Qual foi o sistema de transporte que recebeu investimentos para escoar o café até o porto de Santos?

Café e leitura andam quase sempre juntos. Que tal dedicar um tempo para tomar café e conhecer um pouco da sua história ao mesmo tempo?

Nossa recomendação é o livro recém-publicado pelo Museu do Café chamado “Café, ferrovia e porto”. A obra fala, através de fotografias, sobre o período de modernização trazido pela economia do café, especialmente, no Porto de Santos e no cais da ferrovia São Paulo Railway.

Qual foi o sistema de transporte que recebeu investimentos para escoar o café até o porto de Santos?

Trabalhadores posando no embarque do café no Porto de Santos.

Na virada do século XIX para o XX, o lucro da produção e comercialização do café teve papel importante na industrialização e urbanização do Brasil. A energia elétrica foi também um motor indispensável para tais processos.

Essa história é retratada no livro, que traz ainda documentos iconográficos e textuais de diversos fundos e coleções, incluindo algumas das fotos históricas do acervo da Fundação Energia e Saneamento. Estas registram a cidade de Santos e os procedimentos de embarque e transporte do café à época.

A publicação, então, aborda essa relação entre o café e o desenvolvimento da área portuária santista.

O livro é de autoria de Bruno Bortoloto, Guilherme Barros, Marília Bonas e Pietro Amorim e é resultado de dez meses de produção.

Santos e o café

Qual foi o sistema de transporte que recebeu investimentos para escoar o café até o porto de Santos?

Carroças carregadas de café.

O Brasil é, atualmente, o principal país exportador de café e a história da produção cafeeira remonta ao final do século XIX e início do século XX. Nesse período, o Porto de Santos foi fundamental para o sucesso do escoamento do grão.

O desenvolvimento da lavoura cafeeira em São Paulo foi tanto que fez com que o Estado se tornasse um dos mais ricos do país.

Isso fez, inclusive, com que vários fazendeiros indicassem ou se tornassem presidentes do Brasil (a conhecida política “Café com leite”, em que paulistas e mineiros se revezavam no poder).

O café era escoado das fazendas, no interior do estado de São Paulo, até as estações de trem, onde eram armazenados em sacas, nos armazéns das ferrovias. Depois, era embarcado nos trens e enviado ao Porto de Santos, através de ferrovias, principalmente pela inglesa São Paulo Railway.

Nesse período, a cidade de Santos (SP) chegou a ser considerada como a maior praça cafeeira do planeta no início do século XX.

Para se ter uma ideia, foi inaugurado, em 1922, um casarão com cerca de 6 mil m² para abrigar a Bolsa de Café e Mercadorias, que tratava dos assuntos pertinentes ao café.

Atualmente, o prédio abriga o Museu do Café (já falamos dele por aqui), uma visita obrigatória para todos os turistas.

Para adquirir o livro, basta entrar em contato com o Museu do Café.

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 A primeira ferrovia no Brasil foi inaugurada em 1854 pelo Imperador Dom Pedro II e possuía uma extensão de 14,5 km, conhecida como Estrada de Ferro de Mauá. Ao longo dos anos as ferrovias passaram por várias expansões e também sofreram com o abandono e o esquecimento. O transporte ferroviário é um dos mais utilizados no mundo e conhecer a sua origem é essencial. Leia sobre a história das ferrovias brasileiras e fique por dentro do assunto.

A Primeira ferrovia do Brasil 

A história das ferrovias começa no Brasil em 1854 com a inauguração da Estrada de Ferro Mauá, inaugurada por Dom Pedro II, mas concebida graças à genialidade de Irineu Evangelista de Souza (Barão de Mauá). Com uma extensão de 14,5 quilômetros, o trecho saia da cidade do Rio de Janeiro até Petrópolis.

A Estrada de Ferro Mauá  trouxe integração entre o transporte aquaviário e o ferroviário. Sua operação foi considerada o primeiro transporte intermodal no Brasil. As embarcações atracavam no Porto no fundo da Baía de Guanabara e, então, a carga passava para o transporte ferroviário. Essa ferrovia foi operada pela empresa “Imperial Companhia de Navegação a Vapor e Estrada de Ferro Petrópolis”, do Visconde de Mauá.

