Qual a influência do existencialismo na abordagem humanista?

Taíssa Lunara Lessa Maia¹

Mychael Douglas Souza de Almeida²

RESUMO

Este artigo tem por objetivo apresentar a base teórica da Abordagem Centrada na Pessoa (ACP) que se situa na corrente Humanista em Psicologia, tendo, bem como a contribuição de Carl Rogers, levando em consideração os referenciais teóricos utilizados.Desse modo, a pesquisa de cunho bibliográfica visou identificar os fundamentos da teoria, expor os conceitos sobre as bases filosóficas que influenciaram o fortalecimento da ACP,o Existencialismo, o Humanismo e a Fenomenologia.Para além disso, identificar-se a tendência atualizante que se baseia numa crença interna do organismo e num respeito pela individualidade e singularidade de cada indivíduo. E, seguindo essa crença, a empatia, a congruência e a consideração positiva incondicional, foram as atitudes facilitadoras da ACP. Embasando nestas atitudes, é um grande desafio e, ao mesmo tempo, é o diferencial do psicólogo que domina sua carreira através da Abordagem Centrada na Pessoa.Por conseguinte, serão abordados os métodos de intervenção que são as etapas e os objetivos utilizados na escuta ativa, manifestação verbal da compreensão empática almejada pelo terapeuta e caracterizada por determinado tipo de intervenções identificadas por Rogers como“Resposta Reflexo”, bem como abrangendo a concepção da técnica no atendimento psicoterapêutico na ACP. Conclui-se, a visão de Rogers trouxe um novo olhar para a Psicologia, no sentido de acreditar que o indivíduo tem um potencial para a mudança.

Palavras-chave: Abordagem Centrada na Pessoa.Carl Rogers. Psicologia Humanista.

ABSTRACT

This article aims to present the theoretical basis of the Person - Centered Approach (PCA) that is situated in the Humanist current in Psychology, as well as the contribution of Carl Rogers, taking into account the theoretical references used. In this way, bibliographical research aimed to identify the fundamentals of the theory, to expose the concepts about the philosophical bases that influenced the strengthening of the PCA, Existentialism, Humanism and Phenomenology. In addition, we identify the updating tendency that is based on an internal belief of the organism and a respect for the individuality and individuality of each individual. And following this belief, empathy, congruence, and unconditional positive consideration were the facilitating attitudes of the PCA. Building on these attitudes, it is a great challenge and at the same time, it is the differential of the psychologist who dominates his career through the Person Centered Approach. Therefore, intervention methods that are the stages and objectives used in active listening, verbal manifestation of the empathic understanding sought by the therapist and characterized by certain types of interventions identified by Rogers as "Reflex Response", as well as covering the conception of the technique in the psychotherapeutic care in the ACP. It follows, Rogers' view has brought a new look to Psychology, in the sense of believing that the individual has a potential for change.

Keywords:Person-Centered Approach. Carl Rogers. Psychology.

INTRODUÇÃO

O presente artigo objetiva realizar uma introdução a respeito da Abordagem Centrada na Pessoa (ACP), enquanto filosofia de vida e ética humanista, tendo como responsável pela criação e fundação deste pensamento, o psicólogo estadunidense Carl Ransom Rogers, onde sempre apoiou o seu trabalho em sólidas pesquisas e observações no contexto clínico.

No processo de construção desta abordagem, a princípio, Carl Rogers a nomeia de Psicologia Não-Diretiva ou aconselhamento Não-Diretivo. Posteriormente, passa a denominá-la de Terapia Centrada no Cliente. E, por último, Abordagem Centrada na Pessoa, que segundo Rogers, é a denominação mais adequada à sua teoria, inserindo-se na corrente humanista da psicologia com o intuito de trazer um novo olhar em relaçãoao que é o ser humano.

Rogers defendeu a ideia de forma que o núcleo básico da personalidade humana era a tendência à saúde e ao crescimento.E, com essa descoberta, o processo psicoterapêutico nessa ênfase passou a postular uma cooperação entre terapeuta e cliente a fim de liberar esse núcleo de personalidade, estimulando ao amadurecimento emocional, a redescoberta da autoestima e da autoconfiança.

Todavia, a ACP sustenta-se em sua base filosófica alguns pressupostos básicos que facilitam a relação e a compreensão dos fenômenos psicológicos e afetivos entre terapeuta e cliente, sendo ela composta pelo Humanismo, Existencialismo e a Fenomenologia. E, para além de tais fundamentações, a ACP constrói-se nos conceitos de tendência atualizante, atitudes facilitadoras, além dos métodos de intervenção a serem utilizados.

Tais métodos e pressupostos teóricos e filosóficos constituem o amadurecimento do próprio terapeuta, tendo em vista que este não deve simplesmente “apropriar-se” da técnica utilizada, mas, sobretudo, experienciar tal técnica, até que seja próprio e natural o seu agir. Desse modo, não existe uma técnica “Rogeriana”, mas terapeutas que se assemelham a conduta postulada por Rogers.

1.PSICOLOGIA EXISTENCIAL HUMANISTA – FENOMENOLÓGICA

A psicologia existencial está diante de uma linguagem cotidiana que usam termos tais como: “crise existencial, ansiedade existencial, medo do não ser”, são algumas expressões usadas livremente por pessoas as quais mostram uma ampla divulgação que essa abordagem proporciona. Não sendo uma escola psicológica, é uma atitude que tem influenciado quase todas as formas de terapia que surgiram frente à psicanálise, a psicologia humanista passou a ser considerada existencial – humanista (ERTHAL, 2013).

