conhecimentos aprendidos para prestar contas à escola, aos professores, aos pais, à burocracia que classifica os educandos em aprovados e reprovados. Se queremos formar cidadãos críticos, conscientes, participativos, é urgente rever com que objetivos são ensinados e aprendidos os conteúdos científico-culturais administrados na escola.

8 8 AS LIÇÕES DA REVISTA NOVA ESCOLA. Para uma compreensão mais adequada dos objetivos que analisamos a seguir, tomamos como referencial teórico os autores que assinalam o uso social dos conteúdos. Entendemos que em todos os níveis de ensino devem ser apresentados os objetivos de cada área/disciplina de conhecimento, conforme sua especificidade, explicitando, para os alunos, a dimensão teórica e o uso prático dos conteúdos que o professor se dispõe a ensinar. Isto parece óbvio, todavia, não é o que observamos na maioria das obras de didática, dos livros didáticos e das revistas educacionais. Ao pesquisarmos a formulação dos objetivos de ensino e aprendizagem dos conteúdos, nas propostas apresentadas na seção Sala de Aula, de todos os números da Revista Nova Escola, do ano de 2009 e os publicados, até o momento, do ano de 2010, constatamos, inicialmente, que o planejamento das aulas nas subseções Projeto Institucional, Sequência Didática, Regras do Jogo, Plano de Aula, Projeto Didático, Plano de Trabalho, apresentam os elementos fundamentais de uma boa aula. Para exemplificar trazemos um plano de aula desta revista educacional (nº 219, jan./fev. 2009, p ). Os elementos do plano são: 1) disciplina: Geografia; 2) unidade de conteúdo: paisagem local; 3) seqüência didática: bacias hidrográficas: dimensões e usos; 4) objetivos: identificar bacias hidrográficas e suas relações com o relevo; perceber que o espaço resulta das interações entre natureza e sociedade; produzir desenhos de representação geográfica; 5) conteúdos: relevo, bacia hidrográfica, uso dos recursos naturais, desenhos de representação geográfica; 6) anos: 2º e 3º; 7) tempo estimado: 6 aulas; 8) material necessário: cópias do mapa da bacia hidrográfica da área e fotos de rios; 9) desenvolvimento e 10) avaliação. Considerando que nosso objeto de investigação e análise consiste em verificar se a formulação dos objetivos de cada lição atende as dimensões teórica e prática na perspectiva de apropriação intelectual dos conteúdos e respectivo uso social extraescolar, apresentamos, a seguir, um rol de objetivos coletados nas diversas disciplinas planejadas pela Revista Nova Escola. Buscamos avaliá-los segundo o problema de nossa investigação, os objetivos deste trabalho e a fundamentação teórica na parte que se refere ao uso dos conhecimentos escolares adquiridos como instrumento de mudança social. Utilizamos, para isso, todas as lições da Sala de Aula da Revista Nova Escola, nº 221, abril. 2009, p , a fim de observarmos a coerência entre teoria e prática e a unicidade ou diversidade de formulação dos objetivos das seqüências didáticas. Selecionamos um objetivo de

9 9 cada lição. Após o enunciado do objetivo, elaborado pelo autor/consultor da lição, acrescentamos uma expressão complementar que poderia encaminhar para apropriação do conteúdo teórico com uma finalidade de uso. As expressões que acrescentamos são simples indicações de como o professor poderia redigir seu objetivo e anunciá-lo a seus educandos na perspectiva de envolvê-los na aprendizagem do conteúdo teórico com a finalidade de que este se torne um instrumento de transformação social. Os complementos são enunciados como: para que, a fim de que, buscando, para, possibilitando que, com o intuito de, com o propósito de. Para compreender melhor os objetivos de cada lição, além de indicar a disciplina, acrescentamos também a unidade de conteúdo, as séries a que se destina, o subtópico e o consultor ou consultora: 1) HISTÓRIA História Geral - 2 ao 4 ano Brincadeiras indígenas. Objetivo: Comparar o próprio modo de vida com o das crianças indígenas, a fim de que... Consultor: Daniel Vieira Helene (p. 44). 2) EDUCAÇÃO INFANTIL - Movimento Creche e pré-escola Atividades com giz. Objetivo: Favorecer o aprendizado de regras, para que as crianças... Consultores: Ana Paula Yazbek, Fenanda Ferrari Arantes e Marcelo Jabu (p. 47). 3) MATEMÁTICA Números e operações 6 e 7 anos Multiplicação mental. Objetivo: Elaborar e compreender as regras da multiplicação por potências de 10 com números decimais, buscando fazer com que os alunos... Fonte: Apostila Calculo mental con numeros racionales Apuntes para la ensñanza, da Secretaria de Educação da Cidade de Buenos Aires ( P. 51). 4) ARTE Linguagem virtual 1 ao 3 ano Ateliê na sala de aula. Objetivo: Criar um ambiente adequado para o trabalho de arte visual, com o intuito de... Consultora: Isabel Graciano ( p. 53). 5) LÍNGUA PORTUGUESA Produção de texto - 3 ao 5 ano Leitura para refletir sobre a escrita.

