Vacina da Moderna contra covid-19 deve custar de R$ 134 a R$ 199, diz CEO“Não estamos interessados no lucro” Show Eficácia do imunizante é de 94,5%
Desde abril, farmacêutica norte-americana conduz teste de vacina contra a covid-19
Poder360 23.nov.2020 (segunda-feira) - 7h23 O CEO da farmacêutica norte-americana Moderna, Stéphane Bancel, disse que a vacina contra covid-19 produzida pela empresa pode custar de US$ 25 (R$ 134) a US$ 37 (R$ 199) por dose. A informação foi revelada em entrevista de Bancel ao jornal alemão Welt am Sonntag, publicada nesse domingo (22.nov.2020). “O preço é justo, considerando o custo para o sistema de saúde quando uma pessoa fica gravemente doente com covid-19. Não estamos interessados no lucro máximo”, disse. Receba a newsletter do Poder360 todos os dias no seu e-mailO valor da vacina, de acordo com o executivo, vai depender da quantidade de doses que cada governo comprar. Segundo ele, quanto maior o pedido, menor será o preço da dose. Como a vacina da Moderna precisa de duas aplicações, o custo para imunizar cada pessoa deverá ser de US$ 50 (R$ 270) a US$ 74 (R$ 400). Bancel afirmou ainda que a Moderna está em negociações avançadas com a União Europeia para comercialização das vacinas no continente. “Nada foi assinado ainda, mas estamos prestes a concluir com a Comissão da União Europeia. Queremos abastecer a Europa e estamos mantendo conversas construtivas”, declarou. EFICÁCIAEm 16 de novembro, a Moderna anunciou que a vacina desenvolvida pela empresa é 94,5% eficaz na prevenção da covid-19. A divulgação foi feita com base em análise preliminar dos estudos da fase 3 de testagem da vacina, denominada mRNA-1273. Eis a íntegra (37 KB). A taxa de eficácia representa a proporção de redução de casos entre o grupo vacinado em comparação com o grupo não vacinado. Como os dados são provisórios, não foram publicados em revista científica. Os testes envolvem 30.000 voluntários. A análise provisória da Moderna incluiu 95 participantes com casos confirmados de covid-19. Dentre eles, apenas 5 infecções ocorreram naqueles que receberam a vacina. o Poder360 integra o O mercado brasileiro começa a se preparar para a oferta de vacina contra Covid-19 nas clínicas privadas. Está em fase avançada uma negociação para aquisição de doses da AstraZeneca destinadas a abastecer o setor privado. Os entendimentos ganharam impulso em março. A AstraZeneca confirmou a negociação e disse que a expectativa é de que os primeiros lotes cheguem ao mercado privado neste mês. A comercialização de vacinas na rede privada já foi tema de conversas com integrantes do Ministério da Saúde e com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, afirmou ao JOTA o presidente da Associação Brasileira de Clínica de Vacinas (ABCVAC), Geraldo Barbosa. Mas há ainda uma barreira a ser ultrapassada: a Lei 14.125/2021, que dispõe sobre a aquisição de vacinas por pessoas jurídicas de direito privado. O texto da lei impede a comercialização de vacinas contra Covid-19 na rede privada, enquanto perdurar a pandemia. Diante da redução do número de casos e de mortes pela doença, intensificou-se a movimentação para derrubar esse obstáculo. A ideia é apresentar para parlamentares dados suficientes que os convençam a retirar a barreira. O setor está otimista. Na avaliação do grupo, a derrubada desta lei não será difícil, desde que haja o aval do Ministério da Saúde. Os argumentos usados são dois: o número de casos da doença diminui e não há, como no passado, falta de imunizantes. A princípio, a ideia é que a vacina contra Covi-19 na rede privada seja usada da mesma forma que a vacina contra gripe. Uma vez derrubada a Lei 14.125/2021, bastaria a recomendação médica para que a pessoa tenha permissão para ser imunizada. A expectativa do setor é que, com o passar do tempo, haja necessidade constante de a população ser vacinada contra a doença. “Serão uma, duas doses anuais, como acontece com outros imunizantes do calendário vacinal”, compara Barbosa. O presidente da ABCVAC diz haver, entre especialistas do setor, um entendimento comum. Assim que a cobertura vacinal contra Covid-19 atingir níveis adequados de 4ª dose e casos da doença estejam estabilizados num baixo patamar, a tendência é que a vacina na rede pública fique restrita a grupos vulneráveis, a exemplo do que ocorre com a gripe. “É esse o cenário esperado. Como acontece com a vacina contra influenza. Ela é ofertada no SUS apenas para grupos mais vulneráveis. Com o tempo, isso deve ocorrer também com a vacina contra Covid-19”, diz Barbosa.
O setor de clínicas particulares avalia que o maior mercado será o de empresas que periodicamente indicam vacinas para seu quadro de funcionários de forma gratuita ou com descontos O presidente da ABCVAC afirma não haver uma vinculação entre a lei que restringe a venda no setor privado e o fim do estado de emergência em saúde pública, em análise pelo Ministério da Saúde. Isso porque a lei fala em pandemia, não em emergência. O setor entende, no entanto, que essa análise no Ministério da Saúde sobre o fim da emergência facilitará muito a negociação para a derrubada da lei. As vacinas da AstraZeneca que chegarão ao mercado para abastecer as clínicas privadas são importadas, disse Barbosa. De acordo com ele, a expectativa é de que uma discussão seja feita também com sociedades de especialistas. “A ideia é apenas auxiliar. Trabalhar de forma conjunta”, disse. Lígia Formenti – Editora e analista de Saúde do JOTA |