Uma vez que cada filósofo existencial defende uma ideia que lhe é própria, existe algo em comum entre eles, que é a preocupação em compreender e explicar a existência humana. A essência é algo em si (real ou imaginária) sem precisar de que algo a caracterize, a essência é inseparável ao fenômeno humano e pode tornar-se percebida através de uma transparência pela intuição. O fenômeno é o manifesto da essência que vai orientando a uma consciência. Portanto, a afirmação da filosofia existencial de que “a existência precede a essência” significa dizer que:

Significa dizer que o indivíduo é um ser de quem não se pode afirmar nenhuma essência, uma vez que a essência invocaria uma ideia permanente e, portanto, contraditória com a posta de autocriação. Se o homem é que projeta ser, na expressão de Sartre, uma visão essencial viria a se opor radicalmente a esse mesmo entre aqueles que se dizem existencialistas (ERTHAL, 2013, p. 31-32).

O termo Humanista refere-se ao Humanismo-Existencial-Fenomenológico vistoque existem vários tipos de Humanismo. Ser humanista é, antes de tudo, um jeito de ser e estar no mundo, é um jeito de admirar o outro e buscar uma forma de se relacionar. Desde então, esse jeito foi inspirado pela filosofia contemporânea e influenciou diversos âmbitos da cultura ocidental. Segundo Silveira (2009), tais como a psicologia, a literatura, a política, a educação e o comportamento em geral. Inspirou a todas aquelas pessoas que de algum modo estavam insatisfeitas, mas que seguiam princípios deterministas, reducionistas e mecanicistas.   

Inicialmente surgiu como uma força de oposição e crítica, lutava por uma mudança paradigmática onde o ser humano passaria a ser visto como único, reconhecido em sua subjetividade e confirmado em sua alteridade. A vida era encarada como um processo em constante movimento, um eterno devir, onde a única certeza era que tudo muda, só não muda o que está aprisionado, doente, enrijecido ou morto. Nesta perspectiva, a existência passa a ser vista com ênfase, em detrimento da essência (aquilo que é comum a todos), pois é aquela a mais clara expressão do processo dinâmico da vida, e como tal, é sempre única e irrepetível “não há duas existências iguais no mundo” (SILVEIRA, 2009, p. 01).

A visão de pessoa proposta pela compreensão humanista é de particularidade e totalidade. Acredita-se que o ser humano não deve ser comparado como um robô. É um ser multidimensional, é um ser essencial que se constrói na relação com o indivíduo e com o meio e que a qualidade desta interação irá influenciar diretamente o seu desenvolvimento enquanto pessoa. É dotado de uma tendência à realização de suas competências, buscando a felicidade em que está, todavia é alcançada na medida em que consegue realizar-se como pessoa.

É visto de uma perspectiva positiva. Sendo assim, o Humanismo-Existencial-Fenomenológico é formado por três correntes filosóficas que são a Fenomenologia, o Existencialismo e o Humanismo são as bases filosóficas que influenciaram o surgimento das abordagens psicoterápicas humanistas.

1.1 Existencialismo

Entende-se, o existencialismo como um conhecimento da existência do homem no mundo, consideradas fundamentais para o homem, tais como a liberdade, responsabilidade e a angústia (JAPIASSU; MARCONDES, 1990 Apud GOBBI; MISSEL, 1998).

A primeira manifestação do pensamento existencial surgiu em meados do século XIX com Sören Kierkegaard como movimento filosófico, porém apareceu na Europa só depois da Segunda Guerra Mundial. “O existencialismo e a fenomenologia são parecidos, pois ambos relacionam – se em muitos aspectos. A principal diferença entre eles é que enquanto a fenomenologia o interesse era o fenômeno o existencialismo o foco central é a própria existência. Mas, ambos concordam quanto ao método fenomenológico” (MORATO, 1974 apud ROSENBERG, 1987, p.34).

O existencialismo é compreendido como um pensamento filosófico sobre o homem, de modo que é entendida como o estudo da existência cuja a ideia seria a compreensão das dimensões estáveis. Os existencialistas direcionam perguntas como: quem é o homem? ao invés de, o que é o homem? (GIOVANETTI, 2005). Existem duas grandes características da filosofia da existência. A primeira é que os filósofos e os escritores valorizam o homem. E a segunda é que todos procuram descrever de uma maneira sucinta o modo de viver do homem, refletindo os problemas do seu cotidiano como por exemplo a angústia, liberdade, etc. (GIOVANETTI, 2005).

O dado primário a partir do qual se pode compreender o homem é a existência e não a essência, a definição a priori do homem. Por isso mesmo, a frase célebre do existencialismo é: “A existência precede a essência”. Isso quer dizer que devemos olhar para a vida concreta do dia-a-dia, e a partir daí compreender quem é o homem, e não o definir como animal racional e social, suas características mais universais. A explicitação de sua essência se faz na existência. A reflexão filosófica deve abandonar toda elaboração abstrata e dar atenção às experiências concretas, pois são justamente essas experiências que vão desvelar o ser do homem. O sentindo do ser (que é o objeto da metafísica) vai aparecer na concretude do existente humano (GIOVANETTI, 2005, p. 160-161).

O existencialismo coloca de uma maneira definida que só o homem existe. Assim, o existencialismo seria um modo de compreender, uma maneira de o homem reconhecer a si mesmo e o seu ato na sua vivência, onde ele pode demonstrar e expor toda a sua experiência do que pensa e do que já viveu.                 

