Qual a concepção de natureza humana e estado de natureza em Hobbes Locke e Rousseau?

A ideia de seres vivendo como cidadãos nas mais diversas sociedades foi o tema central da filosofia de Thomas Hobbes, e Jacques Rousseau. Com visões diferentes, mas complementares ambos pensavam que deve-se contra atualizar entre os seres e a sociedade uma forma de garantia de harmonia entre esses. A percepção destes quanto a natureza humana era caracterizada com ideias inatas, ou seja, os seres nasciam com ideias predispostas.

Na visão de Hobbes

Hobbes viveu entre 1588 e 1679 e presenciou em seu país, a Inglaterra, uma plena e sangrenta Guerra Civil. Devido a esse acontecimento mudou-se para França onde a partir dali vivera e publicara seus textos.

A ideia hobbesiana que fundamentava todo o seu pensamento, era a que os seres por natureza nasciam dotados do pensamento de conflito. Segundo Hobbes os seres são conflitantes entre si, sendo todos egoístas.

O que movia o homem segundo Hobbes era o medo de morrer e a esperança de alcançarmos ganhos materiais e poder, onde sobressairíamos sobre os outros. Esses motores não precisam ser necessariamente planejados e percebidos, eles acontecem de forma natural e espontânea.

A sociedade descontrolada, em seu estado de natureza, seria o caos implantado, com o egoísmo aflorado os homens matariam, roubariam, mas esses fatos não seriam como alternativas seriam modos de sobrevivência, onde se aplicaria literalmente a lei matar ou morrer. Citando Hobbes, a vida seria “pobre, solitária e curta”. Num mundo sem leis, a divisão forte e fraco não seria evidente.

O que Hobbes acreditava?

Para Hobbes o homem precisa de freios e meios que controlem essa natureza do ser e é com esse papel que entra o Estado. Necessitaríamos de um estado forte e controlador, onde na forma de um “contrato social” entre o governo e o povo, o soberano regeria a sociedade.

Para ele, com o contrato os seres estariam renunciando a parte de sua liberdade para legitimar o poder do estado em controlar a sociedade. Assim o estado serviria como a balança e a espada, com poderes de julgar e punir os que se desviassem de um esperado comportamento. No estado hobbesiano a segurança transporia a liberdade.

Diversos pensadores discordaram de Hobbes no que diz respeito ao poder do Estado sobre o indivíduo.

Segundo alguns o governo pela regra hobbesiana seria manifesta numa forma totalitária, ou seja, um estado com poderes autoritários sobre o cidadão. Hobbes acima de tudo não acreditava na Democracia e não acreditava na capacidade de organização humana por si.

Na visão de Rousseau

Para o Rousseau o homem é fundamentalmente bom. Para se fossemos colocados em nosso estado natural a viverem em pequenos grupos, certamente não causaríamos grandes problemas. Para Rousseau o problema está quando o homem é posto a viver em sociedade. “O homem é bom por natureza, a sociedade que a corrompe” é a frase que marca o pensamento central de Rousseau cerca da natureza do ser.

O ser humano introduzido na sociedade busca incansavelmente sobrepor uns aos outros. Rousseau cita o dinheiro e a propriedade privada como os grandes da vivência em sociedade dizendo que em busca destes tomamos assim uma postura de competição.
Assim como Hobbes acredita no sistema contratualista para reger e organizar a os seres em sociedade. O que Rousseau queria era criar um sistema que levasse o ser a ser livre em sociedade como em seu estado natural, mesmo que obedecendo as leis do estado.

Mas podemos falar que a liberdade é um fato não congruente com leis e regras. Mas para isso, Rousseau desenvolvera a Teoria da vontade geral, onde vontade geral seria o que representasse o que de melhor havia para a sociedade.

O bem próprio ou o coletivo?

