Em relação a Grande Depressão explique no que consistiu

A Grande Depressão, também chamada de Crise de 1929, foi uma grande recessão que iniciou nos Estados Unidos e atingiu também toda a economia mundial. As principais causas da crise foram a superprodução da indústria e a especulação financeira.

Neste artigo, saiba mais sobre os motivos que levaram a essa crise e quais foram as suas consequências para a economia mundial.

Por que houve a Grande Depressão?

Após a Primeira Guerra Mundial, com a Europa destruída, os Estados Unidos se consolidaram como líderes da economia mundial. A euforia gerada nos EUA pelo crescimento das empresas e aumento do consumo ficou conhecida como Roaring Twenties (os “loucos anos 20”), e consolidou a expressão american way of life, ou estilo de vida americano.

Além de ter se tornado a maior potência industrial do mundo, os EUA também emprestaram muito dinheiro para os países europeus, que precisavam reconstruir o continente no pós-guerra.

A euforia do consumo

Nesse período de prosperidade, as pessoas aumentaram o consumo de forma acelerada e sem controle. Para agravar o quadro, ao perceber a maior demanda por consumo, o governo facilitou o crédito e concedeu empréstimos à população sem quase nenhuma regulamentação.

Neste artigo, falamos sobre outra crise mundial que ocorreu por causa da má concessão de créditos: a Crise do Subprime.

Com mais dinheiro, a população passou a não só consumir, mas também a investir na bolsa de valores de forma intensa, o que deu início a uma forte especulação no mercado de capitais. Ou seja, as pessoas compravam as ações com o objetivo de vendê-las assim que se valorizasse. Como havia muitos compradores, esse movimento criou uma falsa sensação de valorização dos títulos

O início dos problemas

O cenário de prosperidade dos EUA não estava amparado em bases sólidas. O excesso de crédito provocou a especulação na bolsa, e tanto o governo quanto a sociedade demoraram muito para perceber o que realmente estava acontecendo.

Para agravar essa situação, a partir de 1925 a Europa finalmente começou a recuperar a sua economia. Isso fez com que já não precisasse tanto da indústria norte-americana. No entanto, a redução do consumo europeu trouxe sérios danos às indústrias dos EUA, pois havia um excesso de produção que não conseguiria ser absorvido somente pelo mercado nacional.

Com a queda na demanda, muitas indústrias quebraram e o desemprego atingiu 25% da população americana. O marco da recessão foi a quebra da bolsa de valores norte-americana em 24 de outubro de 1929. A data ficou conhecida como quinta-feira negra.

Milhares de norte-americanos perderam todo o seu patrimônio, pois muita gente investiu na bolsa. Rapidamente, os efeitos da recessão se espalharam pela Europa pois, como vimos, os EUA eram o principal financiador do continente, que ainda reconstruía as perdas da Primeira Guerra. Depois da Europa, foi a vez das outras economias sentirem os prejuízos da depressão. No Brasil, as vendas de café despencaram, pois não havia mais compradores no exterior.

A Grande Depressão durou mais de 10 anos. A produção da indústria norte-americana caiu pela metade e, nos três anos após 1929, o PIB mundial reduziu em 15%.

A recuperação começou lentamente em 1933, com o plano conhecido como New Deal. Isso envolveu a intervenção do estado na economia norte-americana, investimento em obras públicas e criação do seguro-desemprego para amparar os trabalhadores. 

Veja neste artigo outras grandes crises  que mexeram com a economia mundial.

A Crise de 1929, conhecida como Grande Depressão, teve início com a quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque e foi causada pela superprodução e pela especulação financeira.

A Crise de 1929, também conhecida como Grande Depressão, foi uma forte crise econômica que atingiu o capitalismo no final da década de 1920. Essa crise é entendida pelos historiadores como a maior recessão econômica da história do capitalismo e marcou a decadência do liberalismo econômico naquele contexto. Trata-se de uma crise causada pela superprodução de mercadorias e pela especulação do mercado financeiro do país.