1.2 Humanismo

De acordo com Papalia e Feldman (2006), o humanismo desenvolveu-se nos anos de 1950 e 1960 em atitude de alguns psicólogos que identificavam como crenças negativas sobre a natureza humana que estavam submetidas as teorias psicanalítica e behaviorista. Os psicólogos humanistas, como Abraham Maslow e Carl Rogers, rejeitavam a ideia de que as pessoas são prisioneiras de suas primeiras experiências inconscientes, de impulsos ou de forças ambientais. Diferentemente de Freud, o qual pensava que a personalidade se define no início da infância, ou dos behavioristas, que pensam que as pessoas reagem automaticamente as circunstâncias, os pensadores humanistas enfatizam a capacidade que as pessoas têm independentemente de sua idade ou das circunstâncias de tomar conta de suas vidas. Os psicólogos humanistas dão atenção especificamente a fatores internos na personalidade como os sentimentos e os valores. Procuram auxiliar as pessoas a motivar o seu próprio desenvolvimento através de suas competências humanas de escolha e de uma autorealização. Apresentam potencial para um desenvolvimento positivo e saudável, qualquer característica negativa são consequência de danos impostos ao indivíduo em desenvolvimento.

Para Yano (2012), a fundamentação humanista mostrou, dentre vários conceitos, a de que o homem deverá estar no centro das contestações. Na psicoterapia, isso se entende na compreensão de mais um conjunto de sintomas expressados, o sujeito deve ser compreendido e valorizado como ele é, com toda a sua capacidade que, às vezes mesmo sem perceber, possui. Ainda, a concepção do resgate ao positivo, de que sempre há algo que possa ser resgatado, levando o psicoterapeuta a projetar o seu olhar para além das dificuldades que se demonstra. É o pensamento de que o ser humano sempre terá algo de positivo, saudável a ser trabalhado, mesmo que esteja vivenciando uma experiência desconfortável num dado instante e que o apresenta como um ser debilitado. O psicoterapeuta possui, nesta probabilidade, o importante papel de aprender a escutar e perceber quais pontos encontram-se saudáveis e fortalecidos no sujeito. De outro modo, o psicoterapeuta precisará enxergar além das imperfeições, fazer uma escuta e acolhimento onde o sujeito entra em equilíbrio para que assim consiga viver confortável consigo mesmo.

Toda vez que for empregada a palavra humanista, refere-se ao humanismo-existencial-fenomenológico, desde que existem vários tipos de humanismos. Ser humanista é, antes de tudo, um jeito de ser e estar no mundo, é um jeito de olhar as pessoas e uma forma de se relacionar. Este jeito veio inspirado pela filosofia contemporânea e influenciou diversos âmbitos da cultura ocidental, tais como a psicologia, a literatura, a política, a educação e o comportamento em geral. Influenciou a todas aquelas pessoas que estavam de algum modo insatisfeitas com as forças dominantes vigentes e que seguiam princípios deterministas, reducionistas e mecanicistas. Inicialmente surgiu como uma força de oposição, contestação e crítica, lutava por uma mudança paradigmática onde o ser humano passaria a ser visto como único, reconhecido em sua subjetividade e confirmado em sua alteridade (SILVEIRA, 2009, p. 01).

O homem tem o seu livre arbítrio, mas também se torna responsável por suas escolhas. Não existe uma possibilidade de uma direção ampla da existência, do que se é, nesse sentido a existência não é estativa, mas encontra-se em constante transformação para novas possibilidades de uma autorrealização em direção da essência do ser buscando o seu autoconhecimento.

1.3 Fenomenologia

Segundo Angerami-Camon(1998), a Fenomenologia é o estudo ou a ciência do fenômeno. A Fenomenologia surge sendo uma tentativa de observação do fenômeno enquanto fenômeno, dessa maneira, as tentativas de compreensão do homem são deixadas de lado e apenas a sua particularidade de cada fenômeno é que passa a ser vista. E por um lado, parece ser simples analisar o fenômeno pelo próprio fenômeno e por outro lado, se reverte de um modo um tanto complexo desde que temos uma doutrina sobre os fenômenos.Sartre procurava uma filosofia que fosse denominada a busca de essências, definições, entretanto, encontrou uma filosofia viva e julgou ter encontrado na fenomenologia.

A Fenomenologia é um método filosófico, uma técnica de investigação da realidade, ela surgiu no início do século com Husserl (1859-1938). De acordo com Ricoeur “a Fenomenologia é um vasto projeto que se fecha sobre uma obra ou um grupo de obras precisas, ela é menos uma doutrina e mais um método, capaz de encarnações múltiplas e, dela, Husserl explorou somente um pequeno número de possibilidades” (RICOEUR, 1986, p. 8 apud GIOVANETTI, 2005, p. 158). A fenomenologia apresenta um método de aproximar-se a realidade, que buscam entender o seu objetivo por fundamentos evidentes, ela busca compreender um sentido, onde determina uma atitude.

A Fenomenologia ocupou-se do método de acesso à verdade. Observando a manifestação dos conteúdos trazidos pelo cliente como fenômenos ou problemas que necessitam ser trabalhados, pois, tudo possui um fundamento para aquele que o vivencia. Da redução fenomenológica ao reconhecimento do como uma perda reducionista que retira do indivíduo a responsabilidade pela própria vida, visto que esta passa a ter um recurso que reforça mecanismos defensivos contra a apropriação da responsabilidade. A questão situada é que não é o por que se elaborou, mas em como se constitui. Não é por que se pronunciou, mas como foi expressado ou para que foi mencionado. (YANO 2012, p.327).

A Fenomenologia aborda um método onde explicita que cada ser humano tem de entender e ser compreensivo em algo. Onde existe a relação específica do objeto visto e o indivíduo que visa o objeto. Van Der Leeww define a fenomenologia como: 

Fenômeno é, por sua vez, um objeto que se refere ao sujeito e um sujeito em relação ao objeto, ou vice-versa, não se quer dizer que o sujeito sofreria alguma apropriação por parte do objeto, ou vice-versa. O fenômeno não é produzido pelo sujeito, muito menos corroborado ou demonstrado por ele. Toda a sua essência consiste em se mostrar, tem-se a fenomenologia (LEEWW, 1970 apud GIOVANETTI, 2005, p.158).

