Onde fica a comunidade do Terreirão?

Um confronto entre criminosos na favela do Terreirão, no Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste do Rio, deixou três mortos e pelo menos cinco feridos por arma de fogo no início da tarde desta terça-feira, conforme informou a Polícia Militar. Segundo a corporação, o patrulhamento na região encontra-se reforçado neste momento.

Nas redes sociais, moradores relatam que houve um intenso tiroteio na Rua Três. Um vídeo mostra motoristas andando em marcha ré para tentar fugir do confronto. O Corpo de Bombeiros foi acionado por volta das 14h30 para realizar um resgate de vítima de arma de fogo na região, mas ainda não há informações sobre o estado de saúde ou a identificação da pessoa.

De acordo com a PM, cinco feridos receberam atendimento no Hospital municipal Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca. Entre os socorridos, um chegou a tentar fugir, mas acabou capturado por equipes do 31º BPM (Recreio dos Bandeirantes). Ele portava uma pistola.

O crime ocorreu em frente ao Centro Comercial do Terreirão durante a hora do almoço. Algumas vítimas estavam almoçando no momento, e no incio da noite desta terça-feira algumas refeições ainda estavam nas mesas do local, que foi preservado para o trabalho de perícia da Polícia Civil.

Testemunhas contam que de 15 a 20 homens encapuzados e uniformizados com vestes que lembram as usadas por policiais militares chegaram por volta de 13h30 já atirando contra as pessoas que estavam sentadas na calçada de um bar. Uma loja que funciona ao lado do restaurante onde as vitimas estavam foi alvejada por diversos disparos. Dentro de um armário do estabelecimento ainda restava uma bala de fuzil inteira na noite desta terça-feira.

A Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) foi acionada e está investigando o caso. Segundo a Polícia Civil, a perícia foi realizada no local, testemunhas estão sendo ouvidas e diligências estão em andamento para identificar os autores do crime e esclarecer todos os fatos.

Onde fica a comunidade do Terreirão?
Imagem que circula pelas redes sociais mostra vítimas no local Foto: Reprodução

Onde fica a comunidade do Terreirão?
Música ao vivo na Feira do Terreirão - Foto: Débora Castro

Em meio à pandemia do novo coronavírus, moradores da favela do Terreirão, no Recreio dos Bandeirantes, zona oeste do Rio de Janeiro, se reuniram, no último dia 12, em evento com música ao vivo, quiosques, bares e até recreação infantil. Pelo menos 600 pessoas estiveram presentes no local, entre adultos e crianças. A maioria sem máscara, ignorando a lei nº 8859/20 que tornou obrigatório o uso do equipamento de proteção em locais públicos. A movimentação se repete todo final de semana, coincidindo com o funcionamento da feirinha do Terreirão, onde comerciantes vendem roupas, acessórios e itens de decoração.

No entorno da feira, funcionam bares e quiosques, formando um extenso pólo gastronômico que ocupa boa parte da Avenida Guiomar de Novaes, principal via da favela. A movimentação no local costuma durar até de madrugada, com pessoas consumindo alimentos e bebidas alcóolicas, apesar da nova alteração no decreto 47.250, divulgada pelo governo do Estado do Rio, no último dia 11, que autoriza o funcionamento de bares e restaurantes com apenas 50% da capacidade de público do local, sem shows ao vivo e com consumo de álcool somente até às 22h.

Eurilene Paiva, 22 anos, é atendente em um quiosque de comida nordestina e não se espanta com a aglomeração no lugar. “Eu atendo muita gente toda noite, mas eu uso máscara o tempo todo. Me sinto segura mesmo que o cliente não use, não me importo muito com isso”, afirma. Para a atendente, a vida precisa continuar e as pessoas têm que garantir seu sustento durante a pandemia.

Onde fica a comunidade do Terreirão?
Recreação para as crianças em evento em meio à pandemia na favela do Terreirão – Foto: Débora Castro

De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad Covid-19), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no último dia 11, o isolamento social foi abandonado por 2,8 milhões de pessoas entre a segunda e a terceira semana de agosto. Patrícia Canto Ribeiro, pneumologista da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (Ensp/Fiocruz) e da Sociedade de Pneumologia e Tisiologia do estado do Rio de Janeiro (Sopterj), observa que, principalmente nas favelas, as pessoas precisaram continuar trabalhando, mesmo em setores não essenciais. “Pela necessidade, as pessoas tiveram até que se aglomerar em filas para receber o auxílio emergencial. Nosso isolamento foi ruim desde o princípio, isso se refletiu nos altos números de contaminação e no descaso atual com o distanciamento. Era preciso ter caprichado mais lá nos primeiros casos”, comenta. 

