Qual é o posicionamento da opinião do Climatólogo Ricardo Felício acerca do aquecimento global?

UPDATE (18/04/2012): Postei um adendo a esse post aqui. Minha posição mudou de simplesmente agnóstico em relação a teoria antropogênica para defensor.——–——–——–——–——–——–——–——–——–——–
Eu confesso que tenho um problema gravíssimo: eu sou quase incapaz de ver alguém falar um argumento mal feito ou nitidamente errado sem responder, o que é particularmente ruim quando assisto algo, como uma entrevista. O que nos trás ao professor Ricardo Augusto Felício.

Quando fiquei sabendo da entrevista no Jô Soares, soube logo de inicio que eu não queria passar por essa experiência. Não sou climatologista, obviamente, mas a questão climática me atrai, assim como diversos tipos de controvérsias (presumidamente) científicas. Afinal, ou podemos dizer que o planeta está esquentando, ou não podemos, e caso sim, ou podemos afirmar que são os humanos que estão causando tal mudança, ou não. Note que não tenho a pretensão de saber que o aquecimento global é antropogênico (causado por humanos). O que me interessa é se podemos dizer que essa é uma hipótese válida, frente aos dados que temos. De qualquer maneira eu já havia escutado sobre o Felício e sobre o que ele fala, e resolvi evitar a fadiga.

De qualquer forma, me neguei a assistir a entrevista e, para minha sorte, o Roberto Takata tomou a iniciativa de dissecar o discurso do Felício de forma sistemática e com uma precisão que eu não teria nem tempo, nem competência. Infelizmente a história não é tão simples. O Pirulla, com o objetivo de jogar os argumentos do Felício sob uma melhor luz, resolveu avaliar uma palestra longa que o Felício ministrou em Santiago, no RS, expondo mais extensivamente suas ideias. A abordagem do Pirulla no que tange as teorias conspiratórias do Felício foi mais do que adequada (e divertida), porém dois pontos levantaram meus radares: a menção do Stephen Schneider e a do Michael Mann. Bom, eu sei quem são esses pesquisadores e achei as colocações que o Pirulla cita um tanto estranhas. Minha intenção original era apenas responder aos pontos levantados sobre esses indivíduos, mas em nome da honestidade intelectual, resolvi ir na fonte. Ou seja, tive que assistir à palestra do Ricardo Felício. A quantidade de abobrinhas é assombrosa, e por isso teremos que ir por partes.

Os cientistas não se decidem

Logo no inicio da palestra, o Ricardo tenta construir um cenário sobre como o “mito” do aquecimento global é antigo e revisitado diversas vezes ao longo da história. Ele levanta dois pontos principais: o fato dos russos, em 1930 já estarem alardeando sobre o aquecimento global, porém na década de 70, aparentemente haver um consenso sobre o esfriamento da Terra. Ele obviamente esquece de dizer o porquê disso estar errado:

Qual é o posicionamento da opinião do Climatólogo Ricardo Felício acerca do aquecimento global?

Ou seja, segundo informações da NASA, o consenso científico é de que sim, durante a década de 30 houve um aquecimento e durante a década de 70 ouve um esfriamento (em relação à década de 40), e nada disso conflita com teorias atuais sobre o aquecimento global.

Mas não é apenas isso. O Ricardo parece querer construir a idéia de que durante a década de 70 o consenso acadêmico era de que a Terra estava esfriando, e que tal colocação era baseada em evidências anedóticas. Entretanto, ele cita apenas um artigo de jornal do New York Times como referência, o que me soa um tanto injusto. Afinal, se tal consenso existia, ele deveria existir de alguma forma na literatura acadêmica. Por sorte, esse argumento não é original. Em 2008, Peterson e colegas lançaram um estudo com o objetivo de discutir a tese de que existia um consenso científico durante a década de 70 sobre o resfriamento global. A mensagem do artigo é clara:

Um exame rápido da Figura 1 revela que o resfriamento global nunca foi mais do que um aspecto menor da literatura científica desta era, muito menos um consenso acadêmico […]

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Figura 1 de Peterson e colegas, mostrando o numero de artigos publicados que  favoreciam o esfriamento (azul) ou aquecimento (vermelho) global, assim como artigos neutros sobre o assunto (amarelo). As linhas indicam curvas acumulativas de artigos, evidenciando a estagnação de artigos sobre o resfriamento global.

A figura de fato mostra uma clara tendência para o aumento do número de artigos que corroboram ou defendem o aquecimento global, enquanto poucos são os que defendem o resfriamento. Se olharmos o número de citações que tais artigos recebem, também chegamos em um padrão similar, com os artigos sobre o resfriamento recebendo cerca de 12% das citações, enquanto os sobre aquecimento conseguiram 73% das citações. Ou seja, não apenas começaram a ser produzidos mais artigos corroborando o aquecimento global, como tais artigos passaram a receber reconhecimento dentro da área, um padrão que parece continuar até hoje. De fato, em 2004, Oreskes constatou que não era possível identificar uma dissidência consistente sobre o aquecimento global dentro da área de climatologia. Outro trabalho em 2010, de Rosenberg e colaboradores, apontou que, dentro dos Estados Unidos, os cientistas da área concordam com os achados e constatações gerais do IPCC sobre o aquecimento global antropogênico.