 De uma forma sucinta, a fenomenologia é o estudo das essências onde também é uma filosofia que restitui a essência em si do homem compreendendo com uma visão geral do homem e o mundo de uma forma que não perca a sua particularidade.

2. ABORDAGEM CENTRADA NA PESSOA – um jeito de ser

A ACP foi fundada pelo psicólogo norte-americano Carl Rogers em 1941. Tal abordagem inclui-se de um princípio onde todo indivíduo tem uma capacidade de se autodisciplinar-se, de ter o controle de si mesmo desenvolvendo mecanismo de satisfação em diversas situações de sua vida.A ACP consiste em uma compreensão de vida, geralmente, positiva. Uma crença que Rogers (1980 apud WOOD, 2010), descreve de uma forma sucinta que os indivíduos têm em seu interior vários recursos para a sua autocompreensão capaz de alterar o seu autoconceito, sua atitude básica e o seu desempenho autodirigido, são atitudes psicológicas facilitadoras.

Carl Ransom Rogers nasceu no dia 8 de janeiro de 1902, em Oak Park, Illinois nos EUA. Foi psicopedagogo estadunidense, um dos mais influentes pensadores americanos. Sua linha teórica é conhecida como Abordagem Centrada na Pessoa (ACP). Publicou 16 livros, dentre os quais se destacam: "Tornar-se Pessoa", "Um Jeito de Ser" e "Terapia Centrada no Cliente".

A primeira fase do pensamento de Rogers foi o aconselhamento não-diretivo, passando pela psicoterapia não-diretiva e evoluindo para a psicoterapia centrada no cliente sendo ela a mais conhecida de Rogers. Assim, alcançou a terminologia de psicoterapia experiencial, até chegar na abordagem centrada na pessoa. Neste progresso, as ideias de Rogers têm sido proposição para o campo psicoterapêutico, por exemplo, organizações, educação e escola, grupos que foram desenvolvidos a resolução de conflitos, transformações e desenvolvimento cultural. Isso, leva a Rogers ser conhecido pelo ensino centrado no estudante. A abordagem centrada na pessoa deve ser considerada segundo Rogers como, um jeito de ser. (GOBBI; MISSEL, 1998.)

A abordagem centrada na pessoa não é uma teoria, uma terapia, uma psicologia, uma tradição. Não é uma linha, como por exemplo, a linha behaviorista. Embora muitos tenham notado posicionamento existencial em suas atitudes, e outros tenham se referido a uma perspectiva fenomenológica em suas intenções, não é uma filosofia. Acima de tudo não é um movimento, como por exemplo, o movimento trabalhista. É meramente uma abordagem, nada mais, nada menos. É um jeito de ser” (WOOD, 1994: III apud GOBBI; MISSEL, 1998, p. 13-14).

Rogers não acreditava que um indivíduo existia em um estado defeituoso, onde não existisse uma possibilidade do sujeito mudar a sua essência, ele acreditava na experiência humana bem como nossas mentes e o ambiente, como algo vivo, em crescimento. E, entendia a vida como algo em andamento, a vida existe na experiência de cada momento. Sendo assim, a abordagem centrada no cliente pode ser compreendida como uma concepção positiva de vida, como uma atitude básica ou mesmo uma filosofia de vida (HERMETO; MARTINS, 2012).

A abordagem centrada na pessoa não é uma teoria, uma terapia, uma psicologia, uma tradição. Não é uma linha, como por exemplo, a linha behaviorista. Embora muitos tenham notado posicionamento existencial em suas atitudes, e outros tenham se referido a uma perspectiva fenomenológica em suas intenções, não é uma filosofia. Acima de tudo não é um movimento, como por exemplo, o movimento trabalhista. É meramente uma abordagem, nada mais, nada menos. É um jeito de ser” (WOOD, 1994: III apud GOBBI; MISSEL, 1998, p. 13-14).

A abordagem centrada na pessoa é mais que uma teoria, ela é um jeito de ser, uma forma de facilitar a relação de amparo, iluminando a livre autoexpressão de sentimentos de quem se conecta com um ser centrado na pessoa. O terapeuta, entretanto, age como um facilitador para os sentimentos e pensamentos do sujeito, que passa a adquirir mais consciência e contato com as suas percepções, percebendo aspectos de sua personalidade e de seus comportamentos que não eram percebidos onde constitui um tipo de entidade orgânica que se forma a partir do encontro entre o terapeuta e o cliente e que contribui para a experiência de crescimento de ambos, cliente e terapeuta(GOBBI; MISSEL, 1998).

Mais adiante apresentar-se-á critérios significativos ao exercício do ser centrado no outro que utiliza os princípios da Abordagem Centrada na Pessoa.

2.1 Tendência atualizante

A ACP se baseia numa crença interna do organismo chamado de Tendência Atualizante e num respeito pela individualidade e singularidade de cada indivíduo. Esta confiança básica que o terapeuta centrado no cliente tem é o que primeiramente lhe caracteriza. Para Rogers(1977 apud SILVEIRA, 2009, p.2), a tendência atualizante está parcialmente bloqueada na pessoa que procura em psicoterapia. Encontra-se impedida de perceber a si e a sua realidade de uma forma realista, apresentando uma percepção negativa. Desse modo encontra-se incapaz de organizar-se de forma satisfatória sem ajuda externa. O papel do terapeuta será o de criar um clima psicológico facilitador que libere a tendência atualizante bloqueada e permita com que a capacidade do sujeito possa ser atualizada. Este clima psicológico é constituído basicamente a partir de atitudes facilitadoras.