10 10 Objetivo: Reconhecer a leitura como uma fonte essencial para produzir textos, com o propósito de... Consultora: Débora Rana (p. 56). 6) PRÁTICAS DE LINGUAGEM Produção de texto 6 e 7 anos Do oral ao escrito. Objetivo: Identificar as características das modalidades oral e escrita, a fim de que os educandos... Consultor: Cláudio Bazoni ( p.61). Todos os objetivos destas seis lições estão bem formulados em relação ao processo mental do que o educando deve aprender, mas nenhum deles apresenta um encaminhamento prático como parte da aprendizagem. Supõe-se que no decorrer da aula o professor realize essa função. Todavia, como o processo de ensino escolar é diretivo, partimos do pressuposto pedagógico-didático que o caminho deveria ser anunciado por inteiro. As lições de todos os números da Revista trazem conteúdos do ensino fundamental. Ao avaliarmos os objetivos, verificamos que a maioria absoluta apresenta uma formulação adequada ao conteúdo a ser ministrado/aprendido, mas não encaminha para uma ação concreta posterior, a partir do conhecimento adquirido. Dos cento e sessenta e um objetivos identificados e avaliados, apenas dezessete apresentam, aparentemente, um encaminhamento para além da pura aquisição intelectual do conhecimento proposto. O novo uso do conteúdo aprendido, porém, não é uma ação de prática social, mas novamente uma ação intelectual. Vejamos alguns exemplos: transpor uma narração oral para o texto escrito, praticando atividades do processo de retextualizção ; utilizar verbos no imperativo ; produzir um artigo para o jornal mural ; realizar pinturas com os instrumentos fabricados ; resolver situações diversas com cálculos percentuais ; produzir um mural sobre migrações ; planejar, produzir e revisar textos ; participar de um programa de exercícios físicos. Quanto à formulação dos objetivos, observa-se que buscam atender à aquisição intelectual do conhecimento para, depois, ser demonstrada sua apropriação por meio das avaliações. Os objetivos da educação física podem, com maior evidência, ser realizados fora da sala de aula; os demais são anunciados, realizados e avaliados, e sua ação encerrada no próprio ato de realizar-se e consumir-se, ou seja, permanecem na

11 11 escola. O fato de os objetivos da educação física proporcionarem atividades que se concretizam além da sala de aula, não significa que visem a transformação social. Não foi constatada nenhuma formulação de objetivos que encaminhasse, explicitamente, para uma ação de intervenção ou de transformação social utilizando o conhecimento escolar adquirido. Quanto a isso parece ser unanimidade dos quarenta e dois consultores das muitas lições avaliadas. As formulações dos objetivos atém-se à sala de aula. CONSIDERAÇÕES Há uma crença tácita de que à escola cabe a função de transmitir os conhecimentos produzidos e acumulados historicamente. Talvez por isso, os professores ao realizarem essa tarefa entendem que cumpriram sua missão. O que os educandos farão, na prática social extraescolar, com os conhecimentos adquiridos, é de responsabilidade deles e não do professor. A transmissão/aquisição sistematizada do conhecimento científico-cultural se inicia pela aula do professor e se encerra com a avaliação formal-burocrática do processo escolar. Existe um entendimento tradicional de que a escola deve possibilitar o desenvolvimento cognitivo dos alunos e a ilustração da mente. Realizada esta meta, terá concretizado seu desiderato. O pressuposto é o de que a parte prática do conteúdo, o aluno saberá fazer se, teoricamente, conhecer bem o assunto. Desta forma, a preocupação maior da escola é com o conteúdo em si mesmo, nem sempre ligando-o às questões sociais. Por outra parte, o ensino fundamental não é profissionalizante, por isso, afirma-se que nele são ensinados conhecimentos gerais, que não se referem a nenhuma profissão em específico, daí, talvez, o descompromisso de buscar uma aplicação social dos conteúdos aprendidos. A maioria das teorias pedagógicas não enfatizam, diretamente, o conteúdo escolar como instrumento de mudança social. Os livros didáticos nem sempre trazem o conteúdo com finalidade de transformação da sociedade. Todavia, nas séries iniciais do ensino fundamental, ainda existe a aprendizagem do conteúdo que visa uma aplicação prática, pois os temas tratados dizem respeito a aspectos vivenciais das crianças.