Me parece óbvia a tática do Felício aqui: desestabilizar a credibilidade da comunidade científica para poder abrir espaço para sua própria idéia. Essa é uma técnica bastante suja, comumente empregada por criacionistas (os paralelos são diversos, como pode ser visto aqui). Ela também é injusta pois ignora que os cientistas da época eram explicitamente honestos sobre sua ignorância com relação aos processos climáticos. Ironicamente, um dos que lançou inicialmente a idéia do resfriamento foi Stephen Schneider, que o Felício tanto critica. Porém Schneider deixa claro que sua hipótese é totalmente dependente da validade das premissas do modelo que ele propôs, premissas essas que ele mesmo aceitou serem falsas.

Esse cenário mudou substancialmente em 1976, quando Hays e colaboradores lançaram um estudo seminal que avaliava o impacto das alterações no eixo de rotação da Terra sobre o clima global. Tal estudo abriu o caminho para a integração de conhecimentos de diversas áreas, culminando com um nível de entendimento sobre processos climáticos bastante superior ao que se tinha no começo da década.

Clima/Tempo

Ainda no quesito “descreditar a comunidade científica”, Felício evidencia que nossas capacidades computacionais para prever variações de temperatura são restritas a 7 dias, e que seria ridículo fazer previsões de anos para o futuro. Porém Felício parece ignorar o fato de que clima é diferente de tempo. Segundo o IPCC:

Clima, num sentido restrito é geralmente definido como ‘tempo meteorológico médio’, ou mais precisamente, como a descrição estatística de quantidades relevantes de mudanças do tempo meteorológico num período de tempo, que vai de meses a milhões de anos. O período clássico é de 30 anos, definido pela Organização Mundial de Meteorologia (OMM). Essas quantidades são geralmente variações de superfície como temperatura, precipitação e vento. O clima num sentido mais amplo é o estado, incluindo as descrições estatísticas do sistema global.

Ou seja: clima são características meteorológicas globais em períodos de tempo extenso, e não o que vemos sendo noticiado no jornal das 8, que é a previsão do tempo. Temperaturas diárias (ou mesmo anuais) são sujeitas a diversas oscilações locais, e são influenciadas por um número muito grande de fenômenos, como correntes de vento, cobertura de nuvens, etc. Porém o acúmulo de mudanças ao longo de um dado período é mais previsível. Isso pode ser visto na primeira figura que coloquei: apesar da média anual variar bastante, quando tomamos um período de 5 anos, a média desses valores varia muito menos, e assim vemos padrões emergindo. Essa distinção é essencial, e é estranho um climatologista não saber diferenciar ambos.

Isso não significa, obviamente, que existe uma questão em termos de previsão de mudanças climáticas. Os modelos que explicam a variação climática são totalmente dependentes em como outras variáveis irão se comportar. Ou seja, não adianta prever que o clima irá esquentar, se as emissões de CO2 caírem. Mas enquanto o Felício poderia ter feito uma crítica inteiramente válida sobre o assunto, ele resolveu realizar engajar em espantalhos.

Ursos Polares sabem nadar

O Felício segue então ridicularizando o emprego dos ursos polares como ícones do derretimento das calotas polares. O raciocínio parece ser que, visto que ursos polares são capazes de nadar mais de 100km de uma só vez, isso significa que a perda do gelo não implicaria em problema algum para a espécie. Apesar de ser verdade que estes ursos são grandes nadadores, isso não os torna imunes à redução na calota polar.

Um estudo com radio-colares por Pagano e colegas acompanhou 52 fêmeas por 5 anos, sendo que 10 destas possuíam filhotes. Apesar de todos os indivíduos, incluindo os filhotes, apresentarem grande capacidade de natação, das mães ursas, apenas 6 conseguiram manter seus filhotes após o período. A mortalidade dos juvenis pode muito bem não estar vinculado à atividade de natação, ou mesmo pode estar muito bem dentro dos limites do aceitável. Porém, um estudo por Durner e colegas acompanhou uma ursa durante uma maratona de 687km de natação em 9 dias, e observaram que a fêmea não apenas perdeu 22% da sua massa corpórea nesse período, como também seu filhote de 1 ano. É importante ressaltar que Pagano aponta que talvez tais períodos extensos de natação não sejam habituais, e sim consequências da diminuição das calotas polares.