O conceito de “Tendência Atualizante” é central na teoria da abordagem centrada na pessoa. Corresponde à seguinte proposição: “Todo organismo é movido por uma tendência inerente a desenvolver todas as suas potencialidades e a desenvolvê-las de maneira a favorecer sua conservação e enriquecimento. Observemos que a tendência atualizante não visa somente a manutenção das condições elementares de subsistência como as necessidades de ar, de alimentação, etc. Ela preside, igualmente, atividades mais complexas e mais evoluídas tais como a diferenciação crescente dos órgãos e funções, a revalorização do ser por meio de aprendizagens de ordem intelectual, social, prática...” (ROGERS; KINGET, 1977, p. 159-160 apud GOBBI; MISSEL, 1998, p. 144).

Segundo Rogers (1963 apud GOBBI; MISSEL, 1998), a tendência atualizante determina uma confiança no potencial dos seres humanos, considerando que o homem é seu próprio arquiteto. A tendência atualizante se evidência através de comportamentos que direciona manter e nutrir o organismo ao crescimento e desenvolvimento. Que o estímulo venha de dentro ou de fora, que o ambiente seja favorável ou desfavorável, do enriquecimento e da produção própria. Essa é a natureza do processo que chamamos vida.A tendência atualizante é essencial no organismo em sua plenitude, dirige o desempenho de todas as funções tanto físicas quanto prática. E visa compreender as capacidades do indivíduo para possibilitar a sua sustentação e o seu desenvolvimento, levando em conta as oportunidades e os limites do meio.

De acordo com Rogers (1977, p. 41), “O que a tendência atualizante procura atingir é aquilo que o sujeito percebe como valorizador e enriquecedor – não necessariamente o que é objetiva ou intrinsecamente enriquecedor”. A tendência atualizante é a premissa fundamental da ACP e esta tendência é a que se desenvolve pelo organismo em sua totalidade. Observa-se ainda que a tendência atualizante compreende a noção da motivação, enquanto a mesma se relaciona com a redução das necessidades, tensões e impulsos, abrangendo as manifestações de crescimento que ultrapassa a noção específica de motivação. 

Assim, a tendência atualizante existe em todos os seres humanos sendo formada por suas condições internas e externas onde, apesar de poder ser frustrada ou impedida, não pode ser destruída sem que destrua também o organismo. Entende-se que o homem faz a si próprio, obtém o seu livre arbítrio.

2.2 Atitudes facilitadoras

Podemos definir as atitudes facilitadoras como características de valorizar o outro, a sua capacidade, a sua potencialidade, resgatar o positivo. Estabelecendo uma compreensão e empatia.

Segundo Lerner, o modus operandi do facilitador na Abordagem Centrada na Pessoa não se baseia numa técnica, mas numa atitude. “Um facilitador pode desenvolver num grupo que se reúne intensivamente um clima psicológico de segurança, no qual a liberdade de expressão e a redução de defesas progressivamente se verifiquem. Em tal clima psicológico, muitas das reações imediatas de cada membro em relação a si próprio, tendem a expressar-se. Desenvolve-se, a partir desta liberdade mútua de expressar os sentimentos reais, positivos e negativos, um clima de confiança mútua” (ROGERS, 1986 Apud GOBBI; MISSEL, 1998).

Há três condições que devem estar presentes para que se viva em um clima facilitador de crescimento. Estes requisitos se aplicam, na realidade, a qualquer situação na qual o objetivo seja o desenvolvimento do indivíduo. As atitudes facilitadoras que facilitam a tendência atualizadora na terapia são:

·               A congruência, quando o indivíduo está sendo livre, sendo ele mesmo, vivenciando abertamente os seus sentimentos e as suas atitudes. Ser congruente significa ser verdadeiro.

·                   Consideração positiva incondicional, é obter uma experiência de consideração positiva incondicional em relação ao outro que significa aceita-lo como ele é. Uma aceitação do sujeito independente do que esteja falando ou fazendo, a consideração positiva incondicional é uma forma de apreciar o outro como uma pessoa individualizada a quem se permite ter os seus próprios sentimentos e suas experiências.

·                   Compreensão empática, é compreender empaticamente, ou seja, perceber internamente ao outro como pessoa, como se fosse o seu próprio, com os seus significados e as suas percepções emocionais, portanto, a compreensão empática é a capacidade de se colocar verdadeiramente no lugar do outro, de ver o mundo como ele o vê.

2.3 Compreensão empática

A compreensão empática vem do latim comprehensĭo(capacidade de perceber o significado de algo).Na ACP, traduz-se na compreensão do quadro de referência interno do outro com sutileza como se fosse o seu próprio. Assim, significa colocar-se no lugar do outro sentir a mágoa ou prazer como ele os sente, e perceber as causas disso como ele as percebe, sem, perder em momento algum, a noção de que é como se eu estivesse magoado ou contente e assim por diante. É acrescentado que não basta a habilidade do terapeuta em realizar este movimento. O cliente deve também experienciar e ser compreendido (ROGERS,1977 apud SILVEIRA, 2009, p. 3).

A empatia vem do termo advém do grego EMPATHEIA, formado por EN-, “em”, mais PATHOS, “emoção” (é a capacidade de colocar-se no lugar do outro). O sentimento deixa de ser uma tendência para ser uma capacidade vivida, adquirida, elaborada, conquistada e utilizada, ela pode ser considerada como um trabalho do terapeuta. A empatia não elaborada corre o risco de ser confundida com confusão e falta de discriminação. Ela ocorre quando se tem uma tomada de consciência em que um indivíduo, o terapeuta, percebe o mundo interno do outro, se coloca no seu lugar como se fosse o seu. (ROSENBERG, 1987.)