Essa teoria visava que todos os componentes das sociedades deveriam deixar de pensar no bem próprio e acreditar no bem coletivo, ou seja, abrir mão das vontades individuais e lutar pela primazia da sociedade, assim cada indivíduo faria parte de um bem comum. Segundo Rousseau, “A vontade geral deve emanar de todos para ser aplicada a todos”.

 E essa vontade geral seria aplicada através das leis, ou seja, nossos pensamentos devem ser voltados para o bem comum e as leis serviriam como apoio, evitando o egoísmo. No entanto Rousseau acreditava que o indivíduo com comportamento desviante ao bem de todos deveria ser forçado pelo estado a manter o padrão considerado correto.

Com isso, podemos dizer que para Rousseau a liberdade só seria plena se seguíssemos o bem comum da sociedade, mesmo que sejamos forçados a isso.

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O estado de natureza representa o estado igualitário e natural, antecede o surgimento de organização social e do Estado Civil.

O Estado de Natureza se refere à autoproteção através da força e da inteligência. Manter-se em segurança é o objetivo do ser humano desde os primórdios e é a partir dessa necessidade que se inicia o processo de civilização. Vários filósofos estudaram este estado natural, ou seja, o oposto de uma sociedade organizada.

Retomando o conceito, vale lembrar que esta condição pré-civilizatória não diz respeito ao que se entende da antiguidade. Mas, ao pontapé inicial do processo de construção civil. Aqui, as pessoas costumavam viver de forma isolada, ou em pequenos grupos, para sobreviver e manter a proteção.

Concepções do estado de natureza

Qual a concepção de natureza humana e estado de natureza em Hobbes Locke e Rousseau?
Fonte: Net mundi

Obviamente, não nos mantemos nesse tipo de desgoverno, porque somos seres que evoluem graças ao desenvolvimento intelectual. Não estando sujeitas às culturas, ou construções sociais, as pessoas em estado de natureza são consideradas livres.

Ou seja, não há sociedade organizada sem o desenvolvimento étnico cultural, o que resultou na nossa transformação física. Passamos de uma convivência mínima e isolada para uma outra forma de viver.

Os costumes se tornaram outros e as necessidades também. Entretanto, como já é de experiência, não é fácil estar em conjunto. Isso requer regras.

Filósofos contratualistas e a origem do estado

Os estudiosos Locke, Rousseau e Hobbes trataram de investigar e gerar teorias a respeito do estado de natureza. De forma geral, eles tentaram explicar como se deu as relações sociais desde o princípio até agora. Vejamos, separadamente, o que cada um conceitou sobre a temática.

O estado de natureza segundo Hobbes

Qual a concepção de natureza humana e estado de natureza em Hobbes Locke e Rousseau?
Fonte: Lista fatos

Thomas Hobbes foi matemático, teórico político e filósofo inglês que viveu entre 1588 a 1679. Após os estudos sobre o estado primitivo humano, ele trouxe a ideia de a origem do homem é naturalmente má. A violência, em sua teoria, é ilimitada quando o ser humano é livre.

Portanto, a possessão é dada unicamente por meio do combate e é a agressão que garante a segurança. Quando o homem consegue se vangloriar desse poder conquistado pela força, os outros homens se sentem desafiados, porque nenhum deles se acham inferiores aos outros.

Aqui, entretanto, o ser humano é capaz de tudo e não se importa de causar sofrimento ao próximo. Tudo se torna uma ameaça, ninguém sabe o que o outro pensa, gerando insegurança. Ou seja, dominar é uma questão de autoproteção e isso se dá de formas ilimitadas.

Por incrível que pareça, é a partir dessa dominação que se tem os primeiros resquícios de sociedade organizada. Para Hobbes, o contrato social se dá, desse modo, como uma forma não agradável, mas conveniente. Através de um combinado, os homens abdicariam do poder ilimitado, casos contrário, seria difícil conviver diate da insegurança e do medo.