Leia também: Fases do capitalismo

Os antecedentes: a euforia da economia dos Estados Unidos

No período anterior à Grande Depressão, os Estados Unidos possuíam a maior economia do mundo. Diferentemente do que costuma ser difundido, a economia estadunidense já era a maior do mundo mesmo antes da Primeira Guerra Mundial. O conflito só possibilitou que a supremacia em relação a outras nações fosse acentuada. Esse dado é comprovado por Hobsbawm ao afirmar que, em 1913, os EUA já eram responsáveis por 1/3 da produção industrial do mundo |1|.

O domínio da economia americana aumentou profundamente depois que a guerra acabou, em 1918, e a década de 1920 foi marcada por ser um período de grande euforia. Os índices evidenciavam a euforia e o boom da economia do país: os Estados Unidos eram responsáveis por 42% de toda a produção de mercadorias do mundo |2|.

Além disso, os Estados Unidos haviam se transformado no maior credor do mundo, emprestando dinheiro principalmente para as nações europeias que lutaram na Primeira Guerra Mundial e estavam em processo de reconstrução. Também eram responsáveis por comprar 40% de todas as matérias-primas revendidas pelas quinze nações mais comerciais do mundo |3|.

Todo esse crescimento da economia norte-americana refletiu no sentimento da população, com a rápida prosperidade econômica que se estruturou no país. Durante esse período de euforia, foi consolidado o americanwayoflife, termo utilizado para definir o estilo de vida americano, baseado principalmente na aquisição de bens de consumo duráveis, como carros e eletrodomésticos em geral.

Outros dados que comprovam esse boom da economia americana são os seguintes: durante a década de 1920, a taxa média de desemprego esteve na casa dos 4% |4|;a produção de automóveis aumentou 33%; o número de indústrias no país saltou de 184 mil para cerca de 206 mil e o faturamento do comércio quintuplicou. Todos esses dados mostram o crescimento econômico no período entre 1923 e 1929 |5|.

Toda essa expansão da economia, da produção e do consumo foi acompanhada por uma expansão no crédito, isto é, pela disponibilização de empréstimos para o financiamento das atividades econômicas – processo que teve pouca regulação estatal.

Por fim, outro aspecto marcante no período foi a especulação monetária. A bolha de prosperidade da economia era tamanha que os investimentos nas ações das companhias americanas na Bolsa de Valores de Nova Iorque contaram com amplos saltos ao longo da década de 1920.

A quebra da Bolsa de Nova Iorque

A prosperidade da economia americana na década de 1920 foi estabelecida em bases extremamente frágeis. A euforia pelos rápidos lucros obtidos pela especulação monetária escondiam o colapso que estava por vir. Quando a crise chegou, os efeitos foram drásticos. A quebra da Bolsa de Nova Iorque aconteceu em 24 de outubro de 1929. O historiador Eric Hobsbawm explica a crise de 1929 da seguinte maneira:

O que acontecia, como muitas vezes acontece nos booms de mercados livres, era que, com os salários ficando para trás, os lucros cresceram desproporcionalmente, e os prósperos obtiveram uma fatia maior do bolo nacional. Mas como a demanda da massa não podia acompanhar a produtividade em rápido crescimento do sistema industrial nos grandes dias de Henry Ford, o resultado foi superprodução e especulação. Isso, por sua vez, provocou o colapso |6|.

A questão salarial evocada por Hobsbawm na citação acima se refere ao fato de que o período próspero da década de 1920 não foi acompanhado de ganhos salariais para a classe trabalhadora. Essa estagnação salarial fez com que o mercado interno americano não conseguisse expandir a sua capacidade de absorção de mercadorias na mesma velocidade em que elas eram produzidas.

Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;)

Com o mercado se estagnando, a esperança dos altos lucros nas ações da Bolsa de Valores ficou estremecida, levando milhares de pessoas a vender suas ações. Esse pânico aconteceu no que ficou conhecido na época como Quinta-feira Negra. No dia 24 de outubro de 1929, mais de 12 milhões de ações foram colocadas à venda, e a demanda por compras era baixíssima |7|.

Essa situação prosseguiu até a segunda-feira, dia 28, quando mais de 33 milhões de ações foram colocadas à venda. Isso fez com que as ações de mercado das empresas americanas caíssem drasticamente de valor – bilhões de dólares simplesmente desapareceram. A economia americana havia quebrado |8|.