Qual foi o sistema de transporte que recebeu investimentos para escoar o café até o porto de Santos?
Fonte: Foto do Arquivo Nacional do Brasil

Expansão Durante o Brasil Império

A segunda ferrovia brasileira foi inaugurada em 1858 e previa a ligação da cidade de Recife até o rio São Francisco, mas o seu objetivo não foi atingido. Contudo, essa ferrovia ajudou a trazer desenvolvimento as cidades por onde passavam. No mesmo ano é implementada a Estação da Corte a Queimados, no estado do Rio de Janeiro, é considerada a terceira ferrovia do país, e possuía um trecho de 47,210 km de extensão, sua construção foi realizada pela Companhia Estrada de Ferro D. Pedro II. Ao longo dos anos passou por expansões e ganhou conexão com outras ferrovias em diversos Estados. Com a proclamação da República a ferrovia passa a se chamar Estrada de Ferro Central do Brasil (Aenfer,2018).

No ano de 1867, o projeto do Barão de Mauá com o engenheiro britânico James Brunlees foi inaugurado, a Estrada de Ferro São Paulo Railway. A ferrovia ligava Jundiaí ao Porto de Santos. Ela foi a primeira ferrovia do Estado de São Paulo e passava por diversas cidades e ainda percorria a Serra do Mar. O seu principal objetivo era facilitar o escoamento do café produzido no interior paulista.

Em 1877 foi realizado a ligação entre as cidades do Rio de Janeiro e São Paulo. Outra inauguração importante foi a Estrada de Ferro Dona Teresa Cristina, implantada em 1884 com uma extensão de 112 km.

O ápice e o declínio

A evolução das ferrovias continuou no século XX, em 1900 o Brasil expandiu sua extensão da malha ferroviária para 15,316 quilômetros totais. No ano de 1919 o país já possuía 28.128 quilômetros de ferrovias. O Estado de São Paulo foi o que obteve maior expansão, nessa fase ele passou a ter 18 ferrovias, com isso o crescimento industrial e agrícola paulista foi gigantesco (Ministério da Infraestrutura, 2016).

A evolução das locomotivas de mecanismo a vapor para a tração elétrica ocorreu na década de 1920 e posteriormente em 1938 surge a tração diesel-elétrica. Além disso, outras importantes ferrovias foram criadas entre 1900 e os anos 30, são elas:

  • 1903  Estrada de Ferro Vitória a Minas;
  • 1912  Ferrovia Madeira-Mamoré;
  • 1917  Expansão das ferrovias no sul do país ligando os portos de São Francisco do Sul e Paranaguá;
  • 1935  A ligação da cidade de Ourinhos (SP) até Londrina (PR).
Qual foi o sistema de transporte que recebeu investimentos para escoar o café até o porto de Santos?
Fonte: Foto do Arquivo Nacional do Brasil

Notícias Corporativas: *Seminário debate cenário da ferrovia no Brasil e no mundo

Na década de 30, durante o primeiro governo de Getúlio Vargas, cresce a priorização das rodovias colocando as ferrovias em segundo plano. Por conta disso o Governo Federal inicia um processo de estatização da malha férrea, que até então era operada por empresas de capital estrangeiro, com o intuito de impedir que as ferrovias declinassem. Contudo, a falta de planejamento governamental acarretou a precarização das linhas férreas. A expansão passa a ocorrer a passos lerdos, entre 1940 e 1948  as ferrovias só expandiram 1.371 quilômetros.

No ano de 1957 o presidente Juscelino Kubitschek assina a Lei 3.115, que criou a Rede Ferroviária Federal S.A., uma empresa de economia mista e administração indireta do Governo, passando a administrar as estradas de ferro de propriedade do Governo Federal.