A empatia deixa de ser uma tendência para ser uma capacidade vivida, adquirida, elaborada, conquistada e utilizada, ela pode ser considerada como um trabalho do terapeuta. A empatia não elaborada corre o risco de ser confundida com confusão e falta de discriminação. Ela ocorre quando se tem uma tomada de consciência em que um indivíduo, o terapeuta, percebe o mundo interno do outro, se coloca no seu lugar como se fosse o seu (ROSENBERG, 1987).

A empatia ou a compreensão empática consiste na percepção correta do ponto de referência de outra pessoa com as nuances subjetivas e os valores pessoais que lhe são inerentes. Perceber de maneira empática é perceber o mundo subjetivo do outro “como se” fôssemos essa pessoa – sem, contudo, jamais perder de vista que se trata de uma situação análoga, “como se”. A capacidade empática implica, pois, em que por exemplo, se sinta a dor ou o prazer do outro como ele os sente, em que se perceba sua causa como ele a percebe (Isto é, em se explicar os sentimentos ou as percepções do outro como ele os explica a si mesmo), sem jamais se esquecer de que estão relacionados às experiências e percepções de outra pessoa. Se está última condição está ausente, ou deixa de atuar, não se tratará mais de empatia, mas de identificação (ROGERS, 1977, p. 179).

Sendo a empatia comum ao ser humano, ela é uma qualidade a ser levada em conta e a ser desenvolvida em um vínculo. Pois, colocando – se no lugar, ponto de referência do outro a empatia pode ser desenvolvida e considerada um padrão de crescimento.

2.4 Consideração positiva incondicional

Segundo (GOBBI; MISSEL, 1998), a aceitação positiva incondicional consiste numa postura ou atitude a abstenção de julgamentos, o que implica onde o terapeuta não aprova ou desaprova, ou mesmo se expõe a qualquer elemento expresso, verbal ou não verbal, direta ou indireta pela pessoa do cliente.

A expressão “aceitação positiva incondicional” foi a primeira a ser utilizada por Rogers. Devido, ao caráter específico da palavra “aceitação” e por suas conotações éticas e morais, foi substituída pela expressão Consideração Positiva Incondicional.

A expressão Aceitação Positiva Incondicional foi almejada por uma crença no potencial interno do ser humano, derivado do conceito da filosofia de Rogers, A Tendência Atualizante (GOBBI; MISSEL, 1998).

A Aceitação Positiva Incondicional leva o terapeuta a experimentar um apreço, respeito e valorização da pessoa do cliente, independentemente de qualquer condição. Não se trata de uma aprovação por parte do terapeuta e não está dirigida ao comportamento do sujeito e sim à pessoa que está diante de si. Implica uma aceitação do sujeito independente do que esteja falando ou fazendo. Resulta num estado de liberdade onde o cliente experiencia a rara oportunidade de ser aceito como ele realmente é, sem necessitar recorrer a máscaras ou como um mecanismo de defesa. Esta atitude está alicerce numa visão positiva e liberal do ser humano que o terapeuta possui naturalmente.

2.5 A congruência

Significa um alto grau de efetividade na relação com o paciente, implica em alguma medida que o terapeuta “sente-se liberto e profundamente ele mesmo, com sua experiência real precisamente identificada em sua conscientização de si mesmo. A pessoa está congruente quando ela está sendo livre e profundamente ela mesma, quando está vivenciando abertamente os sentimentos e atitudes que estão nascendo internamente. Não é necessário que o terapeuta seja um modelo de perfeição em todos os aspectos de sua vida, mas que consiga perceber com clareza o que sente ali, diante do paciente (ROGERS,1977 apud SILVEIRA, 2009, p.3). A pessoa está congruente quando ela está sendo livre e profundamente ela mesma, quando está vivenciando abertamente os sentimentos e atitudes que estão fluindo internamente. Não é necessário que o terapeuta seja um modelo de perfeição em todos os aspectos de sua vida, mas que consiga perceber com clareza o que sente ali, diante do paciente (ROGERS,1977 apud SILVEIRA, 2009).

Assim, estar congruente é estar bem consigo mesmo, é estar de acordo, estar confortável com seus sentimentos internos, podendo escutá-los, expressá-los. Neste sentido, quanto mais o terapeuta se conhece, escuta a si mesmo, mais apto ele está para ouvir e acolher o outro. Rogers explica a palavra “Congruência” ligada ao terapeuta:

Com a palavra congruência queremos dizer que os sentimentos que o conselheiro está vivenciando são acessíveis à sua consciência, que é capaz de viver estes sentimentos, senti-los na relação e capaz de comunicá-los, se isso for adequado. Significa que entra num encontro pessoal direto com o cliente, encontrando-o de pessoa para pessoa. Significa que é ele que não se nega. “Ninguém atinge totalmente esta condição, contudo, quanto mais o terapeuta é capaz de ouvir e aceitar o que ocorre em seu íntimo, e quanto mais é capaz de, sem medo, ser a complexidade de seus sentimentos, maior é o grau de sua congruência” (ROGERS; STEVENS, 1978, p.105 apud ROSENBERG, 1987, p. 49).

O terapeuta é um ser que busca sempre estar progredindo, tendo em vista a consciência de seus sentimentos, sensações, de si mesmo e de suas capacidades. O terapeuta exerce uma tomada de consciência criativa. É o resultado de um profundo processo de autoconhecimento e autoaceitação que o terapeuta desenvolve enquanto pessoa. Ela não depende de esforço ou conhecimento intelectual e sim de seu grau de amadurecimento pessoal.