Mortalidade em adultos devido à afogamento não é desconhecida também. Um senso realizado em 2004 observou 55 registros de ursos polares em uma região costeira do Alaska, dos quais 10 foram observados em águas profundas e 4 foram observados mortos boiando em águas abertas, provavelmente em decorrência de exaustão. Importante notar que sensos realizados nos anos anteriores (1987-2003) encontraram apenas 12 ursos nadando em mar aberto, e nenhuma carcaça afogada. Tais dados sugerem que, de fato há um aumento de ursos engajando em longos períodos de natação, provavelmente em decorrência do degelo e ursos morrendo em decorrência disso.

Trabalhos de captura e recaptura apontam que um número reduzido de dias por ano sem gelo impacta negativamente a sobrevivência de ursos polares, diminuindo sua taxa reprodutiva e a sobrevivência dos filhotes. A perda de gelo velho (gelo que não degela entre um ano e outro) também foi positivamente associada com perda de refúgios para ursos e, consequentemente, perda de áreas adequadas para a criação dos filhotes. A manutenção das calotas polares também pode ser associada à conservação de energia (minimizando a necessidade de extensas migrações por natação) e por ser o habitat das suas principais presas, as focas-aneladas. Ou seja, a redução de cobertura de gelo pode impor maiores demandas energéticas sobre os adultos, reduzir a disponibilidade de alimentos e de habitats para reprodução e refúgio. Nada disso pode ser remediado pelo fato deles “poderem nadar muito”, como parece sugerir o Felício.

Apesar dos modelos preditivos não convergirem em um único diagnóstico (exemplos aqui e aqui) especialistas da em conservação de urso polar foram categóricos ao concluir:

Degradação de habitat induzida por aquecimento já estão afetando negativamente os ursos polares em algumas partes de sua distribuição, e aquecimento global irrefreado vai eventualmente ameaçar ursos polares em todos os lugares.

O irônico é que o Felício parece entender que a exposição à água pode trazer mais riscos para um urso, porém usa a orca como um fator de risco para os ursos, sendo que não consegui achar nenhum registro de orcas consumindo ursos polares na literatura acadêmica.

Ciência como subjugação

O Felício coloca que a ciência surgiu como uma forma de subjugação: da natureza e dos outros indivíduos. A evidência disso? As bombas atômicas que os Estados Unidos lançaram sobre o Japão.

Eu não tenho uma crítica explicita sobre essa colocação, pois o absurdo de tal afirmação me é evidente. Mas eu imagino: se bombas atômicas são evidência de dominação, o Processo Haber, que ajuda alimentar um terço da população mundial é evidência do que?

Stephen Schneider defendia que cientistas deveriam mentir

Como disse anteriormente, a menção à Schneider foi um dos principais estímulos para ver a palestra do Felício. Sabia que Schneider era um defensor do aquecimento global (e um dos proponentes do esfriamento global da década 70, como coloquei acima), e assumi que os ataques à sua pessoa tinham essa motivação. Entretanto, muito me admirou ver que o ataque ao Schneider era sobre sua suposta defesa aberta à enganação do público.

Achei isso intrigante por dois motivos. Primeiro porque Schneider era conhecido por advogar que os cientistas deixassem claro que o entendimento da ciência sobre um assunto não é uma prescrição moral sobre o mesmo assunto. Segundo porque só alguém realmente burro diria que cientistas devem mentir, e depois assinaria embaixo.

Porém a história não é tão simples assim. A passagem exposta pelo Felício, no qual Schneider aparece sugerindo que os cientistas escondam suas dúvidas e ofereçam cenários alarmantes vem de uma entrevista concedida à Discovery Magazine de 1989. A citação do Felício é só um pedaço da passagem completa que, quando em contexto, muda bastante a interpretação do significado da passagem. Abaixo transcrevo a passagem completa, grifando as partes citadas pelo Felício:

Por um lado, como cientistas nós somos eticamente obrigados ao método científico, efetivamente prometendo contar a verdade, toda a verdade, e nada exceto isso – o que siginifica que nós devemos incluir nossas duvidas, ressalvas e “ses”, “es” e “poréns”. Por outro lado, nós não somos apenas cientistas, mas seres humanos também, e como muitas pessoas, nós gostaríamos de ver o mundo ser um lugar melhor, que nesse contexto se traduz em trabalhar para reduzir o risco potencial de mudanças climáticas desastrosas. Para atingir isso, nós precisamos [os cientistas devem esticar a verdade] para conseguir algum suporte, para capturar o imaginário público. Isso, claro, significa atrair grande quantidade de cobertura midiática. Nós devemos oferecer cenários amedrontadores, fazer afirmações simplificadas e dramáticas e fazer pouca menção de qualquer dúvida que possamos ter. A “dupla obrigação ética” que nós normalmente nos encontramos não pode ser resolvida por qualquer fórmula. Cada um de nós deve decidir qual é o balanço correto entre ser efetivo e ser honesto. Eu espero que isso signifique ser ambos. 

