Quantos por cento das reservas mundiais de petróleo estão no Oriente Médio?


Por Marcos Vinicius Sales Braga

Professor de Geografia do Colégio Qi

Petróleo no Oriente Médio

Quando falamos em petróleo, pensamos logo nos países árabes – principais produtores de petróleo no mundo e onde está localizado cerca de 30% da produção mundial. Além de considerarmos o seu maior consumidor atualmente, os Estados Unidos. Todavia, para compreendermos como a configuração da geopolítica do petróleo chegou as suas vias atuais, é necessário saber o princípio das disputas pelo controle das jazidas e da circulação do óleo negro.

Oriente Médio, a peça principal
No final do século XIX, os países europeus, principalmente as duas principais potências do velho continente – Inglaterra e França – buscavam ampliar seus mercados, além das áreas para obtenção de matéria-prima. A necessidade de abastecer os centros urbanos-industriais avançavam em ritmo acelerado, fazia dos dois países grandes atores na disputa pelas fontes de energia.

Quantos por cento das reservas mundiais de petróleo estão no Oriente Médio?
Reservas de Petróleo mundiais (Foto: Reprodução)

O Oriente Médio, mais especificadamente o Golfo Pérsico, foi uma região de intensas disputas e influências dos dois países. É nesse contexto, que o imperialismo vai originar/aprofundar as disputas territoriais e rivalidades étnico-culturais que vimos atualmente (Irã, Iraque, Catar etc). Novas linhas fronteiriças são originadas conforme as necessidades de se obter as jazidas de petróleo e manter o controle das novas colônias/protetorados, alterando a política dos países locais, atuando diretamente em seus governos. 

Canal de Suez – o caminho do óleo para Europa e América
Enquanto o petróleo na segunda metade do século XIX, tornava-se a principal fonte energética do mundo, Inglaterra e França já construíam o caminho de escoamento do óleo no Golfo Pérsico em direção ao Mediterrâneo. O Canal de Suez, localizado no Egito seria a porta de saída dos petroleiros e de outros  navios que necessitassem fazer esta viagem, que antes duravam meses, pois havia a necessidade de contornar o continente africano.

EUA e energia

Durante a segunda metade do século XIX até a Segunda Guerra Mundial, Inglaterra e França controlavam a partir de empresas e também ações políticas, as principais fontes de petróleo no Golfo Pérsico, além do Canal de Suez, o caminho mais curto para Europa. Contudo, após 1945, o aumento exponencial de seu poder e também das suas ações geopolíticas - ligadas principalmente ao controle marítimo - fez os Estados Unidos tomarem a frente no que tange a influência nos governos locais e na tomadas de decisões no Oriente Médio. Além da entrada de empresas norte-americanas do ramo petroquímico nas nações desta região. A consequência foi o início de diversos conflitos ao longo da segunda metade do século XX, como as intervenções no Iraque e Kwait e mais recentemente na Líbia (2011), com a queda do ex-ditador Muamar Kaddafi. 

Essa estratégia era essencial por dois motivos: primeiro a necessidade de manter o crescimento industrial e urbano em ritmo acelerado, pois, nesse momento, os EUA passaram a ser a maior economia do mundo. Em segundo lugar, logo após a Segunda Guerra Mundial iniciou-se a chamada Guerra Fria, um embate ideológico, político e econômico com a então União Soviética. O controle da área do Golfo Pérsico era uma estratégia para evitar o avanço do comunismo para o restante da Ásia e das riquíssimas áreas energéticas.

Guerra do Yom Kippur e a Crise do Petróleo
Em outubro de 1973, Israel, Egito e Síria, mexeram no mercado de petróleo. No auge da Guerra Fria, um conflito veio de encontro às duas potências mundiais da época, pois Israel era aliado dos americanos, enquanto a Síria dos soviéticos.

Israel havia tomado territórios dos demais países (Egito e Síria) na Guerra dos Seis Dias em 1967. Como contra-ataque, cinco anos depois, no feriado do Yom Kippur, Egito e Síria atacaram Israel durando vinte dias de guerra, levando países membros da OPEP (Organização de Países Exportadores de Petróleo) a boicotar estados aliados de Israel, bloqueando a produção de petróleo e elevando exponencialmente o seu valor. Os Estados Unidos interferiram diretamente no conflito para que o preço voltasse à normalidade.

Quantos por cento das reservas mundiais de petróleo estão no Oriente Médio?
Evolução no preço do barril de petróleo (Foto: Reprodução)

Petróleo na atualidade

Desde a Revolução técnico-científico informacional na década de 70, a produção e extração de petróleo aumenta ano após ano, devido às novas regiões do planeta que passaram pelo processo de industrialização acelerado e que vêm se mantendo até o momento, como no caso do sudeste asiático, em particular a China. Com novos atores no tabuleiro geopolítico, as forças pelo controle das reservas de petróleo no Oriente Médio e também em outras localidades – como na África – aumentaram.

Para confrontar o poderio militar e político dos países centrais – leia-se EUA e potências da Europa –, um grupo de países em 1960 formou uma aliança/cartel denominada OPEP (Organização de Países Exportadores de Petróleo), essa organização vincula diversos Estados do Golfo Pérsico (Árabia Saudita, Catar, Kwait, Irã, Iraque e Emirados Árabes Unidos), da África (Angola, Argélia, Nigéria e Líbia) e da América do Sul (Equador e Venezuela). Esse grupo de produtores de petróleo influenciaram de maneira global o preço do barril, indo na contramão das chamadas “Sete Irmãs” (transnacionais  do setor petroquímico que até então controlavam as reservas e o preço baixo do barril). Além disso, há a atual Rússia, que controla grande quantidade de poços na Eurásia, e entra no embate direto com EUA.

Essa jogada geopolítica alterou toda uma articulação política em torno desses países, já que eles passaram a determinar os preços e assim, influenciar diretamente na economia nacional de cada país que necessitava do óleo – EUA e países da Europa Ocidental.

Dessa forma, chegamos à configuração atual do jogo, onde há duas frentes: os países produtores tentando aumentar o preço dos barris e em muitos casos, diminuindo o ritmo de produção para que a demanda seja maior que a oferta (valorizando essa commodities no mercado internacional) e os países que demandam o óleo – EUA, os países da Europa Ocidental e outros emergentes como China e Índia, buscam tanto na intervenção militar – no caso dos EUA – como também acordos bilaterais para manter o fornecimento ininterrupto e com preços baixos.


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Qual a porcentagem de petróleo do Oriente Médio?

São esses países: Irã, Iraque, Kuwait, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos. Juntos, eles possuem uma reserva de 766,95 bilhões de barris de petróleo, conforme apontam os dados da Opep para 2018. Essa quantidade é o equivalente a 64,4% das reservas de todos os países que compõem aquela organização.

Quanto das reservas mundiais de petróleo estão sobre o domínio do Oriente Médio?

Questão 4. Criada em 1960, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) é composta por 11 países membros na maioria, nações árabes que detêm cerca de 78% das reservas mundiais e fornecem 40% do óleo cru consumido no mundo.

Onde está a maior reserva de petróleo do mundo?

Os maiores produtores de petróleo em nível mundial são Estados Unidos, Arábia Saudita e Rússia. Os países que possuem as maiores reservas petrolíferas são Venezuela, Arábia Saudita e Canadá.

Qual a reserva mundial de petróleo?

De acordo com o levantamento de 2020, o mundo conta com uma reserva total de 1.732 bilhões de barris. Sendo assim, as porcentagens de participação dos países da lista no montante de reservas provadas dizem respeito a esse total.