Quais são os principais problemas e desafios enfrentados na moradia?

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que em 2019 havia 5.127.747 milhões de domicílios ocupados em 13.151 mil aglomerados subnormais no país, a maioria situada em áreas de risco. Essas comunidades estavam localizadas em 734 municípios, abrangendo todas as unidades da federação.

Os domicílios instalados em ocupações irregulares apresentam-se como um enorme desafio a ser enfrentado, especialmente em Manaus, onde os bairros da periferia, em sua grande maioria, são resultado de invasões, implantados sem qualquer infraestrutura e saneamento básico, sem coleta de esgoto e água tratada.

Em 2019, a atual administração estadual, ao assumir, iniciou o processo para mudança desse cenário, a partir de bases sólidas, que não são construídas da noite para o dia, mas que ficarão como legado para a cidade e para a população.

Dentro dessa perspectiva, um dos principais problemas enfrentados é a retirada das famílias das áreas de risco, no entorno dos igarapés, em locais onde já residiam há mais de 20 anos, num ambiente de total insalubridade. O trabalho vem sendo realizado pela Unidade Gestora de Projetos Especiais (UGPE), por meio do Programa Social e Ambiental de Manaus e Interior (Prosamin). O programa já retirou, desde 2019, mais de 1,4 mil famílias das áreas de risco de inundação e desabamentos nos igarapés do Quarenta, Mestre Chico e São Raimundo, o que corresponde a cerca de 7 mil pessoas.

Na nova fase do programa, já em curso, mais 2.580 famílias serão reassentadas, saindo das áreas de risco para moradias seguras. Agora, denominado como Prosamin+, o programa contempla as comunidades da Sharp, na zona leste, e Manaus 2000, na zona sul.

O contrato de empréstimo já foi assinado entre Governo do Amazonas e Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). E as obras já estão em andamento, mesmo antes disso, com os recursos de contrapartida do estado. As famílias foram credenciadas e já estão sendo chamadas para iniciar o processo de reassentamento, à medida em que as obras avançam.

O empréstimo é no valor de 80 milhões de dólares e a contrapartida do Governo do Amazonas é de 34 milhões de dólares. As obras são de requalificação urbanística, incluindo saneamento básico, drenagem, moradia, mobilidade urbana e tratamento de áreas de risco socioambiental, numa extensão de 340 mil m², impactando diretamente na vida de mais de 60 mil pessoas que vivem no local.

Pela primeira vez, a zona leste, uma das maiores e mais carentes de infraestrutura, está sendo contemplada com o programa. Conforme frisou o governador Wilson Lima, o estado não está apenas construindo casas, mas garantindo moradia digna e infraestrutura de qualidade para as famílias. Na Comunidade da Sharp há décadas os moradores aguardavam por uma medida desse porte e trazendo o volume de obras necessário para garantir qualidade de vida aos que ali residem.

O primeiro conjunto habitacional do Prosamin+ já está sendo erguido, com recursos do estado, na avenida General Rodrigo Otávio, no Japiim, zona sul. Também já está em andamento a preparação para início das obras de outro residencial, que será construído no bairro da Cachoeirinha, na mesma zona da cidade.

Em 2023, o Prosamin+ estará a todo vapor, transformando a vida dos moradores das zonas zona sul e leste, contribuindo para melhorar a qualidade de vida na cidade de Manaus e gerando emprego e renda, com as contratações que serão realizadas e os espaços que serão abertos para os empreendedores locais. As expectativas são as melhores possíveis de um ano promissor, uma nova vida para tantas famílias que aguardavam por essa iniciativa.

*O autor é engenheiro civil, especialista em saneamento básico; exerce, atualmente, o cargo de coordenador-executivo da Unidade Gestora de Projetos Especiais (UGPE), do Governo do Amazonas.

Foto: Imagem Ilustração/Divulgação

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Os problemas sociais urbanos abrangem todos os dilemas estruturais, próprios das cidades. Falta de emprego, moradia precária, violência, pouca acessibilidade, baixo acesso aos centros de saúde, transporte coletivo sucateado e situações semelhantes são os principais exemplos.

