O que explica a presença de franceses em um território dominado por portugueses?

  • França Antártica
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No século 16, quando teve início a sua expansão marítima, a França vivia um período de relativo equilíbrio político, depois de uma fase marcada por lutas internas no plano religioso e social. O rei Francisco 1º exercia sua autoridade sem contestação. A economia crescia, as artes e ciências progrediam, ainda refletindo as grandes mudanças decorrentes do Renascimento italiano.

Pouco tempo após a chegada dos primeiros portugueses ao litoral brasileiro, os franceses já marcavam sua presença na região, desde a foz do rio Amazonas ao Rio de Janeiro. Já em 1504 o navio Espoir (Esperança), comandado pelo capitão Paulmier de Gonneville, alcançou o litoral brasileiro à altura de Santa Catarina.

Esse tipo de expedição, empreendida tanto por armadores quanto por corsários, passou a ficar tão frequente que, em 1526, veio de Portugal uma frota com objetivo específico de patrulhar a costa e expulsar os franceses que navegavam naquela região. No comando estava Cristóvão Jaques, que, dez anos antes, já havia percorrido o litoral brasileiro em uma expedição guarda-costas. Dessa última vez a sua frota chegou a enfrentar naus francesas, aprisionando tripulantes.

Mercadores e corsários

Em 1534, o capitão francês Jacques Cartier chegou ao estuário do rio São Lourenço, no atual Canadá. Ali, os franceses se estabeleceram para construir uma colônia. Somente bem mais tarde, já no século 17, é que ela se desenvolveria, mas o interesse francês na América prosseguiu: corsários e mercadores das regiões francesas da Bretanha e da Normandia continuaram a incluir o Brasil entre seus objetivos.

Em termos econômicos, a principal atração do território brasileiro era o pau-brasil, madeira de cor avermelhada utilizada no tingimento de tecidos, já que na época a indústria têxtil na França, bem como no restante da Europa, estava em pleno desenvolvimento.

A França Antártica

Em 1555, os franceses invadiram o Rio de Janeiro e construíram o forte Coligny numa das ilhas da baía da Guanabara: estava assim fundada a França Antártica, que teve cinco anos de vida. A colônia francesa foi desbaratada pelos portugueses, sob o comando do terceiro governador-geral, Mem de Sá, em 1560.

Mas o fim da França Antártica não significou a expulsão definitiva dos franceses do litoral sul e sudeste do Brasil. Corsários e comerciantes continuaram o tráfico de pau-brasil com a mesma frequência, inclusive na própria região da baía da Guanabara. Mem de Sá enviou então seu sobrinho Estácio de Sá para erguer uma fortaleza no local. Ela ficou pronta em 1565 e deu origem à cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Mesmo assim, somente dois anos depois é que os franceses seriam expulsos de vez da Guanabara.

A França Equinocial

Os franceses passaram então a ocupar territórios mais ao norte e a nordeste do Brasil, sempre buscando comerciar com os índios: peles, madeira, algodão, pimenta e outros produtos, além de animais como macacos e papagaios.

Em 1584 foram expulsos da região que hoje corresponde ao estado da Paraíba, o mesmo ocorrendo a seguir em Sergipe, Rio Grande do Norte e Ceará. Mas eles retornariam mais tarde, desta vez no Maranhão, tendo à frente Daniel de la Touche. Ali, fundaram, em 1612, a atual capital do estado, São Luís, e uma colônia que chamariam de França Equinocial. Dali seriam expulsos três anos depois.

Piratas e intelectuais

Em 1616, perderiam seu último território no país, o Pará. Depois disso, instalaram-se ao norte do continente sul-americano, na região que hoje é a Guiana. Durante o século 18, corsários franceses ainda assolaram o Rio de Janeiro, invadido por duas vezes para saque do ouro das Minas Gerais que o porto escoava.