Até agora, 1.824 pessoas foram contaminadas pelo novo coronavírus no Recreio dos Bandeirantes, e 111 morreram, segundo dados do Painel Rio Covid-19, do Data.Rio. Esses números não impressionam a moradora Marcela Oliveira, 33 anos, que cuida de crianças em sua casa. “Mesmo com quarentena, as pessoas adoeceram. Não adiantou de nada esse negócio de isolamento. Eu mesma nunca me isolei, recebendo dez crianças todos os dias na minha casa. Elas vêm de van, têm contato com parentes. Tem como fazer distanciamento assim?”, indaga.

Marcela levou a filha de 8 anos para brincar no espaço de recreação com pula-pula e cama elástica que é montado aos finais de semana no Terreirão. Nenhuma das duas usava máscara. “Me incomoda, só uso em locais que proíbem entrar sem”, explica. A mãe dela, Vânia de Oliveira, 52, que trabalha como diarista, não compartilha da opinião da filha. “Eu me preocupo. Segui à risca cinco meses de isolamento, saí hoje por insistência, escolhendo não respeitar o distanciamento”, lamenta.

Onde fica a comunidade do Terreirão?
Consumo de bebida alcoólica após às 22h desrespeitando decreto estadual – Foto: Débora Castro

Patrícia Ribeiro pontua a importância do uso de máscara para frear o contágio do novo coronavírus. “Estudos apontam que o uso da máscara diminui a carga viral infectante, então, mesmo se você for contaminado com o vírus, irá manifestar uma versão mais branda. Mas não vamos esquecer que o ideal é continuar o isolamento, não é porque flexibilizou que existe a necessidade de se aglomerar em bares, fazer festas e comparecer em eventos”, destaca a pneumologista. 

Os irmãos Felipe Pereira, 27 anos, tatuador, e Guilherme Assis, 21, entregador e estudante de Direito, acreditam que ter que voltar a trabalhar estimulou boa parte das pessoas a se permitir ter momentos de lazer sem se preocupar com a pandemia. “Quarentena é pra rico. Pobre tem que sair, trabalhar e pegar transporte público lotado”, diz Guilherme. Sem máscaras, eles aguardavam atendimento em um dos quiosques de lanches do Terreirão. “A gente veio rapidinho comprar para levar para casa, não iremos consumir aqui e também procuramos ficar mais afastados da multidão”, explica Felipe. 

A prefeitura do Rio de Janeiro vem flexibilizando as medidas de isolamento social desde o dia 2 de junho, permitindo setores da economia serem reabertos de acordo com a curva de contaminação do novo coronavírus. Depois de três meses fechada por decreto municipal, a feira do Terreirão voltou a funcionar no dia 12 de junho, às sextas e aos sábados, de 14h às 23h. Para Francisco Franco Silva, presidente da Associação de Moradores da favela, os comerciantes não podem ser responsabilizados pela aglomeração, tão pouco pela não utilização de máscaras por parte dos consumidores. “Os clientes precisam se orientar. Informação e notícias sobre o vírus é o que mais se tem visto por aí, e a Associação procura conscientizar ao máximo os moradores. Mas as pessoas estão escolhendo não respeitar o distanciamento”, lamenta Francisco.

Esta matéria foi produzida com apoio do Fundo de Auxílio Emergencial ao Jornalismo do Google News Initiative.

Leia mais: Flexibilização reduz desemprego na favela

Onde fica a comunidade do Terreirão?

Qual o nome da rua do Terreirão?

Localizado bem no finalzinho da Avenida das Américas, na altura do número 17432, o Terreirão não passava de um grande matagal na década de 40, quando os primeiros pescadores se estabeleceram na região.

Qual favela tem no Recreio?

Portanto o Recreio também tem favelas principalmente a do Terreirão, a maior favela do bairro, e a Favela do Canal do Cortado, no interior do Recreio.

Como chegar no Terreirao no Recreio?

Linhas de Ônibus com estações mais próximas a Terreirão em Recreio Dos Bandeirantes.
315. Recreio - Central (Brs 5 - Via Linha Amarela).
315SP. Vila do João - Recreio (Direto - Via Linha Amarela).
361. Recreio - Castelo (Brs 5 - Via Linha Amarela).
954. Taquara - Recreio (Via Benvindo de Novaes).
553 - INT8..

Onde começa o Recreio dos Bandeirantes?

Ela tem início após a praia da reserva e acaba no Pontal (do Leme ao Pontal…).