Consequências da Crise de 1929

Em relação a Grande Depressão explique no que consistiu

Desempregados em uma fila para receber alimento gratuito

As consequências da Crise de 1929 foram imediatas. Inúmeros investidores foram à falência, já que investiram todo o seu dinheiro em ações que, após a quebra da Bolsa, não valiam mais nada. Isso foi acompanhado pela falência de milhares de empresas em todo o país.

Os impactos da Crise de 1929 na economia dos Estados Unidos podem ser resumidos com base nos seguintes dados:

  1. O desemprego alcançou 27% (antes da crise, era 4% em média);

  2. As importações caíram 70%;

  3. As exportações caíram 50%;

  4. A produção de automóveis foi reduzida em 50%;

  5. O salário médio na indústria caiu 50%;

  6. Milhares de empresas e bancos foram à falência.

Os efeitos da Crise de 1929 se espalharam pelo mundo. Dezenas de países tiveram impactos duros em suas economias, uma vez que o maior comprador – os Estados Unidos – haviam deixado de consumir as mercadorias desses países. O reflexo imediato da crise foi que a economia mundial como um todo retraiu cerca de 1/3. Além disso, a crise econômica causou transformações políticas profundas e abriu caminho para que os regimes fascistas ganhassem força mundo afora.

Acesse também: Benito Mussolini e Nazismo

Consequências da Crise de 1929 no Brasil

A Crise de 1929 também impactou a economia do Brasil e teve efeito sobre o principal produto do nosso país: o café. Nesse período, o Brasil era responsável por aproximadamente 70% de todo o café comercializado no mundo. O principal comprador dessa mercadoria eram os Estados Unidos, que reduziram drasticamente a compra do produto brasileiro por causa da crise.

Com o café brasileiro estagnado, o valor da mercadoria no mercado internacional caiu sensivelmente e o impacto sobre os cafeicultores foi duríssimo. No auge dessa crise, um golpe aconteceu no país: a chamada Revolução de 1930. Com isso, Getúlio Vargas assumiu provisoriamente o governo e logo tomou medidas para conter os impactos da crise no café brasileiro.

Veja também: Governo Provisório de Vargas

A medida escolhida foi impor uma política que promovesse a valorização do café brasileiro. Assim, o governo optou por realizar a compra das sacas de café para, em seguida, incendiá-las, conseguindo então controlar as oscilações do preço do produto.

|1| HOBSBAWM, Eric. Era dos extremos: o breve século XX 1914-1991. São Paulo: Companhia das Letras, 1995, p. 101.
|2| Idem, p. 101.
|3| Idem, p. 102.
|4| Idem, p. 95
|5| ROSSINI, Gabriel Almeida Antunes. Crise de 1929. Para acessar, clique aqui.
|6| HOBSBAWM, Eric. Era dos extremos: o breve século XX 1914-1991. São Paulo: Companhia das Letras, 1995, p. 104.
|7| Idem, nota 5.
|8| Idem, nota 5.

* Crédito da primeira imagem: wantanddo/Shutterstock

Aproveite para conferir a nossa videoaula sobre o assunto:

O que foi a Grande Depressão resposta?

A Crise de 1929, também conhecida como Grande Depressão, foi uma forte recessão econômica que atingiu o capitalismo internacional no final da década de 1920. Marcou a decadência do liberalismo econômico, naquele momento, e teve como causas a superprodução e especulação financeira.

O que é a Grande Depressão?

A Crise de 1929, também conhecida como “A Grande Depressão”, foi a maior crise do capitalismo financeiro. O colapso econômico teve início em meados de 1929, nos Estados Unidos, e se espalhou por todo o mundo capitalista. Seus efeitos duraram por uma década, com desdobramentos sociais e políticos.

Qual foi o motivo da Grande Depressão?

Foi causada pela superprodução, falta de regulação da economia, excesso de crédito e pela bolha de especulação. Teve início com a quebra da Bolsa de Valores de Nova York, em outubro de 1929. Fez com que milhares de empresas falissem e milhões de trabalhadores ficassem desempregados.

O que foi a Grande Depressão de 1929 Brainly?

A Grande Depressão é o nome dado a uma grande piora dos indicadores sociais e econômicos nas sociedades capitalistas depois da Quebra da Bolsa de Nova Iorque em 1929, tendo a "Grande Depressão" começado em 1929 e continuado durante a primeira metade da década de 1930.