No artigo a seguir, você verá um resumo sobre os conflitos sociais advindos do processo de urbanização dos países, com suas principais causas e consequências, principalmente no Brasil. Acompanhe!

  • O que são problemas sociais urbanos?
  • Déficit habitacional 
  • Segregação socioespacial
  • Violência e criminalidade como problemas sociais urbano
  • Mobilidade Urbana 
  • Estude mais sociologia com a Coruja!
  • Veja também:

As questões urbanas que afetam a sociedade surgiram com o intenso processo de urbanização que aconteceu nos países em diferentes épocas. No Brasil, por exemplo, o êxodo rural e a formação das cidades ficou em evidência a partir da metade do século XX, menos de cem anos atrás. 

Diferentemente de outras nações desenvolvidas, que apresentam planejamento urbano, o nascimento dos municípios brasileiros aconteceu sem organização prévia: os indivíduos se instalavam onde e como era possível. Com isso, uma série de fatores negativos surgiram, como você verá adiante. 

Déficit habitacional 

A moradia precária é um dos maiores problemas sociais urbanos dos países subdesenvolvidos. As casas não apresentam as condições adequadas para abrigar os moradores.

Muitas vezes, a estrutura está sujeita a ação da natureza, por isso chuvas podem resultar em alagamento, desabamento de paredes, destelhamento, umidade e mofo. Em casos mais graves, essas habitações inseguras estão próximas a zonas de deslizamento de terras.

No verão brasileiro, é muito comum encontrar notícias de famílias que foram soterradas ou até mesmo perderam entes queridos devido a enchentes e desabamento de morros. 

Em 2022, por exemplo, a cidade de Franco da Rocha foi marcada por uma situação assim. A soma entre as alterações climáticas intensas e as condições frágeis das cidades resultaram em fortes chuvas que causaram deslizamento de terras, soterramentos e a morte de mais de uma dezena de pessoas.

Outro exemplo de déficit habitacional está na matéria prima utilizada para a construção: casas feitas com pau a pique ou material barrento são determinantes até mesmo para a saúde dos cidadãos.

Insetos como o barbeiro se alojam nas frestas das paredes e, muitas vezes, carregam o protozoário causador da doenças de chagas. Caso o habitante se contamine, apresentará sintomas dessa enfermidade que ataca o esôfago, coração e intestinos.

Segregação socioespacial

No ponto de vista de localização dentro das cidades, um fator muito recorrente nas grandes cidades, como São Paulo e Rio de Janeiro é a segregação socioespacial, que também está relacionada com o processo de favelização.

Isso acontece porque com a especulação imobiliária e o preço das mercadorias em zonas centrais, a população de baixa renda é repelida para as regiões periféricas. O problema aqui se agrava em duas principais vertentes.

Geralmente, para se adaptar nos locais afastados dos centros urbanos, os cidadãos se alojam em favelas e comunidades sem qualquer infraestrutura. Passam a viver sem saneamento básico, atendimento sanitário e até mesmo precisam recorrer a meios ilegais para conseguir iluminação.

Quando o indivíduo não consegue se alojar em uma dessas realidades, somada a outros fatores de ordem pessoal, ele pode ficar em situação de rua. Nesse caso, a situação torna-se extrema: não há abrigo, a alimentação é deficiente ou inexistente, a higiene fica comprometida e o ser humano fica completamente vulnerável.

+ Veja também: Como o conceito de favela pode ser cobrado no vestibular?

Violência e criminalidade como problemas sociais urbano

Os crimes que acontecem em meio urbano podem ser atribuídos a diversos fatores, dentre os quais os principais são o desemprego e a falta de acesso aos direitos humanos básicos.

Considerando a população marginalizada, observa-se um menor índice de educação, profissionalização e maior necessidade de emprego para o sustento. Tais pontos, quando somados a necessidade cada vez maior de trabalhadores especializados, gera um grande bolsão de pessoas desempregadas nos países.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Pesquisa (IBGE), 45,9% dos brasileiros aptos a trabalhar não possuem emprego fixo ou registrado, muitas vezes optando pela remuneração informal e pela busca incessante por trabalho. 