Ou seja, quando Schneider estava fazendo essa colocação, ele não estava dizendo o que os cientistas deveriam fazer, mas expondo um dilema ético que me parece real, e concluindo que espera que a decisão individual dos cientistas os levem a ser eficientes E honestos. Transformar isso em um discurso de apologia a mentira é bastante baixo. Desejar que o Schneider queime no fogo do inferno por defender algo que ele não defendeu, e acusá-lo de ser apologeta de genocídio (se bem entendi o ponto) beira o delirante.

“A tríade”

Esse é talvez o ponto mais desonesto da palestra. O Felício tenta estabelecer que a lógica por trás do “ambientalismo” é circular, pois “caos ambiental”, “aquecimento global” e “mudanças climáticas” seriam três coisas que se causam mutuamente e circularmente. Porém o Felício deve saber que “aquecimento global” e “mudanças climáticas” são usadas como quase sinônimos nos debates políticos, e que dentro da área de conhecimento que ele deveriaser expert, aquecimento global é um tipo de mudança climática, assim como esfriamento global seria, se ele estivesse ocorrendo. Ou seja, não há relação de causa-consequência, e simplesmente se tratam de categorias de classificação, uma dentro da outra (não diferente do fato de humanos serem mamíferos e vertebrados).

E quanto a caos ambiental? Bem, esse é causado quando as mudanças climáticas excedem a capacidade de resiliência do ecossistema. Ou seja, não há circularidade alguma. 

Agora, o que me espanta mais é que um pretenso cético do clima não cita a principal relação causal na teoria do aquecimento global antropogênico, a mesma que ele almeja rebater: a ação do homem! Sem a principal peça da teoria fica fácil montar um cenário aparentemente sem fundamento. O Felício obviamente sabe disso, mas escolheu distorcer a realidade de qualquer forma, tudo para montar seu cenário conspiratório.

A natureza está aqui. Mas ela não existe.

A tese parece ser simples: existe o estrato geográfico, que é a camada mais externa da Terra (tirando a atmosfera, eu acredito) onde está toda a natureza. Porém “natureza” não existe, pois ela é algo inventado pelos humanos, o que é evidenciado pelo fato de que nenhuma árvore se autodenominou como “árvore” (ou “natureza”).

O que o Felício parece querer fazer aqui é algum tipo de ponto filosófico profundo, mas recai em um pequeno erro de equivocação ao igualar um conceito a um objeto. É obvio que “tijolo” é um conceito, um nome inventado por um humano. Mas é igualmente óbvio que tal nome tem o objetivo de fazer referência a um objeto que existe, no caso, um tijolo.

Parece obvio, mas o discurso do Felício não parece deixar nenhuma outra interpretação que não a de que ele não sabe essa distinção. O conceito “natureza” faz referencia a um objeto que nós chamamos convenientemente de “natureza”, tal objeto que, até onde podemos averiguar, existe tanto quanto qualquer outra coisa que não são nossas mentes individuais. E se a colocação de que “X é uma concepção da mente humana, logo não existe” fosse válida, logo não podemos afirmar que nada de fato existe (ou talvez quase nada, exceto nossa mente). Como tal tipo de elocubração solipsista se encaixa em uma discussão sobre clima me foge completamente.

Agora, o mais espantoso é que tal mumbo-jumbo filosófico é apenas usado para chegar à idéia de que o homem, através desse processo de conceitualizar coisas, dividiu o mundo em nações e que daí decorre o fato de que algumas dessas nações são exploradas, o que se encaixa na teoria conspiratória que ele desenvolveu e o Pirulla já abordou. 

Eu não estou evidenciando esse ponto levianamente. Isso ilustra o caráter delirante do discurso do Ricardo Felício. 

O IPCC confessa que não existe relação entre CO2 e temperatura

O Felício coloca as seguintes citações do 4o relatório do IPCC:

As variações do dióxido de carbono ao longo dos últimos 420 mil anos seguiram amplamente a temperatura antártica tipicamente de vários séculos a um milênio.

e

Concluindo, a explicação para as variações glaciais e interglaciais de CO2 permanece como um difícil problema de atribuição

Essas citações, segundo o Felício, indicam duas coisas: 1) o aumento da temperatura antecede a elevação do CO2 e 2) não sabemos o que causa essa elevação no CO2durante esse período. Sendo assim, e isso já seria o motivo o suficiente para o cético declarar vitória pois, afinal, o próprio “inimigo” (nas palavras do Felício) já confessou que não existe ligação entre CO2atmosférico e aumento da temperatura.

Porém é importante notar que tal conclusão se baseia em uma premissa: visto que tais estimativas de temperatura foram feitas a partir de amostras de gelo obtidas na região Antártica, tal temperatura estimada não pode ser apenas uma estimativa local de temperatura, mas sim representativa de todo o mundo.

