Ficar sem evacuar por 5 dias pode ser o quê

Ficar sem evacuar por 5 dias pode ser o quê

A prisão de ventre ou certa resistência para ir ao banheiro é normal em alguns momentos e ocorre por diversas razões. No entanto, como o caso do humorista Abdiás Mello, que ficou 6 dias sem evacuar, pode ser perigoso. Mello relatou a situação após ficar preso em Portugal devido ao cancelamento repetido de voos para o Brasil. Durante uma entrevista para a emissora local do país, o humorista explicou que “só consegue fazer cocô em casa”, justificando a prisão de ventre.

Tal dificuldade para evacuar fora de casa chama-se parcopresis, que basicamente envolve o medo ou insegurança de fazer as necessidades em um ambiente que não seja familiar. A condição não possui dados de pessoas que apresentam o problema, embora ele seja, sim, uma das causas da constipação intestinal. A seguir, veja por que a prisão de ventre pode ser grave se for recorrente — e como melhorar a saúde do seu intestino.

Veja também: Chás para soltar o intestino: confira os melhores laxantes naturais

Por que temos prisão de ventre?

Segundo a Federação Brasileira de Gastroenterologia, cerca de 20 milhões de pessoas ficam vários dias sem ir ao banheiro e sofrem os desconfortos do problema. As causas da constipação são variadas, mas basicamente tudo o que comemos e fazemos (ou deixamos de fazer) influencia no funcionamento do intestino. Logo, o trânsito lento pode ser fruto de sedentarismo, pouca hidratação e de uma dieta deficiente em fibras. Estresse, ansiedade e falta de rotina (viagens muito frequentes, por exemplo) também contribuem para o “intestino preguiçoso”. Veja outras razões e situações que podem estar relacionadas à prisão de ventre:

Uso contínuo de medicamentos laxativos

Além dos riscos de causar desidratação e outros problemas intestinais, consumir laxantes com frequência suprime a função natural motora do intestino (movimentos peristálticos). Remédios antidepressivos, anti-inflamatórios (corticoesteroides) e opioides também têm potencial de atrapalhar a rotina de evacuação.

Postergar a evacuação

Às vezes não conseguimos ir ao banheiro no primeiro sinal do intestino, seja porque estamos em um compromisso, reunião ou outro motivo. Contudo, se essa prática for frequente, confundimos o cérebro sobre o envio desse estímulo, que passa a ser desregrado.

Longos períodos sem se alimentar ou não se alimentar o suficiente

Ambos os hábitos podem alterar o trânsito intestinal. Se o jejum for intencional, com acompanhamento profissional, é preciso observar se o intestino sofreu mudanças em sua rotina: alterações na dieta, com redução de refeições, inclusão ou exclusão de alimentos, podem melhorar ou piorar a prisão de ventre.

Doenças variadas

Hipotireoidismo, síndrome metabólica, doença de Parkinson, de Chagas, diabetes, síndrome do intestino irritável, entre outras, podem mexer com o trânsito intestinal. Por isso, é necessário diagnosticá-las e tratá-las corretamente para restabelecer a rotina de evacuação.

Gravidez

Normalmente, a gestação promove uma série de mudanças no corpo da futura mamãe, e o intestino não passa despercebido. Devido ao crescimento do bebê e à ação hormonal, é natural que o intestino fique comprimido e o trânsito torne-se mais lento por conta disso. Por outro lado, é importante que a prisão de ventre seja controlada para evitar hemorroidas e outros desconfortos.

Afinal, quantos dias é normal ficar sem evacuar?

À primeira vista, é aceitável ficar três dias sem ir ao banheiro, mas a sensação de esvaziamento também conta. Então, se você não vai ao banheiro todos os dias, mas ao ir percebe que evacuou completamente e não sente nenhum desconforto depois, não há problema nisso.

Quando a prisão de ventre pode ser sinônimo de problema?

Se a vontade de ir ao banheiro for intensa e se as tentativas de evacuar sem sucesso ultrapassarem três dias, é desejável ir ao médico para avaliar o que está acontecendo. Pouca quantidade de fezes após muitos dias de constipação intestinal também indica algum tipo de obstrução no órgão, o que exige investigação profissional. Outros sinais que sugerem anormalidade no sistema digestivo:

  • Excesso de gases.
  • Distensão abdominal.
  • Cólicas abdominais.
  • Fezes muito duras, com aparência ressecada e escassas.
  • Sangue ou alteração na cor das fezes.
  • Sensação de estufamento mesmo após ir ao banheiro.

O que pode acontecer se a prisão de ventre for crônica?

Além dos desconfortos abdominais (gases, estufamento etc), ficar muito tempo sem ir ao banheiro pode causar enfermidades dolorosas, sendo algumas até graves. Por exemplo:

Hemorroidas

São dilatações dos vasos localizados na região do ânus, que podem ser internas ou mais aparentes, perceptíveis ao alcance do toque. Por se tratar de uma área mais sensível, é comum que o inchaço incomode e cause dores ao ir ao banheiro, ou ao se sentar. Geralmente os motivos que incentivam o aparecimento dos edemas são diversos, mas os mais corriqueiros são forçar muito a evacuação, permanecer sentado no vaso sanitário por longos períodos e alimentação muito rica em condimentos e pimentas.

