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O trabalho social com famílias na Proteção Social Básica da assistência social | Social work with families in social assistence’s basic social protectionResumoO presente trabalho analisa o Trabalho Social com Famílias no acompanhamento familiar implementado por meio de grupos, no Cras da cidade de Piripiri (PI), como instrumento de promoção da participação, da autonomia e do protagonismo. A pesquisa de campo foi feita por meio de entrevistas com profissionais e usuários, analisadas aqui à luz da discussão teórica dos principais estudiosos da temática. A pesquisa foi submetida a Comitê de Ética e todos os participantes assinaram termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Conclui-se que é possível identificar resquícios de conservadorismo na Política de Assistência Social, e que, apesar dos entraves provocados pela falta de capacitação profissional, pela não mobilização de bagagem teórica e pela falta de estrutura física e de incentivos profissionais, é possível identificar traços de mobilização para a participação social e algum grau de protagonismo social nas ações implementadas. Palavras-Chave: trabalho social com famílias; participação; autonomia; protagonismo. Abstract – This article analyzes the social work in family support implemented through groups, in the Reference Center for Social Assistance (CRAS) in the city of Piripiri, Piaui as an instrument to promote participation, autonomy and protagonism. The field research was done through interviews with professionals and users, analyzed here in light of the theoretical discussion of the main scholars of the subject. The research was submitted to the Ethics Committee and all the participants signed a Free and Informed Consent term. It concludes that it is possible to identify traces of conservatism in the Social Assistance Policy and that despite the obstacles caused by the lack of professional training, the lack of mobilization of a theoretical backgraound, and the lack of infrastructure and professional incentives, it is possible to identify traits of mobilization for social participation and some degree of social protagonism in the implemented actions. Keywords: social work with families; participation; autonomy; protagonism. DOI: https://doi.org/10.12957/rep.2018.39426 ISSN: 1414-8609 | e-ISSN: 2238-3786 JournalDOI: http://doi.org/10.12957/rep Tempo de leitura: 9 minutos As inovações na Assistência Social, introduzidas com a publicação da Política Nacional de Assistência Social em 2004, possibilitaram maior aproximação com as pessoas que usam esta política, bem como maior entendimento para profissionais sobre situações encontradas no interior familiar e nos territórios, que podem levar às situações de vulnerabilidades. Com isso, é possível buscar formas de prevenir e enfrentar tais situações, a partir da organização de um trabalho baseado no reconhecimento da oferta dos serviços e benefícios socioassistenciais como dever do Estado e direito das famílias e indivíduos. A partir da instalação dos Centros de Referência de Assistência Social em todo o país, é criado um espaço para informações e esclarecimentos, trocas de experiências, fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários, entre outras ações; tudo a partir do olhar técnico de profissionais que formam a equipe de referência para oferta do Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família, o PAIF. Saiba também: Qual a diferença entras as Oficinas do PAIF e as Oficinas do SCFV? Como desenvolver o Trabalho Social no PAIF?O PAIF é o principal serviço desenvolvido no Centro de Referência de Assistência Social e este equipamento deve, obrigatoriamente, desenvolver o PAIF. Não pode haver a instalação de CRAS sem a oferta deste serviço, por meio do qual se desenvolve o Trabalho Social com Famílias. A equipe de referência do CRAS tem uma parcela importante de responsabilidade no desenvolvimento do Trabalho Social com Famílias no PAIF, pois ele é viabilizador de direitos de cidadania para indivíduos e famílias que ainda estão invisíveis ao poder público e sem acesso a algumas ofertas que são de toda a sociedade. Para desenvolver o Trabalho Social com Famílias, a equipe de referência necessita estar capacitada e livre da visão tradicional do assistencialismo e clientelismo; além disso, deve pensar e planejar ações que envolvam a família como um todo, evitando atendimentos de forma segmentada. As ações devem estar pautadas na prevenção, proteção e na proatividade. A efetividade desse trabalho dependerá, em grande parte, de:
Entenda melhor as ferramentas a disposição: A Instrumentalidade na prática do Assistente Social Para definir a forma de trabalho social a ser empreendido, a equipe de referência do CRAS precisa considerar o contexto em que as famílias estão inseridas, as condições socioeconômicas e culturais, analisando e relacionando a dimensão individual e coletiva das situações vivenciadas que podem levar às vulnerabilidades. A partir disso, é possível definir estratégias de superação e ações mais eficazes, na direção do acesso e apropriação dos direitos, e consequente melhoria da qualidade de vida das pessoas. Ações que integram o Trabalho Social com FamíliasO Brasil é um país com realidades sociais e econômicas diferenciadas; nessa direção, o desenvolvimento das ações para as famílias não pode ser padronizado e sim levar em conta o planejamento conforme as demandas e potencialidades locais, levantadas por meio de pesquisas no território, e o gerenciamento do Trabalho Social com Famílias, que irá qualificar as ações. A equipe deve estar atenta, também, à necessidade de articulação entre estas. Sintetizando, as ações são as seguintes:
