Globalização Milton Santos O mundo visto do lado de cá

por Wilson Zaidan

Sobre Milton Santos e sua incrível abordagem do espaço, compensa o documentário“Encontro com Milton Santos – o mundo global visto do lado de cá”, dirigido pelo cineasta brasileiro Silvio Tendler. O documentário tem como eixo central uma entrevista com o geógrafo (gravado apenas 04 meses antes de sua morte), e nos esclarece que, se quisermos fugir do perigoso território da percepção enganosa que o mundo globalizado nos apresenta, devemos considerar no mínimo, a existência de três mundos em um só: O mundo como nos fazem ver (a Globalização como fábula); o mundo tal como ele é (a Globalização como perversidade); e o mundo como ele pode ser – nas palavras de Milton Santos – “uma outra globalização..”.

Globalização Milton Santos O mundo visto do lado de cá

Milton Almeida dos Santos foi um geógrafo Brasileiro que recebeu destaques internacionais – como o prêmio Vautrin Lud em 1994, o prêmio Nobel da Geografia – por suas obras e sua inovadora abordagem da organização do novo mundo, precisamente dentro da área da Globalização, ocupação do espaço e processos de urbanização. Nascido no coração da região semi-árida de Brotas de Macaúbas, ainda jovem, Milton Santos migrou pelo interior da Bahia com sua família (professores primários) passando por Ubaitaba, Alcobaça e por fim, Salvador. O processo de movimento das populações migratórias despertou-lhe o interesse pela Geografia e ocupação do espaço. Antes de chegar em Salvador, ainda uma criança, Milton Santos foi alfabetizado, aprendeu álgebra e francês. 

A princípio, na Universidade Federal da Bahia, Milton Santos se graduou em Direito, porém o seu interesse pelo espaço como objeto de estudo nunca foi deixado de lado. Após o título de bacharel em Direito, Milton Santos assume o cargo de professor catedrático da disciplina de Geografia Humana no colégio municipal de Ilhéus, cidade da qual, paralelamente, desenvolveu atividades jornalísticas e se envolveu com o mundo político de esquerda. Concluiu seu doutorado na França, regressou ao Brasil e criou o laboratório de Geomorfologia e Estudos Regionais. Em 1964, em razão de um golpe militar, Milton Santos é exilado do país, e devido a sua situação política, o geógrafo inicia sua carreira acadêmica internacional, passando pela França, Estados Unidos, Venezuela, Tanzânia, etc.

Globalização Milton Santos O mundo visto do lado de cá

O documentário encontra-se na íntegra no youtube:

De Milton Santos, também compensa:

SANTOS, Milton. Por uma outra globalização – do pensamento único à consciência universal. São Paulo: Editora Record, 2000.

SANTOS, Milton. O espaço dividido. Os dois circuitos da economia urbana dos países subdesenvolvidos. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1979 (Coleção Ciências Sociais)

SANTOS, Milton; SOUZA, Maria Adélia A.(org.). A construção do espaço. São Paulo: Nobel, 1986.

Pauta, texto e ideias disseminadas por Wilson Zaidan.


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Um pensador à frente do seu tempo,

Milton Santos foi um geógrafo brasileiro, considerado por muitos como o maior pensador da história da Geografia no Brasil e um dos maiores do mundo. Destacou-se por escrever e abordar sobre inúmeros temas, como a epistemologia da Geografia, a globalização, o espaço urbano, entre outros.

Conquistou, em 1994, o Prêmio Vautrin Lud, o Nobel de Geografia, sendo o único brasileiro a conquistar esse prêmio e o único geógrafo fora do mundo Anglo-Saxão a realizar tal feito. Além dessa premiação, destaca-se também o prêmio Jabuti de 1997 para o melhor livro de ciências humanas, com “A Natureza do Espaço”. Foi professor da Universidade de São Paulo, mas lecionou também em inúmeros países, com destaque para a França.

A obra de Milton Santos caracterizou-se por apresentar um posicionamento crítico ao sistema capitalista e aos pressupostos teóricos predominantes na ciência geográfica de seu tempo. Em seu livro “Por uma Geografia Nova”, em linhas gerais, o autor criticou a corrente de pensamento Nova Geografia, marcada pela predominância do pensamento neopositivista e da utilização de técnicas estatísticas.