Se esse não for o caso, então podemos explicar tais fenômenos dentro dos modelos atuais: uma elevação de CO2 em outra região (digamos, hemisfério norte) poderia causar um aquecimento dos mares, potencialmente em escala mundial. Tal aquecimento diminuiria a solubilidade do CO2, levando a liberação de mais CO2 no ar, o que explicaria o aumento (local) de temperatura antecedendo o aumento (local) de CO2.

Isso implicaria que fenômenos ocorridos nos oceanos ou mesmo no hemisfério norte fossem determinantes para explicar a inicial estabilidade do CO2 na região Antártica. Isso é sugerido no relatório do IPCC e amplamente referenciado, porém imagino que céticos vejam isso como mera especulação não substanciada por evidências. Afinal, não há evidencias corroborando esse modelo, correto?

Bem… sim, há. Para resolver o problema amostral, Shakun e colaboradores, em 2012, utilizaram outras fontes de dados mais recentes, como amostras de gelo da Groenlândia, sedimentos marinhos, de lagos continentais e etc. Apesar dessa amostra não abranger um período tão extenso quanto as amostras de gelo antártico (apenas 18 mil anos), elas são consideravelmente melhores distribuídas ao longo do mundo:

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Figura 1 de Shakun et al. a) Localização das amostras. b) Distribuição dos registros em relação a latitude.

A partir dessas amostras, Shakun e colegas puderam reconstruir as tendências climáticas do período e avaliar a defasagem (ou “lag”) entre o aumento de CO2 e o aumento de temperatura. Os resultados mostram que, enquanto no hemisfério sul a temperatura precede o aumento do CO2 atmosférico, no hemisfério norte, é o CO2 que precede o aumento de temperatura, corroborando a hipótese prévia de que as amostras antárticas (que estão no hemisfério sul) são enviesadas. Adicionalmente, estimativas globais de temperatura são consistentes com o aumento do CO2 precedendo o aumento de temperatura, como evidenciado na figura abaixo:

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Figura 2 de Shakun et al. a- Estimativas de temperatura ao longo dos últimos 22 mil anos através das amostras antárticas apenas (vermelho) e baseadas nas amostras de Shakun et al (azul). Pontos amarelos indicam estimativas de CO2 atmosféricos. b- “Lag” entre temperatura e CO2 em anos. Barras vermelhas indicam amostras do hemisfério sul (incluindo Antártica), barras azuis indicam amostras no hemisfério norte e barras cinzas são estimativas globais. Barras à esquerda da linha pontilhada indicam amostras nas quais o aumento de temperatura precede o aumento de CO2 e barras à direita indicam amostras nas quais o aumento de CO2 precede o aumento de temperatura.

Interessante notar que, após a inclusão de novos dados, se torna evidente que o aumento no CO2 atmosférico precede o aumento da temperatura. As conclusões dessa pesquisa não são nada diferente do que já se propunha:

  • Ciclos de movimentos orbitais desencadeavam o aquecimento inicial, que foi inicialmente registrado em latitudes mais elevadas.
  • Aquecimento do Ártico derreteu grandes quantidades de gelo, causando um influxo de água doce nos oceanos.
  • Essa invasão alterou os padrões de correntes oceânicas, causando uma oscilação de temperatura entre os hemisférios, com o hemisfério sul aquecendo primeiro.
  • Esse aquecimento liberou CO2 atmosférico que, por sua vez, causou mais aumento de temperatura através do efeito estufa.

Essas hipóteses estavam no relatório do IPCC, mesmo que de forma sugestiva. Ou seja, apesar de desatualizado, o relatório do IPCC não apenas apontou o caminho certo quanto às teorias que poderiam levar a esses registros antárticos, como foi honesto o suficiente para não afirmar categoricamente o que não poderia afirmar.

A emissão de CO2 antropogênica é insignificante frente às fontes naturais, como oceanos

E de fato é.  Se juntarmos as emissões dos oceanos e dos continentes (incluindo florestas), a contribuição dos seres humanos é abaixo de 5% do total. Bastante impressionante, mas totalmente irrelevante.

Tanto oceanos quanto continentes (incluindo processos geológicos) têm capacidade de não apenas emitir CO2, mas também de fixar, sendo que o processo mais famoso e útil de fixação de carbono é a fotossíntese. Quando levamos em conta processos naturais de fixação de carbono, vemos que eles são capazes de absorver mais da metade do carbono emitido por humanos. 

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Modificada da Figura 7.3 do 4o relatório do IPCC representando o ciclo global de carbono. Números estão em giga-toneladas

O resto? Bem, o resto acumula na atmosfera. Conveniente deixar isso de fora, não?

O IPCC tem apenas 200 cientistas

Segundo uma nota oficial do IPCC, o 4o (e mais recente) relatório do IPCC contou com a contribuição de mais de 2500 revisores científicos especialistas, mais de 800 autores colaboradores e mais de 450 autores principais. No ramo acadêmico, normalmente escreve e revê quem entende do assunto, ou seja, cientistas.