12 12 À medida que as séries do ensino fundamental avançam e o conhecimento se torna mais abstrato, torna-se mais fácil justificar que a essência da escola consiste em propiciar aos alunos a apropriação teórica do conhecimento, mesmo porque a expectativa dos vestibulares futuros está mais centrada na demonstração do domínio teórico dos conteúdos. Há, ainda, uma cultura do ensino e da aprendizagem dos conteúdos pelos conteúdos. Verifica-se uma distância entre os objetivos gerais que assinalam uma formação crítica e participativa de cidadãos conscientes de seus direitos e deveres e a ausência de concreticidade desses valores por meio dos objetivos específicos que se atém sempre aos conteúdos e em si. No que se refere aos objetivos das lições da Revista Nova Escola, a maior revista de educação do Brasil, a quase unanimidade dos quarenta e dois consultores e a sua unicidade de formulação dos objetivos nos desafiam a buscar as razões de não explicitarem o uso social dos conteúdos escolares que os educandos aprendem. REFERÊNCIAS BAZONI, Cláudio. Seqüência didática. Nova Escola, São Paulo, ano XXIV, n. 221, p. 61, abril, GASPARIN, João Luiz. Uma didática para a pedagogia histórico-crítica. 5.ed. rev. Campinas: Autores Associados, GRACIANO, Isabel. Projeto institucional. Nova Escola, São Paulo, ano XXIV, n. 221, p. 51, abril, HAYDT, Regina Célia Cazaux. 6. ed. Avaliação do processo ensino-aprendizagem. São Paulo: Ática, HAYDT, Regina Célia Cazaux. Curso de didática geral. 8. ed. São Paulo: Ática, HELENE, Daniel Vieira. Seqüência didática. Nova Escola, São Paulo, ano XXIV, n. 221, p. 44, abril, LIBÂNEO, José Carlos. Didática. São Paulo: Cortez, RANA. Débora. Seqüência didática. Nova Escola, São Paulo, ano XXIV, n. 221, p. 56, abril, 2009.

13 13 SAVIANI, Dermeval. Escola e democracia edição comemorativa. Campinas: Autores Associados, CALCULO MENTAL CON NUMEROS RACIONALES apuntes para la enseñaza. Sequência didática. Nova Escola, São Paulo, ano XXIV, n. 221, p. 51, abril TURRA, Clódia Maria Godoy; ENRICONE, Délcia; SANT ANNA, Flávia Maria; ANDRE, Lenir Cancela. Planejamento de ensino e avaliação. Porto Alegre: Sagra, YAZBEK. Ana Paula; ARANTES, Fernanda Ferrari; JABU, Marcelo. Regas do Jogo. Nova Escola, São Paulo, ano XXIV, n. 221, p. 47, abril, 2009.

Quais são os objetivos do processo de ensino e aprendizagem?

Nesse sentido, o objetivo do processo de ensino e aprendizado é a formação do aluno, como ele vai ser capacitado, de quais formas a escola pode ajudar em seu processo de desenvolvimento.

Quais são os objetivos do ensino?

Os objetivos educacionais podem ser divididos em gerais e específicos. Os objetivos gerais devem contemplar os objetivos da sociedade de acordo com seus valores e ideais, os da instituição de ensino através do seu projeto político-pedagógico e finalmente os do professor em relação a disciplina.

O que são os objetivos de aprendizagem?

Como definir objetivos de aprendizagem.
Identificar o período de tempo e público-alvo..
Usar um verbo de ação..
Descrever a tarefa específica que o aluno terá que realizar..

O que são os objetivos de aprendizagem no plano de ensino?

O objetivo é aquilo que o professor deseja que os alunos aprendam com a aula. Em uma aula de português cujo tema é "vozes verbais", por exemplo, o professor pode definir como objetivos: Os alunos devem saber diferenciar as três vozes verbais: voz passiva, voz ativa e voz reflexiva.