O governo de JK intensificou os investimentos em ferrovias, e em 1960 a linha férrea brasileira chega  ao seu ápice com 38.287 quilômetros totais. No período da ditadura militar as ferrovias têm o seu maior encolhimento, em 1964 inicia o “plano de erradicação de trechos deficitários”, caindo a malha ferroviária para 29.184 km.

A era da privatização

Em 1990 se inicia a era da privatização através do Programa Nacional de Desestatização (PND), criado pelo Governo Federal com o objetivo de melhorar os serviços e investimento no setor. Hoje a extensão das ferrovias no país é de 30.485 quilômetros, onde 29 deles são administrados por concessão público privada (ANTF,2018).

O Brasil possui 13 malhas regionais privatizadas, operadas por concessionárias privadas ou empresas públicas de capital aberto como a VALEC - Engenharia, Construções e Ferrovias S.A.. As ferrovias privatizadas são:

  • Ferrovia Tereza Cristina;
  • Estrada de Ferro Paraná Oeste;
  • Rumo Malha Norte;
  • Ferrovia Norte Sul (trama norte);
  • Ferrovia Norte Sul (trama central);
  • Estrada de Ferro Vitória a Minas;
  • Estrada de Ferro Carajás;
  • MRS;
  • Rumo Malha Oeste;
  • Rumo Malha Paulista;
  • Ferrovia Transnordestina;
  • Ferrovia Centro-Atlântica; e
  • Rumo Malha Sul.

No início do ano de 2019 o Governo Federal retomou o plano de privatização. O primeiro passo foi a realização de leilão de concessão da ferrovia Norte-Sul, que liga o município de Estrela D'Oeste (SP) ao município de Porto Nacional (TO), passando por diversos estados brasileiros e que possui extensão total de 1.537 km, a empresa vencedora foi a Rumo Logística, com lance de 2.719 bilhões de reais.


Dia a Dia: 
*Marcha fúnebre para a Ferrovia Norte-Sul?

O projeto de privatização prevê ainda a ligação dos municípios de Chapecó (SC) até Barcarena (PA) através de ferrovias, para isso o governo federal planeja novos leilões que ocorrerão ao longo dos anos.

Notícias Corporativas: *Ferrofrente questiona leilão da Ferrovia Norte-Sul


A privatização é uma recomendação de diversos órgãos internacionais, dentre eles o Banco Mundial, que encoraja a privatização para melhoria da infraestrutura de modais. Em 2019 o Brasil ficou classificado em 71º dentre as economias mais competitivas do mundo, segundo Relatório de Competitividade Global do Banco Mundial de 2019, ficando abaixo de países como a Colômbia e Índia.

Para continuar aprendendo sobre o assunto, confira outros dos nossos artigos:

*Ferrovias

*Transporte Ferroviário

*Infraestrutura do transporte ferroviário

*Obra Ferroviária

Qual era o meio de transporte do café até os portos?

As sacas de café eram transportadas dos armazéns de café, como o da São Paulo Railway, até os navios em carroças e carretões. Lá chegando, eram carregadas para bordo sobre os ombros dos trabalhadores. Estes realmente demonstravam grande força física.

Qual foi o importante sistema de transporte utilizado para escoar a produção de café do interior do Brasil até os portos no litoral?

O objetivo de construção das ferrovias era agilizar o escoamento da produção de café, diminuindo o tempo de transporte entre os locais de produção e os portos de onde a mercadoria era exportada. As ferrovias eram uma das condições gerais de produção necessárias ao crescimento econômico do país.

Qual foi o tipo de transporte implantado para o escoamento da produção cafeeira no Sudeste do Brasil?

O transporte ferroviário no Brasil foi predominante até o final do século XIX, quando estruturava os deslocamentos de mercadorias da economia cafeeira, sendo, por essa razão, bastante consolidado na região Sudeste.

Qual era o meio de transporte do café até os portos no oeste paulista?

Ao mesmo tempo, a produção se modernizava e o transporte ferroviário substituía o transporte do produto em tropas de burros, permitindo o escoamento da produção do Oeste Paulista pelo porto de Santos.