Agora, a relevância disso me escapa. A autoridade do IPCC não vem dos autores que escrevem o texto, mas da ciência na qual ele se baseia.

Os cientistas dissidentes formaram o NIPCC

Honestamente eu nunca havia ouvido falar desse NIPCC, e não sei quantos cientistas fazem parte dele, não que isso importe, como coloquei acima. Mas uma busca rápida revelou que eles são filiados ao, e talvez financiados pelo, Heartland Institute, um “think-tank“ financiado por organizações da direita conservadora norte-americana, empresas de petróleo e combustível, assim como empresas farmacêuticas e de cigarro. O Heartland foi um dos responsáveis pelo lobby pró-tabaco nos EUA durante a década de 90, se não me engano.

De qualquer forma, eu não vou ter tempo de ler o relatório do NIPCC, mas li algumas revisões dele aquie aqui. Os argumentos no relatório parecem se resumir a basicamente uma “fé muito forte e não fundamentada nas retro-alimentações negativas da natureza [no clima] que são muitas vezes hipotéticas e com evidências poucas, contraditórias ou ausentes de que tais processos estão atuando em uma escala global de forma significativa“ (do primeiro link).

Agora, isso é estranho. Se tais céticos depositam sua fé em processos que revertam o processo de aquecimento, qual é a contradição? Afinal, ambos podem ser verdade: tanto o aquecimento antropogênico quanto a capacidade da natureza se autorregular e resolver tudo. Me parece que tais céticos, ao contrário do Felício, não duvidam do aquecimento, e talvez possam aceitar até mesmo o aquecimento antropogênico.

Não há aumento de perturbações atmosféricas

O Felício diz que não há um aumento do número de ocorrências de furacões no Brasil em decorrência do aumento do clima, e que o aumento no número desse tipo de fenômeno pode ser creditado principalmente ao aumento do esforço humano em registrar esses eventos.

Enquanto isso tecnicamente é verdade, ou pelo menos é muito difícil verificar se de fato não há um aumento do número de ocorrências em comparação com as décadas passadas, o Felício parece sugerir que não há uma influência do aumento em temperatura nesse tipo de fenômeno. Entretanto, se há um aumento de temperatura, há mais energia no sistema, e essa energia precisa ir para algum lugar. Inclusive, o Felício comenta sobre isso, dizendo que o excesso de energia é direcionado para a dinâmica de fluidos, e é dispersado no sistema. Porém quando temos mais energia, essa dispersão ocorre de formas mais… bem, energéticas. Mas como verificar isso, sendo que não podemos diagnosticar se houve um aumento no número de furacões?

Uma solução é observar a intensidade e velocidade dos ventos pois podem ser avaliadas para cada evento individualmente. Foi exatamente isso que Emanuel fez em 2005, correlacionando a temperatura dos oceanos com o poder de dissipação do furacão (PDI, uma medida de poder destrutivo), onde podemos ver um forte aumento do PDI desde a década de 70:

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Figura 2 de Emanuel (2005) mostrando a curva suavizada do Índice do Poder de Dissipação (linha tracejada) e temperatura da superfície do mar do tropical Atlântico (linha sólida).

Adicionalmente, Elsner (2008) com o uso de satélites, estimou a velocidade dos ventos ao longo do tempo e observou que há uma tendência de aumento da velocidade dos ventos em furacões mais fortes, enquanto a mesma tendência não pode ser vista nos furações mais fracos:

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Figura 3 de Elsner (2008) mostrando um plot dos quantis (que podem ser interpretados como a força dos furacões) contra uma tendência de aumento de velocidade por ano. Linha vermelha é a tendência geral de aumento (que é diferente de zero) e o polígono cinza é o intervalo de confiança da estimativa do aumento de velocidade. Enquanto furacões mais fracos não aumentam uma tendência significativa, furacões mais fortes apresentam.

Então o ponto é simples: mesmo que não haja um aumento do número de furacões, eles estão ganhando intensidade.

John Christy é contra o alardeamento catastrófico das mudanças climáticas

E de fato é. Mas é importante notar que ele também disse que:

“Eu sei que a maioria (mas não todos) os meus colegas do IPCC se contorcem quando digo isso, mas eu não vejo nenhuma catástrofe se desenvolvendo ou a arma fumegante provando que a atividade humana deve ser culpada pelo aquecimento que observamos

Grifo meu. Ou seja, Christy nega (ou aparentemente negou já) que o aquecimento é antropogênico e até que ele é alarmante. Mas não nega a existência do aquecimento. Acho importante apontar isso, pois quase todos os cientistas que o Felício cita como sendo céticos (assim como o caso do NIPCC) não negam o aquecimento. Ou seja, apesar de parecer que o Felício está se baseando em algum tipo de literatura, ele está escolhendo suas informações com muito cuidado.