O Trabalho Social com Famílias não se pauta em “apenas executar as ações do PAIF”; é imprescindível entender que as demandas levadas ao CRAS por cada família e/ou indivíduo, podem resultar de situações que envolvem violência, desproteção social, preconceitos e desigualdades. Portanto, estas demandas não devem ser vistas como particular de cada pessoa, mas como situações encontradas no território que merecem atenção e atuação da equipe do PAIF. Não se pode deixar de citar as dificuldades no trabalho social, como por exemplo a ausência de rede de proteção social no território ou famílias que recusam atendimento ou acompanhamento. A equipe também precisa estar preparada para estas ocorrências, que merecem análises e registros com objetivo de colocar em discussão com a gestão, visando encontrar formas de superá-las e aperfeiçoar o trabalho. Gerenciando o Trabalho SocialDe uma forma geral, um trabalho realizado precisa ser acompanhado, a fim de verificar se os objetivos traçados para ele estão sendo alcançados; no Trabalho Social com Famílias não é diferente e nem deve, pois este merece um acompanhamento mais rigoroso. Esse acompanhamento vai possibilitar qualificar as ações. Tão importante quanto a execução do Trabalho Social com Famílias no PAIF é o gerenciamento deste trabalho, na medida em que é um instrumento de gestão que incorpora atividades importantes para execução da direção, planejamento, organização, monitoramento e avaliação. A responsabilidade pela organização gerencial do Trabalho Social com Famílias é do (a) coordenador (a) do CRAS, mas requer o apoio da Vigilância Socioassistencial, envolvimento da equipe de referência, além da importante contribuição das famílias usuárias do PAIF. Vejamos o que significa cada item do gerenciamento do Trabalho Social:Planejamento: é o ato de direcionar o trabalho a ser realizado, com vistas a administrar os acontecimentos e alcançar os objetivos propostos; deve analisar recursos materiais e humanos disponíveis. É necessário um cronograma de reuniões para o planejamento, onde deverá ser discutido as situações a serem enfrentadas e as estratégias a serem empregadas. Direção: é o ato administrativo para orientar e coordenar a
realização de Organização: é a fase em que se definem e se providenciam os recursos necessários para o cumprimento de uma ação, como por exemplo definição de responsabilidades nas atividades. Monitoramento: é um processo imprescindível para o acompanhamento permanente das ações executadas; é o momento de aferir cada etapa, a fim de tomar de medidas corretivas, caso seja necessário, na intenção de cumprir as finalidades preestabelecidas. Avaliação: momento onde a equipe irá analisar os aspectos de efetividade, eficácia e impactos das ações, sempre comparando com o propósito traçado. A avaliação possibilita aprimoramento ou o redirecionamento, visando ao cumprimento dos objetivos. A reafirmação do PAIF como um serviço socioassistencial depende, também, do seu eficiente gerenciamento, porque isso profissionaliza o Trabalho Social com Famílias e direciona a equipe de referência para que não realize apenas um atendimento individual e burocrático, focado em métodos modeladores e verticalizados. Além do mais, deve-se ter como princípio a emancipação das famílias e indivíduos, ultrapassando atitudes de tutela e de descrédito no potencial de superação das situações de vulnerabilidades vividas. Referências
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Como o assistente social pode atuar junto às famílias?O Serviço Social, como profissão investigativa e interventiva, deve entender e interpretar a família numa análise de totalidade, família e sociedade, e as várias mediações que permeiam esta instituição, tomando-a não como mero objeto de intervenção, mas como sujeito social e político.
Qual a abordagem metodológica predominante no trabalho social com as famílias?A construção da metodologia de trabalho social com famílias foi pautada por reflexões que abarcaram tanto os fundamentos teórico-metodológicos e éticos-políticos, quanto os objetivos e os conhecimentos dos sujeitos da intervenção, das formas de abordagem, dos instrumentos técnico-operativos e dos recursos que sustentam ...
Quais são as atribuições do assistente social junto às famílias no Centro de Referência da Assistência Social?Atendimento e acompanhamento familiar. Atendimento direto e indireto do serviço de convivência e fortalecimento de vínculos. Atividades envolvendo grupos de famílias da comunidade. Cadastro, recadastro, atualização cadastral e desbloqueio do Cadastro Único para recebimento do Bolsa Família.
Qual a importância da família na política da assistência social?O princípio da proteção social a partir da matricialidade sociofamiliar significa que “a família é o núcleo social básico de acolhida, convívio, autonomia, sustentabilidade e protagonismo social” e que para isso a “família deve ser apoiada e ter acesso a condições para responder ao seu papel no sustento, na guarda e na ...
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