No século seguinte, após a independência do Brasil, a França passou a exercer outro tipo de influência sobre o país, desta vez no aspecto mais estritamente cultural, e que se estendeu ainda ao longo do século 20. Por exemplo, vários professores franceses lecionaram no departamento de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, que ajudaram a fundar.

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Jornalismo

Para compreender as invasões francesas e holandesas que ocorreram no território brasileiro no período colonial, os alunos precisam conhecer o panorama geopolítico da época

PorBianca Bibiano

01/03/2011

O que explica a presença de franceses em um território dominado por portugueses?

Cronologia das invasões francesas e
holandesas
O mapa e a linha do tempo
mostram os fatos que marcaram a
presença da França e da Holanda, com
caráter exploratório, no território que
era possessão dos portugueses

Clique para ampliar

Entre os séculos 16 e 17, os holandeses e franceses invadiram a nossa praia. Ou melhor, a praia dos portugueses, que eram os colonizadores do Brasil - e tentaram fincar raízes por aqui. Quando o assunto é esse, é quase certo que alguns alunos questionem se a situação de nosso país hoje seria melhor se o território tivesse sido colonizado por eles. Não existe resposta definitiva para a questão, mas, quando especulações como essa surgirem, convide os alunos a conhecer as motivações que fizeram esses europeus também aportar por aqui e seus objetivos. Assim, eles vão poder pensar melhor sobre essas outras colonizações (veja imagem ampliada).

Para começar o trabalho, situe a garotada sobre o panorama político e geográfico. Em 1580, o império português foi incorporado à Espanha, inaugurando a União Ibérica. Isso incomodou a França e a Holanda, que, para enfraquecer os ibéricos, passaram a investir cada vez mais em invasões. "Eram tentativas de contestar a situação considerada ilegítima pelo restante da Europa", explica Célia Camargo, professora da Universidade Estadual Paulista "Julio de Mesquita Filho" (Unesp), campus de Assis.

Outra questão que vale ser enfocada: diferentemente do que ocorreu na colonização dos Estados Unidos, entre os séculos 16 e 17, quando os europeus tinham o intuito de povoar o território para fugir das perseguições políticas e religiosas, a presença de portugueses, holandeses e franceses no Brasil tinha metas puramente exploratórias. Assim, os jovens vão perceber que, seja lá quem for o colonizador, é importante analisar o objetivo da colonização.

Além de tudo isso, é fundamental deixar bem claro que as características das explorações realizadas por franceses e holandeses diferiam muito quando comparadas à dos portugueses. Eles acreditavam que era preciso estruturar as colônias e desenvolvê-las para só então retirar delas o que quisessem. Era uma visão menos predatória, mas não menos exploratória. "Os benefícios que franceses e holandeses trouxeram à colônia se davam em função do interesse mercantil", diz Rafael Marquese, professor da Universidade de São Paulo (USP).

Pergunta do aluno

Por que Portugal não investia para evitar invasões ao Brasil?
Segundo Carlos Matos, editor de livros didáticos, no início, Portugal extraía pau-brasil e só queria os lucros. No mais, explorava outros pontos no mundo e não tinha dinheiro para outros investimentos. Tempos depois, passa a proteger um pouco mais o território: o comércio de especiarias com as Índias começa a sofrer forte concorrência de outros europeus e decai. Outro motivo foi a invasão holandesa no nordeste por causa do comércio açucareiro.

Divergências religiosas marcam as incursões da França

Os franceses foram os primeiros a buscar um espaço permanente por aqui. Chegaram entre 1554 e 1555 e, inicialmente, ocuparam o Rio de Janeiro. Sem precisar travar conflitos com os portugueses, o grupo se instalou na então ilha de Serigipe (atual ilha de Villegagnon), na baía de Guanabara. O ponto alto da presença deles ocorreu durante a permanência do oficial Nicolas Durand de Villegagnon (1510-1571), que comandou cerca de 600 pessoas na construção do Forte Coligny, um espaço para garantir o aparato militar à ocupação. Além do intuito comercial, as terras férteis da região também atraíram os franceses, que ali estabeleceram a chamada França Antártica.