Com esses fatores, muitas vezes, a criminalidade aumenta exponencialmente.Um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) aponta que 1% a mais de desempregados homens resulta em um crescimento de 1,8% na taxa de homicídios. O mesmo documento também mostra que para cada 1% de jovens homens que concluem os estudos, a taxa de violência diminui em 1,9%.

Portanto, é possível associar o desemprego e a educação deficiente com a ocorrência de assaltos, sequestros, furtos, invasões domiciliares, latrocínios e outros crimes próprios dos grandes centros urbanos.

Mobilidade Urbana 

Outro tópico muito citado dentre os problemas sociais urbanos está na dificuldade de deslocamento entre as diferentes regiões, principalmente nas metrópoles, como na maioria das capitais brasileiras.

O primeiro ponto a ser citado é o transporte público: observa-se que a ineficiência dos sistemas coletivos resulta em diversos transtornos para a vida dos usuários. Dentre os obstáculos podemos citar ônibus e trens quebrados, superlotação, passagem caras, trajetos extensos e mal planejamento geral.

Como consequência direta dessa realidade, muitos brasileiros optam por utilizar veículos próprios para a locomoção. Assim, as vias tornam-se superlotadas e não suportam um tráfego adequado, o que gera trânsitos quilométricos.

Além disso, a segregação socioespacial citada acima, faz com que muitos funcionários tenham que se deslocar por horas até que cheguem aos locais de trabalho:

 Uma pesquisa levantada pelo IBGE entre 2017 e 2018 mostra que aproximadamente 23% da população desloca-se entre 30 minutos e 1h para chegar ao trabalho. Em um cenário ainda pior, outros 14% demoram entre mais do que 1h nesse trajeto. 

Por fim, é necessário citar também que a acessibilidade das vias urbanas atrapalha a vida dos cidadãos que possuem incapacidades visuais, locomotoras, auditivas, entre outras deficiências.

Agora que você já conhece os principais problemas sociais urbanos, aproveite para se aprofundar nos fundamentos da sociologia, sua relação com a urbanização e as diferentes formas de entender a sociedade. 

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Quais são os principais problemas e desafios enfrentados na moradia?

Veja também:

  • Surgimento da Sociologia: contexto histórico
  • Émile Durkheim: quem foi, obras e contribuições para a Sociologia
  • Cidadania: o que é e como cai?
  • Estratificação Social: o que é e como aparece nos vestibulares
  • Indústria Cultural: o que é, conceito, escola de Frankfurt e cultura de massa
  • Antropologia: o que estuda, importância, tipos e métodos 
  • Prova Unicamp 2020 – História e Sociologia – Resolução 
  • Gabarito UNESP 2020 – História e Sociologia – Prova Resolvida
  • Prova de Sociologia da 2ª Fase da UNESP corrigida e comentada

Quais são os principais problemas da moradia?

As moradias precárias, como as favelas, são acompanhadas pela ausência de infraestrutura. Para o crescimento de qualquer cidade se faz necessária a expansão de todo serviço público, como distribuição de água, rede de esgoto, energia elétrica, pavimentação, entre outros.

Quais são os principais problemas relacionados à moradia no Brasil?

Além disso, 24,4% das moradias urbanas brasileiras são consideradas inadequadas por apresentar ao menos um dos seguintes problemas: inadequação fundiária (terrenos irregulares), carência de infraestrutura, ausência de banheiro de uso exclusivo, cobertura inadequada e adensamento excessivo dos domicílios próprios.

Quais são os principais problemas de moradia nas grandes cidades?

A habitação precária, coabitação familiar, excesso de moradores em domicílios alugados e ônus excessivo com aluguel são os itens que mais contribuem para o aumento do Déficit habitacional ( é o termo usado para expressar o número de pessoas vivendo sem condições apropriadas de moradia ).

O que é problema de moradia?

Trata-se da falta de acesso a lugares com condições mínimas para serem utilizados como habitação. Há muitas pessoas em situação de rua ou habitando casas inadequadas para se viver, como favelas e barracos improvisados.