3 MÉTODOS DE INTERVENÇÃO NA ACP

Para a realização destas etapas e objetivos utilizados na escuta ativa, manifestação verbal da compreensão empática almejada pelo terapeuta e caracterizada por determinado tipo de intervenções chamadas por Rogers (1977) de Resposta Reflexo: Fazem parte da categoria Resposta Reflexo três tipos de intervenções são elas: (SILVEIRA, 2009, p. 5).

3.1 O Reflexo simples

Resposta que pretende demonstrar que o terapeuta está acompanhando e compreendendo o conteúdo explícito, liberto de qualquer julgamento ou interpretação. Dirige-se exatamente ao conteúdo explícito e tem por objetivos estimular a continuidade da narrativa sem, no entanto, ser direta, podendo o cliente seguir falando ou não. Seu efeito geralmente é estimulante e organizador, principalmente quando o discurso está muito descritivo, ou confuso (SILVEIRA, 2009).

3.2 O Reflexo de sentimentos

Procura ampliar, diferenciar ou mesmo mudar o centro da percepção, evidenciando certos elementos que pertencem ao campo, mas que são impossibilitados por alguns elementos que o absorvem particularmente. Pretende:

Descobrir a intenção, a atitude ou sentimento inerente às palavras do cliente, propondo-as sem constranger, consiste em tornar claro o ‘fundo’ da comunicação de modo a permitir que o indivíduo perceba se ele encontra nela elementos propensos de se integrar à ‘figura’. Podendo, desta forma integrar à sua percepção, modificando-a ou revalorizando-a (ROGERS, 1977, p. 67 apud SILVEIRA, 2009, p. 49).

O terapeuta mantém-se literalmente dentro do ponto de referência interno do cliente, acrescentando algo subentendido que o cliente ainda não estava plenamente consciente disto. Ela tem o caráter mais dinâmico que o reflexo simples, podendo trazer um ganho na autocompreensão do cliente, tendo o efeito estimulante na motivação do cliente, incentivando-o naturalmente ao autoexame (SILVEIRA, 2009).

3.3 A clarificação

Visa “tornar evidente sentimentos e atitudes que não decorrem diretamente das palavras do indivíduo, mas que podem ser razoavelmente deduzidos da sua comunicação ou das suas circunstâncias. Entendendo por “razoavelmente a via literalmente lógica sem a intervenção de conhecimentos psicodinâmicos especializados” (ROGERS, 1977, p. 83 apud SILVEIRA, 2009). Sendo uma dedução lógica, é caracterizada por certa habilidade intelectual que outras variedades do reflexo não têm. Este tipo de resposta provoca um interesse frequente no cliente em relação ao que lhe parece algo mais interessante ou aprofundado. No entanto, Rogers (1977 apud SILVEIRA, 2009), adverte sobre o risco de estimular as tendências à dependência ou à transferência, preferindo usá-la com moderação. Por aproximar-se da interpretação ela assume um caráter menos purificado que as outras, podendo conter elementos estranhos ao campo de percepção do cliente (SILVEIRA, 2009).

3.4 O Confronto

Segundo Erthal (2013), sabe-se que o homem obtém aprendizado para pensar, sentir, julgar com o entendimento da linguagem, bem como as restrições que o mesmo impõe. É através da criação e da cultura já que é através da linguagem que as pessoas se comunicam e realizam experiências. Através da fala que as pessoas se comunicam tais como, seus sentimentos, pensamentos e intenções, mas apesar desta evidência ainda existe a questão de indivíduos egocêntricos na qual não existe uma preocupação se está sendo ouvido ou com quem está conversando. Pois, é por meio da comunicação que adquirimos experiências mútuas.

Na psicoterapia é através da linguagem que existe o compromisso terapêutico, se o cliente fala, o terapeuta escuta e segue-o confiando no que o outro verbaliza. Seguindo o discurso, o terapeuta vai se dando conta que as expressões se repetem chamando atenção algumas vezes pela forma como são pronunciadas, pela alteração da voz, pelo olhar, pelo silêncio etc. Assim, determinadas expressões vão dando cor ao sentimento que o cliente o vivencia. O trabalho do terapeuta de uma forma sucinta, é seguir a fala do cliente onde na relação verbal um detalhe pode sobrepor-se a uma direção principal e o silêncio pode mudar naturalmente os acontecimentos (ERTHAL, 2013).

Contudo, na psicoterapia é preciso ser dada intervenções, onde o terapeuta precisa ser capaz de entender o seu cliente, compreendendo-o e sendo capaz de responder de uma maneira que facilite os objetivos dados.

4 O USO DA TÉCNICA NA ACP

De acordo, com Márcia Tessinari, na ACP não tem uma técnica. Na verdade, a técnica está sempre a serviço das atitudes promotoras de crescimento. Assim, significa que o psicoterapeuta pode fazer qualquer coisa desde que atenda ás condições necessárias e suficientes para a mudança terapêutica da personalidade. Cada sujeito desenvolve seu “jeito de ser” para promover um clima psicológico seguro para o cliente ou o grupo se abrir ou se entregar à descoberta de todas as suas possibilidades (CARRENHO, 2010).

A abordagem Centrada na Pessoa não possui uma técnica, mas possui alguns princípios e uma proposta de postura, mas ao mesmo tempo não é contrária à utilização de técnicas, bem como os exercícios de psicoterapias, desde que haja cuidados especiais que façam com o que os princípios básicos dessa abordagem não sejam prejudicado. Se tratando de técnica Rogers diz:

Em minha opinião, nada do que acontece com verdadeira espontaneidade pode ser considerado um “truque”. Por isso pode-se utilizar a representação de papéis, o contato corporal, o psicodrama, os exercícios como o que descrevi e vários outros processos quando parecem exprimir o que e está realmente sentindo na ocasião ( ROGERS, 1970apud CARRENHO, 2010).