Diante desse pensamento, propôs – fazendo eco a outros pensadores de seu tempo – a concretização de uma “Geografia Nova”, marcada pela crítica ao poder e pela predominância do pensamento marxista. Nessa obra, defendia também o caráter social do espaço, que deveria ser o principal enfoque do geógrafo.

Um dos conceitos mais difundidos e explorados por esse geógrafo foi a noção de “meio técnico-científico informacional”, que seria a transformação do espaço natural realizada pelo homem através do uso das técnicas, que difundiram graças ao processo de globalização e a propagação de novas tecnologias.

Sobre a globalização, Milton Santos era um de seus críticos mais ferrenhos. Em uma de suas mais célebres frases, ele afirmava que “Essa globalização não vai durar. Primeiro, ela não é a única possível. Segundo, não vai durar como está porque como está é monstruosa, perversa. Não vai durar porque não tem finalidade”.

Em uma das suas obras mais difundidas pelo mundo – Por uma outra globalização –, muito lida por “não geógrafos”, Milton Santos dividiu o mundo em “globalização como fábula” (como ela nos é contada), “globalização como perversidade” (como ela realmente acontece) e “globalização como possibilidade”, explorando a ideia de uma outra globalização.

Além disso, o geógrafo proporcionou uma fecunda análise a respeito do território brasileiro, abordando as suas principais características e inserindo a produção do espaço no Brasil sob a lógica da Globalização. Nessa obra, de mais de 500 páginas, propôs, inclusive, uma nova regionalização do Brasil, dividido em quatro grandes regiões.

Milton Santos faleceu em 24 de junho de 2001, vítima de complicações proporcionadas por um câncer, aos 75 anos. Deixou uma vasta obra, com dezenas de livros e uma infinidade de textos, artigos e capítulos. Seu pensamento ainda é considerado atual e muitas das críticas dos movimentos antiglobalização fundamentam-se em suas ideias.


Nos anos finais do século XX , de repente o brasileiro percebeu que o mundo está globalizado.

Com as mudanças nas leis de telecomunicação, com as privatizações em várias áreas de infra-estrutura , um mundo que ficava distante chega ao dia-a-dia de todos. As antenas parabólicas, os celulares, o fim da reserva na área da informática, a chegada de grande montadoras e redes de super mercado muda substancialmente os hábito de consumo dos brasileiros. A palavra globalização passa a fazer parte do vocabulário nacional. Mesmo os acontecimentos internacionais, como o fim da União Soviética, a queda do Muro de Berlim, o redesenho internacional com uma nova OTAN e Mercado Comum Europeu são novas questões que deixam muitos perplexos.

Um dos poucos intelectuais que entendeu perfeitamente o o que acontecia e as suas consequências para o povo brasileiro foi o geógrafo Milton Santos, um dos grandes pensadores marxistas , perseguido pela ditadura militar por suas opiniões sobre a nossa cultura, economia e política, sempre advogando a construção de um pais independente e dirigido pelo povo.

Silvio Tendler , arguto e buscando nas suas obras contar e mostrar a realidade brasileira entendeu a importância deste intelectual e numa obra primorosa fez um dos mais importantes documentários sobre a globalização, dentro da ótica dos povos periféricos, que tornou- se um clássico da filmografia brasileira. Milton Santos muito cedo nos deixou mas sua voz está presente e muito atual.Talvez por isto este seja um dos documentários mais discutidos nas comunidades em todo o Brasil pelos que buscam entender o que é afinal esta tal de globalização.

Vejam o filme e reflitam !

Arlindenor Pedro







Qual é a visão de Milton Santos sobre a globalização?

"O espaço se globaliza, mas não é mundial como um todo senão como metáfora. Todos os lugares são mundiais mas não há um espaço mundial. Quem se globaliza mesmo são as pessoas" (Milton Santos, 1993).

Qual o tema abordado pelo documentário O mundo Global visto do lado de cá?

Este documentário do cineasta brasileiro Sílvio Tendler, discute os problemas da globalização sob a perspectiva das periferias (seja o terceiro mundo, seja comunidades carentes).

Quais as questões levantadas por Milton Santos no documentário?

A linha geral do documentário é a entrevista com geógrafo baiano Milton Santos que se debruça sobre questões como: globalização, sociedade de consumo, território, as desigualdades da globalização e crises que esta promove, as barreiras físicas e simbólicas impostas pelo capitalismo como efeito da globalização e o papel ...