Locke e o direito natural

Qual a concepção de natureza humana e estado de natureza em Hobbes Locke e Rousseau?
Fonte: Wikipedia

John Locke defendeu a ideia de que todos homens, em seu estado de natureza, são livres, independentes e iguais. Cada um possui sua terra e só pode ceder a partir do consentimento. Esse consentimento é o que dá origem ao contrato social.

Mas, o que levaria os homens a abandonarem suas propriedades para viver em conjunto? Resposta: a segurança!

Se atar a laços sociais, para Locke, é uma questão de se manter seguro. Não só a si, mas a terra em que vive, porque isso é a melhor forma de manter a paz entre outros povos, ou aos que não aderiram ao formato civil.

Caso perceberam, as propriedade não sumiram a partir desse conceito. Porque, segundo a teoria, os homens possuem direitos naturais. Mesmo antes ou depois de se estabelecer o contrato, já havia o direito, e é isso que limita o poder do soberano. Ou seja, caso as intenções do governo não estiverem a favor do povo, o próprio povo pode retirar e substituir o soberano.

Enfim, o pensamento liberal e democrático de John Locke ressalta que, na sociedade política, a fundamentação das instituições são mais importantes que os indivíduos.

Rousseau e o bom selvagem

Qual a concepção de natureza humana e estado de natureza em Hobbes Locke e Rousseau?
Fonte: Aventuras na história

Jean-Jacques Rousseau já traz uma perspectiva diferente de Hobbes. Para ele, o homem em seu estado de natureza é bom. Dotados de instinto natural, os seres humanos, quando submetidos às condições de vivência nas florestas, eram felizes. Ou seja, necessitavam somente de saciar suas necessidades através do instinto.

O homem aqui não sentiu que levar a vida em sociedade era importante. Ao contrário, por muitos anos, soube se virar de forma solitária e a única coisa que o diferenciava dos animais era a inteligencia. O contrato torna-se, dentro desse conceito, um ato de condenação.

Sendo assim, Rousseau se recusou a estudar o contrato em si, mas se preocupou em desvendar a desigualdade social para, então, restaurar o mínimo de liberdade ao homem civilizado. A partir do momento que se estabelece a posse, surge a insegurança e aparecem motivos para os outros homens fazerem o mesmo.

Dentro dessa condição da propriedade privada, retém o poder quem a domina. Não estando com suas necessidade básicas garantidas por meio da utilização livre dos recursos naturais, surge a desigualdade, onde parte da população não consegue ter acesso aos benefícios da natureza.

Por fim, leia também sobre René Descartes – quem foi, ideias, obras e como impactou a Filosofia

Fonte: Toda matéria, Todo estudo, Brasil escola, Site antigo. Uol Educação, Diário de Leitura, Todo Estudo, Medium,

Imagem de destaque: Moises Lima

Qual a definição do estado de natureza para Hobbes Locke e Rousseau?

O conceito de Estado de Natureza é uma abstração teórica que se refere a um "momento" em que os seres humanos organizavam-se apenas sob as leis da natureza. É um momento anterior ao surgimento de qualquer tipo de organização social e do Estado Civil.

Como seria a natureza humana segundo Hobbes e segundo Rousseau?

O homem de Rousseau, porém, é na verdade a antítese do homem hobbesiano, pois enquanto em Hobbes o homem é lobo do homem, em Rousseau, o homem natural é, na verdade, uma ovelha. Não nessas palavras, é claro! mas a ideia consiste justamente no entendimento de uma natureza mansa, benigna e fadada à boa convivência.

Qual é a concepção de estado de natureza humana para Hobbes?

Hobbes afirma que no estado de natureza os homens podem todas as coisas. Por isso, eles utilizam todos os meios disponíveis para consegui-las. No estado de natureza, segundo Hobbes, os homens podem todas as coisas e, para tanto, utilizam-se de todos os meios para atingi-las.

Qual é a concepção de estado de natureza humana para Locke?

Isso porque, para Locke, os homens no estado de natureza são “todos livres, iguais e independentes”; e ninguém pode ser “submetido ao poder político de outro, sem seu próprio consentimento”.