Por fim, o uso de qualquer recurso no contexto psicoterapêutico dentro dos princípios da Abordagem Centrada na Pessoa deve visar à oferta de ferramentas para que o cliente encontre o que está buscando (CARRENHO, 2010).

CONCLUSÃO

As discussões proferidas nesse artigo visam situar o modelo teórico postulado por Carls Rogers. A Abordagem Centrada na Pessoa situa-se na área humanista da Psicologia e se propõe em ser uma área que vê a pessoa com potencial natural para o crescimento visando a saúde a partir da experiência vivida.

Esse modelo teórico defende que a construção de uma relação empática possibilita o desenvolvimento pessoal do indivíduo e estimula a uma vida mais sossegada. As pessoas, de um modo geral, apresentam em comum a característica de serem capazes de se autodesenvolverem, sempre em direção ao melhor de si, visando as capacidades próprias característica de cada indivíduo. Todo ser humano tem um potencial de crescimento pessoal natural, que lhe é próprio para desenvolver todas as suas potencialidades e para desenvolvê-las de maneira a favorecer sua conservação e seu enriquecimento.

Assim, no que se refere à ACP, possessor de uma teoria própria, sistematizada e consistente, aberta à permanente atualização, conclui-se que é uma abordagem psicológica única, com sólida fundamentação em pesquisas acadêmicas estabelecidas desde os atendimentos psicoterápicos, ampliada para diferentes tipos de relação de ajuda.

Possui, além disso, características significativas de natureza humanista, existencial e fenomenológica que lhe permite dialogar e estabelecer relações com todo modo de pensamento estabelecido, contrários a qualquer forma de objetivismo causal, utilitarista, universal e reducionista da complexa e dinâmica condição humana de existência. De tal modo, esse estudo se mostra relevante para facilitar o contexto da psicologia humanista, assim como contribui para o esclarecimento dessa visão de homem como um todo.

REFERÊNCIAS

ANGERAMI-CAMON, Valdemar Augusto. Psicoterapia Existencial. 3ª ed. São Paulo: Pioneira, 1998.

CARRENHO, Esther; TASSINARI, Márcia; PINTO, Marcos Alberto. Praticando a Abordagem Centrada na Pessoa: Dúvidas e Perguntas mais Frequentes. – São Paulo: Carrenho Editorial, 2010.

ERTHAL, Tereza Cristina Saldanha. Trilogia da Existência: Teoria e Prática da Psicoterapia Vivencial, 1. ed.- Curitiba: Appris, 2013.

GIOVANETTI, José Paulo. Supervisão Clínica na Perspectiva Fenomenológico-Existencial, In: CAMON, Valdemar Augusto Angerami (Org). As várias faces da Psicologia Fenomenológico Existencial. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2005.

GOBBI, Sérgio Leonardo & MISSEL, Sinara Tozzi (Org.). Abordagem centrada na Pessoa: Vocabulário e Noções Básicas. Tubarão: Ed. Universitária UNISUL, 1998.

HERMETO, Clara M, MARTINS, Ana Luisa. /Tradução. O Livro da Psicologia. - - São Paulo: Globo, 2012.

PAPALIA, Diane. E, FELDMAN, Ruth Duskin. Desenvolvimento Humano. 8º. ed. Porto Alegre: Artmed, 2006.

RACHEL, Lea Rosenberg. Aconselhamento Psicológico Centrado na Pessoa. São Paulo. EPU, 1987.

ROGERS, Carl Ransom & KINGET, G Marian. Psicoterapia e Relações Humanas: Teoria e Prática Não-Diretiva. 2º ed. Belo Horizonte, Interlivros, 1977.

SILVEIRA, Gisele Monza da. Psicoterapia Humanista-Existencial. In: MACEDO, Mônica Medeiros Kother (Org.). Fazer Psicologia: Uma Experiência em Clínica-Escola. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2009. cap. 2, p. 43-59.

YANO, L. P. Psicoterapia Existencial Humanista – Fenomenológica: O olhar para além das imperfeições. Revista de Iniciação Científica da Faculdade da Amazônia Ocidental, v. 5, 326-335, 2012.

Qual a relação da Psicologia Humanista com a filosofia existencial?

Sobre o desenvolvimento pessoal, os humanistas defendem que o ser humano tende descobrir as potencialidades que lhes são inerentes, já os existencialistas, partem da concepção que a "existência precede a essência", portanto acreditam que cabe a cada pessoa criar e escolher suas potencialidades, neste sentido a pessoa ...

O que é a abordagem existencial humanista?

A Psicoterapia Existencial Humanista O foco desta abordagem psicoterápica é possibilitar o autoconhecimento e a autocompreensão, visando a resolução de conflitos e somatizações, propiciando a produção de uma consciência de si- mesmo e uma abertura do ser às possibilidades de autorrealização (FORGUIERI, 2002).

Porque o existencialismo deve ser considerado um humanismo?

O existencialismo é um humanismo, afirma Sartre, pelo simples fato de que o homem está constantemente fora de si mesmo, é projetando-se e perdendo-se fora de si que ele faz existir o homem e, por outro lado, é perseguindo fins transcendentes que ele pode existir.

Quais as influências existencialista humanista e fenomenológica na Gestalt

A Gestalt-terapia é uma abordagem Humanista, Existencial-Fenomenológica, ou seja, sua visão de homem é permeada por estas três filosofias. Sendo assim, é de acordo com essa visão de homem que o Gestalt-Terapeuta se coloca diante do seu paciente e diante da sua própria vida.