Diverticulite

É uma inflamação no intestino que provoca o aparecimento de pequenas bolsas (divertículos) com sangue e fluidos no tecido interno do órgão que atrapalha o trânsito das fezes. Porém, a diverticulitepode ser grave se os sacos estiverem grandes ou muito inflamados, pois há o risco de desencadear um quadro hemorrágico caso essas bolsas se rompam. Embora seja mais comum em pessoas a partir dos 40 anos, a condição é favorecida pelo esforço ao evacuar, típico da prisão de ventre.

Torção do cólon (volvo)

Popularmente chamado “nó no intestino”, a torção do cólon é literalmente um nó que se forma em uma das alças do órgão, que dificulta a passagem das fezes e do sangue. A constipação crônica é uma das responsáveis, e se não for tratado, pode levar à necrose da região e causar outras complicações mais graves.

Câncer colorretal

Atualmente, esse é o segundo tipo de câncer mais comum nas mulheres e o terceiro mais frequente nos homens que tem a prisão de ventre ou a diarreia como um de seus sinais. Perda de peso, febre, dores abdominais também integram o quadro clínico da doença. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), a cada ano, são diagnosticados 41.010 novos casos de câncer de intestino no Brasil. É importante ressaltar que a prisão de ventre não é uma causa do problema, mas um sintoma que não deve ser negligenciado, sobretudo se for crônico.

O que fazer se tenho prisão de ventre frequente?

Antes de mais nada, procure ajuda médica e relate todos os sintomas, há quanto tempo está com dificuldade para evacuar, se as crises são recorrentes e como é o seu estilo de vida. Assim, o médico terá mais facilidade para avaliar o que está havendo e se a constipação intestinal é indício de alguma enfermidade. A fim de descartar ou confirmar suspeitas, são solicitados exames de imagem, como ultrassom e ressonância magnética, e exames laboratoriais.

Tratamento para prisão de ventre

É prescrito de acordo com a causa da constipação, pois é essencial identificar a presença de outras doenças que podem estar provocando o problema. No entanto, se a prisão de ventre for um incômodo isolado, o médico poderá sugerir mudanças de hábitos, a começar pela alimentação.

Ao mesmo tempo, o profissional pode recomendar alguns medicamentos laxativos para aliviar o desconforto. Contudo, tais remédios são utilizados temporariamente, apenas com a finalidade de estimular a musculatura intestinal para a evacuação — o uso prolongado é capaz de gerar o efeito contrário, enfraquecendo as funções naturais do órgão.

Exercícios para prisão de ventre

Todas as modalidades são bem-vindas para quem sofre com prisão de ventre. Dessa forma, é importante escolher um tipo de atividade física que gere prazer e não obrigação. Também é ideal procurar ajuda profissional para evitar lesões e avaliar possíveis restrições físicas.

Alimentação para combater a prisão de ventre

É fato que os alimentos têm um papel importante na saúde do intestino. Portanto, incluir alimentos ricos em fibras e integrais facilitam a formação do bolo fecal e impactam no bom funcionamento do órgão. A regra de ingerir bastante líquidos aliada à boa alimentação é essencial, pois a água é responsável pela hidratação das fezes e a passagem delas pelo intestino até sua excreção. Veja alguns alimentos que não podem faltar em seu cardápio:

  • Mamão.
  • Aveia.
  • Ameixa.
  • Laranja.
  • Abacate.
  • Verduras como alface, couve, escarola, agrião e repolho.
  • Probióticos.
  • Oleaginosas como nozes, castanhas e amêndoas.
  • Brócolis e couve-flor.
  • Azeite.

Lembre-se de que é necessário equilibrar as refeições com o objetivo de combinar os alimentos e nutrientes. Afinal, a variedade é uma estratégia nutricional para atingir todas as necessidades diárias, inclusive as fibras, fundamentais para a saúde das fezes. Uma dica é acrescentar sucos com propriedades laxativas naturais e que ao mesmo tempo hidratam o organismo. Veja aqui algumas receitas.

Linhas de cuidado Vitat – Alimentação com comida de verdade

Especialistas aconselham que o caminho para a prevenção de diversos problemas é reduzir ou parar de consumir alimentos ultraprocessados, ricos em gorduras e açúcares e pobres em nutrientes. Então, se você está em busca de uma alimentação mais equilibrada e farta em opções de “comida de verdade”, veja aqui nosso programa da dieta páleo, de apenas duas semanas. Como resultado, tenha mais disposição, melhoria da prisão de ventre e mais consciência sobre escolhas saudáveis em seu prato!

Ficar sem evacuar por 5 dias pode ser o quê

Referências: Instituto Nacional de Câncer (INCA); Hospital Sírio-Libanês; Rede D’Or São Luiz; e Federação Brasileira de Gastroenterologia.

Faz 5 dias que não cago?

Um indivíduo normal não deve ficar mais de três dias sem ir ao banheiro. Passado esse período, as fezes vão se solidificando, por conta da absorção de água no intestino grosso, e cada vez fica mais difícil para que elas saiam. Supositórios ajudam em fases iniciais, mas, em alguns casos, é necessário cirurgia.

O que acontece com o corpo se não evacuar?

Vanessa Prado, proctologista, cirurgiã e médica do Centro de Especialidades do Aparelho Digestivo do Hospital Nove de Julho, explica: “Fezes paradas no intestino e no reto podem causar inflamações, infecções, hemorroidas, fissuras no ânus e muita dor na hora de evacuar.