A incursão ao litoral do sudeste foi fortemente afetada por disputas religiosas e debates teológicos. "Havia uma divisão entre os franceses, que se iniciou na Europa. De um lado, católicos e, do outro, os protestantes", diz o historiador Julio Bandeira. Apesar dos debates internos, os franceses continuaram a chegar e ocupar outras ilhas na Guanabara.

Diante dessa situação, Portugal solicitou ao então governador geral do Brasil, Mem de Sá (1500-1572), que retomasse o controle. Em 1567, suas tropas derrotaram a linha de frente francesa. Villegagnon (que era tido como traidor ora da reforma protestante, ora da Igreja Católica) retornou à França antes, evitando assim ser preso pelos portugueses.

Em meados de 1612, uma nova invasão nas regiões norte e nordeste, se estendeu até a região amazônica (ainda desconhecida em parte pelos portugueses) e, principalmente à capitania do Maranhão. Na região, foi fundada a França Equinocial, que perdurou até 1615, quando os franceses foram derrotados por grupos portugueses.

Incentivos às artes marcam a permanência holandesa

A investida da Holanda, que começou em 1624, numa tentativa abortada de conquistar o litoral de Salvador, vingou em 1630. Recife e Olinda foram tomados com o objetivo de estabelecer um entreposto de comercialização de açúcar. A campanha atingiu as capitanias de Itamaracá, Paraíba e Rio Grande do Norte. Os holandeses aqui se fixaram e passaram a dominar a produção açucareira (leia a sequência didática).

Sob o comando de Maurício de Nassau (1604-1679), as terras foram colonizadas com incentivo às artes e à tolerância religiosa. Esse ponto merece atenção. "Pode parecer que Nassau investiu no Brasil, mas só reproduziu o estilo de vida europeu", diz Heloísa Gesteira, docente da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ).

O fim da União Ibérica, em 1640, e a Insurreição Pernambucana, em 1645, com revoltas da população local contra os impostos e a administração de engenhos, serviram de estopim para a saída do grupo. Na Batalha dos Guararapes, em 1648, os portugueses, unidos aos revoltosos, destituíram o espaço dos holandeses. E, a exemplo de Villegagnon, Nassau saiu de fininho, em 1559, deixando o Brasil sem presenciar esses eventos.

Reportagem sugerida por 2 leitores: Douglas Lima Dantas, Manaus, AM, e Maria Kaciana Machado Mota, Fortaleza, CE

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O que explicaria a presença dos franceses em território dominado por portugueses?

Isso porque, segundo o Tratado de Tordesilhas, as terras relativas ao continente americano teriam sido divididas entre Portugal e Espanha, sendo que Portugal ficaria com as terras a leste do meridiano traçado na América. Acontece que o tratado não foi respeitado por diversas nações europeias, sendo a França uma delas.

Como se explica a presença dos franceses no período colonial?

O litoral brasileiro era constantemente frequentado pelos franceses desde o período da extração do pau-brasil. Os franceses, nessa época, mantinham permanentes contatos com os povos indígenas e dessa relação articulavam acordos e alianças com esses povos.

Porque os portugueses holandeses e franceses vieram para o Brasil?

Era uma visão menos predatória, mas não menos exploratória. "Os benefícios que franceses e holandeses trouxeram à colônia se davam em função do interesse mercantil", diz Rafael Marquese, professor da Universidade de São Paulo (USP).

Que papel teve a França teve no início da história colonial do Brasil?

Em estreita ligação com os indígenas da região, os franceses fundaram em 1555 a França Antártica, cujo objetivo era criar um espaço de colonização no litoral brasileiro, buscando desenvolver atividades econômicas, principalmente no extrativismo.