Na prática, ninguém parece concordar com ele.

As estações de medição estão mal colocadas

O argumento do Felício aqui é tomado diretamente da crítica do Anthony Watts, um meteorologista cético que tomou como missão demonstrar que as estações meteorológicas dos EUA estão colocadas próximas a áreas fortemente antropizadas, por exemplo, perto de churrasqueiras, em telhados de concreto, etc.

Isso pode muito bem ser verdade, porém nem todas as estimativas de temperatura vêm de estações climáticas. De qualquer forma, existem distinções entre estações colocadas em centros urbanos e as colocadas em áreas rurais:

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Figura 5 de Hansen e colaboradores (2001) mostrando dados obtidos das redes de estações “não acesas” ou rurais, estações peri-urbanas e estações urbanas.

É interessante notar que esse trabalho mostra a convergência desses padrões com os obtidos por satélite, por exemplo. Ou seja, mesmo com estações mal colocadas, esses dados são consistentes com outras fontes de dados. A crítica de Watts trata-se basicamente em focar nas estações mal colocadas, ignorando todo o resto.  É válido lembrar que esses dados não são mais a única evidência de aquecimento, ainda mais porque essa rede, que o Watts critica, é apenas dos EUA.

A temperatura da Idade Média foi mais alta

A figura que o Felício usa para ilustrar esse ponto vem do primeiro relatório do IPCC, e se olharmos direito, podemos observar que ela não tem escala no eixo y:

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Ou seja, não há como saber o quanto a temperatura durante esse período foi mais elevada. Então, de onde o Felício tirou que essa temperatura é de dois graus mais elevada que a atual? O MESMO relatório diz:

“O período desde o fim da ultima glaciação tem sido caracterizada por pequenas mudanças na temperatura média global com uma amplitude de menos de 2oC

Grifo meu. Outras fontes apontam que tal amplitude seria de aproximadamente 1oC. Porém isso pouco importa. Estimativas mais recentes não apontam para temperaturas mais elevadas durante a Idade Média:

Notem que a diferença entre o período medieval indicado e o atual é de quase 0.5 oC. Mann ainda coloca que aparentemente as temperaturas mais altas da Idade Média estavam restritas principalmente ao norte do atlântico.

É interessante notar que as reconstruções paleoclimáticas compiladas no IPCC só são válidas quando corroboram a hipótese dos céticos.

O Taco de Hockey foi desmascarado

Para quem não sabe, o chamado taco de Hockey são os gráficos que mostram uma estabilidade grande ao longo do tempo de variáveis climáticas e uma recente elevação.  O gráfico que o Felício mostra é uma reconstrução do original, proposto por Mann, Bradley e Hughes:

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Modelo de variação climática durante o um milénio para o Hemisfério Norte. Linhas vermelhas são medições instrumentais, linhas azuis são reconstruções paleoclimáticas baseadas em anéis de crescimento de árvores, amostras de gelo, corais e registros históricos. Linha escura indica a tendência média suavizada.

O Felício segue dizendo algumas coisas bastante curiosas. Inicialmente ele diz que Mann e colaboradores utilizaram apenas três árvores. Isso é evidentemente falso, como mostra uma inspeção do material suplementar do artigo, onde temos árvores de pelo menos 4 continentes sendo usadas.

Felício diz ainda que nos dados que McIntyre e McKitrick obtiveram de Mann para tentar reconstruir os resultados originais, havia uma pasta nomeada “censurado“, onde estaria o algoritmo de reconstrução mostrando que os dados que “abaixam“ a temperatura estariam sendo censurados durante a análise. Porém as coisas não são assim. Tais dados “censurados” foram bases de dados excluídas durante uma análise de sensitividade, que tem o objetivo de avaliar quais dados são inconsistentes ou pouco confiáveis. Durante tal análise, Mann e colegas verificaram que um dos conjuntos de dados dendrocronológico que parecia confiável, na verdade divergia do restante dos dados, indicando uma temperatura inferior durante o período de 1800-1900.  Tal aparente declínio de temperatura (que não batia com nenhuma outra fonte de dados) era provavelmente um efeito secundário do próprio CO2 atmosférico. De qualquer forma, não foi essa a crítica feita por McIntyre e McKitrick (que não são nem climatologistas, nem matemáticos, como clama o Felício, mas um trabalha em indústria de mineração e o outro é economista, respectivamente). Ambos criticaram principalmente a metodologia estatística empregada por Mann e colegas, que responderam em detalhes à essas acusações, demonstrando que tais criticas não eram válidas e não alteravam seus resultados.

Em outras palavras, o Hockey Stick não foi desmascarado, muito pelo contrário. Acima mostrei 3 paleo-reconstruções que são basicamente iguais ao Taco de Hockey original. Adicionalmente, nesse ano tivemos um resultado similar para o nível do mar, que também parece apresentar uma elevação abrupta em períodos mais recentes (ver abaixo).

É importante deixar evidente que, sim, existem problemas com o modelo original, que é de 1998, e muitos deles foram corrigidos em artigos subsequentes (a reconstrução acima de Mann é de 2008, quase 10 anos depois). Para uma revisão das controvérsias em torno do modelo, veja as referencias aqui.

O nível do mar não mudou nos últimos 150 anos

O Felício coloca, categoricamente, que o nível do mar não se modificou nos últimos 150 anos, e que basicamente todas as variações de nível do mar que vemos são variações de marés e ciclos lunares mais extensos. Porém isso não é verdade. Um estudo recente por Kemp e colaboradoresusou sedimentos de pântanos salinos que são comumente inundados por marés. O estudo mostrou que o nível do mar permaneceu estável por mais quase um milênio, sofrendo dois surtos de elevação, um gradual, antes de 1000 AD e outro mais recentemente, no século XX.

Qual é o posicionamento da opinião do Climatólogo Ricardo Felício acerca do aquecimento global?
Tendência anual média do nível do mar para os últimos 2100 anos. Linha azul mostra as reconstruções de Kemp, a linha verde são medidas de marégrafos e a linha vermelha é um modelo que correlaciona temperatura com nível do mar.

É interessante notar que, segundo o modelo vermelho, o nível do mar deveria ser mais baixo do que mostram os dados. Porém o erro das estimativas de temperatura aumentam com o tempo (ou seja, temperaturas mais antigas são mais difíceis de reconstruir). Ajustando-se a temperatura em poucos décimos (0.2) já remove a discrepância dos modelos, sugerindo que talvez as temperaturas passadas sejam mais altas que a usada nesse modelo em particular.

Conclusões gerais

Com havia dito inicialmente, não gosto do Ricardo Felício. E não é por discordar dele por questões científicas. Eu discordei de quase todos os meus orientadores em algum ponto e eles provavelmente discordaram em muitas coisas que eu disse. Em momento algum, até onde sei, isso gerou qualquer tipo de inimizade. Meu problema com o Felício é sua apelo recorrente à falácias, seu uso de informações falhas e  distorção sistemática de pesquisas, citações e informações.

Eu posso estar sendo pouco generoso com ele. Como ressaltei em algumas passagens, acho que existem pontos válidos a serem ditos em vários dos assuntos levantados por ele. Infelizmente, ele baseou fortemente seus argumentos em raciocínio falho e pesquisa mal feita, o que impossibilita interpretar o discurso dele como “simplificado”, mas sim simplesmente errado.

Agradeço o Pirulla pela paciência na correção do texto, porém todos os erros e equivocos no texto são de responsabilidade minha. Se alguém achar que alguma crítica minha não está bem justificada, ou que está simplesmente errada, por favor, avise. Tentarei reavaliar minha posição sempre que possível (e deixar isso claro no texto). Minha área não é climatologia e o Ricardo Felício é presumidamente especialista na área. Estatisticamente eu diria que as chances estão contra mim. 

Ah, claro… estimei que o Felício ganha um 0,2 na escala Crivella (lembrando que 1 Crivella = 5 erros/minuto). É uma estimativa grosseira, claro, pois o Felício se repete muito. Eu diria que talvez esse valor possa ser tão baixo quanto 0,05 Crivella, levando em conta o fato de eu poder estar errado em algumas questões e de eu não ter prestado atenção em tudo. Se alguém tiver outra estimativa, esteja mais que bem-vindo a dividir com o resto de nós.

Qual o posicionamento dos cientistas sobre as causas do aquecimento global?

A principal entre as causas do aquecimento global, segundo boa parte dos especialistas, seria a intensificação do efeito estufa, um fenômeno natural responsável pela manutenção do calor na superfície terrestre, mas que estaria sendo intensificado de forma a causar prejuízos.

Qual é a opinião dos cientistas sobre o aquecimento global?

Hoje considera-se que um aumento de 5 a 8 metros do nível dos oceanos seria suficiente para submergir a maioria das cidades costeiras do mundo. Há abundante evidencia de extinções em massa de vida durante esses períodos de aquecimento, quando o ser humano ainda não caminhava pela Terra.

Quem comprovou o aquecimento global?

Nascido no Japão, Syukuro Manabe desenvolveu um modelo que relaciona o aumento das concentrações de dióxido de carbono na atmosfera ao aumento da temperatura da Terra.

De quem é a culpa pelo aquecimento global para os pesquisadores?

Em entrevista à CNN, ela atribui o aumento da velocidade da temperatura global de superfície à ação humana. “Isso é causado pelo ser humano, em grande parte pelas emissões de gases de efeito estufa. As atividades humanas estão de forma inequívoca provocando esse aumento de temperatura.”